Sensibilização a aeroalérgenos no diagnóstico da ceratoconjuntivite vernal

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05/28-04/181 Rev. bras. alerg. imunopatol. Copyright 2005 by ASBAI ARTIGO ORIGINAL Sensibilização a aeroalérgenos no diagnóstico da ceratoconjuntivite vernal Sensitization to aeroallergens in the diagnosis of vernal keratoconjunctivitis Lauro A. Oliveira 1, Luciene Barbosa 2, Denise de Freitas 3, Márcia Carvalho Mallozi 4, Inês C Camelo-Nunes 5, Dirceu Solé 6 Resumo A ceratoconjuntivite vernal (CV) é forma freqüente de alergia ocular e tem quadro clínico variável com intensidade de leve a grave. Objetivo: avaliar o papel da sensibilização a aeroalérgenos em pacientes com CV. Casuística e Método: 20 pacientes (15 meninos, idades entre 4 e 19 anos e média de idade 11,3 anos) com CV foram avaliados neste estudo. Além de anamnese e exame oftalmológico (escore de gravidade) foram submetidos a testes cutâneos de hipersensibilidade imediata (TCHI, puntura; D. pteronyssinus, D. farinae, Blomia tropicalis, epitélio de gato, epitélio de cão, mistura de fungos e mistura de penas, controles positivo e negativo). Adolescentes hígidos e sem história pessoal ou familiar de doença alérgica constituíram o grupo controle para os TCHI (N=103, idades entre 13 e 15 anos). A presença de pelo menos um teste positivo, diâmetro médio da pápula igual ou maior do que 3mm, caracterizou o paciente como atópico. Resultados: A freqüência de TCHI positivo a pelo menos um aeroalérgeno foi significantemente maior entre os CV: ácaros - 15/15 vs 14/103; gato 9/15 vs 0/103 para CV e controles, respectivamente. Houve correlação negativa e significante entre a área da pápula ao TCHI induzida pelos alérgenos de gato e o escore de gravidade da conjuntivite (rs= - 0,510; p = 0,024). Conclusões: a sensibilização a aeroalérgenos, demonstrada pelos TCHI, não foi parâmetro eficaz na identificação de formas graves de CV. Rev. bras. alerg. imunopatol. 2005; 28(4):181-186 conjuntivite alérgica, ceratoconjuntivite, atopia, IgE específica, aeroalérgenos Abstract Vernal keratoconjunctivitis (VK) is a frequent type of ocular allergy, and has variable clinical expression. Objevtive: to evaluate the sensitization to inhalant allergens in patients with VK. Patients and Methods: 20 VK patients (15 male, aged from 4 to 19 years) anos e média de idade 11,3 anos) were enrolled in this study. They were submitted to: clinical and ophthalmological evaluation (severity score), and skin prick test with inhalant allergens (SPT; D. pteronyssinus, D. farinae, Blomia tropicalis, cat, dog, fungi mix, feathers, histamine, negative control). Healthy adolescents without personal or familial history of allergic diseases were control group for SPT (N=103, ages from 13 to 15 years old). Children were defined as atopic if had positive SPT (mean wheal > 3 mm) to at least one inhalant allergen. Results: the frequency of positive SPT to at least one aeroallergen was significantly higher between VK patients (mites: 15/15 vs 14/103; cat 9/15 vs 0/103 for VK and controls, respectively). There was a significant and negative relationship between cat-induced mean wheal area (SPT) and conjunctivitis severity (rs= -0.510; p = 0.024). Conclusion: sensitization to inhalant allergens, diagnosed by SPT, was not an effective tool for identification of severe VK. Rev. bras. alerg. imunopatol. 2005; 28(4): 181-186 allergic conjunctivitis, keratoconjunctivitis, atopy, specific IgE, aeroallergens 1. PósGraduando (Doutorado) do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo-Escola Paulista de Medicina (UNIFESP-EPM); 2. Professora Afiliada e Chefe do Setor de Doenças Externas Oculares e Córnea do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP-EPM; 3. Professora Afiliada e Vice Coordenadora da PG do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP-EPM; 4. Professora Assistente da Fundação Faculdade de Medicina do ABC, Pesquisadora Associada da Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia do Depto de Pediatria da UNIFESP-EPM. 5. Professora do Departamento de Clínica Médica da Universidade de Santo Amaro e Pesquisadora Associada da Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia