RODOVIA BELÉM-BRASÍLIA E O CRESCIMENTO ECONÔMICO DE ARAGUAÍNA Reges Sodré da Luz Silva Dias Universidade Federal do Tocantins reges@uft.edu.br Eliseu Pereira de Brito Universidade Federal do Tocantins eliseubrito@uft.edu.br Introdução Esta pesquisa teve por objetivo analisar a construção da rodovia Belém-Brasília identificando quais foram as principais implicações que ela trouxe para a cidade de Araguaína-TO no que tange a sua territorialidade. Buscamos entender a organização do território no entorno da rodovia, no perímetro urbano da cidade mencionada no início desse século XXI. Nosso trabalho se respaldou em uma revisão de autores que tratam da temática em discussão, como Aquino (2002), Gaspar (2002), Valverde e Dias (1967), Sousa (2002), Haesbaert (2006), Santos (2008), Corrêa (1989) e (2003), Villaça (2001). O trabalho também foi construído a partir de pesquisas empíricas realizadas as margens da rodovia, com a finalidade de coletar dados para respaldar o discurso estabelecido na pesquisa. Para compreendermos as implicações territoriais que se deram após a abertura da rodovia na cidade de Araguaína foi necessário contextualizarmos os objetivos da obra, a organização sócio-espacial da cidade de Araguaína até 1958, e o Norte Goiano/Tocantins no mesmo período. Entender os objetivos de uma obra do porte da rodovia Belém-Brasília requer uma visão ampla da organização espacial do sistema capitalista de produção brasileiro. Sendo assim, nos deparamos com um conceito que carece de explicação organização espacial. De acordo com Corrêa (2003), a organização espacial é uma dimensão da totalidade social construída pelo homem ao realizar a sua própria história. A organização espacial seria a própria sociedade espacializada. No capitalismo este
trabalho realiza-se sob o comando do capital, ou seja, dos diferentes proprietários dos diversos tipos de capital, também realizado através da ação do Estado capitalista. Isto quer dizer, que o capital e o Estado são os agentes da organização do espaço. Capital e Estado iniciaram uma forte expansão da produção/reprodução capitalista no Brasil a partir da década de 30, rumo aos espaços vazios da Região Norte. Essa expansão visava uma reorganização do território amazônico que iria se mecanizar, para atender os novos desejos do capital fazer desses espaços consumidores de produtos industrializados e exportadores de matérias-primas. Entre tantas estratégias adotadas pelo governo brasileiro para a Amazônia podemos citar: Cobertura extensiva do território por redes técnicas; investimentos públicos foram dirigidos para a construção de estradas pioneiras para rede de telecomunicações; para rede de distribuição de energia elétrica associada às usinas hidrelétricas de grande e médio porte; foi criado também um programa de levantamentos por radar de recursos naturais, (MACHADO, 1992). Isto mostra o contexto em que a Belém-Brasília foi construída, totalmente ligada a uma lógica da junção entre interesses estatais e do grande capital privado. A organização do espaço geográfico antes dos anos 60 no atual Estado do Tocantins estava, sobretudo, relacionada ao entorno dos rios Araguaia e Tocantins. Isso, quer dizer, que esses dois rios eram os mais utilizados para a realização da permuta com outras regiões brasileiras. Mais que isso, a rede urbana do Norte Goiano/Tocantins estava organizada no entorno dos rios em tela mencionados. O problema é que essa navegação era precária, fazendo com que a região estivesse estagnada e sem perspectivas de crescimento econômico. Da mesma forma, estava Araguaína, um núcleo que dentro da situação organizacional da rede urbana estava a mercê de alcançar desenvolvimento econômico. Sua circulação era precária uma vez que não é banhada por rio que oferecesse navegabilidade, e a organização da região era baseada no sistema fluvial de transporte como já citado. O território araguainense era eminentemente de caráter zonal e sua economia predominante era do circuito inferior. A rodovia provocou uma reorganização da rede urbana no Norte Goiano/Tocantins e, Araguaína passou a ter posição privilegiada nesse novo cenário
