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1 81 Aula 01 Direito Empresarial p/ AFT www.concurseiro24horas.com.br

2 81 AULA INAUGURAL 1. Observações iniciais... 3 1.1. Sobre o curso... 3 1.2. Cronograma de aulas... 5 2. Direito comercial: origem e evolução histórica... 6 3. Origem do crédito... 9 4. Legislação aplicável... 10 5. Conceitos e características dos títulos de crédito... 11 6. Requisitos gerais... 12 7. Princípios dos títulos de crédito... 15 7.1. Princípio da cartularidade (ou da incorporação)... 15 7.2. Princípio da literalidade... 19 7.3. Princípio da autonomia... 21 7.3.1. Subprincípio da abstração... 23 7.3.2. Subprincípio da inoponibilidade das exceções pessoais... 24 8. Classificação dos títulos de crédito... 31 8.1. Quanto à sua natureza/modelo... 32 8.2. Quanto à estrutura... 32 8.3. Quanto à forma de circulação (ou transferência)... 33 8.4. Quanto à criação (hipóteses de emissão)... 35 9. Endosso... 38 9.1. Formas de endosso... 42 9.2. Endosso x cessão civil de crédito... 45 10. Aval... 46 10.1. Formas de aval... 47 10.2. Aval x fiança... 51 11. Protesto... 52 12. Observações finais... 65 13. Resumo... 66 14. Questões apresentadas em aula... 74 Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei n.º 9.610/1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Valorize o trabalho do professor e adquira o curso de forma honesta, realizando sua matrícula individualmente no site www.concurseiro24horas.com.br O Concurseiro24horas dispõe de descontos exclusivos para compras em grupo. Adquira de forma legal. Envie um email para coordenacao@concurseiro24horas.com.br e saiba como.

3 81 1. Observações Iniciais Olá Concurseiro! Estamos iniciando nosso curso de Direito Empresarial, abrangendo teoria e questões comentadas, para o concurso de Auditor-Fiscal do Trabalho. É uma enorme satisfação poder estar aqui. preparação de alto nível. Nosso compromisso com vocês é a Trata-se de um curso pré-edital, estruturado com base no Edital ESAF de 2010, porém não há exigência de prévio conhecimento da disciplina. Nós partiremos do zero. Nossa disciplina não foi cobrada no último concurso que ocorreu em 2013, porém como não há certeza de quem será a próxima organizadora do certame, existem reais chances de voltar a ser cobrada. Professor, o concurso AFT será ainda este ano? Olha só: no fim do ano passado, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, afirmou que a seleção já foi permitida, e que seria realizada no decorrer deste semestre. A expectativa é grande, pois estão previstas 847 VAGAS para preenchimento escalonado em três anos. A carreira de Auditor-Fiscal do Trabalho exige ensino superior completo, em qualquer área. A remuneração oferecida é de R$16.116,64, e os auditores ainda fazem jus a estabilidade, uma vez que as contratações são pelo regime estatutário. 1.1. Sobre o Curso Uma das vantagens dos cursos em.pdf é ser prático, com abordagem objetiva, clara e específica aos tópicos do edital. Assim será nosso curso! Não devemos passar superficialmente na matéria, pois isso pode ser suficiente para acertar algumas questões, no entanto, em uma questão mais elaborada, você pode cair. E você deve estudá-la! Em 2006 e 2010 Direito Empresarial representou 6,25% da Prova 2 e 3,7% do total da pontuação possível nas provas objetivas. Parece pouco, mas isso pode ser não apenas

4 81 a diferença entre ser aprovado ou não, pode ser aquela diferença na classificação que fará você ser lotado em um local perto de casa, ou então em uma região mais distante. Apesar de muitos acharem a disciplina complicada, a grande é verdade é que o Direito Empresarial é uma matéria mais técnica que outras do ramo do direito. Porém, com a metodologia apropriada, o estudo de Direito Empresarial torna-se muito agradável. Nosso curso será ESQUEMATIZADO da seguinte maneira: Teoria Doutrina Legislação Jurisprudência Macetes Esquemas Exemplos Questões comentadas Abrangeremos, de modo aprofundado, os aspectos mais relevantes de cada tópico do conteúdo exigido. As questões servirão também de revisão, pois iremos dispor, aula após aula, questões de assuntos de aulas anteriores. Tudo o que for posto aqui, por mais aprofundado que pareça, é necessário para o entendimento completo da disciplina. Por tudo que foi exposto, este curso será completo. É direcionado a você que está iniciando os estudos, bem como àqueles que desejam aprofundar os conhecimentos na disciplina. E mais, ele foi elaborado visando sua única fonte de estudos, ou seja, basta apenas esse material para adquirir o conhecimento necessário para sua prova. Por fim, uma breve apresentação: Meu nome é Tiago Elias Zanolla, 31 anos, graduado em Engenharia de Produção e atualmente sou servidor do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, onde exerço o cargo de Técnico Judiciário Cumpridor de Mandados. Cargo que me trouxe enorme satisfação pessoal e profissional. Além das funções de Oficial de Justiça, também exerço a função de Assistente da Direção do Fórum, algo como um síndico local. Uma tarefa árdua que temos que fazer o possível dentro do impossível (rsrs). Estou envolvido com concursos públicos desde 2009. Dessa forma, tenho experiência como servidor público, como professor e como concurseiro. Essa é uma grande vantagem para vocês, pois sempre poderei lhes passar a melhor visão, incrementando as aulas e as

