MINISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Embargos ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de julho de 2012

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Trata-se de Embargos de Declaração opostos pelas partes em face do v. aresto de fls. 282/289, sob o argumento de ter ele incidido em omissão.

Transcrição:

Fl. 994 Fl. 1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Recurso nº Acórdão nº 503.988 Embargos 3201 001.036 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de julho de 2012 Matéria Embargante Interessado CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS CISA TRADING S/A FAZENDA NACIONAL Assunto: Classificação de Mercadorias Período de apuração: 01/01/2007 a 17/01/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CABIMENTO. Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão exarado, correto o manejo dos embargos de declaração visando sanar o vicio apontado. AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA PARCIAL. POSSIBILIDADE. Aplicação da Súmula CARF n 1 deve levar em consideração a sua íntegra, podendo haver concomitância parcial entre a ação judicial e o processo administrativo. Comprovada a distinção entre as matérias discutidas, deve prosseguir o julgamento na esfera administrativa. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CONSULTA. EFEITOS DA ALTERAÇÃO OU REFORMA. Na hipótese de alteração de entendimento expresso em Solução de Consulta, a nova orientação alcança apenas os fatos geradores que ocorrerem após a sua publicação na Imprensa Oficial ou após a ciência do consulente, exceto se a nova orientação lhe for mais favorável, caso em que esta atingirá, também, o período abrangido pela solução anteriormente dada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos com efeitos modificativos no conhecimento e no mérito, nos termos do voto do relator. 1

Fl. 995 MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente. DANIEL MARIZ GUDIÑO Relator. EDITADO EM: 20/07/2012 Também participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Judith do Amaral Marcondes Armando, Fábio Miranda Coradini e Wilson Sampaio Sahade Filho. Ausente momentaneamente a Conselheira Adriene Maria de Miranda Veras. Ausentes justificadamente a Conselheira Mercia Helena Trajano D Amorim e os Conselheiros Marcelo Ribeiro Nogueira e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Relatório Os embargos ora analisados foram opostos por omissão havida no Acórdão nº 3201 00.608 (fls. 757/760) relativamente ao marco inicial da produção de efeitos da Solução de Divergência COANA n 17/07. Apenas para rememorar a discussão travada entre a ora Embargante e a Fazenda Nacional, sintetizo os fatos mais relevantes: (i) a Embargante efetuou importações no período entre 01/01/2007 e 17/01/2008, classificando as mercadorias importadas segundo a Solução de Consulta SRRF/TRF n 291, de 29/09/2006; (ii) em 26/10/2007, sobreveio a Solução de Divergência COANA n 17, reformando da solução de consulta anterior para classificar os produtos em outra posição da TEC e da TIPI; (iii) como a ora Embargante estava questionando essa mudança judicialmente, a fiscalização lavrou auto de infração para prevenir a decadência. Muito embora esta Turma tenha se posicionado unanimemente no sentido de não conhecer o recurso voluntário de fls. 674/700, tendo em vista haver concomitância nos termos da Súmula CARF nº 1, a ora Embargante entende que é fundamental conhecer o entendimento do colegiado quanto à questão acima mencionada, razão pela qual lançou mão do recurso previsto no art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF aprovado pela Portaria MF nº 256 de 2009, e alterações posteriores. É o relatório. Voto Conselheiro Daniel Mariz Gudiño Os embargos atendem aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual deles tomo conhecimento. De fato, a Súmula CARF nº 1 autoriza os membros deste Tribunal a analisarem matérias não contestadas judicialmente. 2

