História do Direito (d)

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Transcrição:

História do Direito (d) LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na História. 3ª edição. São Paulo: Atlas, 2008. GILISSEN, J. Introdução Histórica ao Direito. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1988.

Formação do Direito Ocidental Moderno Direito Canônico Fontes Burocracia Processo Renascimento do Direito Romano Universidade e cultura clássica Recuperação dos textos romanos

Direito Canônico Gregório VII (1073-1085) Centraliza o poder da Igreja em Roma e monopoliza a nomeação de bispos Suas medidas tornam-se exemplares do que virá a ser o Estado: uma burocracia um poder de criar leis uma ambição de universalidade Libertam a Igreja do Poder Secular

Fontes Direito Canônico No ano 1000 havia enorme quantidade de normas disciplinando a vida da Igreja Em 1090, bispo de Chartres redige uma coleção dessas normas Em 1140, Graciano redige seu Decreto Resolve antinomias conforme os critérios: Significado, tempo, lugar e especialidade Em 1234, surge o Decreto de Gregório IX Em 1298, Bonifácio VIII acrescenta mais um livro ao Decreto de Gregório IX Corpus Iuris Canonici soma dos dois Decretos

Burocracia Direito Canônico Papa possui duas funções Religiosa Disciplinar / administrativa Surgem princípios administrativos Princípio eletivo (pares elegem seus pares) Princípio hierárquico (divisão de competências) Surge uma classe administrativa Necessidade de treinamento profissional Possibilidade de carreira pela ascensão motivada não apenas pela amizade ou pelo nascimento, mas pela competência

Direito Canônico Processo Características herdadas: Conduzido por profissionais Recursal uniformização, concentração e centralização do poder Mais investigativo (inquisitorial) que adversarial (duelístico) perguntas, provas racionais Escrito (cartorial), com fases claras Critérios de competência Em razão das pessoas (clérigos, estudantes, cruzados, miseráveis...) Em razão da matéria (sacramentos, testamentos, juramentos, pecados públicos...) Em razão da vontade das partes

Formação do Direito Ocidental Moderno Direito Canônico Fontes Burocracia Processo Renascimento do Direito Romano Universidade e cultura clássica Recuperação dos textos romanos

Renascimento do Direito Romano Universidade e cultura clássica Durante os séculos XI e XII há uma redescoberta da tradição clássica Ensino medieval Artes mecânicas Artes liberais Trivium: lógica, retórica e gramática Quadrivium: aritmética, geometria, astrologia e harmonia Depois, podiam estudar: direito, teologia, medicina Direito: canônico e romano

Renascimento do Direito Romano Recuperação dos textos romanos Em 533, publica-se, durante o reinado de Justiniano, o Digesto ou Pandectas, coletando material de 39 juristas (de 82 a.c. A 244 d.c.) Além dele, publicam-se outros livros, compondo o Corpus Iuris Civilis No curso de direito, lia-se uma passagem do texto clássico, o professor o explicava e passava-se a uma discussão

Renascimento do Direito Romano Tal estudo é chamado de direito erudito Esse direito torna-se fonte subsidiária Apresenta algumas vantagens: É escrito É comum a todas as universidades É mais completo, prevendo institutos desconhecidos do mundo feudal É mais adequado ao momento histórico, pois deriva da sociedade romana mercantilizada Nova sociedade exige segurança do direito para as trocas locais e internacionais

Renascimento do Direito Romano Métodos Escolástica Desenvolvem, no séc.xii, a ideia de sistema Texto é parte de um todo Verdade está no todo Procedimento Questiona-se um texto, apresentam-se citações de autoridades com pontos de vista divergentes e chega-se a uma conclusão, que será a tese defendida pelo expositor

Renascimento do Direito Romano Glosadores Interpretam o Corpus de maneira analítica, priorizando os textos específicos em detrimento do todo Comentários ao texto romano, respeitando-o Comentadores Entendem o direito romano como um sistema Desenvolve-se nos séculos XIV e XV

Renascimento do Direito Romano Humanistas (séc XVI) Pensam o direito, mas não compõem uma escola jurídica Acusam os medievais de erros linguísticos e históricos Estudam o direito romano, mas não o consideram muito prático