5 81 respostas a dúvidas com possíveis dicas sobre as provas, as bancas, o modo de agir em dias de provas e como se preparar para elas etc. 1.2. Cronograma de Aulas 1 AULA DATA CONTEÚDO 01 15/04/2015 02 26/04/2015 03 11/05/2015 Apresentação; Direito comercial: origem. Evolução histórica. Títulos de Crédito - Parte I (Noções Gerais, Conceitos e características) Títulos de Crédito - Parte II (Cheque, Duplicata, Letra de Câmbio e Nota Promissória) Evolução do Direito Comercial no Brasil. Autonomia. Fontes. Características Teoria Geral: Empresa/Empresário/Estabelecimento 04 21/05/2015 Prepostos. Escrituração. 05 31/05/2015 Sociedades - Parte I (Conceito de sociedades. Sociedades não personificadas e personificadas. Sociedade simples) 06 10/06/2015 Sociedades - Parte II (Sociedade limitada) 07 20/06/2015 Sociedades - Parte III (Sociedades por ações. Operações societárias. Dissolução e liquidação de sociedades) 08 25/06/2015 Recuperação judicial e extrajudicial. 09 30/06/2015 Falência. Classificação creditória 10 05/07/2015 Microempresa e empresa de pequeno porte (Lei Complementar nº 123/2006). TÓPICO DE HOJE: Direito comercial: origem. Evolução histórica. Títulos de Crédito - Parte I (Noções Gerais, Conceitos e características) 1 O cronograma de aulas poderá sofre alterações, desde que previamente informado aos alunos matriculados.

6 81 2. Direito Comercial: Origem e Evolução histórica O surgimento do direito comercial está relacionado à ascensão da classe burguesa, originando-se da necessidade dos comerciantes da Idade Média de regular a atividade profissional por eles desenvolvida. Concentrados em corporações de ofício, os comerciantes criaram o direito comercial com base nos USOS E COSTUMES COMERCIAIS DIFUNDIDOS PELOS POVOS que se dedicaram à atividade comercial, dentre os quais destacam-se os gregos e os fenícios. Como foi elaborado pelos próprios destinatários, o direito comercial apareceu com um caráter eminentemente subjetivista, caracterizando-se, no início, como um direito corporativista e fechado, restrito aos comerciantes matriculados nas corporações de mercadores. Nasce então como um direito especial, autônomo em relação ao direito civil, o que lhe permitiu alcançar autonomia jurídica, possuindo uma extensão própria, além de princípios e métodos característicos, que contribuíram para a sua consolidação como disciplina jurídica autônoma. O prestígio e a importância das corporações começaram a se enfraquecer com o mercantilismo, que fortaleceu o Estado e afastou das corporações de mercadores a elaboração das normas comerciais. As primeiras codificações das normas comerciais surgiram na França, com as Ordenações Francesas. A PRIMEIRA ORDENAÇÃO, DE 1673, tratava do comércio terrestre e ficou conhecida como Código Savary. Em 1681 surgiu a Ordenação da Marinha, que disciplinava o comércio marítimo. As Ordenações Francesas tiveram vigência por um longo tempo e o Código Savary foi a base para a elaboração do Código de Comércio Napoleônico de 1807, responsável pela objetivação do direito comercial, afastando-o do aspecto subjetivo da figura do comerciante matriculado na corporação. Com o Código Comercial francês de 1807 o direito comercial passou a ser baseado na prática de atos de comércio enumerados na lei segundo critérios históricos, deixando de ser aplicado somente aos comerciantes matriculados nas corporações. Assim, para se qualificar como comerciante e submeter-se ao direito comercial, deixou de ser necessário à pessoa que se dedica a exploração de uma atividade econômica pertencer a uma corporação, bastando a prática habitual de atos de comércio. Essa objetivação do direito comercial atendia aos princípios difundidos pela Revolução Francesa em 1789.

7 81 Ao enumerar os atos de comércio, o legislador baseou-se em fatores históricos, sendo esse o grande problema da teoria francesa, que se mostrou bastante limitada diante da rápida evolução das atividades econômicas, tornando-se uma teoria ultrapassada por não identificar com precisão a matéria comercial, já que não foi possível a identificação de um elemento de ligação entre os atos de comércio previstos na lei. Atividades econômicas que tradicionalmente não eram desenvolvidas pelos comerciantes, como a atividade imobiliária, a prestação de serviços em geral e a atividade agrícola, foram afastadas do regime comercial. A ausência de um critério científico na separação das atividades econômicas em civis e comerciais e a exclusão de importantes atividades do regime comercial em razão do seu gênero, constituíram os principais fatores para o desprestígio da teoria francesa, contribuindo para a sua superação. Em consonância com o desenvolvimento das atividades econômicas e de acordo com a tendência de crescimento do direito comercial, surgiu na Itália uma teoria que substituiu a teoria francesa, superou os seus defeitos e ampliou o campo de abrangência do direito comercial. Essa teoria, denominada de teoria jurídica da empresa, caracteriza-se por não dividir as atividades econômicas em dois grandes regimes, como fazia a teoria francesa, e foi inserida no Código Civil italiano de 1942, que ficou conhecido por ter realizado a unificação legislativa do direito privado na Itália. A teoria da empresa elaborada pelos italianos afasta o direito comercial da prática de atos de comércio para incluir no seu núcleo a empresa, ou seja, a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Com a teoria da empresa, deixa de ser importante o gênero da atividade econômica desenvolvida, não importando se esta corresponde a uma atividade agrícola, imobiliária ou de prestação de serviços, mas que seja desenvolvida de forma organizada, em que o empresário reúne capital, trabalho, matéria-prima e tecnologia para a produção e circulação de riquezas. De acordo com a teoria da empresa, o direito comercial tem o seu campo de abrangência ampliado, alcançando atividades econômicas até então consideradas civis em razão do seu gênero. A teoria da empresa, ao contrário da teoria francesa, não divide as atividades econômicas em dois grandes regimes (civil e comercial), prevê um regime amplo para as atividades econômicas, excluindo desse regime apenas as atividades de menor importância, que são, a princípio, as atividades intelectuais, de natureza literária, artística ou científica.