Acórdão n.º 3201 001.036 Fl. 996 Fl. 2 Analisando o pedido do Mandado de Segurança nº 2008.34.00.002965 0 DF (fl. 753), verifica se que a pretensão do impetrante é a declaração de nulidade da Solução de Divergência COANA nº 17/07, nada dispondo sobre a sua aplicação a importações realizadas antes da sua publicação. Com efeito, mesmo que a decisão judicial seja desfavorável, e, por conseguinte, a Solução de Divergência COANA nº 17/07 não seja declarada nula, persiste a discussão sobre a sua aplicação retroativa. Considerando que a Solução de Divergência COANA nº 17/07 foi publicada em 24/10/2007, das dezoito declarações de importação que são objeto do lançamento fiscal, apenas três foram registradas após a sua publicação. Confira se: ANO/DI/ADIÇÃO DATA DO REGISTRO 1) 07/0003915 0/001 02/01/2007 2) 07/0053409 6/001 12/01/2007 3) 07/0111389 2/001 25/01/2007 4) 07/0144052 4/001 01/02/2007 5) 07/0267718 8/001 01/03/2007 6) 07/0303416 7/001 08/03/2007 7) 07/0386599 9/001 26/03/2007 8) 07/0436179 0/001 04/04/2007 9) 07/0559606 5/001 02/05/2007 10) 07/0583225 7/001 07/05/2007 11) 07/1015593 4/001 01/08/2007 12) 07/1076799 9/001 13/08/2007 13) 07/1219146 6/001 10/09/2007 14) 07/1303326 0/001 25/09/2007 15) 07/1349802 6/001 03/10/2007 16) 07/1781704 5/001 20/12/2007 17) 07/1781705 3/001 20/12/2007 3

Fl. 997 18) 08/0090540 1/001 17/01/2008 De acordo com a Lei nº 9.430 de 1996, a reforma de solução de consulta em matéria de classificação fiscal deve valer apenas para fatos ocorridos posteriormente à ciência do consulente. Vejamos: Art. 50. Aplicam se aos processos de consulta relativos à classificação de mercadorias as disposições dos arts. 46 a 53 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e do art. 48 desta Lei. 1º O órgão de que trata o inciso I do 1º do art. 48 poderá alterar ou reformar, de ofício, as decisões proferidas nos processos relativos à classificação de mercadorias. 2º Da alteração ou reforma mencionada no parágrafo anterior, deverá ser dada ciência ao consulente. 3º Em relação aos atos praticados até a data da ciência ao consulente, nos casos de que trata o 1º deste artigo, aplicamse as conclusões da decisão proferida pelo órgão regional da Secretaria da Receita Federal. A Instrução Normativa SRF nº 740 de 2007, que dispõe sobre o processo de consulta relativo à interpretação da legislação tributária e aduaneira e à classificação de mercadorias no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, corrobora os dispositivos legais em questão, a saber: Art. 11. A Coana pode alterar ou reformar, de ofício, Solução de Consulta proferida em processo de consulta sobre classificação de mercadorias. Parágrafo único. O consulente deve ser cientificado da alteração ou reforma efetuada na forma deste artigo. (...) Art. 14 (omissis) 6º Na hipótese de alteração de entendimento expresso em Solução de Consulta, a nova orientação alcança apenas os fatos geradores que ocorrerem após a sua publicação na Imprensa Oficial ou após a ciência do consulente, exceto se a nova orientação lhe for mais favorável, caso em que esta atingirá, também, o período abrangido pela solução anteriormente dada. A partir da leitura dos dispositivos ora transcritos, é forçoso reconhecer que a reforma de solução de consulta somente tem efeitos prospectivos. A única exceção a essa regra é o favorecimento do consulente. No caso concreto, ainda que a fiscalização pudesse submeter as mercadorias importadas ao procedimento de revisão aduaneira o que não se questiona, o fato é que tal procedimento deveria considerar o disposto nas normas supracitadas, não podendo aplicar a Solução de Divergência COANA nº 17/07 às importações realizadas antes de 24/10/2007, data de sua publicação. 4

Acórdão n.º 3201 001.036 Fl. 998 Fl. 3 Ante o exposto voto por acolher os embargos de declaração, prestando lhes efeitos modificativos para re ratificar o Acórdão nº 3201 00.608, passando a conhecer do recurso voluntário e lhe dar parcial provimento e manter o crédito tributário apenas no tocante às Declarações de Importação nº 07/1781704 5, 07/1781705 3 e 08/0090540 1, tendo em vista que foram registradas posteriormente à data da publicação da Solução de Divergência COSIT nº 17/07, período em que há concomitância. É como voto. Daniel Mariz Gudiño Relator 5