APRENDENDO MATEMÁTICA COM O TRIÂNGULO DE SIERPINSKI

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Transcrição:

Brasileira de na Contemporaneidade: desafios e possibilidades APRENDENDO MATEMÁTICA COM O TRIÂNGULO DE SIERPINSKI Fabricia de Carvalho Paixão fah-carvalho@hotmail.com Thaís Michele Mártires thamy_thaismichelli@hotmail.com Tiago Pereira tiago025pereira@hotmail.com Fábio Alexandre Borges fabioborges.mga@hotmail.com Mariana Moran Barroso marianamoranbar@gmail.com Veridiana Rezende rezendeveridiana@gmail.com Resumo: O objetivo deste minicurso é a exploração de uma das geometrias não-euclidianas, a geometria fractal, com o intuito de explorar alguns conteúdos matemáticos que podem ser trabalhados em sala de aula com alunos de Ensino Fundamental e Médio. Neste minicurso, também abordaremos questões teóricas a respeito da geometria fractal, a qual se caracteriza pela sua auto-similaridade. E com o auxilio de alguns materiais disponibilizados pelos autores deste trabalho, será realizada a construção do triângulo de Sierpinski com materiais manipuláveis e também com o auxílio do software Geogebra. Na sequência, exploraremos o comportamento da área e do perímetro de cada etapa da construção do triângulo de Sierpinski. Palavras-chave: Básica; Geometria Fractal; Triangulo de Sierpinski. 1. Introdução A geometria não-euclidiana como conteúdo escolar oferece inúmeras possibilidades de exploração de conceitos matemáticos estudados na Básica. Dentro desta geometria, embora pouco explorada, mas com grandes potencialidades temos a geometria fractal, que tem como precursor o matemático francês Benoit Mandelbrot. Entendemos que estudar conteúdos matemáticos junto com a geometria fractal atrelados ao uso de tecnologias, 1

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Brasileira d especialmente de softwares, pode contribuir com professor e aluno no ensino e aprendizagem da matemática. O tema geometria fractal na sala de aula é estudado pelos três primeiros autores desta proposta em seus trabalhos de Iniciação Científica que encontra-se em andamento, sob a orientação dos três últimos autores. Sendo assim, como parte dos resultados de nossos estudos, propomos este minicurso com o objetivo de explorar a geometria fractal e trabalhar conceitos matemáticos. Primeiramente, discutiremos a respeito desta geometria e a importância de se trabalhar com esta no Ensino Fundamental e Médio. Por fim, será apresentado o fractal denominado triângulo de Sierpinski, o qual pode ser construído em papel, com auxílio de régua e compasso, ou no software Geogebra. Iremos então instruir e realizar ambas as construções com os participantes. Também instigaremos os participantes a explorar o triângulo de Sierpinski em relação ao comportamento de sua área e perímetro, no surgimento de cada etapa. 2. Um pouco sobre a Geometria Fractal Ao observarmos alguns lugares do nosso cotidiano nos deparamos com casas, edifícios, barracões e outras construções que seguem o modelo da geometria euclidiana, sendo essas construções modeladas pela representação de quadrados, triângulos, círculos, cubos, esferas, entre outros. Porém, ao observarmos o galho de uma árvore, folhas de uma planta, montanhas, raios em um dia de chuva, nuvens e até mesmo alguns alimentos, nos deparamos com algumas formas irregulares que não podem ser modeladas perfeitamente com formas da geometria euclidiana. Contudo, podemos utilizar a geometria fractal para modelar essa natureza irregular. As ideias de Barbosa (2005) entram em consonância conosco quando diz: Na constituição de nosso mundo, da natureza em geral, por mares e oceanos, separando os continentes e ilhas, com suas costas, suas montanhas e rios, rochas, plantas e animais, e acima as nuvens etc., temos componentes com suas formas nas quais dominam a irregularidade e o caos; tentar simplificálas, empregando formas usuais da clássica geometria euclidiana, como triângulos, círculos, esferas, cones etc., seria absurdamente inadequado. A geometria dos fractais pode fornecer aproximações para essas formas (BARBOSA, 2005 p.10). 2

