DECRETO-LEI 1608 DE 18 DE SETEMBRO DE 1939 O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da constituição, decreta a seguinte lei: Código de Processo Civil LIVRO I Disposições Gerais Título I Introdução Art. 1º. O processo civil e comercial, em todo o território brasileiro, reger-se-á por este Código, salvo o dos feitos por ele não regulados, que constituam objeto de lei especial. Art. 2º. Para propor ou contestar ação é necessário legítimo interesse, econômico ou moral. Parágrafo único. O interesse do autor poderá limitar-se à declaração da existência ou inexistência de relação jurídica ou à declaração da autenticidade ou falsidade de documento. Art. 3º. Responderá por perdas e danos a parte que intentar demanda por espírito de emulação, mero capricho, ou erro grosseiro. Parágrafo único. O abuso de direito verificar-se-á, por igual, no exercício dos meios de defesa, quando o réu opuzer, maliciosamente, resistência injustificada ao andamento do processo. Art. 4º. O juiz não poderá pronunciar-se sobre o que não constitua objeto do pedido, nem considerar exceções não propostas para as quais seja por lei reclamada a iniciativa da parte.. Art. 142. Nas ações de desquite e de nulidade de casamento, será competente o foro da residência da mulher; nas de alimento, o do domicílio ou da residência do alimentando. TÍTULO XXVIII Da nomeação e remoção dos tutores e curadores Art. 600. Os tutores e curadores serão nomeados na conformidade da lei civil. x1º. A nomeação far-se-á logo que ocorra a causa da tutela, ou curatela. x2º. Os tutores testamentários entrarão em exercício depois de cumprir-se o testamento que os houver instituído. Art.601. Antes de entrar em exercício, o tutor, ou curador, no prazo de 15 (quinze) dias prestará compromisso, por termo em livro próprio, rubricado pelo juiz, e será, no ato, intimado a proceder à especialização e inscrição da hipoteca legal. Mediante termo, de q eu constem sua descrição e valores, serão os bens entregues ao tutor, ou curador.
Art.602. Si a viúva, que tiver filhos menores, convolar a segundas nupcias, o oficial do Registro Civil, sob pena de multa de 50$0 a 200$0 (cinqüenta a duzentos mil réis), remeterá certidão do termo do casamento ao juiz competente, que mandará notificar o tutor legítimo, ou, à falta, nomeará pessoa idônea para assumir a tutela. Art.603. O tutor, ou curador, que recusar a tutela, ou curatela, manifestará o motivo ao juiz, nos 10 (dez) dias subsequentes à intimação ou contatos da data em que houver sobrevindo o impedimento. Parágrafo único. Si o juiz não admitir a recusa, o nomeado exercerá ou curatela, sob as cominações legais, até ser provido o recurso, si interposto, e ser feita a nomeação do substituto. Art.604. Ocorrendo causa para a remoção do tutor, ou curador, êste poderá, mediante representação do órgão do Ministério Público, ou portaria do juiz, ser provisoriamente suspenso da administração da pessoa e dos bens do tutelado ou curatelado. x1º. Autuada a representação do órgão do Ministério Público, ou a portaria, do juiz, o tutor, ou curador, será intimado para, no prazo de 5 (cinco) dias, que correrá em cartório responder à argüição. x2º. Findo o prazo, o juiz designará audiência para instrução e julgamento, na qual proferirá sentença. Art.605. A sentença que remover o tutor, ou curador, nomeará outro, e, apensos os autos do inventário, o removido será intimado a prestar contas. TÍTULO XXIX Da Curatela dos incapazes Art.606. O pedido de interdição dos absolutamente incapazes constará de requerimento fundamentado, feito pela pessoa a que a lei confere tal faculdade. Parágrafo único. Requerida a interdição pelo órgão do Ministério Público, o juiz nomeará curador à lide, nas comarcas onde não houver curador ou tutor judicial. Art.607. Autuada a petição, o juiz nomeará 2 (dois) peritos para procederem ao exame