A pessoa que possui apenas o desejo de praticar um fato típico. criminosa, motivo pelo qual não são punidos os atos preparatórios do crime.

Documentos relacionados
Direito Penal. Consumação e Tentativa

NOÇÕES GERAIS DE PARTE GERAL DO CP E CPP ESSENCIAIS PARA O ENTENDIMENTO DA LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

TENTATIVA (art. 14, II, CP)

Material de Apoio Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal

Direito Penal Promotor de Justiça - 4ª fase

II.I) Iter Criminis 1) Momento Consumativo

Teorias da Conduta/Omissão

Espécies ou critérios classificadores de Infração penal (crimes, delitos e contravenções): a) Critério Tripartido ( França, Espanha)

DIREITO PENAL TEORIA DO CRIME. Prof. Ricardo Antonio Andreucci

PLANO DE AULA ESTUDOS SOBRE O PRETERDOLO. Como é possível compreender o crime preterdoloso e suas implicações jurídicas?

Direito Penal. Concurso de Crimes

NOÇÕES DE DIREITO PENAL NEXO CAUSAL E ITER CRIMINIS

Classificação das Infrações Penais.

Tempo do Crime. Lugar do Crime

Mini Simulado GRATUITO de Direito Penal. TEMA: Diversos

EU NÃO SONHEI COM O SUCESSO EU TRABALHEI PARA ELE

AULA 11. Aproveitando essa questão de exaurimento, vamos estudar algumas peculiaridades:

DESISTÊNCIA ARREPENDIMENTO

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES

Direito Penal. Roubo e Extorsão

DIREITO PENAL MILITAR

ITER CRIMINIS (Material baseado na obra de Victor Eduardo Rios Gonçalves, 2011)

TEORIA DO CRIME. -Espontâneo: quando o próprio agente se engana. - Provocado: quando é levado ao erro por terceira pessoa.

Palavras-chave: Crime Tentado; Crime Consumado; Natureza Jurídica da Tentativa; Espécies de Tentativa.

Resultado. Conceito: Lesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal (Mirabete)

SEFAZ DIREITO PENAL Teoria Geral do Crime Prof. Joerberth Nunes

Tempo do Crime. Lugar do Crime

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Série Resumos. Direito Penal Parte Geral FORTIUM. Brasília, DF (81) G971d

DIREITO PENAL MILITAR

Questões de Direito Penal Polícia Civil da Bahia

Tipo Penal. Tipo penal é a conduta descrita como criminosa na lei

Direito Penal Analista - TRF - 4ª fase

Iter Criminis. Teorias que explicam a transição dos atos preparatórios para os atos executórios:

Homicídio (art. 121 do cp) Introdução...2 Classificação doutrinária...2 Sujeitos...3 Objeto material...3 Bem juridicamente protegido...

DIREITO PENAL I - PARTE GERAL II E TEORIA DA PENA

Direito Penal. Tentativa. Professor Joerberth Nunes.

XXII EXAME DE ORDEM DIREITO PENAL PROF. ALEXANDRE SALIM

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. 1) art. 1º, CP : princípio da anterioridade da lei penal e princípío da legalidade ou da reserva legal

Iter criminis. Duas são as fases do iter criminis: interna e externa:

DIREITO PENAL. 1. Roubo art. 157, CP:

Material de Apoio Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal

26/08/2012 DIREITO PENAL III. Direito penal IV

CURSO PRF 2017 DIREITO PENAL. diferencialensino.com.br AULA 005 DIREITO PENAL

1. REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS 2) RELEVÂNCIA CAUSAL DE CADA UMA DAS AÇÕES 3) LIAME SUBJETIVO ENTRE OS AGENTES

Aula 28 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE I).

Direito Penal. Introdução aos Crimes Contra a Dignidade Sexual e Delito de Estupro

CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS

CONCURSO DE PESSOAS. pág. 2

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal. Período

Reparação de Dano. A reparação do dano sempre beneficia o agente

DA NORMA PENAL. Direito Penal - Professor Sandro Caldeira Turma PRF Normas Penais Princípios norteadores do Direito Penal

Capítulo 1 Noções Preliminares... 1 Capítulo 2 Aplicação da Lei Penal... 29

Direito Penal. Lesão Corporal

Provas escritas individuais ou provas escritas individuais e trabalho(s)

CONHECENDO O INIMIGO PROF. NIDAL AHMAD

3- Qual das seguintes condutas não constitui crime impossível?

PONTO 1: Introdução. PONTO 2: Teoria Geral do Crime. PONTO 3: Ilicitude. INTRODUÇÃO: TEORIA GERAL DO CRIME:

Ponto 9 do plano de ensino

PREPARATÓRIO PARA OAB DISCIPLINA: DIREITO PENAL

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Penal. Período

C o n s u m a ç ã o e Tentat i va

Tipo Penal. Tipo penal é a conduta descrita como criminosa na lei

Aula nº. 62 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA (PARTE II) (...) Art Usurpar o exercício de função pública:

EXERCÍCIOS. Crimes contra a saúde pública

PROCESSO PENAL 1. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. Reclusão e detenção está reservada para os crimes e a prisão simples para as contravenções.