8 81 Considerando o núcleo que delimita a matéria comercial ao longo de sua evolução histórica, pode-se dividir o desenvolvimento do direito comercial em quatro períodos. Corporações de Ofício Estados Nacionais Codificação Napoleônica Teoria da Empresa a) Corporações de Ofício: na época, havia artesãos e mercadores, que fabricavam e vendiam mercadorias em grandes feiras comerciais. Logicamente que, em decorrência dessas atividades começaram a surgir conflitos em torno de pagamentos, entrega, trocas, etc. Como ainda não havia direito que trata-se dos conflitos, surgiu a necessidade de criarem-se tais normas. Os artesãos e mercadores, cientes da realidade que lhes afligia, resolveram então criar as associações de classe, denominada Corporações de Ofício. b) Costumes Mercantis: as Corporações de Ofício, então, criaram os costumes mercadológicos, que eram as normas que regiam as relações comerciais. c) Tribunais do Comércio: com a criação das normas, surgiu também a necessidade de criação dos Tribunais do Comércio. Esses tribunais eram compostos por julgadores/juízes, que eram os membros das Corporações de Ofício, eleitos dentro de cada associação. As regras só incidiam sobre os participantes das associações. Tem início na 2ª metade do Séc. XVI e se arrasta o Séc. XVIII. Nessa fase, países como a Itália, Inglaterra, França e Holanda, eram países em que a atividade mercantil passou a ser muito intensa. Começaram a surgiu intercâmbio de atividades comerciais. Por esse motivo, surgiu a necessidade da uniformização das regras comerciais, até então bairristas, visando dar o mesmo tratamento entre os países que negociavam entre si. IMPORTANTE: surgiram então os Estados Nacionais, que consolidavam a busca pelo fortalecimento do estado. Diante desse contexto, a jurisdição mercantil deixou de ser da atividade privada (Corporações de Ofício) e passa a ser de responsabilidade do Estado, que inclusive passa a criar as regras do direito comercial. No entanto, de nada adianta criarem-se regras se o aplicador dessas regras continua sendo alguém eleito pelos membros das corporações, preservando-se o corporativismo. Por essa razão, o próprio Estado passa a escolher os julgadores que passarão a integras os Tribunais julgadores das pendengas comerciais. Um problema ainda persistia: ainda que se tivesse buscado uma uniformização, ainda que o Estado criasse as regras e elegesse os juízes, as regras ainda estavam pautadas nos costumes e se aplicavam somente aos MEMBROS DA ASSOCIAÇÃO (que era cadastrado e considerado como comerciante). Daí adveio a 3ª fase. Tem início no Séc. XIX e se arrasta até a 1ª metade do Séc. XX. Nesse período ocorre a Revolução Francesa e, com ela, surgem os ideais liberais da Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Diante desse contexto, a busca da igualdade levou a incidência das regras comerciais a todos os comerciantes, restando abolido o corporativismo. Surge o Código Comercial Francês, que adotou a Teoria dos Atos de Comércio. Essa teoria reza que comerciante é aquele que pratica atos de comércio análise objetiva Essa fase compreende a promulgação do Código Civil Italiano de 1.942, e se arrasta até os dias atuais. Tem por grande característica alterar o conceito de comerciante da terceira fase (quem pratica atos de comércio análise subjetivo, derivada da observação do ato praticado), e passa a encartar o empresário sob uma análise subjetiva empresário é todo aquele que exerce a empresa.

9 81 3. Origem do Crédito Na antiguidade o comércio ocorria tradicionalmente pelo escambo, isto é, trocava-se mercadoria por mercadoria. Assim, por exemplo um produtor de arroz que desejasse sal. Ele precisava encontrar um produtor de sal que precisasse de arroz, e assim por diante. Como forma de dinamizar o comércio, alguns bens começaram a ser usados como moeda inicialmente o sal, posteriormente sucedido por metais preciosos, e este, mais adiante, substituído pela moeda-fiduciária de forma imposta pelo estado. Com a evolução do comércio, as transações foram tornando-se mais complexas e a moeda já não conseguia atender as necessidades do mercado. Foi então que surgiram os títulos de crédito. Segundo Tullio Ascarelli, o desenvolvimento dos títulos de crédito permitiu que o mundo moderno mobilizasse suas próprias riquezas, vencendo o tempo e o espaço. Títulos de crédito são, em síntese, instrumentos de circulação de riqueza. Criou-se então a possibilidade de uma das partes negociantes cumprir sua obrigação instantaneamente, mas a outra só vir a adimplir a sua em um tempo futuro. Em outras palavras, dispor de um direito a uma prestação futura. Essa expectativa de que a obrigação do outro será cumprida no futuro, chama-se confiança. CRÉDITO TEMPO CONFIANÇA Mesmo com expansão do comércio, com novas operações mercantis, esse crescimento ainda era limitado. Imagine que um comerciante dá crédito a seu cliente, permitindo que o pague em 90 dias, porém nesse tempo, o comerciante precisa adquirir mais mercadorias para atender novos clientes. Neste período, o comerciante tinha apenas que esperar o cliente a qual foi concedido crédito, que o pagasse. Assim a circulação de riqueza ficava restrita. Não havia a circulabilidade ideal. O crédito precisava ser trocado. Foi então que surgiram os títulos de crédito. E com o aumento do uso dos títulos de crédito, surgia a necessidade de regulá-lo. O DIREITO CAMBIAL é o ramo do direito empresarial que regula o regime jurídico aplicável aos títulos de crédito é recheado de regras e características especiais, criados especialmente para salvaguardar de forma segura sua principal função, a circulação de riqueza.

