Estudo sobre Patologias Frequentes em Construções Abel Bernardino Diogo Mendonça Diogo José de Freitas Gonçalves Rodrigues Gonçalo João de Lima Gonçalves Ferreira Gonçalo Matos Relatório realizado no âmbito da disciplina Projecto FEUP Professor Responsável: Ana Vaz Sá Monitor: Diogo Guimarães Outubro 2009 1
Resumo No âmbito da disciplina Projecto FEUP foi-nos dado um tema para o qual tínhamos que fazer um estudo, este tema era:. Dentro deste tema tínhamos que escolher uma patologia e aprofunda-la. Porém, este trabalho não tem só como objectivos estudar patologias de edifícios, é mais que isso, este trabalho permite-nos de uma forma leve dar-nos uma ideia de que tipos de problemas a engenharia resolve; ensina-nos como um relatório, cartaz e apresentação oral devem ser elaborados. Os objectivos acima são os objectivos secundários, o relatório em si vai tratar de certos e determinados pontos que têm mais que ver com o tema do trabalho em si. Primeiro falaremos da história da reabilitação e da sua evolução ao longo das épocas. De seguida, falar-se-á de três patologias (fissuras, manchas bolores e fungos e queda do revestimento exterior). Destas três se aprofundará uma, a queda do revestimento exterior, pois é nessa que o nosso trabalho se baseia. Iremos dizer as vantagens da colocação, as causas de queda deste, diferentes tipos de quedas e por fim, maneiras de solucionar o problema. 2
Agradecimentos Gostávamos de agradecer todo o apoio dado pela Professora Ana Vaz Sá e pelo nosso monitor Diogo Guimarães que nos direccionaram no bom caminho para realizar este projecto. Obrigado 3
Índice 1. Evolução da Reabilitação página 6 2. Diferentes tipos de patologias em edifícios página 7 2.1. Fissuras em paredes interiores página 7 2.2. Manchas de humidade, bolores e fungos página 7 2.3. Queda do revestimento exterior página 8 3. Queda do revestimento exterior página 9 3.1. Vantagens da colocação do revestimento exterior página 9 3.2. Principais causas para a queda do revestimento página 9 3.3. Dimensões e tipos de queda de revestimento página 10 4. Como prevenir a queda do revestimento exterior página 11 5. Tratamento da patologia em estudo página 12 6. Conclusão página 12 7. Bibliografia página 14 4
Introdução Com este relatório pretende-se estudar as patologias mais frequentes e as técnicas de reabilitação de edifícios. Para tal aprofundou-se os tipos de patologias conforme a época de construção e o peso da reabilitação na construção, de maneira a termos bases de conhecimento relativamente ao tema. O relatório contém também a identificação das patologias que se acharam mais importantes e frequentes em edifícios e um estudo mais aprofundado de uma patologia. No nosso caso, escolheu-se a queda de revestimento exterior. No final são ainda apresentadas algumas soluções relativas à queda de revestimento exterior que se pensam importantes para a reabilitação de edifícios ser mais eficiente. 5
1. A Evolução da Reabilitação Referência Histórica Já há muitos séculos que o homem sentiu necessidade de recorrer a uma intervenção de reabilitação, devido à deterioração dos edifícios. O primeiro a conceber esta ideia terá sido Alberti (1404-1472), impulsionando uma nova ciência : a reabilitação. A ele seguiram-se muitos outros ilustres, tais como Viollet-Le-Duc (1814 1879) e Camilo Broito (1835 1914). Estes distinguiram-se pelas suas formas de ver a reabilitação: o primeiro introduziu uma restauração arquitectónica aos edifícios, enquanto que o segundo concebeu estudos na linha da reabilitação de edifícios de forma mais científica, usando técnicas modernas. Posteriormente, Gustavo Giovannoni (1873-1947) distinguiu o restauro de edifícios em quatro tipos: Consolidação, Recomposição, Libertação e Renovação. Um dos maiores entraves à realização de obras de reabilitação ao longo dos séculos era o facto de se considerar que seriam alterações a algumas estruturas que já eram consideradas património histórico. Ou seja, havia problemas éticos. Em Outubro de 1931, em Atenas, realizou-se a Acta da Conferência, de onde resultou que a reabilitação das estruturas deveria obedecer ao contexto onde está inserido para não destruir o meio envolvente. A Carta de Veneza, de 1964, veio reforçar esta ideia, alargando o conceito também para os aglomerados habitacionais, que deveriam ser mantidos com qualidade. Já em 1975 surgiu a Declaração de Amesterdão. Nela veio subjacente uma nova ideia, mas sempre apoiada pelas estipulações anteriores: a restauração de edifícios históricos e antigos deverá ser sustentada e relevante, na medida em que estes estão afectados com diversas patologias e assim evitar que se caia na ignorância em relação à historicidade de certos edificios. Assim sendo, a reabilitação histórica deveria ser vista como fundamental para a evolução cultural das sociedades, sem nunca perderem todos os seus direitos. Hoje em dia, cada vez mais o Governo e as Autarquias desenvolvem mais esforços para aumentar os orçamentos relativos à reabilitação em relação ao aumento urbano, pois em termos de custos cada vez mais é rentável dar uma nova vida a um edifício mais afectado pelo tempo. (Pimentel, António. João Guerra Martins 2005. Reabilitação - Tradicionais. Universidade Fernando Pessoa) 6