geográfico. Dessa forma, a partir da década de 90 a cidade passou a ser um pólo econômico de prestação de serviço na região Norte do Estado do Tocantins. Sua organização atualmente está baseada numa logística de redes, tanto redes materiais como imateriais. Dentro dessa logística a rodovia Belém-Brasília possui um papel importante para a organização da cidade, uma vez que no seu entorno estão situados grandes multinacionais que tem um domínio territorial baseado no controle de fluxos e de fixos. Esse quadro tem colaborado para levar Araguaína a ser uma cidade que influência fortemente toda uma gama de municípios no seu entorno. Dessa forma, a condição de pólo que Araguaína usufrui atualmente é condicionada por redes rodoviárias através das quais circulam capitais e pessoas para a cidade, e de redes imateriais informacionais as quais ajudam os empresários locais nas suas relações com empresas situadas nas grandes metrópoles, etc. Os Múltiplos Territórios no Entorno da Belém-Brasília em Araguaína No entorno da rodovia Belém-Brasília no perímetro urbano de Araguaína encontramos a formação de territórios múltiplos, como: fazendas; bairros residenciais das classes excluídas; o centro de comunicação da cidade, com o conjunto das emissoras de televisões; o centro de produção da cidade DAIARA (Distrito Agro-Industrial de Araguaína); e o centro de gestão da cidade empresas multinacionais. Cada um desses territórios possui uma funcionalidade diferente, são formas e funções diferenciadas que refletem uma dinâmica do capital no território através das temporalidades técnicas. Cabe a nós a árdua tarefa de analisarmos as suas implicações para a cidade. Enquanto continuum dentro de um processo de dominação e/ou apropriação, o território e a territorialização devem ser trabalhados na multiplicidade de suas manifestações que é também e, sobretudo, multiplicidade de poderes, neles incorporados através dos múltiplos agentes/ sujeitos envolvidos. Assim, devemos primeiramente distinguir os territórios de acordo com os sujeitos que os constróem, sejam eles indivíduos, grupos sociais, o Estado, empresas, instituições como a Igreja etc. (HAESBAERT, 2005, p. 6776). Em primeiro lugar, vemos uma diferenciação territorial profunda no que tange a dinâmica funcional. De um lado, temos bairros residenciais que possuem todo um processo de territorialização precário, que não pode ser analisado como um grupo social que vive uma multiterritorialidade efetiva ou constroem territórios-redes. Trata-se muito
mais de um território de caráter zonal baseado em relações contextualizadas num aqui e agora. Onde, poderíamos falar aí sim, de um processo de desterritorialização na imobilidade, à medida que os laços territoriais dessas pessoas são construídos com bastante precariedade. Desterritorialização, se é possível utilizar a concepção de uma forma coerente, nunca total ou desvinculada dos processos de (re)territorialização, deve ser aplicada a fenômenos de efetiva instabilidade ou fragilização territorial, principalmente entre grupos socialmente mais excluídos e/ou profundamente segregados e, como tal, de fato impossibilitados de construir e exercer efetivo controle sobre seus territórios, seja no sentido de dominação políticoeconômico, seja no sentido de apropriação simbólico-cultural (HAESBAERT, 2006, p. 312). Aquelas pessoas dos bairros pobres ficam presas na maioria das vezes ao território restrito do seu bairro, pois, elas (a maioria) não possuem condições econômicas para viajarem se quer ao próprio centro da cidade, para realizar compras em lugares como o supermercado Campelo (destinado às classes mais favorecidas), irem a hospitais e laboratórios particulares e, também aos lugares de lazeres da cidade, como as pizzarias. Essa situação se deve ao fato de que esse grupo social não possui acesso às técnicas de transporte como, por exemplo: carro, moto, etc. E, por conseguinte, ao capital. De acordo com Harvey (1976), apud Villaça (2001), os ricos podem comandar o espaço, enquanto os pobres são prisioneiros dele. Não podemos aqui deixar de realizar uma crítica ao Estado, que por sua vez acaba por reforça essa construção desigual do território, através de políticas de financiamento, inserção fiscal e, fornecimento de infra-estruturas para apenas alguns agentes sociais, que são na maioria das vezes empresas multinacionais. Os aglomerados de exclusão, mais do que espaços à parte, claramente identificáveis, são fruto de uma condição social extremamente precarizada, onde a construção de territórios sob controle (...) ou autônomos se torna muito difícil, ou completamente subordinada a interesses alheios à população que ali se reproduz (HAESBAERT 2006, p. 327). A própria natureza do território é diferente se comparamos as empresas multinacionais que estão na margem da rodovia e as pessoas do setor estudado, estas últimas constroem toda uma simbologia com o território de suas moradas, constroem relações baseadas em amizades. Aqui, verificamos um grande poder simbólico do