médico legal, e, em audiência previamente designada, ouvirá o interditando, o defensor e testemunhas, si houver. x1º. Si os laudos declararem a insanidade mental do suplicado, o juiz decretará a interdição, e, na forma da lei, dará curador ao interditando, nas comarcas onde não houver curador ou tutor judicial. x2º. Discordantes os laudos, o juiz nomeará desempatador. Art.608. Terminada a instrução e conclusos os autos, o juiz, dentro em 48 (quarenta e oito) horas, decretará, ou denegará a interdição, si o não fizer na própria audiência. Parágrafo único. Decretada a interdição, o juiz, na mesma sentença, nomeará curador, que, intimado, prestará o compromisso da lei. Art.609. A sentença declaratória da interdição será intimada ao defensor do interditado, a quem houver promovido o processo e ao órgão do Ministério Público, e produzirá os seus efeitos
depois de publicada 3 (três) vezes por edital, com o intervalo de 10 (dez) dias, onde não houver registro especial. Art.610. Além do interditando, poderão recorrer da sentença o defensor, o requerente, ou o órgão do Ministério Público, quando por este promovido o processo. Ar.611. A interdição será levantada, desde que se prove ter cessado a sua causa. x1º. O requerimento poderá ser feito pelo próprio interditado. x2º. Formulado o pedido em requerimento junto ao processo, o juiz nomeará 2 (dois) médicos para procederem ao exame médico legal e, em audiência, ouvidas as testemunhas e o curador, proferirá a sentença (art.608), levantando a interdição, si verificar que o interdito recuperou o uso das faculdades mentais. x3. Ainda que se verifique a possibilidade de repetição da moléstia, será levantada a interdição, mas, em caso de recaída, o curador assumirá o cargo, publicando-se novos editais, na forma do art.609, ou restabelecendo-se o registro. x4º. A sentença que levantar a interdição será publicada, na forma estabelecida para a que a decretar, e produzirá os seus efeitos logo que passe em julgado. Art.612. Estão sujeitos às disposições referentes à interdição dos incapazes por insanidade mental os surdos-mudos, que não tiverem educação especial. Art.613. A interdição por perturbações mentais, resultantes do abuso de tóxicos, será requerida com a citação do interditando; e quando promovida pelo órgão do Ministério Público, o juiz nomeará curador à lide. Na petição inicial, o requerente fará a exposição circunstanciada dos fatos e indicará as provas em que se baseia o pedido. Art.614. Feita a citação dos interessados, o juiz mandará proceder a exame de insanidade no interditando e, em audiência previamente designada, o interrogará, ouvindo as suas testemunhas e as do requerente e recorrendo a quaisquer outros elementos de informação. Art.615. Verificada a incapacidade do interditando absoluta e permanente, ou relativa e temporária, para os atos da vida civil, o juiz decretará a interdição nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes à audiência (art.607) e deferirá a curatela, plena ou limitada, de acordo com o exame, fixando, no segundo caso, as restrições de capacidade a que ficará sujeito o interditado. O curador prestará compromisso e, na forma do art. 609, publicar-se-á ou registrar-se-á a sentença. Art.616. A interdição do pródigo será requerida pela mesma forma, citado o interditando, e a petição mencionará, circunstanciadamente, os fatos reiterados e indicativos de dissipação, processando-se, de acôrdo com o estabelecido nos artigos anteriores. Art.617. Decretada a interdição, o juiz nomeará curador provisório, cujas funções se tornarão definitivas logo que a sentença transite em julgado. Art.618. A interdição poderá ser levantada por meio de requerimento e prova de haver o pródigo readquirido capacidade para a administração de seus bens, ou de não mais existirem conjuge e ascendente ou descendentes legítimos.
