ORDEM: KINETOPLASTIDA FAMÍLIA: TRYPANOSOMATIDAE GÊNERO: Leishmania Classificações: A) SUBGÊNEROS: Leishmania Viannia B) COMPLEXOS: Parasitologia (Nutrição) Aula 4 (26/03) Leishmania Profa. Adriana Pittella Sudré Complexo Leishmania mexicana Não apresentam tropismo visceral e causam lesões benignas na pele, sem tendência a metástases nasofaringianas. Colonizam somente intestino anterior e médio do inseto. Complexo Leishmania donovani Forte tendência a visceralização (baço, fígado, medula óssea e órgãos linfóides). Complexo Leishmania braziliensis Não apresentam tropismo visceral, geram lesões simples ou múltiplas com tendência a produzir metástases = Leishmaniose Tegumentar Americana. Crescem no intestino anterior, médio e posterior do inseto. HOSPEDEIROS: Vertebrados: mamíferos: roedores, marsupiais, cães, eqüinos, homem. Invertebrados: dípteros psicodídeos flebotomíneos. No velho mundo o gênero Phlebotomus e no novo mundo o gênero Lutzomyia. HABITAT: células do sistema fagocítico mononuclear: macrófagos. Leishmaniose Tegumentar Leishmania (V) braziliensis Leishmania (L) amazonensis Leishmania (V) guyanensis Leishmaniose Visceral Leishmania (L) chagasi Lutzomyia intermedia Lutzomyia whitmani Lutzomyia flaviscutelata Lutzomyia umbratilis Lutzomyia longipalpis 1
MORFOLOGIA: HV: amastigota De 2 a 6 m de altura por 1 a 3 m de largura, formato ovóide, intracelular, com núcleo e cinetoplasto. Não apresenta flagelo livre. Apresenta um flagelo invaginado alojado na bolsa flagelar formada por uma invaginação da membrana plasmática. HI: promastigota De 14 a 20 m de altura por 1,5 a 4 m de largura, é alongada, apresenta flagelo livre, núcleo e cinetoplasto na região anterior. CICLO BIOLÓGICO Legenda: amastigota (A) e promastigota (B) de Leishmania. Fonte: Luis Rey Parasitologia Médica CD room. Fonte: http://www.tulane.edu/~wiser/protozoology/note s/ls_lc.html 2
PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Parasitologia (Nutrição) Aula 4 (26/03) Leishmania Profa. Adriana Pittella Sudré Agressão traumática pela lise celular e espoliativa por utilizar nutrientes das células hospedeiras. Induz a proliferação de macrófagos e a chegada de outras células de defesa (neutrófilos, linfócitos T, plasmócitos). Formas clínicas: Leishmaniose cutânea, Leishmaniose cutâneo-mucosa, Leishmaniose cutâneo difusa e Leishmaniose visceral. A - LEISHMANIOSE TEGUMENTAR: Leishmania (L.) amazonensis - Forma-se uma tumefação na pele do indivíduo (nódulos). Leishmaniose cutânea difusa (Forma anérgica). Leishmania (V) braziliensis Formam-se úlceras que tendem a ser únicas, porém com tendência e expansão formando grandes lesões. Leishmaniose cutâneo-mucosa (Forma hiperérgica) Leishmania (V) guyanensis - Leva a formação de lesões ulceradas ou nodulares múltiplas ao longo dos trajetos linfáticos em função da disseminação do parasita por esta via. B - LEISHMANIOSE VISCERAL OU CALAZAR: Fase cutânea - Geralmente é assintomática. As lesões podem curar-se espontaneamente ou não, evoluindo para lesões crônicas que não cicatrizam. Por via hematogênica os parasitas atingem órgãos, onde são fagocitados por macrófagos multiplicação proliferação dos macrófagos das vísceras levando ao aumento de volume dos órgãos hipertrofia de linfonodos hepatoesplenomegalia. Na medula óssea ocorre lentamente destruição do tecido hematopoiético que é substituído por macrófagos. 3
DIAGNÓSTICO A - LEISHMANIOSE TEGUMENTAR Parasitológico: Pesquisa de parasitas efetuada a partir de: Biópsia de lesões cutâneas Imprint fixado com metanol e corado pelo Giemsa. Raspagem de lesões ulceradas ou punção da borda inflamada e da lesão nodular prepara lâmina, fixa e cora com Giemsa. Histopatologia do material de biópsia. Inoculação em animais de laboratório (hamster) ou meio de cultura (NNN) principalmente para L.(V) braziliensis onde há escassez parasitária. Imunológico: Teste Intradérmico Pesquisa de anticorpos séricos. B - LEISHMANIOSE VISCERAL Parasitológico: Pesquisa de parasitas efetuada a partir de : Aspirado (punção) de material do baço, medula óssea ou linfonodo esfregaço, fixa e cora ou semeado em meio de cultura (NNN) Biópsia de fígado ou baço - imprint e histopatologia. Pesquisa de leishmânias no sangue (leucócitos) centrifugação em tubo capilar creme leucocitário fixa e cora ou semeia em meio NNN. Cultura: incubada a 24º a 26ºC examinadas 5, 7 ou 10 dias após. Se negativa, repicar para novo meio 15 dias após. Imunológico: Pesquisa de anticorpos séricos 4
EPIDEMIOLOGIA Endêmica em regiões do velho e novo mundo. Os HI são flebotomíneos dos gêneros Phlebotomus (velho mundo) e Lutzomyia (novo mundo). A importância de uma espécie de flebotomíneo como transmissor da leishmaniose depende de seus hábitos alimentares (zoófilos ou antropófilos) e de seu habitat (silvestre, domiciliar ou peridomiciliar). Com o desmatamento e com a construção de habitações próximas às matas, a leishmaniose passou a ter um caráter mais urbano. Algumas espécies de flebotomíneos se tornaram domiciliares e peri-domiciliares, infectando assim mulheres, crianças e animais domésticos. Leishmania (V.) braziliensis: ocorre no norte, nordeste, sudeste e centro-oeste. É causadora de leishmaniose tegumentar em áreas urbanas e periurbanas (flebotomíneo transmissor tem hábitos domiciliares e é muito antropofílico). Tem animais silvestres como reservatórios. Leishmania (V.) guyanensis: restrita à região norte (áreas próximas às guianas). Ocorre principalmente em indivíduos que penetram nas florestas, não tendo um caráter urbano. Tem animais silvestres como reservatórios (preguiça, tamanduá e gambá). Leishmania (L.) amazonensis: encontrada na região da bacia amazônica e estados adjacentes. A infecção do homem é rara (L. flaviscutelata é pouco antropofílica e é silvestre). Os casos estão restritos a indivíduos que entram na mata. Tem como reservatórios roedores silvestres. Leishmania (L.) chagasi: nordeste é endêmico, casos em diversos estados como RJ e MG. É urbana (L. longipalpis se adaptou a ambientes domiciliares e peri-domiciliares). Tem como reservatório o cão doméstico que é muito importante, pois alberga grandes quantidades de parasitas na pele. PROFILAXIA Combate ao HI (inseticidas) Uso de repelentes e proteção pessoal ao entrar na mata Uso de telas de malha fina em habitações e canis Evitar construções residenciais próximas a florestas Diagnóstico e tratamento dos indivíduos parasitados Controle dos reservatórios (cães com L(L) chagasi - sacrifício) 5