TRATAMENTO ODONTOLÓGICO SOB ANESTESIA GERAL NO PROGRAMA DE ATENÇÃO HUMANIZADA A PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

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Transcrição:

TRATAMENTO ODONTOLÓGICO SOB ANESTESIA GERAL NO PROGRAMA DE ATENÇÃO HUMANIZADA A PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS MUNIZ, Daniele Regozino 1 ; VIANA, Karolline Alves 2 ; EUZÉBIO, Ludmilla Ferreira 3 ; MUNDIM, Ana Paula 4 ; COSTA, Luciane Ribeiro de Rezende Sucasas 5 ; MOREIRA, Thiago Anderson Cabral 6 ; GOMES, Heloisa de Sousa 7 Palavras-chave: Saúde bucal, assistência odontológica para pessoas com deficiência, unidade hospitalar de odontologia. Introdução O Programa de Atenção Humanizada a Pessoas com Necessidades Especiais (PAHPE) envolve ações que integram o eixo ensino-pesquisa-extensão, desenvolvidas em diversos cenários da Universidade Federal de Goiás (UFG) especialmente Faculdade de Odontologia, Faculdade de Medicina e Hospital das Clínicas (HC) com o objetivo de promover atenção odontológica humanizada e integral às pessoas com necessidades especiais, organizando e apoiando ações que visem à interação da universidade com a sociedade, gerando benefícios para ambas. O tratamento odontológico sob anestesia geral constitui uma das ações do PAHPE, por meio do projeto de extensão NESO (Núcleo de Estudos em Sedação Odontológica). Os procedimentos sob anestesia geral tem sido realizados no HC/UFG, envolvendo a participação de docentes, técnicos-administrativos alunos da UFG e profissionais voluntários, e tendo como público-alvo pacientes do próprio hospital ou triados através de outras ações do PAHPE. Sabe-se que o tratamento odontológico ambulatorial de crianças e adultos com distúrbios de comportamento e aprendizado é dificultado pelas limitações de cooperação, impedindo, na maioria das vezes, a correta realização e conclusão dos Resumo revisado pela Coordenadora da Ação de Extensão NESO Núcleo de Estudos em Sedação Odontológica, código FO-47. Nome da Coordenadora: Luciane Ribeiro de Rezende Sucasas da Costa. 1 Universidade Federal de Goiás- e-mail dani_rmuniz@yahoo.com.br 2 Universidade Federal de Goiás- e-mail karoll.viana@hotmail.com 3 Universidade Federal de Goiás- e-mail ludmilla.euzebio@gmail.com 4 Universidade Federal de Goiás- e-mail paulamundim@hotmail.com 5 Universidade Federal de Goiás e-mail lsucasas@odonto.ufg.br 6 Universidade Federal de Goiás- e-mail thiagoandrson@hotmail.com 7 Universidade federal de Goiás- e-mail hsousagomes@yahoo.com.br

procedimentos operatórios. Frente a estímulos dolorosos provenientes da região orofacial, esses indivíduos podem sofrer mudanças no comportamento, o que pode resultar em reações estereotipadas, auto-agressão e agressão física (COSTA, 2007). Assim, a anestesia geral torna-se um recurso adicional, e em algumas situações, ela pode ou deve ser instituída para o tratamento odontológico de pacientes com necessidades especiais (HADDAD, 2007). Aproximadamente 5% destes pacientes apresentam necessidade dessa modalidade de tratamento, fazendo-se necessária uma boa integração entre o cirurgião-dentista e a equipe médica que assiste tal paciente (ANDRADE, 2006; GLASSMAN, 2009). Entre os indivíduos que apresentam alguma alteração comportamental que dificulta a assistência odontológica destacam-se os autistas. O autismo é um transtorno do desenvolvimento caracterizado por alterações típicas desde idades muito jovens, relacionadas a desvios qualitativos da comunicação, na interação social, no uso da imaginação e motores. As particularidades que auxiliam na determinação do diagnóstico clínico do autismo são: atraso ou ausência total no desenvolvimento da fala; rejeição à interação social; comportamentos estereotipados; agressividade e ataques de raiva; repetição do que é dito; automutilação; irregularidades no desenvolvimento intelectual; vocalizações bizarras (CAMPOS, 2010; HADDAD, 2007). O atendimento odontológico ambulatorial do paciente autista exige uma aproximação cuidadosa e muitas vezes complicada pela situação de urgência e agravada pelas características do transtorno. A abordagem comportamental segue as técnicas não farmacológicas de controle do comportamento; quando estas falharem o uso da sedação é uma alternativa e, em casos de urgências e necessidades odontológicas acumuladas, o atendimento sob anestesia geral em ambiente hospitalar é mais seguro e prioritariamente indicado (COSTA, 2007; GLASSMAN, 2009; MUTHU, 2008). Com base no exposto, o propósito deste trabalho é apresentar um caso de tratamento odontológico de paciente autista e hiperativo, realizado sob anestesia geral. Considera-se que esse caso mereça divulgação devido às dificuldades enfrentadas para a prestação desse serviço em saúde pública, considerando recursos humanos e infra-estrutura.