10 81 Divide-se o Direito cambiário em quatro períodos (+ a atualidade). A saber: Época Período Italiano (até 1650) Período Francês (1650-1848) Período Alemão (1848-1930) Período Uniforme (1930 -?) Atualmente Fatos Marcantes Destacam-se as cidades marinhas, nas quais realizam-se feiras medievais. Surge o câmbio trajetício que instrumentalizava por meio de dois documentos: a cautio, apontada como origem da nota promissória, por envolver uma promessa de pagamento (o banqueiro reconhecia a dívida e prometia pagá-la no prazo, lugar e moeda convencionados), e a littera cambii, apontada como origem da letra de câmbio, por se referir a uma ordem de pagamento (o banqueiro ordenava ao seu correspondente que pagasse a quantia nela fixada). Surgimento da cláusula de ordem, que, consequentemente, embasou a criação do "endosso", que permitia ao portador transferir o título sem precisar de autorização do sacador Acontece a "Ordenação Geral do Direito Cambiário" que codifica (junta) as diferentes normas especiais sobre letras de câmbio, assim, consolidando-a como instrumento de crédito viabilizador da circulação de direitos Realização da Convenção de Genebra e aprovação da Lei Uniforme das Cambiais, aplicável às letras de câmbio e notas promissórias. Em 1931 foi aprovado a Lei Uniforme do Cheque Era do Comércio Eletrônico. Títulos de crédito passam por um importante período de transição. Letras de câmbio já não são vistas no mercado, e mesmo títulos como o cheque e a nota promissória vão caindo em desuso e dando lugar às transações com os cartões de débito e crédito, os quais já admitem a assinatura eletrônica. 4. Legislação Aplicável O Decreto 2044/1908 foi a primeira legislação brasileira que tratou dos títulos de crédito. Ela regulamentava apenas a nota promissória e a letra de câmbio, porém servia de base para qualquer título. Como os títulos sempre foram muito utilizados no comércio internacional, envolviam personagens de diferentes países. Com isso, em meados do século XX começou uma preocupação entre os países em uniformizar suas legislações sobre títulos de crédito. O Brasil teve participação nas convenções e foi signatário da Convenção de Genebra que foi recepcionada pelo ordenamento brasileiro através do DECRETO 57663/66 que revogou quase por completo o Decreto anterior. Ficou conhecido como Lei Uniforme de Genebra. Em 1968 foi publicado a Lei 5.474/68 legislando sobre a Duplicata e em 1985 foi publicada a lei do cheque, Lei 7.357/85.

11 81 Em 2002 foi promulgado o novo Código Civil e este dispõe sobre os títulos de crédito, entre os artigos 887 a 926. Apesar exprimir regramentos, trata-se de uma Teoria Geral. Assim, o Código Civil não revogou as legislações anteriores, sendo que cada título específico permanece com seu regramento especial. Agora, segure-se na cadeira! O artigo 903 do Código Civil anuncia: Art. 903 Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código. E como funciona? Aplico ou não? Olha só o que acontece: Como temos lei especial tratando dos títulos de crédito, aplica-se a lei especial! Só aplicamos o Código Civil aos títulos quando lei especial não dispor. Então, O CÓDIGO CIVIL É DE APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA! As principais leis especiais sobre Títulos de Crédito são: LETRA DE CÂMBIO E NOTA PROMISSÓRIA Decreto 57.663/66 (Lei Uniforme de Genebra) DUPLICATA Lei 5.474/68 CHEQUE Lei 7.357/85 5. Conceitos e Características dos Títulos de Crédito O conceito de título de crédito tradicionalmente cobrado em provas é o de Cesare Vivante. O jurista italiano assim o definiu: Título de Crédito é o documento necessário ao exercício de direito, literal e autônomo, nele mencionado. São documentos representativos de obrigações pecuniárias O código civil, adotando o conceito de Vivante, conceitua o título de crédito como: Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. ATENÇÃO: Vivante fala nele mencionado e o Códido Civil nele contido. Embora seja a mesma coisa e soe absurdo, a diferenciação conceitual entre mencionado e contido já foi cobrado em prova!

12 81 MEMORIZE: É um documento Título É literal (pode ser exigido o que nele está firmado) É autônomo (não se vincula ao fato que lhe gerou) Essas características nos remetem aos três princípios informadores do regime jurídico cambial que são objeto de estudo no tópico 7. Destaca-se na Doutrina mais algumas características. Títulos de crédito são considerados: DOCUMENTO FORMAL: Precisam observar os requisitos essenciais previstos na legislação cambiária. BENS MÓVEIS: A entrega do título é que vai marcar a transferência de titularidade do bem. A posse de boa-fé vale como propriedade. TÍTULOS DE APRESENTAÇÃO: É necessária sua apresentação para o exercício nele contido. TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS: Configuram uma obrigação liquida e certa o que faz que se de natureza processual abstrata. OBRIGAÇÕES QUESÍVEIS (QUERABLE): Cabe ao credor dirigir-se ao devedor para receber a importância devida, e que a emissão do título e a sua entrega ao credor têm, em regra, natureza pro solvendo (quer dizer que primeiro recebe-se o valor do título, após, dá-se a quitação). TÍTULO DE RESGATE: Sua emissão pressupõe futuro pagamento em dinheiro que extinguirá a relação cambiária. Assim, aquele que paga tem o direito de resgatá-lo (pegar de volta). TÍTULO DE CIRCULAÇÃO: Sua principal função é fazer o crédito circular. 6. Requisitos Gerais Por ser uma forma de contrair obrigações e conceder direitos, títulos de crédito são sempre um NEGÓCIO JURÍDICO. Assim, aplica-se aos títulos de crédito os requisitos de validade dos negócios jurídicos previstos no Código Civil:

13 81 Agente Capaz: o agente deve ser capaz e legitimado para a prática do negócio jurídico. Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: Em direito civil considera-se lícito não apenas o que é legal, mas também o que é moral, dentro de uma moral de um homem médio. Lícito é o que não contraria a LEI, a MORAL ou os BONS COSTUMES. A possibilidade deve ser verificada sob os aspecto FÍSICO e JURÍDICO. Determinado ou determinável sob pena de se prejudicar não apenas a validade, mas também a executoriedade da avença. Todo objeto deve conter elementos mínimos de individualização que permitam caracterizá-lo. Forma prescrita ou não defesa em lei: No CC/02, há a previsão de liberdade de forma (art. 107). Quando a lei prescrever determinada forma como requisito de validade, o negócio será solene ou formal. Considerando que cada título pode ter requisitos próprios, abordaremos, neste momento, apenas os requisitos específicos. ASSINATURA DO DEVEDOR: Não é necessário qualificá-lo, basta apenas sua manifestação de vontade que é demonstrada através da assinatura. É também nesse sentido o código civil: Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumem-se verdadeiras em relação aos signatários. DATA DE EMISSÃO: O título de crédito deve conter a data da emissão. O STJ segue a tendência de o considerar elemento essencial. É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. Quando há data de vencimento, a obrigação fica suspensa e somente obrigará o devedor após a data estipulada. Se não está vencido não pode, por exemplo, ser objeto de execução judicial. O credor não é obrigado a receber o pagamento antes do vencimento, porém no vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial. LOCAL DE EMISSÃO E DE PAGAMENTO: Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente. Trata-se de um requisito não essencial.