do Depto de Pediatria da UNIFESP-EPM; 6. Professor Titular da Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia do Depto de Pediatria da UNIFESP-EPM. Artigo submetido em 20.04.2005, aceito em 12.05.2005. Introdução A ceratoconjuntivite vernal (CV) é uma forma comum de alergia ocular que acomete principalmente crianças e adultos jovens. O seu diagnóstico baseia-se na presença de sinais e sintomas clínicos que incluem: prurido ocular intenso, fotofobia, secreção mucosa, papilas gigantes no tarso superior ou no limbo, ceratopatia superficial e úlceras corneanas em escudo 1. O quadro clínico da CV é variável, desde formas leves a muito graves, geralmente cursando com grande morbidade ocular. As formas graves da CV podem se tornar crônicas e sintomáticas, necessitando de terapia agressiva com esteróides, que podem aumentar a predisposição a infecções, aumentar a pressão intra-ocular, causar catarata e mais raramente cegueira 2. Muito esforço tem sido despendido em se determinar o papel da sensibilização aos aeroalérgenos pelos testes cu- 181

182 Rev. bras. alerg. imunopatol. Vol. 28, Nº 4, 2005 Aeroalergenos na ceratoconjuntivite vernal tâneos de hipersensibilidade imediata, quer como arma complementar no diagnóstico etiológico da alergia ocular, como também no intuito de se estabelecer uma possível correlação clínico-laboratorial capaz de ser preditiva e útil na determinação de quais pacientes terão maior predisposição para desenvolver quadros inflamatórios crônicos 3-5. O auxílio da investigação alérgica em pacientes com CV tem sido questionado. Leonardi et al afirmam que grande porcentagem dos casos de alergia ocular cursa com testes cutâneos e níveis séricos de IgE total e específica negativos ou não significativos 6. Já outros estudos demonstraram graus variáveis de correlação entre tais parâmetros 7-10. Foi objetivo do presente estudo avaliar pacientes com CV atendidos no setor de Doenças Externas Oculares e Córnea do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP/EPM com relação à sua sensibilização cutânea a alérgenos inalantes correlacionando-a com a gravidade da doença. Pacientes e métodos Participaram do estudo 20 pacientes (15 meninos, idades entre 4 e 19 anos e média de 11,3 anos) com CV matriculados e regularmente acompanhados no ambulatório do Setor de Doenças Externas Oculares e Córnea do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP/EPM. Eles foram submetidos a anamnese extensa com especial atenção à idade do início dos sintomas oculares, época do ano em que eles pioravam, presença de antecedentes familiares e pessoais de doenças alérgicas além da associação da CV a outras doenças como: rinite, asma, alergia a alimentos e a medicamentos. Todos os pacientes foram avaliados clinicamente com relação à CV e a eles foi atribuída uma pontuação determinada por escore clínico de gravidade. Nesta avaliação foram valorizados os principais sinais e sintomas da CV: edema palpebral, hiperemia conjuntival, lacrimejamento/fotofobia, presença de papilas tarsais gigantes, reação papilar, nódulos de Trantas, pannus, ceratite puntata e úlcera em escudo, com escore clínico que variou de 0 até 2,5 e com nota máxima de 20 (quadro 1). A avaliação oftalmológica foi realizada por um só oftalmologista (LAO). A seguir os pacientes foram submetidos aos testes cutâneos de hipersensibilidade imediata pela técnica de puntura 11 com os seguintes alérgenos inalantes: D. pteronyssinus, D. farinae, Blomia tropicalis, epitélio de gato, epitélio de cão, mistura de fungos e mistura de penas. Estes testes foram realizados na Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia do Departamento de Pediatria da UNIFESP/EPM. Como controle positivo empregou-se solução de histamina (1 mg/ml) e como controle negativo o excipiente da solução. Como critérios de exclusão foram evitadas todas as situações capazes de interferirem com a resposta dos pacientes durante os testes. Gotas dos diversos extratos alergênicos e controles foram colocados na superfície volar do antebraço a intervalos de 5 cm. Elas foram transfixadas com lancetas de ponta romba para causarem escarificação leve da pele. Quinze minutos após realizou-se a leitura medindo-se a pápula de induração formada. Foram anotados o maior diâmetro e o a ele ortogonal. Foram avaliados também 103 adolescentes com idades entre 13 e 15 anos, hígidos e sem história pessoal ou familiar de doença alérgica, eles constituíram o grupo controle para os testes cutâneos de leitura imediata. A presença de pelo menos um teste positivo, (diâmetro médio da pápula igual ou maior do que 3mm), caracterizou o paciente como sensibilizado. Para avaliar a intensidade da sensibilização utilizamos o produto dos dois diâmetros e o número de testes positivos apresentados pelos pacientes. