Perfil epidemiológico dos pacientes com fraturas faciais atendidos em um hospital de Goiânia-Goiás

Documentos relacionados
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS TRAUMATISMOS BUCOMAXILOFACIAIS NA REGIÃO METROPOLITANA DE MARINGÁ-PR ENTRE OS ANOS DE 1997 E 2003

Levantamento Epidemiológico das fraturas faciais no hospital regional de urgência e emergência de Presidente Dutra - MA

Trabalho de Conclusão de Curso

Perfil epidemiológico dos pacientes portadores de fraturas de face

Traumatismo buco-maxilo-facial: experiência epidemiológica no primeiro ano do serviço de Residência da Especialidade

Índice de fraturas faciais no Hospital São Vicente de Paulo em Passo Fundo RS: estudo retrospectivo de dez anos

Facial trauma: analysis of 194 cases

Etiologia e incidência das fraturas faciais: estudo prospectivo de 108 pacientes

Epidemiologia das fraturas mandibulares em pacientes atendidos na região de Araçatuba

Análise Epidemiológica de Fraturas Bucomaxilofaciais em Pacientes Atendidos no Hospital Universitário de Santa Maria-Husm: um estudo retrospectivo

Campanha de Prevenção ao Trauma de Face: Promoção à Nome: Ladyanne Pavão de Menezes Coordenadora: Profª Drª Gabriela Granja Porto

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES PORTADORES DE FRATURAS FACIAIS

PERFIL DOS PACIENTES VÍTIMAS DE ACIDENTE DE TRANSITO ATENDIDOS PELO SAMU

Artigo Original TUMORES DO PALATO DURO: ANÁLISE DE 130 CASOS HARD PALATE TUMORS: ANALISYS OF 130 CASES ANTONIO AZOUBEL ANTUNES 2

Key words: Mandibular Injuries; Facial Injuries; Epidemiology.

Análise retrospectiva dos traumatismos buco-maxilofaciais em Pelotas, RS, em um período de 10 anos

rlas v.2, n.1 (2017) Artigo Completo: Incidência de traumatismos faciais

Análise do Tempo Médio de Internação em Pacientes com Fraturas Faciais em Hospitais de Urgência e Emergência da Paraíba PB

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

EPIDEMIOLOGIA DAS FRATURAS ZIGOMÁTICAS: UMA ANÁLISE DE 10 ANOS

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE 1758 FRATURAS FACIAIS TRATADAS NO HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO, RECIFE/PE

RESUMO INTRODUÇÃO. Artigo Original

AVALIAÇÃO DOS TRABALHOS III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE TRAUMA DO NORDESTE DIA 23 DE MAIO DE 2019 HORÁRIO TELA CÓDIGO TÍTULO

Prevalência de lesões corporais em região oro-facial registrados no Instituto Médico Legal de Pelotas/RS. 1. Introdução

Trabalho de Conclusão de Curso

OCORRÊNCIA DE TRAUMA NA REGIÃO BUCOMAXILOFACIAL NO INSTITUTO MÉDICO LEGAL DE PELOTAS/RS UM ESTUDO RETROSPECTIVO

Mário César Furtado da Costa

ATENDIMENTOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NA UPA E CORPO DE BOMBEIRO. Maria Inês Lemos Coelho Ribeiro 1 RESUMO

Acidentes com Motocicletas: Um Perfil dos Atendimentos Realizados no Hospital Getúlio Vargas -Recife - PE

RETALHOS ÂNTERO-LATERAL DA COXA E RETO ABDOMINAL EM GRANDES RECONSTRUÇÕES TRIDIMENSIONAIS EM CABEÇA E PESCOÇO

Etiologia e incidência das fraturas faciais: análise de 152 casos

PERFIL DOS ACIDENTES MOTOCICLÍSTICOS ENVOLVENDO IDOSOS ATENDIDOS EM SERVIÇO PRÉ-HOSPITALAR

Perfil das fraturas faciais em um serviço de emergência no Maranhão

Epidemiologia dos traumas de face do serviço de cirurgia plástica e queimados da Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Preto

Traumas faciais: uma revisão sistemática da literatura

Fraturas mandibulares na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul

Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada ISSN: Universidade Federal da Paraíba Brasil

Prevalência de complicações oftalmológicas em portadores de fraturas do complexo zigomático

Perfil das pessoas mortas na cidade de São Paulo em circunstâncias violentas (2011)