14 81 Temos ai então,, os requisitos essenciais e os não essenciais. Majoritariamente entendese que no momento da emissão do título, pode até não conter todos os requisitos essenciais, porém no momento da execução do título, estes não podem faltar. Esse preenchimento posterior deve ser feito de boa-fé, sendo que quem assume o ônus de provar, caso haja má-fé, será o emitente, pois este que optou passar um título com preenchimento incompleto. Esse assunto é inclusive sumulado pelo STF: SÚMULA 387: A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. Se houver preenchimento de má-fé e o título circular e parar nas mãos de terceiros de boa-fé que desconhecem o que foi acordado, o devedor vai ter que arcar com o pagamento do título e depois buscar os direitos frente a quem preencheu incorretamente. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. O negócio jurídico será válido, apenas será desnaturado como título de crédito PARA MEMORIZAR: Partes Capazes Objeto Lícito REQUISITOS ESSENCIAIS Forma Prescrita Assinatura do Emitente Data de Emissão Especificação das obrigações Data de Emissão Local de Emissão REQUISITOS NÃO ESSENCIAIS Local de Pagamento

15 81 7. Princípios dos Títulos de Crédito Os princípios constantes no conceito de Vivante são a Cartularidade, Literalidade e Autonomia, cada um com características próprias. Há doutrinadores que afirmem que o princípio da autonomia ainda poderá se subdividir em abstração e a inoponibilidade das exceções pessoais à terceiros de boa-fé. CUIDADO! negociabilidade e executividade já foram cobrado como princípios cambiais. NÃO SÃO. São atributos dos títulos de crédito. PARA NÃO CONFUNDIR OS PRINCÍPIOS COM AS CARACTERÍSTICAS, MEMORIZE: Princípios Informadores Autonomia Cartularidade Literalidade Abstração Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé Títulos de Crédito Principais Características Natureza essencialmente comercial Documentos Formais Natureza de bens Móveis São títulos de apresentação Constituem títulos executivos extrajduciais Representam obrigações Quesíveis É título de resgate É título de Circulação TÍTULO DE CRÉDITO: Documento abstrato e cartular que representa o crédito, permitindo maior circulação deste. 7.1. Princípio da Cartularidade (ou da incorporação) Cartularidade vem do latim cártula, que significa pequeno papel. Por este princípio, entende-se que a obrigação deve estar representada por uma cártula, documento tangível e concreto, ou seja, um papel em que especifica a obrigação, cujo porte e

16 81 exibição é elemento essencial, sem o qual não poderá o devedor ser cobrado (proíbese cópias). O princípio da cartularidade também pode ser conhecido como Princípio da incorporação, que nos permite afirmar que o direito de crédito mencionado na cártula não existe sem ela, ou seja, NÃO EXISTE O DIREITO DE CRÉDITO SE NÃO HOUVER O DOCUMENTO. Para que você consiga responder tranquilamente as questões de prova, vou lhe passar os seguintes conceitos: O crédito deve estar materializado (documentado) em um título. Para a transferência do crédito é necessário a transferência do documento. Não há que se falar em exigibilidade do crédito sem a apresentação do documento original. O exercício dos direitos representados por um título de crédito pressupõe sua posse. Quem não se encontra com o título em sua posse, não se presume credor. O princípio da cartularidade é garantia de que o sujeito que postula a satisfação do crédito é mesmo o seu titular (É uma garantia de que o credor não negociou o seu crédito.). Cópias autênticas não conferem a mesma garantia. Um exemplo de sua aplicação é a exigência da exibição do original do título na petição inicial de execução. Quer ver? Vamos a uma questão: Antes de começar, gostaria de ressaltar que por questões didáticas, as questões serão, em sua maioria, analisadas assertiva por assertiva. Isso não quer dizer que teremos só questões da banca Cespe, muito pelo contrário, teremos questões de várias bancas. Outro ponto importante é que durante o curso, por questões de organização, manteremos uma numeração única de questões, ou seja, as questões da próxima aula, iniciarão com o número imediatamente subsequente ao da última questão desta aula. Se você tiver dúvidas em relação a alguma questão, basta informar o número dela. QUESTÃO 01 (CESPE 2013 TR-RO Analista Processual) A afirmação de que só quem exibe o título pode pretender a satisfação da obrigação nele representada corresponde ao princípio da a) autonomia. b) pessoalidade. c) literalidade. d) representação. e) cartularidade.