1 Consumação e Tentativa

Direto do concurso NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DIREITO PENAL

sumário 1 PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO TEORIA GERAL DO CRIME...

EDUARDO FARIAS DIREITO PENAL

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. A ANTEVISÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Material de Apoio Prof. Fernando Tadeu Marques Apontamentos de Direito Penal

Fundamento Constitucional: Art. 5º, incisos: III, XLIII e XLIX, da CF.

TJ - SP Direito Penal Dos Crimes Praticados Por Funcionários Públicos Emerson Castelo Branco

CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS

CURSO PREPARATÓRIO AGENTE DA POLICIA FEDERAL ESCRIVÃO E Disciplina: Direito Penal Prof.: Silvio Maciel Data: Introdução e Conceitos de Crime

Reparação de Dano. A reparação do dano sempre beneficia o agente

Direito Penal. Art. 130 e Seguintes II

DIREITO PENAL MILITAR

05/05/2017 PAULO IGOR DIREITO PENAL

APLICAÇÃO DA LEI PENAL

DA NORMA PENAL. Direito Penal - Professor Sandro Caldeira Turma PRF Normas Penais Princípios norteadores do Direito Penal

tempo do crime lugar do crime LEIS DE VIGÊNCIA TEMPORÁRIA Art. 3º do CP

STJ ANDRÉ LUíSCALLEGARI TEORIA GERAL DO E DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA. TERCEIRA EDiÇÃO REVISTA E AMPLIADA

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

TEORIA DO CRIME. Prof: Luís Roberto Zagonel. Pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal Academia Brasileira de Direito Constitucional

CURSO PREPARATÓRIO. RIO Polícia Rodoviária Federal DIREITO PENAL CONCEITO DE CRIME EXCLUDENTES DE CONDUTA. b) Vis absoluta

5. ELEMENTO SUBJETIVO 5.1 Crime doloso Conceito Elementos do dolo

Direito Penal. Infração Penal: Teoria geral

Direito Penal. Dos Crimes Militares. Professor Fidel Ribeiro.

Direito Penal é o ramo de Direito Público que define as infrações penais, estabelecendo as penas e as medidas de segurança.

1 - Conceito de Crime

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA. Alberto Marques dos Santos

SUMÁRIO INTRODUÇÃO Nova denominação do Título VI A Súmula 60S do STF Direito intertemporal.. 25

Receptação. Receptação imprópria art. 180, caput, 2.ª parte, do CP

Conduta. Conceito É a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinado fim (Damásio)

Aula nº. 35 CONCURSO DE PESSOAS. c) IDENTIDADE DE INFRAÇÃO PENAL d) LIAME SUBJETIVO OU VÍNCULO PSICOLÓGICO

Transcrição:

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

A pessoa que possui apenas o desejo de praticar um fato típico não pode ser considerada criminosa, motivo pelo qual não são punidos os atos preparatórios do crime.

Excepcionalmente, o CP pune no art. 288 a formação de bando ou quadrilha, e quem fabrica ou possui objetos destinados a produção de moeda falsa (art. 291).

Na lei especial pune-se o porte ilegal de arma (art. 14 da Lei 10.826/03).

Só terá relevância jurídica e, portanto, poderá gerar punição o fato consumado ou tentado. A intenção, por si só, é irrelevante.

CONSUMAÇÃO Art. 14: Diz-se o crime: I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;.

Conceito: É a realização completa dos elementos do tipo. Para saber se o crime foi consumado é necessário confrontar o fato com o que dispõe o tipo penal, mormente o seu núcleo (verbo).

Consumação nos crimes: - materiais, omissivos impróprios e culposos: quando o resultado ocorre. - omissivos próprios: quando ocorre a abstenção - mera-conduta: com o comportamento previsto no tipo

- formal: com a prática da conduta, independente da ocorrência do resultado. - qualificado pelo resultado: quando ocorre o resultado agravador.

- permanente: desde que configurados os seus requisitos até que cesse a conduta do agente. - Habituais: quando houver reiteração dos atos que configuram o crime.

Crimes materiais tributários: se o crime é tributário ou previdenciário, somente se consuma quando encerrado o procedimento administrativo o débito é incluído em dívida ativa.

Isto porque antes da inscrição em dívida ativa o crédito não possui exigibilidade.

Súmula Vinculante nº 24: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.

Exaurimento O exaurimento (post factum impunível) é uma etapa posterior à consumação, caracterizando um indiferente penal.

Mas quando atinge novo bem jurídico pode configurar crime autônomo, uma qualificadora ou uma causa de aumento de pena (majorante).

TENTATIVA Art. 14: Diz-se o crime: I - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente..

Conceito: É a interrupção do crime por fato estranho à vontade do agente, após o início da execução.