Pós-graduandos em nível de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela USC Bauru SP, Brasil. 2

ESTUDO EPIDEMILOGICO DO ÍNDICE DE PACIENTES IDOSOS COM TRAUMATISMO CRANIO-ENCEFÁLICO INTERNADOS EM UM HOSPITAL DO OESTE DO PARANÁ NO ANO DE 2009

Influência da lei seca no padrão das fraturas de face operadas no HCFMUSP

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE IDOSOS HOSPITALIZADOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc

PERFIL DO PACIENTE ATENDIDO NO PROJETO DE EXTENSÃO:

Perfil Epidemiológico dos Pacientes com Fraturas

Círculo de Palestras à Comunidade da Faculdade de Odontologia do Campus de Araçatuba.

TÍTULO: IDENTIFICAÇÃO DEMOGRÁFICA DOS ACIDENTES MOTOCICLÍSTICOS OCORRIDOS EM ASSIS-SP NOS ANOS DE 2016 E 2017

SECRETARIA DE SAÚDE SECRETARIA EXECUTIVA DE VIGILÂNCIA À SAÚDE GERÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Saraiva et al Análise quantitativa dos tipos de fraturas mais frequentes em pacientes atendidos nas clínicas de fisioterapia de Floriano-PI.

Universidade Estadual de Maringá- UEM Universidade Estadual de Maringá-UEM

CAUSAS EXTERNAS DCNT 5 CAUSAS EXTERNAS

Acidentes de Trânsito

Fraturas crânio-maxilo-faciais associadas a outras lesões no paciente politraumatizado

PERFIL DE PACIENTES COM FRATURAS MANDIBULARES ATENDIDOS NOS PLANTÕES DIURNOS DO SÁBADO E DOMINGO DO HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO: RECIFE/PE

TRAUMATISMO FACIAL EM PACIENTES ATENDIDOS EM UM HOSPITAL DE EMERGÊNCIA

Vigilância de Causas externas

Vigilância de Causas externas

Mandible fractures: a retrospective analysis of 27 cases*

Estudo da prevalência de fraturas mandibulares em Joinville-SC. Study of prevalence of mandibular fractures in Joinville-SC

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Estagiário do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Maria Amélia Lins - FHEMIG 2

Vigilância de Causas externas

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF PATIENTS WITH TRAUMATIC BRAIN INJURY (TBI) OF AN INTENSIVE THERAPY UNIT IN THE CITY OF RIO BRANCO-AC, WESTERN AMAZON

VANTAGENS DO USO DE SCORES DE TRAUMA

Trauma é o problema de saúde pública com maior potencial

IMPLANTAÇÃO DO PROJETO BIKE VIDA PARA ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA POR MEIO DE BICICLETAS NA CIDADE DE FORTALEZA

PERFIL DOS PACIENTES COM TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO EM UMA CIDADE DE PORTE MÉDIO

Avaliação epidemiológica das avulsões dentárias na dentição decídua em uma subpopulação Brasileira

PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGIO DOS PACIENTES COM LESÃO MEDULAR ATENDIDOS NO CENTRO DE ATENDIMENTO À DEFICIÊNCIA (CAD).

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA TRABALHO DE CONCLUÃO DE CURSO

Artigo Original. Carlson Batista Leal Cirurgião-Dentista pela Universidade de Pernambuco (UPE)

Morbidade por Causas Externas em Idosos e sua Relação com Lesões Maxilofaciais

diferenciação adotados foram as variáveis: gênero, faixa etária, caráter do atendimento e óbitos.

Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada ISSN: Universidade Federal da Paraíba Brasil

ÍNDICE E CARACTERÍSTICAS DAS MORTES VIOLENTAS EM IDOSOS NO ANO DE 2012 EM CAMPINA GRANDE/PB.

