PARECER CONSULTA CRM/PA PROCESSO CONSULTA N 19/2016 PROTOCOLO N 5832/2016 INTERESSADA: J.M.S.N. PARECERISTA: CONSELHEIRO ARTHUR DA COSTA SANTOS. EMENTA: Médico Militar. Legalidade na cumulação de cargos privativos a profissionais de saúde. Possibilidade. I- DA CONSULTA: Em 13/09/2016 o médico J.M.S.N. encaminha consulta ao CRM e inicialmente faz seus considerando e ao fim faz seu questionamento: ( \' Considerando que atualmente o CBMPA não possui médicos no seu Quadro de Oficiais de Saúde. Considerando que no dia 21 de Janeiro de 2016 fui outorgado' MÉDICO pela Universidade Federal do Pará sob o CRM-PA no 12.995. Considerando que temos no CBMPA uma demanda que está vem sendo realizada VOLUNTARIAMENTE oficial, devido á falta de médicos como já acima. solicito médica e por este referido Considerando que existe a necessidade em termos médicos para atender a demanda dos nossos militares no que diz respeito a homologações de atestados médicos, ambulatório médico, avaliação médica, prevenção em atividades operacionais, práticas esportivas, testes de aptidão física para promoções assim como orientações e assessoria técnica, dentre outros. Considerando que faço parte do Quadro de oficiais Combatentes do Corpo de Bombeiros Militar do Pará desde o ano de 2010 e que desempenho as minhas funções internas acumulativas com a de médico dentro do CBMPA, sem o prejuízo da primeira. Diante do exposto acima, CRM-PA uma orientação e/ou parecer se há alguma ilegalidade em exercer tal função MÉDICA, VOLUNTARIAMENTE, no CBMPA, ao Av. Generalíssimo Deodoro, 223 - Umarizal- CEP 66050-160 - Belém-PA e-mail: parecerconsuita@cremepa.org.br
haja vista que não sou do quadro de corporação. saúde da II- DO PARECER: A Lei n 10.029 de 20/10/2000 da Presidência da República - Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídicos, estabeleceu normas gerais para a prestação voluntária de serviços administrativos e de serviços auxiliares de saúde e de defesa civil nas Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares. transcreve-se abaixo: Seu conteúdo Art. 1 Os Estados e o Distrito Federal poderão instituir a prestação voluntária de serviços administrativos e de serviços auxiliares de saúde e de defesa civil nas Policias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares, observadas as disposições desta Lei. Art. 2 A prestação voluntária dos serviços terá duração de um ano, prorrogável por, no máximo, igual periodo, a critério do Poder Executivo, ouvido o Comandante-Geral da respectiva Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros Militar. Parágrafo único. O prazo de duração da prestação voluntária poderá ser inferior ao estabelecido no caput deste artigo nos seguintes casos: I - em virtude de solicitação ~o interessado; 11 quando o voluntário apresentar conduta incompatível com os serviços prestados; ou 111 - em razão da natureza do serviço prestado. Art. 3 Poderão ser admitidos como voluntários à prestação dos serviços: I homens, maiores de dezoito e menores de vinte e três anos, que excederem às necessidades de incorporação das Forças Armadas; e 11 - mulheres, na mesma faixa etária do inciso I. Art. 4 Os Estados e o Distrito Federal estabelecerão: I - número de voluntários aos serviços, que não poderá exceder a proporção de um voluntário para cada cinco integrantes do efetivo determinado em lei para a respectiva Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros Militar; 11 - os requisitos necessários para o desempenho das atividades ínsitas aos serviços a serem prestados; e 111 o critério de admissão dos voluntários aos serviços. Art. 5 Os Estados e o Distrito Federal poderão estabelecer outros casos para a prestação de serviços voluntários nas Polícias Militares e nos Corpos de Av. Generalissimo Deodoro, 223 - Umarizal- CEP 66050-160 - Belém-PA e-mail: parecerconsulta@cremepa.org.br