17 81 COMENTÁRIOS: Nós ainda não estudamos todos os conceitos, mas o que a questão pergunta? Ela quer saber a qual princípio nos remete a afirmação de que o exercício dos direitos representados por um título de crédito pressupõe sua posse. O princípio da cartularidade é garantia de que o sujeito que postula a satisfação do crédito é mesmo o seu titular. GABARITO DA QUESTÃO: Letra E. Antes de continuar, uma informação importante: a regra é a execução mediante apresentação do título original. No entanto, o STJ já admitiu o ingresso de ação executória mediante fotocópia autenticada quando a cártula original integrava prova em processo criminal por fraude, estelionato. QUESTÃO 02 (CESPE - AGU) Para transferência de um cheque, é suficiente o endosso. COMENTÁRIOS: Nós ainda não estudamos cheque ou mesmo o endosso, porém, que o cheque é um título de crédito nós sabemos. Também sabemos que quem não se encontra com o título em sua posse, não se presume credor. E então, certo ou errado? ERRADO, pois para a transferência do crédito é necessário a transferência do documento. Assim, deve-se endossá-lo e então fazer a tradição do cheque (entregá-lo). Após o endosso deve-se ter a transferência da cártula (art. 910, 2º, CC - Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título; (...) 2 o A transferência por endosso completa-se com a tradição do título). GABARITO DA QUESTÃO: ERRADO Continuando... Com a modernidade e o crescente número de transações eletrônicas, o princípio da cartularidade pode ser mitigada. Vem ocorrendo a desmaterialização dos títulos de crédito, em virtude do crescente desenvolvimento tecnológico e da consequente criação de títulos de crédito magnéticos, ou seja, que não se materializam numa cártula. Esse inclusive é uma das disposições do Código Civil sobre os títulos: Art. 889, 3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente (...). E o que a desmaterialização dos títulos implica na prática?

18 81 Permite a criação de títulos não cartularizados, ou seja, feitos em formas que não sejam documentados em papel. É o que ocorre, por exemplo, nas duplicatas virtuais. Exemplos de títulos de créditos eletrônicos são os títulos de agronegócios que estão estabelecidos na Lei 11.076/04. Há também a famosa duplicata virtual (ou eletrônica). São títulos eletrônicos que não tem corporificarão no papel. CUIDADO! O Boleto Bancário não é título de crédito, pois, lhe falta o requisito assinatura do emitente constante do art. 889 do Código Civil. Ele é, portanto, um aviso de cobrança. Esse é o entendimento conforme o Código Civil: Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. Documentos não cartularizados dispensam o credor de apresentar o mesmo em juízo para executá-lo. Pode fazê-lo, apenas, com a apresentação do instrumento de protesto por indicações e do comprovante de entrega das mercadorias. Nesse sentido, temos a inteligência do CPC: Art. 365, 2 o Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou outro documento relevante à instrução do processo, o juiz poderá determinar o seu depósito em cartório ou secretaria. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006). Esse processo de desmaterialização é natural da evolução do comércio. O Brasil, inclusive, já conta com regulamentação específica sobre isso. Trata-se da MP 2.200/2 de 2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil): Art. 1 o Fica instituída a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, para garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização de transações eletrônicas seguras. No mesmo sentido, temos os seguintes enunciados da Jornada de Direito Civil do CJF: Enunciados 460: Art. 889. As duplicatas eletrônicas podem ser protestadas por indicação e constituirão título executivo extrajudicial mediante a exibição pelo credor do instrumento de protesto, acompanhado do comprovante de entrega das mercadorias ou de prestação dos serviços ; Enunciado 461: Art. 889, 3. Os títulos de crédito podem ser emitidos, aceitos, endossados ou avalizados eletronicamente, mediante assinatura com certificação digital, respeitadas as exceções previstas em lei.

19 81 No mesmo sentido, o STJ proferiu decisão pela validade da chamada duplicata virtual: 4. Quanto à possibilidade de protesto por indicação da duplicata virtual, deve-se considerar que o que o art. 13, 1., da Lei 5.474/1968 admite, essencialmente, é o protesto da duplicata com dispensa de sua apresentação física, mediante simples indicação de seus elementos ao cartório de protesto. Daí, é possível chegar-se à conclusão de que é admissível não somente o protesto por indicação na hipótese de retenção do título pelo devedor, quando encaminhado para aceite, como expressamente previsto no referido artigo, mas também na de duplicata virtual amparada em documento suficiente. É possível executar duplicata virtual? Vejamos o caso abaixo: A Petrobras emitiu uma duplicata virtual, a empresa sacada não efetuou o pagamento. A Petrobras então entrou com uma Ação Executiva, juntando o Boleto Bancário, o Extrato de Protesto feito por Indicação e comprovante de entrega da mercadoria (conhecimento de transporte). O devedor embargou, alegando ausência de emissão da duplicata, restando violado o Princípio da Cartularidade. Em 1º grau os embargos foram procedentes. O caso foi parar no STJ, através do REsp 1.024.691/PR. Nesse julgado o Tribunal entendeu, frente a presença dos documentos supra elencados, pela desnecessidade de exibição judicial do título de crédito original. Em suma é possível a execução de Duplicata Virtual. IMPORTANTE: Em razão disso, alguns doutrinadores passaram a chamar o Princípio da Cartularidade (ligado ao meio material somente) de Princípio da Incorporação, que está diretamente relacionada ao meio material ou eletrônico. 7.2. Princípio da Literalidade O título de crédito vale pelo que nele está expresso. Vale pela sua literalidade. Qualquer direito ou dever deve estar escrito na cártula. Ramos assevera que a literalidade, em síntese, é o princípio que assegura às partes da relação cambial a exata correspondência entre o teor do título e o direito que ele representa. Caso o título esteja rasgado, dilacerado, danificado, porém identificável, o portador tem direito a obter do emitente a substituição do anterior, mediante a restituição do primeiro e o pagamento das despesas.