território, pode acontecer que aja uma fraca territorialização funcional no caso dos aglomerados de exclusão e uma forte territorialização simbólica, (HAESBAERT, 2006). As relações de poder são completamente diferentes entre esses territórios. No caso das empresas o território está ligado, sobretudo ao poder econômico-político, baseado numa construção múltipla e, já no desse bairro temos a construção mais de territórios simbólicos-culturais. Suas formas de construção de territorialidades são diferentes, mais não dicotômicas. Sintetizando afirmaríamos o seguinte: o território dos grupos excluídos de Araguaína é marcado, sobretudo pela garantia sobrevivência, abrigo, lar, segurança afetiva, enquanto o território das empresas o que as caracteriza é a acumulação e manipulação do espaço social, controle físico, produção, lucro. É necessário ficar claro que não há uma situação de completa exclusão social, que por extensão também não há completa exclusão e/ou privação territorial, isto é, a desterritorialização num sentido absoluto, Haesbaert (2006). Essas contradições no espaço são próprias do modo de produção capitalista. Em Araguaína podemos realizar essa análise no entorno da rodovia Belém-Brasília mostrando a partir do território as diferentes formas de poder que foram/são construídas. A importância para a cidade em temos econômicos sem dúvida é os setores do entorno da estrada onde o território possui grande absorção de técnicas e flexibilidade. As fazendas é um tipo de formação territorial no entorno da rodovia que possui significativa importância para as funções de localidades centrais que Araguaína exerce na rede urbana a partir da função de produtora/gestora/distribuidora. Essas fazendas produzem grandes quantidades de bovinos e, consomem igualmente insumos que são produzidos na própria cidade no DAIARA. Assim, elas possuem um papel importante para que a cidade consiga gerir o território. Acreditamos que os donos dessas fazendas são pessoas que vivem numa multiterritorialidade, à medida que podem experimentar a vivencia concomitante ou sucessiva de vários territórios, devido ao poderio econômico de que usufruem. Não é demais lembrar, que multiterritorialidade é um processo ligado aos agentes que tem poderio econômico para jogar com várias territorialidades.
Outro território de que podemos falar na área em estudo é o do DAIARA. Este território está estruturado dentro de uma lógica de produção e, é um dos mais importantes distritos agroindustriais do Estado do Tocantins. Sua produção tem fortalecido a força econômica de Araguaína dentro do Estado. Em trabalhos empíricos observamos, contudo, que as tecnologias que são empregadas nesse distrito não são as mais modernas que existem em outros, como nos distritos agroindustriais de São Paulo, mas, para o contexto sócio-espacial do Estado do Tocantins este território é de fundamental importância. Outra formação territorial do entorno da rodovia é o centro de comunicação, que possui um importante papel para a economia local. As televisões locais tem um duplo papel, de um lado informam as pessoas com as noticiais locais e regionais, principalmente, dentro dos telejornais. Por outro lado, difundem uma gama de propaganda sobre os pontos comerciais da cidade, tendo assim, um relevante papel nas ações de marketing do circuito superior da economia urbana de Araguaína. É mais uma marca do sistema capitalista de produção presente na cidade. Outra peculiaridade que devemos mencionar na formação territorial as margens da rodovia é a divisão entre território diurno e noturno. Todas as considerações feitas em tela até aqui são eminentemente relacionadas aos territórios diurnos, que se fazem no entorno dela. Durante a noite temos a formação dos territórios das prostituições e dos bares. Seu caráter deve ser explicado não como um dado econômico importante para a cidade, mas, como um ponto negativo, da formação sócio-espacial local. O Entorno da Rodovia e a Gestão do Território em Araguaína Por efeito de funcionalidade iremos fazer quatro recortes territoriais para analisarmos no entorno da rodovia Belém-Brasília a gestão do território. Os recortes serão feitos com base em Simplício (2011), entretanto, acrescentaremos mais um recorte, pois, entendemos que assim nos aproximaremos com maior propriedade teórico/empírico da realidade. Primeiro é necessário discorrermos sobre o conceito de gestão do território para explicarmos a realidade araguainense. De acordo com Corrêa (1996, p. 1), a gestão do território é a dimensão espacial do processo de gestão, vinculando-se ao território sobre controle de um Estado, grupo social, instituição ou empresa. A gestão do território se