Metodologia Trata-se de um relato de caso de procedimento odontológico sob anestesia geral em paciente com autismo e hiperatividade. Os dados foram obtidos prospectivamente e registrados no prontuário do paciente, que faz parte do PAHPE. Foi obtido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido com os responsáveis, que concordaram com o procedimento e autorizaram o uso dos dados e imagens do paciente. Resultados e discussão Paciente JOA, sexo masculino, 7 anos de idade, com diagnóstico de autismo e hiperatividade, em uso de risperidona. Em consulta de emergência devido a dor de dente, realizou-se sedação com 1mg/kg de midazolam, que não proporcionou comportamento satisfatório; indicou-se, portanto, anestesia geral. Durante consulta pré-anestésica, paciente encontra-se bastante agitado. Administrado, 15 minutos antes do procedimento, 10mg de midazolam via oral (0,5mg/kg). Submetido a anestesia venosa e inalatória, indução inalatória com sevoflurano 8%, seguido administração de fentanil e propofol, intubação naso-traqueal com tubo 4,5 com cuff, sem intercorrências. Manutenção com sevoflurano 3% em ventilação espontânea assistida. O tratamento odontológico incluiu: exodontia dos dentes 54, 55, 75 e 85; restauração de amálgma classe I- oclusional no dente 65; restauração de amálgma classe II-oclusodistal no dente 84; profilaxia e aplicação tópica de flúor. Ao final, paciente extubado, sonolento e encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica, onde permaneceu por cerca de 1 hora, sendo transferido para enfermaria. Recebeu alta hospitalar no mesmo dia devido a agitação, não aceitando permanecer no leito hospitalar. A equipe executora do procedimento foi: um residente de anestesiologia supervisionado por médico anestesiologista, dois residentes da área de saúde materno-infantil/odontologia, dois alunos de mestrado e um docente de odontologia. No caso clínico relatado, a indicação de anestesia geral se fez devido patologia de base, com importante alteração comportamental, impossibilitando estabelecer vínculo entre profissional de saúde e paciente. Associou-se também tentativa de sedação sem sucesso. A integração entre Odontologia, Anestesiologia e equipe médica assitente foi fundamental para resolução do caso clínico.

Sabe-se que pacientes com necessidades especiais precisam de tratamento odontológico mais frequentemente do que a população geral. Esse fato pode estar relacionado a maior dificuldade de manter cuidados preventivos adequados e acesso limitado aos centros de saúde. Além disso, os procedimentos nesses pacientes requerem anestesia geral ou sedação, dificultando ainda mais o acesso ao atendimento odontológico (GLASSMAN, 2009). Ressalta-se a importância de suporte psicológico e terapia comportamental associada a anestesia geral ou sedação profunda, principalmente nos pacientes com necessidades especiais. Além disso, com este acompanhamento psicológico, muitos indivíduos aceitam melhor o consultório odontológico, dispensando suporte farmacológico com sedação ou anestesia geral, acarretando menores custos e melhor qualidade de vida. As indicações para anestesia geral são específicas, e segundo a American Academy of Pediatric Dentistry (2011-2012) englobam, dentre outras, problemas graves de distúrbios de conduta, desordens psiquiátricas, severas restrições físicas e mentais, necessidades de tratamentos acumulados em portadores de doenças sistêmicas, procedimentos cirúrgicos em crianças muito novas onde há necessidade de tratamento extenso. O autismo, uma das situações em que a anestesia geral é indicada, é uma alteração cerebral que compromete o desenvolvimento psiconeurológico e afeta a capacidade da pessoa se comunicar, compreender e falar, afetando seu convívio social. Frequentemente está associado a retardo mental (HADDAD, 2007). Nesse sentido, o PAPHE tem, como um dos objetivos, capacitar os profissionais na atenção à saúde bucal nos pacientes com necessidades especiais, tendo como princípio a multidisciplinaridade, com foco educativo, preventivo e curativo. Tem demonstrado resultados bastante favoráveis, ressaltando a importância da integração de várias áreas de atuação na saúde para melhor recuperação desses pacientes, e consequentemente, melhor qualidade de vida. Conclusões A anestesia geral constituiu-se em procedimento seguro para o paciente autista e resolveu seu problema de dor de dente e de necessidades acumuladas de tratamento. A integração entre a Odontologia equipe médica assistente, incluindo Anestesiologia, foi fundamental para o êxito do presente caso clínico e melhoria das

condições de saúde do paciente. Baseado no princípio da integralidade do SUS, o PAHPE-NESO pode se consituir em serviço de referência às unidades básicas de saúde para o atendimento de casos de tratamento odontológico sob anestesia geral. Referências Bibliográficas AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRIC DENTISTRY. Guideline on behavior guidance for the pediatric dental patient. Pediatr Dent, v. 33, n. 6, p. 161-163, 2011-2012. ANDRADE, E.D. Terapêutica medicamentosa em odontologia. São Paulo: Artes Médicas, 2006, p.117-52. CAMPOS, C.C; FRAZÃO, B.B; SADDI, G.L; MORAIS, L.A; FERREIRA, M.G; SETÚBAL, P.C.O; ALCÂNTARA, R.T; JESUÍNO, F.A.S. Manual prático para o atendimento odontológico de pacientes com necessidades especiais. Goiânia: FUNAPE, 2010. 108p. COSTA, L.R.R.S; COSTA, P.S.S.; LIMA, A.R.A; REZENDE, G.P.S.R. Sedação em Odontologia: Desmistificando sua prática. Porto Alegre: Artes médicas, 2007. 202p. GLASSMAN, P. A review of guidelines for sedation, anesthesia, and alternative interventions for people with special needs. Spec Care Dent, v. 29, p.9-16, 2009. HADDAD, A.S. Odontologia para pacientes com necessidades especiais. São Paulo: Livraria Santos Editora, 2007. 723 p. MUTHU, M.S; PRATHIBHA, K.M. Management of a child with autism and severe bruxism: a case report. J Indian Soc Pedod Prev Dent, v. 26, suppl 2, p. 82-84, 2008.