20 81 Por um lado, o credor pode exigir tudo o que está expresso na cártula, não devendo se contentar com menos. Por outro, o devedor também tem o direito de só pagar o que está expresso no título, não admitindo que lhe seja exigido nada mais. Daí porque Tullio Ascarelli mencionava que o princípio da literalidade age em duas direções, uma positiva e outra negativa. CREDOR Tem direito ao que está representado no título DEVEDOR É obrigado apenas ao que consta no título Uma quitação parcial deve ser feita no próprio título, pois, do contrário, poderá ser contestada. Com o aval e endosso ocorre o mesmo. Devem ser feitos no próprio título, sob pena de não produzirem os efeitos de seus institutos. Se o aval é feito, eventualmente, num instrumento separado do título, não será válido como aval porque não respeita o princípio da literalidade. Poderá valer, no máximo, como uma fiança, que é um instituto do direito civil assemelhado ao aval, porém com efeitos jurídicos diversos. Entendi professor, mas e se por acaso, por qualquer motivo, razão ou circunstâncias eu tiver um título de crédito repleto de assinaturas, não tem mais lugar para assinar e eu preciso assinar. Chegamos então a um limite de endossos, é isso? NEGATIVO! Para atender o princípio da literalidade você deve fazer o prolongamento do título. Então, você pega um pedaço de papel, grampeia, cola, mas terá que prolongar o título, se quiser dar o endosso atendendo ao princípio da literalidade. Mais um exemplo: Você compra um carro. Dá 20 mil de entrada e depois assina 5 notas promissórias de 5 mil reais. Ao ir pagar a primeira promissória, o vendedor lhe dá um documentos escrito assim: declaro, para os devidos fins, que fulano de tal, quitou a nota promissória n.º 01/05 no valor de 5 mil reais. Esse termo de quitação não tem validade para o direito cambiário. A quitação tem que ser dada no título de crédito. Se você quitou a nota promissória, ela é sua!! Imagina se essa promissória é roubada e repassada... Você terá que pagar e ai ajuizar ação e até provar que focinho de porco não é tomada, irá perder tempo, dinheiro etc. Para responder questões, grave o seguinte sobre a literalidade:

21 81 A finalidade da literalidade é assegurar a certeza quanto à natureza, conteúdo e modalidade de prestação prometida ou ordenada. O direito contido em um título de crédito deve ser expresso literalmente. Não pode o credor exigir a mais e nem o devedor pagar a menos. Só tem eficácia para o direito cambiário aquilo que está literalmente escrito no título de crédito. AVAL e ENDOSSO devem ser dado no próprio título, e não em instrumento separado, v.g. Contrato, etc. É a fiança que é prestada mediante contrato. Só tem validade a quitação dada no próprio título. O que não está expressamente consignado no título de crédito, não produz consequências na disciplina das relações jurídico-cambiais. A literalidade impede que meros ajustes verbais possam influir no exercício do direito ali mencionado. 7.3. Princípio da Autonomia Este é o princípio mais importante dos títulos de crédito. É autônomo, pois cada relação jurídica no título é independente de outra, ou seja, é constitutivo de direito novo, autônomo e originário, completamente desvinculado da relação que lhe deu origem. Como o emitente afirma que existe uma obrigação jurídica a ser cumprida, constitui um ato jurídico unilateral. Vivante ensina que o direito representado num título de crédito é autônomo, porque a SUA POSSE LEGÍTIMA CARACTERIZA A EXISTÊNCIA DE UM DIREITO PRÓPRIO, não limitado nem destrutível por relações anteriores. Conforme leciona Coelho, em observância ao princípio da autonomia, quando um único título documenta mais de uma obrigação, a eventual invalidade de qualquer delas não prejudica as demais ou seja, quando um vício contamina uma, não contamina as outras. Desta forma, o endosso ou o aval dado por pessoa incapaz não atinge as demais obrigações assumidas no título de crédito. Professor, e como é isso na prática? Vamos a um exemplo: Vamos dizer que Tício recebeu um cheque com assinatura falsa (pode ter assinado pelo filho, por exemplo). Ai, Tício endossa o cheque para Mévio. Mévio então vai ao banco para sacar o dinheiro, porém o cheque é devolvido por falsificação de assinatura. E então? Mévio se lasca? Perdeu o dinheiro?

22 81 Nada disso! O que Tício fez ao entregar o cheque ao Mévio? Endossou! Exato, Mévio é responsável pelo pagamento. Mas a cártula não era falsificada? Não é nulo o negócio? Negativo! Não é porque essa relação está viciada entre quem deu o cheque e o recebeu, que esse vício vai contagiar a outra relação entre o Tício e Mévio. LEMBRE-SE: As relações jurídico cambiais são autônomas e independentes entre si. Tal princípio é previsto expressamente no código civil: Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. Vamos a mais um exemplo. Ramos ilustra o princípio da autonomia com o seguinte: Digamos que A compra um carro de B, sendo esta compra instrumentalizada por meio da emissão de uma nota promissória no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). B, por sua vez, tem uma dívida perante C no valor aproximado de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Nesse caso, B poderá quitar a dívida que tem perante C utilizando-se da nota promissória dada por A, endossando-a (o endosso, como veremos a frente, é o ato cambial próprio para transferir um título de crédito) para C, que se torna o titular dessa nota, podendo cobrar o seu respectivo valor de A na data do vencimento. Nessa hipótese, A poderá recusar-se ao pagamento do título alegando, por exemplo, eventual nulidade da venda que B lhe fez, venda essa que, como dito acima, originou a emissão da nota promissória? A resposta é negativa, e a justificativa está exatamente na aplicação do princípio da autonomia dos títulos de crédito. Ora, se as relações representadas naquele título são autônomas e independentes, os eventuais vícios que maculam a relação de A com B não atingem a relação de B com C nem a relação deste com A. As obrigações contidas em um título de crédito são autônomas entre si e a invalidade de uma não afeta a outra. O princípio da Autonomia se desdobra no princípio da Abstração e no Princípio da Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé.