2. Diferentes tipos de patologias em edifícios Alguns anos após a construção de uma obra desenvolvem-se patologias que podem ser mais ou menos graves. Existem imensas patologias que comprometem a integridade do edifício mas também existem variadas formas de as resolver. Três exemplos de patologias mais frequentes são: fissuras; manchas de humidade, bolores e fungos; queda de revestimento exterior. A queda do revestimento exterior irá ser mais aprofundada, neste trabalho. 1. Fissuras em paredes interiores: Esta é uma patologia que consta numa pequena ou grande abertura na parede interior de uma casa ou edifício (imagem 1 e 2). São muito frequentes e há casos de maior e menor gravidade como é óbvio. Estas costumam ser principalmente superficiais, afectando apenas a camada de pintura ou os azulejos, assim sendo não são graves para a segurança das pessoas. Em casos mais graves, uma fissura pode ser tão profunda que pode afectar a alvenaria da parede. Quando este último caso acontece pode aparecer nos dois lados da parede e por afectar a estrutura da parede pode ser um indicativo da queda da parede. Fissuras são um problema que afecta directamente o usuário, pois podem passar chuva e/ou vento. ( Imagem 2 Imagem 1 2. Manchas, Bolores e Fungos: As manchas de humidade (imagem 3) são muito frequentes em habitações e podem ter várias causas. Não são muito graves, no entanto podem daí vir a aparecer bolores e fungos e esse já é um caso de maior gravidade pois podem ser bastante tóxicos e como tal tem que se recorrer logo ao estudo para a sua eliminação. As manchas de humidade podem ter vários causas: Dilatação térmica da cobertura; Falha do revestimento; Vazamento do esgoto; Parede onde escorregue água; Imagem 3 7
Uma fissura interna; A queda do revistimento exterior; Ar húmido; Impermeabilização fraca; Outras O surgimento de fungos nas paredes pode originar tosse e irritações na garganta pois polui o ar da habitação. Uma forma de eliminá-los é com uma tinta anti-fungos, no entanto esta tinta não acaba com as manchas de humidade. Imagem 4 3. Queda do revestimento exterior: A queda do revestimento é uma patologia bastante frequente construções, principalmente em prédios que têm como revestimento exterior ladrilhos em cerâmica, em prédios deste tipo vêm-se falhas no revestimento como se apresenta na imagem 5, apesar de neste caso ser um caso pouco grave. Imagem 5 Muitas vezes estes casos de queda do revestimento estão associados a outras patologias referidas anteriormente como as fissuras e as infiltrações que depois originam manchas de humidade. Porém, existem não só estas mas variadas causas que irão ser aprofundadas mais à frente. (www.ebanataw.com.br/roberto/patologias/unidade.php) 8
3. Queda do revestimento exterior A queda do revestimento exterior é algo que ocorre em diversos edifícios, principalmente naqueles com mais de dois pisos. Em grande parte dos casos não é de extrema gravidade, porém transmite uma sensação de degradação do aspecto visual e de insegurança por parte dos utentes. 3.1. Vantagens e importância da colocação de revestimento: sendo o revestimento dos edifícios bastante importante a vários níveis e não tendo apenas uma função estética é importante a sua correcta colocação. As principais vantagens de colocação de revestimento exterior são: a) Uma maior durabilidade da alvenaria utilizada na fachada dos edifícios, ou seja, a alvenaria passa a não estar em contacto quase directo com o meio ambiente, pois passa a estar protegida pelo revestimento, há uma menor erosão desta assim sendo; b) O facto de contribuir para um melhor conforto internos a nível térmico e acústico; c) A nível estético é muito mais agradável do que ter a alvenaria directamente á vista. 3.2. Principais causas para a queda de revestimento: Apesar da colocação do revestimento estar associada a várias vantagens e também tendo elevados custos esta colocação nem sempre é realizada da melhor forma existindo várias patologias relacionadas com o revestimento. As principais causas para a queda do revestimento são: a) Por vezes a utilização inadequada das características do revestimento, sendo as principais características que influenciam esta queda a rigidez dos materiais bem como as suas dimensões; b) A temperatura também tem um papel importante na ocorrência desta patologia pois quando ocorre o chamado choque térmico afecta muitas vezes a aderência do material; c) A humidade, tal como a temperatura, influencia também a aderência fazendo muitas vezes com que o material utilizado para a colocação do revestimento perca as suas características; d) A colocação do revestimentos que em grande parte dos casos é feita de forma deficiente. Não é usada a quantidade necessária de cola nem é espalhada correctamente; e) As fissuras também contribuem para a degradação do revestimento pois permitem a entrada de água no revestimento que posteriormente leva à degradação da cola e consequente queda do revestimento; f) A elevada carga que o revestimento tem de suportar, por vezes quando não prevista aquando da sua colocação, leva depois á queda do revestimento; 9