Art.619. Para o levantamento da interdição serão ouvidos o curador e o órgão do Ministério Público, e a sentença, que o decretar, será publicada ou registrada, na forma do art.609. Art.620. Si a prodigalidade resultar de desordem das faculdades mentais, o pródigo será submetido a exame médico-legal, para os efeitos da interdição por incapacidade mental. TÍTULO XXX Da emancipação Art.621. A emancipação de menor, que tiver 18 (dezoito) anos cumpridos, será requerida com a citação do tutor e do órgão do Ministério Público, para, em dia e hora ter a capacidade necessária para reger sua pessoa e administrar seus bens. As testemunhas poderão ser apresentadas independentemente de intimação e inquiridas sem a assistência dos justificados, quando estes forem reveis. Art.622. Feita a prova da idade e inquiridas as testemunhas, o juiz ouvirá, dentro do prazo de 5 (cinco) dias para cada um, o órgão do Ministério Público e o tutor, que poderão impugnar o pedido e provar por testemunhas a falta de idoneidade do menor. Parágrafo único. Será ouvido o menor si o tutor, ou o órgão do Ministério Público, produzir alegações e provas. Art. 623. Em seguida, o juiz decidirá, podendo recorrer a quaisquer elementos de informação. Art.624. A sentença que conceder o suprimento será enviada por cópia ao registro civil para a devida inscrição. TÍTULO XXXI Da outorga judicial de consentimento Art.625. Em caso de recurso ou impossibilidade de consentimento por lei exigido para a prática de qualquer ato, o interessado pedirá ao juiz que o supra, requerendo a citação do recusante, para deduzir, em tríduo, as razões da recusa, sob pena de fazer-se o suprimento judicialmente, à sua revelia. x1º. Si o citado não comparecer dentro do prazo, ou não alegar as razões da recusa, o juiz decidirá de plano. x2º. Si o citado alegar as razões da recusa, o juiz ouvirá sumariamente as partes, podendo recorrer a outras fontes de informação, e proferirá a sentença. Art.626. Si o consentimento fôr suprido, o juiz mandará passar o competente alvará, nele transcrevendo-se a sentença. Art.627. Tratando-se de tutor, ou curador de órfãos, ou interditos, será ouvido o órgão do Ministério Público. Art.628. No caso de haver-se de suprir o consentimento de ausente, o juiz decidirá com a audiência do órgão do Ministério Público. TÍTULO XXXIII
Dos bens de menores ou incapazes Art.635. Para vender, arrendar, hipotecar ou onerar bens pertencentes a órfãos sob tutela ou a interditos, o tutor, ou curador, pedirá por escrito autorização judicial, expondo os fundamentos do pedido e produzindo as provas que tiver. Art.636. O juiz ouvirá sobre o pedido o órgão do Ministério Público, o menor de mais de 16 (dezesseis) anos, o incapaz, si puder prestar esclarecimentos, e qualquer parente do menor, ou do interdito, que por ele mostre interesse. Art.637. Ouvidos os interessados e verificada a conveniência da operação, o juiz a autorizará, sendo os bens, no caso de venda ou de arrendamento, postos em praça ou leilão, depois de avaliados. TÍTULO XXXV Do desquite por mútuo consentimento Art.642. O desquite por mútuo consentimento será requerido em petição assinada pelos cônjuges, ou a seu rôgo, se não souberem ou não puderem escrever, instruída com certidão de casamento realizado há mais de 2 (dois) anos e, se houver: I - contrato ante-nupcial; II- declaração dos bens do casal e da respectiva partilha, se houver sido acordada; III - acordo sobre a guarda dos filhos menores; IV - declaração da importância ajustada para criação e educação dos filhos e da pensão alimentícia do marido à mulher, se esta não dispuser de bens suficientes para manter-se. x1º. As assinaturas, a rôgo, dos cônjuges deverão ser reconhecidas. x2º. A partilha dos bens do casal, se não houver acôrdo, julgar-se-á por sentença, em inventário judicial, depois de homologado o desquite. x3º.para o inventário serão observadas as disposições do título XXIII, no que forem aplicáveis. Art.645. A homologação definitiva do desquite por mútuo consentimento terá a mesma autoridade e efeitos da sentença do desquite judicial, relativamente às cláusulas do acôrdo sôbre a guarda dos filhos, quotas para a sua criação e educação e pensões alimentícias à mulher. DOS PROCESSOS ACESSÓRIOS TÍTULO I Das medidas preventivas Art.675. Além dos casos em que a lei expressamente o autoriza, o juiz poderá determinar providências para acautelar o interesse das partes: I - quando do estado de fato da lide surgirem fundados receios de rixa ou violência entre os litigantes;