23 81 7.3.1. Subprincípio da Abstração Segundo o instituto da abstração, quando o título circula ele se desvincula da relação que lhe originou. Assim, no exemplo acima, quando B endossou o titulo para C, o título desvinculou-se da operação original, assim, QUEM TEM A POSSE DESSE TÍTULO. MESMO ESTRANHO A RELAÇÃO QUE LHE DERA ORIGEM, É O LEGITIMO DETENTOR DO DIREITO ALI EXPRESSO. Por isso que quando um estabelecimento comercial recebe um cheque de terceiro não fica perguntando a origem do cheque. ATENÇÃO: A circulação do título é fundamental para que se opere a abstração (nesse sentido, se separa do que lhe é inerente). Abstração Circulabilidade C A B Há situações que esse princípio pode sofrer mitigações. Como bem leciona Estefância Rossignoli 1 :

24 81 A situação que implicou tal discussão tem origem nas práticas bancárias. Começou-se a tornar comum, na prática bancária, a exigência da assinatura de nota promissória como garantia acessória aos contratos de abertura de crédito. Seria a seguinte situação; a pessoa faz um contrato de cheque especial, mas não se sabe qual o valor desse crédito ela irá utilizar. Assim as instituições bancárias fazem com que o cliente assine uma nota promissória sem preencher o valor, que somente será preenchido se houver vencimento da dívida do cheque especial, sem que haja o correto pagamento. Este procedimento pode trazer prejuízos ao cliente caso o banco execute o título. É que como foi tratado acima, em obediência aos princípios da autonomia e abstração, o valor firmado na nota promissória pode ser exigido independente de discussão acerca do contrato que, teoricamente deu causa à sua emissão. E é daí mesmo que surgem os riscos ao emitente do título que servirá de garantia a um contrato de empréstimo bancário, pois a instituição financeira terá a posse de um título executivo extrajudicial cuja discussão estará limitada apenas às exigências formais do documento, além de uma possível cobrança de crédito já extinto ou quitado. Contrato de Abertura de Crédito Bancário: não tem liquidez. Portanto, não serve de título executivo extrajudicial. Alguns bancos vinculam o contrato a uma Nota Promissória em branco, tentando dar liquidez futura ao débito, o que não surtiu efeito, conforme Súmulas abaixo. STJ - SUM 233 - O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta corrente, não é título executivo. STJ SUM 258 - A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. Nessas situações específicas, é reconhecido pela doutrina e a jurisprudência a falta de abstração dessa nota promissória, permanecendo vinculada ao contrato de abertura de crédito. Assim, entende-se que a abstração não é um princípio absoluto. 7.3.2. Subprincípio da inoponibilidade das exceções pessoais Por Inoponibilidade das Exceções entende-se que não é permitido àquele que se obriga em um título a recusar o pagamento ao portador alegando suas relações pessoais com o sacador ou outros obrigados anteriores do título.

25 81 Em função do próprio princípio da autonomia, o portador do título de crédito que foi abstraído, é o legitimo detentor dos direitos ali expressos, assim, este não pode ser atingido por defesas relativas ao negócio do qual não participou. Segundo o Código Civil: Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua circulação. EXEMPLO: Imaginemos ainda o exemplo acima: A comprou o carro de B. A emitiu um cheque para B como pagamento. B, por sua vez, devia a C, e então, entregou esse cheque a C. C não conseguiu depositar esse cheque e então dirige-se a A para receber o pagamento. Suponhamos que o carro que foi comprado estava com sérios problemas mecânicos e então, A está reivindicando de B que conserte ou não pagará (sustou o cheque). Ocorre que, o detentor de direitos agora é C e este, não participou do negócio que originou o título, ou seja, está livre dos vícios que relações pretéritas tenham adquirido (C agiu de boa-fé, não tem ligação com a causa que originou o cheque). Assim, A não pode escusar-se de pagar C, pois este, é terceiro de boa-fé. ATENÇÃO: A boa-fé do portador do título é presumida. Caso o devedor quiser opor exceções pessoais contra o portador, deverá provar a má-fé, demonstrando, por exemplo, que houve conluio entre o atual portador do título e seu antigo titular. Caso não provada as exceções pessoais, são inoponíveis ao terceiro de boa-fé, que exercerá seu direito de crédito sem ser atingido por nenhum vício ligado a relações anteriores. PARA MEMORIZAR: Autonomia Cartularidade Literalidade Abstração Inoponibilidade das exceções pessoais Cada relação estabelecida no título é independente da outra Todo título deve ser representado por um documento formal e independente Toda e qualquer obrigação só é válida se estiver escrita na cártula Título se desvincula da causa de origem quando posto em circulação O devedor de dívida representada por título de crédito só pode opor ao terceiro de boa-fé as exceções que tiver contra este e as fundadas nos aspectos formais do título

26 81 Que tal algumas questões para relaxar? QUESTÃO 03 (OAB SP/2006/FCC) O credor de um título de crédito não pode recusar o pagamento parcial no seu vencimento. COMENTÁRIOS: No vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial. Lembrando que no caso de pagamento parcial, em que se não opera a tradição do título, a quitação parcial deverá ser firmada no próprio título. GABARITO DA QUESTÃO: CORRETO QUESTÃO 04 (OAB SP/2006/FCC) Pode ser omitida a data de vencimento do título de crédito. COMENTÁRIOS: É considerado à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento. Cabe ao emissor a obrigação do preenchimento completo do título indicando vencimento futuro. GABARITO DA QUESTÃO: CORRETO QUESTÃO 05 (Defensor Público PA/2009/FCC) Em relação ao título de crédito, é correto afirmar que se trata de documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, só produzindo efeito quando preenchidos os requisitos legais. COMENTÁRIOS: O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei (CC, art. 887). Exceção feita ao protesto de duplicatas, que pode ser feito sem a posse do título. CUIDADO com a desmaterialização dos títulos. Esta nova tendência permite a criação de títulos não cartularizados, ou seja, feitos em formas que não sejam documentados em papel. É o que ocorre, por exemplo, nas duplicatas virtuais. Documentos não cartularizados dispensam o credor de apresentar o mesmo em juízo para executá-lo. Pode fazê-lo, apenas, com a apresentação do instrumento de protesto por indicações e do comprovante de entrega das mercadorias. GABARITO DA QUESTÃO: CORRETO QUESTÃO 06 (Defensor Público PA/2009/FCC) Em relação ao título de crédito, é correto afirmar que a omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito sua validade como título de crédito, implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. COMENTÁRIOS: O negócio jurídico será válido, apenas será desnaturado como título de crédito. Assim prescreve o art. 888 do Código Civil: A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.