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UNIFESP- EPM e os pacientes e controles foram admitidos após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Para a análise estatística foram empregados os seguintes testes: coeficiente de correlação de Spearman, Teste do Quiquadrado e Teste de Mann-Whitney. Em todos fixou-se em 5% o nível de rejeição para a hipótese de nulidade. Quadro 1 - Ficha de avaliação oftalmológica Identificação paciente Antecedentes familiares de atopia: Doenças atópicas associadas: rinite asma bronquite alergia a alimentos/medicamentos Idade do início dos sintomas:...; Época do ano de piora:... Exame físico ocular: 1) Edema palpebral: não (0) leve (1) acentuado (2) 2) Quemose: não (0) sim (2) 3) Hiperemia conjuntival: não (0) + (1) ++ (1,5) +++ / ++++ (2) 4) Lacrimejamento/fotofobia: não (0) leve (1) acentuado (2) 5) Papilas tarsais gigantes: não (0) sim (1) 6) Papilas: + (0) ++ (1) +++ (1,5) ++++ (2,5) 7) Nódulos de Trantas: não (0) sim (2) 8) Pannus : não (0) menor que 1 mm (1) maior que 1 mm (2) 9) Puntata : não (0) + (1) ++ (1,5) +++ (2) ++++ (2,5) 10) Úlcera em escudo: não (0) sim (2) Resultados A idade de início dos sintomas variou entre 2 e 14 anos (média 5,5 anos), 17/20 (85%) dos pacientes referiram piora do quadro clínico nos meses de calor (verão), 2/20 (10%) referiram crises o ano todo (indiferente) e apenas um paciente (5%) durante os meses frios (inverno). Antecedentes familiares de doenças alérgicas foram apontados por 10/20 (50%) dos pacientes, 15/20 (75%) referiram outras doenças atópicas associadas e em 10/20 houve relato de ambos (tabela 1). Todos os pacientes tiveram reação cutânea positiva à solução de histamina e em nenhum houve o aparecimento de pápula com o controle negativo. Quinze pacientes (75%) apresentaram teste cutâneo positivo a pelo menos um dos alérgenos estudados: 15/15 foram sensíveis aos ácaros domiciliares, 9/15 aos alérgenos de gato, 6/15 aos de cão, 2/15 aos de fungos e 1/15 aos de penas (tabela 2).

Aeroalergenos na ceratoconjuntivite vernal Rev. bras. alerg. imunopatol. Vol. 28, Nº 4, 2005 183 Tabela 1 - Dados clínico epidemiológicos dos pacientes com Conjuntivite Vernal. Pacientes Sexo Idade Início dos sintomas Época de piora clínica Presença de quadros atópicos Antecedentes familiares de atopia 1 GMO F 05 03 CALOR - - 2 CAO M 17 07 CALOR - - 3 KGO M 04 02 CALOR + - 4 EAM M 15 09 CALOR + + 5 JLC M 11 06 CALOR + + 6 MM M 07 04 CALOR + + 7 EA M 10 04 CALOR + + 8 HA M 10 04 CALOR + + 9 DS M 18 14 Indiferente + - 10 LOS M 12 06 Indiferente + - 11 BNR M 11 05 CALOR - - 12 JBS M 05 05 CALOR + + 13 LPC F 10 03 CALOR + - 14 VSG F 11 07 CALOR + + 15 EAO F 06 04 CALOR + - 16 AVM F 12 07 FRIO + + 17 MSV M 17 06 CALOR + + 18 EF M 08 03 CALOR - - 19 DJM M 17 06 CALOR + + 20 GD M 19 05 CALOR - - Tabela 2 - Resultado dos testes cutâneos de leitura imediata entre os pacientes com Conjuntivite Vernal. Pacientes Fungos Gato Cão Penas Ácaros 01 - + + - + 02 - - - - + 03 - - - - + 04 - + - - + 05 - - - - - 06 - - + - + 07 + + - - + 08 - - + - + 09 + + + - + 10 - + + - + 11 - - - + + 12 - - - - - 13 - - - - - 14 - - - - + 15 - - - - - 16 - + + - + 17 - + - - + 18 - - - - - 19 - + - - + 20 - + - - +