Brasileira de na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Ainda segundo Barbosa (2005), Benoit Mandelbrot foi o pioneiro em estudar a geometria fractal que, para este, tal geometria reflete uma natureza de irregularidades e fragmentação. É famosa sua indagação: Que extensão tem o litoral da Grã- Bretanha? 1. Entre suas publicações a obra que se destaca é The Fractal Geometry of Nature, New York Freeman, 1997. Segundo Barbosa (2005), a definição de fractal apresentada inicialmente por Mandelbrot é baseada no conceito de dimensão: um fractal é, por definição, um conjunto para qual a dimensão Hausdorff- Besicovitch excede estritamente a dimensão topológica (BARBOSA, 2005 p.18). Porém, esta definição não satisfez nem mesmo Mandelbrot, que recebeu algumas críticas. Posteriormente, J. Feder caracterizou fractal da seguinte forma: um fractal é uma forma cujas partes se assemelham ao seu todo sob alguns aspectos (BARBOSA, 2005 p.18). Ao estudarmos geometria euclidiana, aprendemos que o ponto não possui dimensão, que a reta possui dimensão 1 e o plano dimensão 2. Na geometria não-euclidiana, em relação à dimensão que os fractais apresentam, segundo Vallim (2008) essas figuras apresentam uma dimensão topológica, assim como o ponto, a reta e o plano. Uma característica presente nos fractais é a auto-similaridade, que, segundo Barbosa (2005), é uma propriedade especial dessas formas geométricas (fractais). Esta propriedade garante que as partes de um fractal que lhe seguem são semelhantes. Para uma melhor compreensão veja a figura 1. Etapa 0 Etapa 1 Etapa 2 Figura 1- Presença da auto-similaridade no fractal Triângulo de Sierpinski 1 Ao observarmos um mapa geográfico, podemos perceber que o litoral dos países não é perfeito quando nos baseamos na geometria euclidiana. Imagine se fossemos medir o litoral da Grã- Bretanhã, conforme Barbosa: a resposta possível variará conforme a escala de medição, Baías e penínsulas aparecerão ou não, dependendo da escala adotada. (BARBOSA, 2005 p.12). A geometria fractal pode modelar estas situações e nos proporcionar respostas para indagações como esta. 3

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Brasileira d Como podemos observar na figura acima, os triângulos formados no interior do triângulo rosa em cada nova etapa (iteração), recordam o triângulo da etapa anterior. Ou seja, os triângulos formados na etapa 2 recordam o triângulo formado na etapa 1. O fractal então possui uma auto-similaridade. As Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE) é um documento oficial do Estado do Paraná, responsável por recomendar os conteúdos e metodologias que podem ser empregados nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. No ano de 2008 houve alterações neste documento que acresceram ao tópico de Geometrias as Geometrias Não-Euclidianas, como conteúdos estruturantes do currículo escolar paranaense. Dentre as geometrias nãoeuclidianas contempladas por esta mudança está a noção de Geometria dos Fractais (PARANÁ, 2008). As ideias de Barbosa incentivam o trabalho da geometria fractal: Cremos, no entanto, que para os fractais, em especial para a geometria fractal, faz-se necessário ao educador conseguir captar o educando com o transparecer de sua própria vibração e talvez evidenciando o êxtase na contemplação da beleza de seus visuais, conduzindo-o ao prazer pelas informações e conhecimentos culturais da vasta variedade de fractais (BARBOSA, 2005 p. 14). Assim, propomos este minicurso que visa o trabalho da geometria fractal no Ensino Fundamental e Médio, e com o intuito de proporcionar aos atuais e futuros profissionais da educação um maior conhecimento a respeito da geometria fractal e instruções em como trabalhar com esta geometria em sala de aula. Segundo Miskulin (2006) o desenvolvimento de tecnologias proporciona novas dimensões ao percurso educacional, o que ultrapassa os paradigmas do ensino tradicional e cabe ao educador estar aberto a essa nova forma do saber, nova maneira de produzir, apropriar, gerar e dominar o conhecimento e saber científico. 3. Desenvolvimento do minicurso As tecnologias computacionais podem favorecer a construção de fractais como o Triângulo de Sierpinski. O software Geogebra é uma importante ferramenta que utilizaremos durante o minicurso, pois, de maneira eficiente e com riqueza de detalhes, o Geogebra nos permitirá extrair muitas informações sobre as figuras construídas, aprofundando o estudo deste fractal. 4

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Brasileira de No entanto, inicialmente, utilizaremos materiais manipuláveis para a sua construção. O desenvolvimento deste minicurso será realizado em duas etapas, sendo construção utilizando materiais manipuláveis, com régua a compasso, e na sequência utilizando o software geogebra. Sendo assim, ressaltamos a importância desse minicurso ser realizado em laboratório de informática que tenha instalado o software Geogebra nos computadores. A seguir apresentamos alguns passos da construção do triângulo de Sierpinski com régua e compasso e, em seguida, os passos da construção com o software geogebra. Para construir o triângulo de Sierpinski utilizaremos os seguintes materiais: folha sulfite, lápis, tesoura, compasso, régua. 1º passo: Iniciamos o processo a partir da construção de um triângulo equilátero. Indicaremos os passos para tal construção. Os vértices do triângulo serão os pontos A, B e C. 2º passo: Encontraremos os pontos médios dos segmentos AB, BC e AC. A união dos pontos médios será a primeira iteração do Triangulo de Sierpinski. As outras iterações são análogas a esta. Seguem algumas iterações. Ver figura 2. Figura 2: Representação das duas primeiras iterações do Triângulo de Sierpinski Manual. Quanto à construção do Triângulo de Sierpisnki utilizando o geogebra, descreveremos aqui as principais etapas para esta construção, no entanto, durante a realização do minicurso essas etapas serão detalhadas. 1º passo: Abrir o software Geogebra e construir um triângulo equilátero. Para esta construção, os participantes deverão utilizar a ferramenta Ponto, que está no segundo ícone do software. 5