II - quando, antes da decisão, fôr provável a ocorrência de atos capazes de causar lesões, de difícil e incerta reparação, ao direito de uma das partes; III - quando, no processo, a uma das partes fôr impossível produzir prova, por não se achar na posse de determinada coisa. Art.676. As medidas preventivas poderão consistir: VIII - na prestação de alimentos provisionais, no caso em que o devedor seja suspenso ou destituído do pátrio poder, e nos de destituição de tutores e curadores, e de desquite, nulidade ou anulação de casamento; X - na entrega de objetos ou bens de uso pessoal da mulher e dos filhos; na separação de corpos e no depósito dos filhos, nos casos de desquite, nulidade ou anulação de casamento. Art.678. Quando a lide deva ser precedida de separação de corpos, o juiz poderá ordenar o afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do casal, a assistência a um ou outro e a guarda e educação dos filhos, durante o processo. Art.679. Poderá decretar-se o depósito: I - da menor que tiver de contrair matrimônio contra a vontade dos pais; II - de menores ou incapazes maltratados por seus pais, tutores ou curadores ou por eles induzidos `a prática de atos contrários à lei ou à moral; III - de menores ou incapazes a que faltarem representantes legais. Art.680. A decisão que determinar prestação de alimentos será executada na forma dos arts. 919 a 922. TITULO XII Da posse em nome do nascituro Art.739. A mulher que, para garantia dos direitos do filho nascituro, quiser provar seu estado de gravidez, requererá ao juiz que, ouvido o órgão do Ministério Público, mande examiná-la por 2 (dois) médicos, instruindo o requerimento com a certidão de óbito da pessoa em cujos bens deva suceder o nascituro. x1º. Será dispensado o exame, se os herdeiros do de cujus aceitarem a declaração da requerente. x2º. Em caso algum a falta de exame prejudicará os direitos do nascituro. Art.740. Nomeados, os peritos farão o exame, comunicando o resultado em documento subscrito por ambos. Parágrafo único. Divergindo os peritos, o juiz nomeará desempatador, que apresentará laudo por escrito. Art.741. Verificada a gravidez, o juiz, por sentença, declarará a requerente investida na posse dos direitos que assistam ao nascituro.
Parágrafo único. Si à requerente não couber o exercício do pátrio poder, o juiz nomeará curador ao nascituro. Art.919. Quando a execução tiver por objeto prestação alimentícia, esta será efetuada mediante desconto em folha de pagamento, se o executado fôr funcionário público, ou militar, ou a êstes fôr equiparado, ou pertencer a profissão regulamentada pela legislação do trabalho. Parágrafo único. Para este efeito, o juiz comunicará a decisão à autoridade ou pessoa competente, individualizando devedor e credor. Art.920. Quando não fôr possível o desconto na forma do artigo anterior, ou quando o devedor não pertencer a qualquer das categorias nele enumeradas, o não cumprimento de prestação alimentícia será punido com prisão, decretada pelo juiz cível. x1º. Para êste efeito, o juiz, se o credor o requerer, marcará ao devedor o prazo de 3 (três) dias para efetuar o pagamento, exibir prova do mesmo ou justificar a impossibilidade do cumprimento da prestação. x2º. Provada a impossibilidade do cumprimento da prestação, o juiz concederá ao devedor prazo razoável para cumpri-la. x3º. Se o devedor não cumprir o disposto no parágrafo primeiro, o juiz, dentro em 48 (quarenta e oito) horas, decretará, por prazo de um a três meses, sua prisão, que só mediante pagamento das prestações vencidas poderá ser levantada antes do têrmo. Art.921. O cumprimento integral da pena de prisão não eximirá o devedor do pagamento das prestações alimentícias vincendas, ou vencidas e não pagas, mas excluirá a imposição de nova pena de prisão. Art.922. O pagamento das prestações vencidas poderá, a requerimento ou ex-officio, ser ordenado pelo juiz, mediante sequestro judicial de bens ou rendimentos do devedor. CAPÍTULO II Da nomeação de bens à penhora Art.923. Não valerá a nomeação de bens feita pelo executado: I - se não fôr conforme à graduação estabelecida para a penhora; II- se não forem nomeados os bens especialmente obrigados ou consignados ao pagamento; III - se, havendo-os na da execução, forem nomeados bens situados em outra circunscrição judiciária, salvo anuência do exeqüente; IV - se os bens nomeados não forem livre e desembaraçados e houver outros que o sejam; V - se os bens nomeados forem insuficientes para assegurar a execução. Art.924. Feita a nomeação, o exeqüente poderá exigir que o executado exiba, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, prorrogável a arbítrio do juiz, os títulos de propriedade e certidões negativas de hipoteca.
Art.925. Se o exeqüente não a impugnar, será a nomeação reduzida a têrmo, que o executado assinará, e desde logo se haverão por penhorados os bens nomeados, fazendo-se, em seguida, o respectivo depósito, como dispõe o art. 945. Art.926. A nomeação devolver-se-á ao exeqüente, se o executado não a fizer, ou a fizer contra o disposto no art. 923. CAPÍTULO III Da Penhora Art.927. Se, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, o executado não pagar, ou não fizer a nomeação de bens, na conformidade do artigo 923, proceder-se-á à penhora independentemente de novo mandado.