constitui então em um poderoso meio de dominação social, dentro do sistema capitalista. Dessa forma, a cidade que conseguir gerir o território estará formando uma simbiose com o desenvolvimento econômico. O centro de gestão do território caracteriza-se, em realidade, por ser um centro onde tomam-se decisões e fazem-se investimentos de capital que afetam direta e indiretamente amplo espaço. Controlam assim a organização espacial de um dado espaço, influenciando a gênese e a dinâmica produtiva, o nível de empregos diretos e indiretos, os impostos, a mobilidade demográfica, as transformações no uso do solo e na paisagem, assim como a política local e o modo de inserção das cidades na rede urbana sob seu controle (CORRÊA, 1996, p. 25). Um centro de gestão do território aprofunda as desigualdades regionais à medida que domina a produção/reprodução do capital. No Norte do Tocantins, essa teoria nos parece valida, visto que, enquanto a cidade em análise concentra investimentos e crescimento econômico, traduzido em um espaço urbano cada vez mais complexo as cidades da hinterlândia não conseguem crescer no mesmo ritmo. Ficando dependentes na maioria das vezes de serviços concentrados em Araguaína. O centro de gestão do território é um produto e uma condição para o desenvolvimento capitalista. Esta característica não pode ser perdida de vista, sob o risco de contribuirmos com mais uma ideologia geográfica para o obscurecimento da natureza da organização espacial, (CORRÊA, 1996). Entretanto, Araguaína não exerce uma gestão do território igual a uma metrópole, isso deve ficar claro. Seu poderio econômico se dá em uma área limitada ou pequena na qual abrange o Norte do Tocantins, Sul do Pará e Oeste do Maranhão. Corrêa (1996), afirma que em um centro de gestão do território estão presentes restaurantes de luxo, aeroportos com amplas ligações nacionais e internacionais, empresas de consultoria econômica, jurídica e técnica, empresas de publicidades e marketing. Obviamente, a cidade de Araguaína não possui todos esses atributos, mas consegue gerir o território por que sua hinterlândia não dispõe dos serviços nela disponíveis. Em verdade, como explica o autor supracitado existem centros de gestão do território incompletos, um exemplo é a cidade em estudo. Corrêa (1996), nos chama a atenção ainda, mostrando que o centro de gestão do território não é apenas a expressão gloriosa das corporações vitoriosas, dos prédios
modernos e serviços sofisticados. O centro de acumulação capitalista é também um centro de acumulação de pobreza, de contrastes e de conflitos sociais. Nossa análise caminhará agora pelos meandros territoriais locais. Nosso primeiro recorte territorial compreende a Av. Cônego João Lima, da esquina com a Av. Castelo Branco até a Av. Marginal Neblina. Nesse setor temos uma diversificada oferta de produtos e serviços que atendem um amplo campo populacional, tanto local como regional. Diferente dos outros setores que serão analisados este oferece produtos e serviços que possibilita a acessibilidade de diferentes classes sociais. Mas, que serviços estão presentes ali? Hotéis de luxo, supermercados, joalherias, consultórios odontológicos, lojas de calçados femininos e masculinos, lojas de vestuários, óticas, sorveterias, lanchonetes, relojoaria, lojas de artigos religiosos, lojas de eletrodomésticos, centrais de empresas telefônicas, papelarias, farmácias, concessionária de moto, quatro agencias bancarias, sendo elas: Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e HSBC. No tocante a serviços públicos estão presentes a Camará Municipal e a Secretaria de Segurança pública. Temos dois Shoppings o popular e o Moreira Shoppings. Observamos nesse setor um intenso movimento populacional, existindo mesmo até uma dificuldade de se trafegar pelas calçadas devido o grande número de pessoas circulando. Geralmente essas pessoas andam com sacolas de compras nas mãos. Consequentemente, há um intenso fluxo de entrada e saída das lojas. Portanto, a disputa por território nesta Avenida é por pontos comerciais. É interessante enfatiza que uns dominam o território direcionando vendas para as camadas de alta rende lojas com roupas de marcas. Outros dominam o território com vendas direcionadas para pessoas de classes mais baixas lojas de 10, 8 e 5 reais. Este território na Av. Cônego João Lima, de distribuição de produtos comerciais e de prestação de serviço contribui para Araguaína exercer a função de um centro de gestão. Isso ocorre por que a hinterlândia não comportam um território flexível e múltiplo como esse, com intensa circulação de capital/mercadoria/pessoas. Contudo, é preciso analisar outros pontos da cidade para que a gestão seja melhor explicada. Uma vez que partes formam um todo. O segundo recorte compreende a Av. Cônego João Lima da Marginal Neblina a confluência em T com a Avenida Bernardo Saião (Belém- Brasília).