Bombeiros Militares, sendo vedados a esses prestadores, sob qualquer hipótese, nas vias públicas, o porte ou o uso de armas de fogo e o exercicio do poder de policia. Art. 6 Os voluntários admitidos fazem jus ao recebimento de auxilio mensal, de natureza juridica indenizatória, a ser fixado pelos Estados e pelo Distrito Federal, destinado ao custeio das despesas necessárias à execução dos serviços a que se refere esta Lei. ~ 1 O auxilio mensal a que se refere este artigo não poderá exceder dois salários minimos. ~ 2 A prestação voluntária dos serviços vinculo empregaticio, nem obrigação de trabalhista, previdenciária ou afim. não gera natureza Em Expediente CFM n. o 4825/2013 que trata de Médicos militares e da Possibilidade de acumulação de cargos privativos de profissionais de saúde, o Conselho federal de Medicina se manifestou da seguinte forma: Sabe que as forças armadas brasileiras possuem, em seus corpos e quadros, diversos profissionais da área de saúde, entre eles, médicos, dentistas, farmacêuticos e enfermeiros militares, cujo ingresso na carreira militar é feito mediante concurso público em que se exige habilitação especifica na área de saúde. Da mesma forma, as instituições militares dos Estados possuem quadros especificos para profissionais de saúde, cujo ingresso na carreira é feito mediante concurso público em que se exige habilitação especifica na área de atuação. Portanto, os médicos, dentistas, farmacêuticos e enfermeiros militares, exercem cargos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas, de modo que o idealismo que motivou a instituição de tais funções no seio das instituições militares não retira desses profissionais a condição de serem essencialmente profissionais da saúde. Sabe-se, também, que é vedado aos militares acumularem sua função com outra civil permanente, já que a CF/88 determina que o militar que assuma cargo civil permanente será transferido para a reserva, tudo com base no art. 142, ~ 3, 11, da CF/88, com a redação dada pela Emenda Constitucional n 18/98. Todavia, há que se diferenciar a situação do médico militar que acumulava cargo civil anteriormente à CF/88, já que para estes, por expressa previsão no art. 17, ~ 10, do ADCT (ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS), seria, em tese, possivel acumular ambos os cargos púbicos, civil e militar. Av. Generallssimo Deodoro, 223 - Umarizal- CEP 66050-160 - Belém-PA e-mail: parecerconsulta@cremepa.org.br
III- DA CONCLUSÃO: Devemos observar, todavia, que o exerc~c~o cumulativo de dois cargos privativos de profissionais de saúde, na ativa, é norma de exceção, portanto, de caráter transitório, somente se aplicando aos militares que já se encontravam naquela situação quando do momento da promulgação da Constituição, ou seja, 5 de outubro de 1988. Outro ponto a ser enfrentado, diz com a possibilidade de acumulação de cargos de profissionais de saúde por médico militar que esteja na reserva. Cabe observar, nesse diapasão, que o próprio Estatuto dos Militares permite, no intuito de desenvolver a prática profissional, que aos oficiais titulares dos Quadros ou Serviços de Saúde e de Veterinária, exerçam atividade técnico-profissional no meio civil, desde que tal prática não prejudique o serviço (art. 29, ~ 3 do EM). O que não se permite é o exercício concomitante dessas mesmas atividades na Administração Pública, enquanto o militar estiver em atividade, por expressa vedação constitucional (art. 142, ~3, inciso II, da CF). (grifos do autor) Pelo exposto acima, este SEJUR conclui que: 1. Em que pese haver na jurisprudência formada no âmbito dos Tribunais ordinários a possibilidade de se encontrar linhas hermenêuticas em sentido contrário, no sentido de permitir a cumulaçâo de cargos na hipótese em que o militar for também médico ou professor, desde que provada à compatibilidade de horários, tem-se que, por expressa previsão constitucional, é vedado aos servidores públicos federais militares, inclusive profissionais da saúde, a possibilidade de acumularem o posto ou a graduação com cargo público civil, em quaisquer das esferas políticas de poder. 2. Já quanto aos casos de acumulação indevida ocorridos até o advento da Constituição Federal de 1988, com base na norma do art. 17, parágrafos l e 2, do ADCT, tem-se que tais situações foram convalidadas, de modo que os médicos militares podem exercer cumulativamente os cargos de profissionais de saúde. 3. Por fim, no que se refere aos médicos das Forças Armadas, bem como os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, conclui-se que eles podem exercer, na inatividade, outro cargo ou emprego público privativos de profissionais de Av. Generalíssimo Deodoro, 223 - Umarizal- CEP 66050-160 - Belém-PA e-mai!: parecerconsulta@cremepa.org.br
,.,. saúde, na forma do contido no art. 37, inciso, XVI, letra "c" da Constituição da República. É o parecer, s.m.j. Belém, 05 de outubro de 2016. Or. ~~u~d~tos. cj2::lheiro Parecerista CRM/PA Lid O e Aprovado na Sessllo Plenário de: 2eu~ Av. Generalissimo Deodoro, 223 - Umarizal. CEP 66050-160- Belém.PA e.mai!: parecerconsulta@cremepa.org.br