184 Rev. bras. alerg. imunopatol. Vol. 28, Nº 4, 2005 Aeroalergenos na ceratoconjuntivite vernal Entre os controles, a positividade observada foi: 14/103 para ácaros domiciliares e 1/103 para fungos. A freqüência de sensibilização aos alérgenos de ácaros, gato e cão foi significantemente maior entre os pacientes com CV (tabela 3). Tabela 3 - Freqüência de positividade aos testes cutâneos de leitura imediata dos pacientes com Conjuntivite Vernal (CV) e de Controles (C). Alérgenos Controles Conjuntivite vernal (N=20) (N=103) N % N % Quiquadrado/ Fischer Ácaros domiciliares 15 75 14 13,6 CV > C* Gato 9 45 0 0,0 CV > C* Cão 6 30 0 0,0 CV > C* Mistura de fungos 2 10 1 0,97 CV = C Mistura de penas 1 5 0 0,0 CV = C * p < 0,0001 Avaliando o número de testes para os quais cada paciente apresentou reação positiva observamos: 1/15 o foi a quatro alérgenos, 4/15 a três, 7/15 a dois e 3/15 a apenas um (tabela 2). Entre os controles 1/103 o foi para três alérgenos, 9/103 para dois alérgenos e 5/103 para um alérgeno. A avaliação clínica demonstrou escore clínico de gravidade médio de 6,95 (variando de 1 a 14, tabela 4).Os sinais clínicos mais prevalentes foram hiperemia conjuntival, presença de papilas no tarso superior, pannus e ceratite puntata. O escore clínico médio de gravidade não diferiu de forma significante considerando-se os pacientes com positividade ou não aos testes cutâneos (6,9 x 7,1, respectivamente, p=0,80; teste de Mann-Whitney). Tabela 4 - Escore clínico e resposta cutânea dos pacientes com Conjuntivite Vernal. Pacientes Fungo* Gato* Cachorro* Pena* Ácaros* Escore clínico 01 0 20 9 0 160 8,5 02 0 0 0 0 44 4,5 03 0 0 0 0 80 7 04 0 48 0 0 408 1 05 0 0 0 0 0 2 06 0 0 9 0 40 12 07 9 9 0 0 57 2 08 0 0 9 0 34 8,5 09 16 9 12 0 77 5 10 0 42 40 0 153 4 11 0 0 0 9 112 14 12 0 0 0 0 0 8 13 0 0 0 0 0 9,5 14 0 0 0 0 9 13,5 15 0 0 0 0 0 8 16 0 20 9 0 160 5,5 17 0 12 0 0 265 9 18 0 0 0 0 0 8 19 0 64 0 0 211 4 20 0 12 0 0 83 5 *Valor referente à área das pápulas. O estudo da relação entre a área da pápula induzida pelos alérgenos e a gravidade da CV (coeficiente de correlação de Spearman, rs) revelou: rs= -0,243 para os ácaros (p=0,302); rs= -0,510 para os alérgenos de gato (p=0,024); rs= -0,174 para os de cão (p=0,462); rs= - 0,119 para os de fungos (p=0,615), e rs= -0,090 para os de penas (p=0,462). Excluindo-se os pacientes com teste cutâneo negativo não houve mudanças significantes nas correlações, exceto com a de gato que passou a rs= -0,605 (p=0,017). Não houve relação significante entre o número de testes positivos e o escore clínico de gravidade (rs= -0,206; p= 0,384)

Aeroalergenos na ceratoconjuntivite vernal Rev. bras. alerg. imunopatol. Vol. 28, Nº 4, 2005 185 Discussão As características epidemiológicas dos pacientes avaliados no presente estudo se assemelham muito às encontradas por outros estudiosos em pacientes com CV 12,13. A média de idade dos nossos pacientes foi de 11,3 anos, que é muito similar à observada em outros estudos 12,13. De modo semelhante, a predominância de acometimento maior no sexo masculino (3:1) tem sido observada 12. Estima-se que 15% da população geral sejam atópicos 14. Além de manifestações clínicas muitas vezes características, o traço atópico pode ser documentado pela presença de história familiar e pessoal de doenças alérgicas. Neste estudo verificamos que 50% dos pacientes apresentaram antecedentes familiares de atopia e 75% deles tinham outras condições atópicas associadas, predominando a rinite alérgica e a asma. Na avaliação etiológica das doenças alérgicas, mediadas por anticorpos IgE específicos, os testes cutâneos de hipersensibilidade imediata têm sido importante arma na identificação dos possíveis alérgenos envolvidos. Entretanto, várias condições podem interferir com o seu resultado, como o uso de anti-histamínicos sistêmicos, de antidepressivos tricíclicos e a presença de dermografismo. Esses fatos são controlados quando associamos os testes com controles positivo e negativo. Nenhum dos nossos pacientes teve teste negativo com a histamina e nem positivo com o excipiente da solução. A positividade aos alérgenos inalantes foi de 75%, não muito diferente do observado em pacientes com asma ou com rinite alérgica, no nosso meio 14,15. Há muito se afirma que a CV é uma doença primariamente mediada por IgE e com participação ativa de células inflamatórias nas inflamações conjuntivais relacionadas à CV. Os eosinófilos ativados, seus mediadores e a expressão de moléculas de adesão foram reconhecidos como envolvidos na inflamação da superfície ocular bem como causadores de danos teciduais no epitélio corneano 16-21. A avaliação