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Brasileira d Em seguida, deverão criar dois pontos na área de construção que serão os vértices do triângulo. Após, selecione a quinta ferramenta, em seguida, clique em polígono regular. A ferramenta irá solicitar quantos vértices terá o polígono, digite 3 e clique em ok. Obtemos assim, o triângulo equilátero ABC. Ver Imagens 1. Figura 2 Esboço da realização do segundo passo da construção 2º passo: Construção da primeira iteração do Triângulo de Sierpinski. Para construir a primeira iteração do Triângulo de Sierspinski, é preciso determinar os pontos médios dos lados AB, BC e AC do triângulo equilátero ABC. Para isto, os participantes deverão selecionar a ferramenta Ponto Ponto Médio ou Centro, que se encontra no segundo ícone do software. Selecionada a ferramenta, clicar nos pontos A e B obtendo o ponto médio D, e em seguida nos pontos B e C obtendo o ponto médio E, e, por fim, clicar em A e C, encontrando o ponto médio F. Em seguida, selecione a ferramenta Polígono Polígono regular. Clicando nos ponto médios F e D, novamente aparecerá a janela pedindo a quantidade de vértices do Polígono, digite 3 e dê ok. Esta será a primeira iteração do Triângulo de Sierpinski. Ver Imagem 3. Figura 3 Esboço da realização do segundo passo da construção 6

Brasileira de na Contemporaneidade: desafios e possibilidades A partir da primeira iteração podemos criar uma ferramenta para construir as próximas iterações. Durante o minicurso disponibilizaremos a todos os participantes um tutorial em PDF com todos os passos desta construção, com informações detalhadas inclusive da construção desta ferramenta, bem como, os passos de colorir o Triângulo de Sierpinski. Ver Imagem 4. Figura 4: Algumas iterações do Triângulo de Sierpinski. Dando continuidade ao minicurso, realizaremos uma análise do comportamento da área e do perímetro do Triângulo de Sierpinski conforme as iterações são realizadas. A seguir apresentamos as tabelas a serem utilizadas para esta análise. Tabela 1 Análise do perímetro Triângulo de Sierpinski Etapa Quantidade de Comprimento do Perímetro de Perímetro total triângulos lado de cada cada triângulo triângulo 0 1 2 n Tabela 2- Análise da área do Triângulo de Sierpinski Etapa Quantidade de Área de cada triângulo Área total triângulos 0 1 2 n 7

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Brasileira d 4. Considerações Finais A geometria dos fractais nos propicia diversos conteúdos matemáticos que podem ser trabalhados de maneira dinâmica e em diferentes níveis de ensino. Com este minicurso pretendemos construir com os participantes um pouco do conhecimento sobre esta geometria e como utilizá-la em sala de aula. Por se tratar de uma maneira diversificada de se ensinar matemática, tanto na atividade manual, quanto com a utilização do software, acreditamos que os alunos se sentirão mais motivados, podendo contribuir com seu aprendizado. Como estamos vinculados à área de Ensino, valorizamos diferentes metodologias no ensino de matemática, e esta geometria é uma ferramenta enriquecedora para o ensino. 5. Referências BARBOSA, Ruy Madsen. Descobrindo a geometria Fractal - para a sala de aula. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. MISKULIN, R. G. S. As potencialidades didático pedagógicas de um laboratório em educação matemática mediado pelas TICs na formação de professores. In: LORENZATO, S. (Org.). O Laboratório de Ensino de na Formação de Professores. Campinas: Autores Associados, 2006. p. 153-178. (Coleção Formação de Professores). PARANÁ, Secretaria de Estado da. Diretrizes Curriculares de para a Básica. Curitiba, 2008. VALIM, J. C. M.; COLLUCCI, V. Geometria Fractal no Ensino Fundamental e Médio. In: XXII semana acadêmica da matemática da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2008. Cascavel. Anais da XXII semana acadêmica da matemática da Universidade Estadual do Oeste do Paraná: Edunioeste, 2008. 8