O Código Penal não prevê a tentativa em cada tipo penal. Portanto, trata-se de uma norma complementar. Deve-se associar o art. 14, II, da Parte Geral ao crime consumado previsto na Parte Especial.

ITER CRIMINIS: Conceito: É o percurso percorrido pelo agente para a consumação do delito.

O Iter criminis tem duas fases: - Interna - Externa

Fase interna: Cogitação: idéia de praticar o delito. Deliberação: ponderação dos prós e contras. Resolução: quando decide praticar o delito.

Fase Externa: manifestação: quando o agente fala o que pretende fazer. Preparação: quando exterioriza a idéia através de atos. No Brasil não é punido.

execução: realização da conduta típica através de atos idôneos e adequados para produzir o resultado.

Atos preparatórios X Atos executórios

Teoria subjetiva:não tem diferença, porque a vontade do agente é que determina a punição. Então será punido em ambos os casos, seja no ato preparatório ou na execução.

Teoria objetiva: O início da execução constitui o ato que permite a concretização do tipo. Não há punição da cogitação e dos atos preparatórios, mas apenas daquele adequado a produzir o resultado criminoso.

A teoria objetiva se subdivide em: Teoria objetivo-formal: atos executórios são os que fazem parte do núcleo do tipo. Dentro desta teoria há, ainda, a teoria da hostilidade ao bem jurídico.

O ato executório seria aquele que ataca o bem jurídico protegido pelo tipo penal. Diferencia-se o ato preparatório do executório na análise: houve ou não uma agressão direta ao bem.

Teoria objetivo-material: são atos executórios não apenas os que atacam o bem jurídico ou dizem respeito ao núcleo, mas também os imediatamente anteriores ao início da prática do verbo típico.

Teoria objetivo-individual: Segundo Zaffaroni e Pierangeli, não basta ser um ato que dá início à prática do verbo do tipo para caracterizá-lo como executório. Deve-se verificar o plano do agente.

No Brasil adota-se a teoria objetiva,mais especificamente a teoria objetiva-formal, com a hostilidade ao bem jurídico, mas já há jurisprudências adotando a teoria objetivo-individual.

Ex: aquele que efetua um disparo de arma de fogo estará praticado ato executório de homicídio porque apertar o gatinho é o único ato capaz de atacar o bem jurídico protegido, segundo a teoria objetivo-formal.

Já para a teoria objetivo-material e objetivo-individual, só o fato de pegar a arma já configuraria ato executório porque demonstra claramente a intenção do agente de efetuar um disparo, colocando em risco o bem jurídico tutelado.

Trata-se do ato imediatamente anterior ao disparo, que realiza o verbo núcleo do tipo. Não se estaria punindo a intenção porque é um ato que demonstra claramente a vontade de matar.

Em caso de dúvida, deve-se analisar o ato como preparatório.

REQUISITOS DA TENTATIVA: - Conduta dolosa - início de execução - ausência de consumação

Tentativa perfeita: O agente esgota todos os meios que tinha ao seu alcance. Tentativa imperfeita: O agente é interrompido.

Tentativa branca ou incruenta: tentativa sem lesões ao bem jurídico.

CRIMES QUE NÃO ADMITEM A TENTATIVA

Culposos: o resultado é involuntário. Preterdolosos: o resultado é involuntário.

Contravenção Penal: disposição legal. art. 4º da LCP Dec-lei 3688/41: Não é punível a tentativa de contravenção.

Habituais: os atos isolados são irreleventes, configurando o crime somente em caso de reiteração. ex: Casa de Prostituição art. 229, Rufianismo art. 230, Curandeirismo art. 284.

Delito condicionado: é necessária a ocorrência de uma condição para estar caracterizado o crime. Ex: art. 122: induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. a lei pune somente quando ocorre o resultado (lesão corporal ou morte).

Crime de atentado: Quando a tentativa é punida com a mesma pena do crime consumado. Ex: Art. 352 Evasão mediante violência contra a pessoa.

Art. 352: Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.

Permanentes na forma omissiva: não há como fracionar (cárcere privado por omissão de autoridade em liberar o preso)

Unissubsistente: porque se consuma com o ato, não admitindo iter criminis (injúria) Omissivo Próprio: não admite fracionamento. Ou o agente faz o seu dever e não é punido, ou deixa de fazer e comete crime.

Crimes com condutas abrangentes: O tipo penal menciona que de qualquer modo poderá ser praticado o delito.

DIMINUIÇÃO NA TENTATIVA Considera-se para fins de redução pela tentativa o percurso que foi percorrido pelo agente. Quanto menor o iter criminis maior a redução, ou seja, quanto mais longe da consumação maior a diminuição da pena.

Considerações A manifestação do agente não é punida quando se refere à tentativa daquele crime, mas pode configurar crime autônomo, como é o caso da ameaça (art. 147 do CP).

A preparação não é punida no Brasil, mas pode configurar crime autônomo.

A análise da tentativa deve ser feita no caso concreto, diante das circunstâncias do delito.