da etiologia alérgica na CV tem permitido novas descobertas e questionamentos sobre a sua patofisiologia. Leonardi et al observaram fraca relação entre a sensibilidade alérgica sistêmica e a sensibilidade ocular local quando verificaram que em 35% dos pacientes com CV, por eles estudados, houve a identificação de IgE específica apenas na lágrima. Este fato sugere que a conjuntiva pode ser o único tecido sensibilizado em alguns pacientes com doença alérgica 6. Bonini et al verificaram que 50% dos pacientes com CV tinham teste cutâneo de hipersensibilidade imediata e níveis séricos de IgE específica negativos. Segundo eles uma aberração na linhagem dos linfócitos Th2 poderia estar envolvida na patogenia da CV 12. Tal fato fica referendado pelo encontro de clones de células T, predominantemente Th2, em tecidos conjuntivais de pacientes com CV. Também, por ter sido constatado aumento na hibridização in situ nas áreas de predomínio de linfócitos T CD4+ para o sinal de IL-5, associado com níveis elevados de IL-5 e não de IL-2 na lágrima de espécimes biopsiados de CV 22-25. No presente estudo observamos que 75% dos pacientes manifestaram sensibilização alérgica a pelo menos um aero-alérgeno, o que ocorreu de modo significantemente menor entre o grupo de controles. Entretanto, ao compararmos o escore clínico de gravidade da CV entre os pacientes com teste cutâneo positivo e aqueles com teste negativo, não houve diferença estatisticamente significante. Não houve também relação entre o número de alérgenos aos quais os pacientes estavam sensibilizados com a gravidade do quadro clínico. Por outro lado, com os alérgenos de gato observamos correlação significante e negativa entre a intensidade da sensibilização (área da pápula induzida) e a gravidade. Tal fato sugere que a sensibilização a esses alérgenos possa ser um fator de proteção, pois quanto maior foi a área da pápula menor foi o escore clínico de gravidade. Baseados no baixo grau de correlação clínico laboratorial encontrada neste estudo acreditamos que os níveis de sensibilização determinados pela reação de hipersensibilidade imediata aos alérgenos inalantes testados não servem como parâmetro para identificar quais pacientes vão evoluir com quadros clínicos mais severos e crônicos de CV. Eles trarão benefício substancial se permitirem identificar os alérgenos aos quais o paciente mostra-se sensível e, assim, possibilitar uma orientação específica de controle com o intuito de reduzir a exposição do paciente aos mesmos. Esta pobre correlação clínico laboratorial também corrobora a idéia de que, além da possibilidade de sensibilização a outros alérgenos não testados no presente estudo, podem existir outros mecanismos relacionados à patofisiologia da CV. Assim, como já sugerido por alguns autores 6, a conjuntiva pode ser um sítio isolado e independente para desenvolver processo inflamatório em pacientes com doença alérgica. A CV é doença com patogenia multifatorial, mediada por linfócitos Th2, eosinófilos, mastócitos e uma complexa rede de interleucinas e mediadores químicos e não uma patologia exclusivamente mediada por IgE. Ainda são necessários mais estudos, com um número maior de pacientes, em quem se comparem as diferentes formas de conjuntivites alérgicas para que possamos estabelecer com maior propriedade quais seriam os fatores de risco nelas envolvidos. Em conclusão, este estudo preliminar demonstrou a pobre correlação existente entre os testes cutâneos de hipersensibilidade imediata e o estadiamento clínico de pacientes com ceratoconjuntivite vernal. Evidenciou que a resposta cutânea aos alérgenos inalantes testados não serve como parâmetro para identificar maior ou menor potencial de gravidade clínica e cronicidade do processo inflamatório. Referências 1. Bonini S, Bonini S, Lambiase A, Marchi S, Pasqualetti P, Zuccaro O et al. Vernal Keratoconjunctivitis revisited. A case series of 195 patients with longterm followup. Ophthalmology 2000; 107:1157-63. 2. Tabbara KF. Ocular complications of vernal keratoconjunctivitis. Can J Ophthalmol 1999; 34:88-92. 3. Pastorello EA, Incorvaia C, Ortolani C, Bonini S, Canonica GW, Romagnani S, et al. 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