Encontramos ali lojas de produtos agropecuários com produtos e até mesmo serviços de alta complexidade (...) especialmente no segmento do agronegócio, que é um dos tripés da economia da cidade, como lojas, oficinas e concessionárias de veículos automotores, com serviços que servem de referencia para toda a região. E próximo a confluência com a Avenida Bernardo Saião (BR-153), esta situada um nicho de grande expressividade que serve de referência para toda a região o de lojas especializadas em ferramentas, parafusos e equipamentos para os mais diversos fins (SIMPLÍCIO, 2011, p. 26). Vejamos que o caráter de um centro de compras muda, agora, à oferta de produtos especializados destinados a atender um público restrito. Aqui os consumidores são principalmente donos de fazendas de outros municípios ou mesmo de Araguaína, donos de pequenos comércios de outras cidades e donos de carros e tratores. O território nesse setor é mais dinâmico do ponto de vista técnico-informacional, pois os produtos comercializados aqui são densamente técnicos. Assim, essa área comercial da cidade tem um grande poder para que a cidade seja um pólo. O terceiro recorte territorial abarca a Av. Bernardo Saião, do entroncamento a rotatória da Av. Santos Dumont. Como não poderia deixar de ser, esse trecho da Avenida por também ser um trecho da BR-153, é local de grande fluxo de caminhões. Conta com várias concessionárias de caminhões, de tratores e de veículos de passeio e utilitários. Empresas que trabalham com logística e transportes, com recuperação de material rodante (pneus), lojas e oficinas independentes de manutenção de tratores e caminhão. Demonstrando com isso a importância deste local, que contribuem para a consolidação da economia araguainense (SIMPLÍCIO, 2011, p. 28). A essência desse ponto é o elemento rede na construção territorial. As empresas multinacionais que estão localizadas nessa área constroem suas territorialidades usando como suporte o território-rede. O comércio nesse setor igualmente está ligado aos territórios-redes, pois sua comercialização se baseia em fluxos que passam pela rodovia e/ou advindos de outras cidades ou ainda mesmo local. O último trecho da cidade a ser resumido em nossa analise é referente à Av. Santos Dumont em toda sua extensão. Essa Avenida conta com lojas e serviços especializados, tendo em sua extensão, várias distribuidoras de peças de veículos automotores que abastecem tanto o comércio da região como o local, concessionárias de veículos de passeio e uma de caminhão. Nela também está localizado o terminal rodoviário da cidade e um nicho bastante
expressivo, lojas e oficinas mecânicas de motocicletas (SIMPLÍCIO, 2011, p. 29). Esta parte possui uma função de distribuição do circuito superior da economia urbana, contribuindo para que a cidade seja uma gestora do território. Considerações finais O entorno da rodovia Belém-Brasília no perímetro urbano de Araguaína-TO apresenta uma formação territorial complexa. Onde, se da à presença de múltiplos territórios com funcionalidades diferentes um dos outros. Dentre as várias formações territoriais analisadas, destacamos o território comercial, como o que exerce maior influencia para esta cidade se estruturar na rede urbana como uma gestora do território. Sem dúvida, o entorno da rodovia comporta a formação territorial mais importante para Araguaína no que tange ao comércio e produção industrial. Esta formação territorial é a mais mecanizada e flexível desta cidade. Referencias bibliográficas HAESBAERT, Rogério: O mito da desterritorialização: do Fim dos Territórios à Multiterritorialidade. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. Da Desterritorialização à Multiterritorialidade. In: Anais do X Encontros de Geógrafos da América Latina 20 a 26 de março de 2005 Universidade de São Paulo. CORREÂ, Roberto Lobato. Região e Organização Espacial. 7ª Ed. São Paulo: Ática, 2003. Os centros de gestão do território: uma nota. In: Revista TERRITÓRIO, V. 1(1), 1996. MACHADO, Lia Osório. A fronteira agrícola na Amazônia brasileira. In: Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro: IBGE, n.54, vol. 02, abr/jun. 1992. SIMPLÍCIO, Josiel Lopes. O papel de Araguaína na Rede Urbana. Araguaína: UFT, 2011. Trabalho de Conclusão de Curso TCC. 7 ed. Ed. Ática. São Paulo. VILLAÇA, Flavio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln Institute, 2001.