g) A capacidade de absorver água dos materiais utilizados (porosidade dos materiais) é também um factor importante na sua degradação pois a utilização de materiais que absorvam menores quantidades de água contribui para diminuir o risco de queda do revestimento.as imagens seguintes representam este tipo de patologia. (www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/arquivode-posts/) Imagem 6 Imagem 7 Imagem 8 3.3. Dimensões e tipos de queda do revestimento: o descolamento dos ladrilhos pode ter diferentes tipos conforme as dimensões deste, assim sendo, existem três tipos: a) Descolamento generalizado (imagem 9): Está frequentemente associado à elevada expansão dos ladrilhos, à falta de qualidade do material de colagem, a erros sistemáticos de aplicação ou à incompatibilidade entre as várias camadas do sistema; Imagem 9 b) Descolamento localizado: o descolamento localizado (imagem 10) está normalmente associado a uma fissura e de pequenas dimensões, ou a uma zona de concentração de tensões, ou num local onde haja uma pequena penetração de água; Imagem 10 c) Descolamento com empolamento: O descolamento generalizado com empolamento (imagem 11) está geralmente associado à franca expansão do material cerâmico de revestimento, não compensado por juntas de assentamento com largura e espaçamento compatíveis. (Silva, José A. Raimundo. Patologia dos Revestimentos Cerâmicos. Universidade de Coimbra) Imagem 11 10
4. Como prevenir a queda do revestimento: por vezes ter um cuidado inicial aquando da colocação do revestimento evita danos que possam surgir no futuro. Assim as principais formas de prevenir a queda de revestimento são: a) Escolha correcta do material de que é feito o revestimento a utilizar, devendo este ser adequado às características dos edifícios; b) Escolha correcta das colas que irão servir para a colocação dos revestimentos, ou seja colas apropriadas ao substrato onde vão ser colocadas bem como da sua rigidez; c) Na colocação do revestimento é importante a colocação correcta da cola tendo esta de estar bem espalhada no revestimento para uma maior durabilidade do revestimento; d) Possuir um bom projecto de revestimento que preveja o que poderá acontecer nas diversas condições, ou seja, este projecto deve contemplar uma previsão rigorosa de todos os factores que possam degradar o revestimento; e) Assim uma boa prevenção para que no futuro não haja problemas de queda é a utilização e colocação adequada dos materiais e haver uma correcta previsão das condições a que vão estar sujeitas as placas do revestimento. h) No entanto, muitas destas formas implicam um maior empenho monetário por parte das empresas de construção, por isso é que continuam a existir vários problemas associados a esta patologia. (www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/arquivo-de-posts/) 11
5. Tratamento da patologia em estudo O destacamento do revestimento em monomassa da fachada de um edifício de habitação pode ter possíveis reparações, que poderiam proceder às seguintes reparações: Demolição do revestimento em monomassa; Verificação da estabilidade da parede; Tratamento das fissuras do suporte; Aplicação de um reboco com argamassa à base de polímeros, armado com rede de fibra de vidro; Aplicação do revestimento em monomassa, devendo obedecer-se às especificações do documento de homologação do produto. Preferencialmente, a monomassa deveria ser substituída por um sistema de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS ou fachada ventilada. (www.patorreb.com) 12
6. Conclusão Concluindo, com este trabalho aprofundou-se o tema da reabilitação de edifícios, devido ao facto de aparecerem patologias neste. As patologias referidas foram: fissuras; manchas, bolores e fungos; queda de revestimento, sendo esta última a mais estudada no relatório. Podemos concluir que a reabilitação foi algo que evolui ao longo das décadas, muito devido também à evolução da tecnologia. A queda de revestimento exterior é uma patologia muito frequente em edifícios com ladrilhos em cerâmica, edifícios com pouco mais de 10 anos já começam a sofrer com esta patologia, muitas vezes a culpa não é dos agentes exteriores mas sim dos construtores, a aplicação da cola não é bem executada, os ladrilhos não são os mais apropriados, etc. Como tal, é necessário consciencializar as empresas porque apesar de não ser uma patologia com efeitos muitos graves tem um grande impacte visual. 13
7. Bibliografia Addleson, Lyall; Rice, Colin. 1995. Performance of Materials in Buildings. Butterworth- Heinemann Ltd, Oxford. Lucas, J. Carvalho. 1999. Revestimentos Cerâmicos para Paredes ou Pavimentos - proposta de intervenção do LNEC para melhoria da qualidade em obra. LNEC, Lisboa. Pimentel, António. João Guerra Martins 2005. Reabilitação - Tradicionais. Universidade Fernando Pessoa. Silva, José A. Raimundo. Patologia dos Revestimentos Cerâmicos. Universidade de Coimbra www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/arquivo-de-posts/ www.ebanataw.com.br/roberto/patologias/unidade.php www.patorreb.com www.wikipedia.org 14