Carlos Alberto Rosa da Silva Filho * Emanuel Sandro dos Reis * Ivana Gláucia Paes de Barros **

CULTURA DE SEGURANÇA: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE ENSINO

Epidemiological profile of surgical ankle and foot injuries caused by motorcycle accidents attended at a state emergency hospital in Bahia

UFSM - Universidade Federal de Santa Maria Semana do Servidor Público 2017 e II Simpósio em Gestão Pública Santa Maria/RS De 28/10 a 01/11/2017

PERFIL DOS TRAUMATISMOS MAXILOFACIAIS NO SERVIÇO DE CTBMF DO HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO RECIFE PE

TÍTULO: ACIDENTES ENVOLVENDO CRIANÇAS E O CONTEXTO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

BICICLETAS 2008 BICICLETAS

Lesão de tecido mole em pacientes vítimas de trauma buco-maxilo-facial

Prevalência de fraturas mandibulares no serviço de residência em cirurgia bucomaxilofacial do Hospital Universitário do Oeste do Paraná

Acidentes de Trânsito

INTERNAÇÕES DE CICLISTAS TRAUMATIZADOS EM ACIDENTES POR TRANSPORTE NO ESTADO DO CEARÁ.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE IDOSO INTERNADO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

Revisão de 150 casos de fratura de mandíbula entre os anos de 2010 e 2013 no Hospital Universitário Cajuru - Curitiba, PR

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO TRAUMA DE FACE DOS PACIENTES ATENDIDOS NO PRONTO SOCORRO DE UM HOSPITAL PÚBLICO

CÂNCER ORAL E OS DESAFIOS DO DIAGNÓSTICO PRECOCE: REVISÃO DE LITERATURA.

PESQUISA. Revista Brasileira de Ciências da Saúde ISSN

I Workshop dos Programas de Pós-Graduação em Enfermagem PERFIL DAS INTOXICAÇÕES EXÓGENAS EM UM HOSPITAL DO SUL DE MINAS GERAIS

PROMOÇÃO DE SAÚDE NAS ESCOLAS: NOÇÕES BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS PARA PROFESSORES

Artigo Original TRATAMENTO DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NO IDOSO ACIMA DE 80 ANOS

NORMALIZAÇÃO PARA ELABORAÇÃO DE MONOGRAFIAS- UNIFAL-MG ODONTOLOGIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

A distribuição etária dos pacientes é muito semelhante à distribuição etária das vítimas de Acidentes de Trânsito no Brasil, publicada pelo

CARACTERIZAÇAO SOCIODEMOGRÁFICA DE IDOSOS COM NEOPLASIA DE PULMAO EM UM HOSPITAL DE REFERENCIA EM ONCOLOGIA DO CEARA

1 SUSAN P. Baker et. al. The Injury Fact Book. New York, Oxford University Press, 1992, p. 216.

Transcrição:

Perfil epidemiológico dos pacientes com fraturas faciais atendidos em um hospital de Goiânia-Goiás Epidemiological profile of patients with facial fractures treated at one hospital in Goiânia, Goiás Bruna Godoy Vasconcelos 1, Lucas Antônio de Carvalho e Silva 1, Alberto Ferreira da Silva Júnior 2, Carlos Rodolfo Mohn Neto 2, Claudio Maranhão Pereira 2 1 Curso de Odontologia da Universidade Paulista, Goiânia-Goiás, Brasil; 2 Departamento de Diagnóstico Bucal da Universidade Paulista, Goiânia-Goiás, Brasil. Resumo Objetivo Analisar prontuários de pacientes com traumas faciais submetidos a tratamentos cirúrgicos para traçar o perfil desses pacientes e posteriormente facilitar o planejamento de campanhas de prevenção a traumatismos O traumatismo físico é um grave problema de saúde pública que acomete o país. A região de cabeça e pescoço, em especial a face, está entre as regiões anatômicas mais acometidas. Em geral traumatismos faciais ocasionam lesões e sequelas que necessitam de intervenção pela equipe de urgência hospitalar. Estudos epidemiológicos são fundamentais para planejar e avaliar as ações de saúde coletiva. Métodos Trata-se de uma análise descritiva transversal de 248 casos que chegaram ao Departamento de Cirurgia Bucomaxilofacial do Hospital de Urgências de Goiânia no período de Janeiro a Julho de 2013. Resultados Os dados obtidos pssibilitaram dividir as categorias idade, gênero, causa do trauma e região da face mais acometida. A faixa etária mais comum está entre 20 a 35 anos com 45,7% de incidência. O gênero masculino mostrou-se o mais acometido com 79,4%. Dentre as etiologias encontradas, o acidente de trânsito foi a causa mais frequente (44,3%) destacando-se os acidentes de moto. O terço inferior da face foi o mais atingido (57,7%). Conclusões Conclui-se que os acidentes de trânsitos ainda são a grande causa de traumatismo facial e que o perfil dos pacientes são adultos jovens, desta forma é de suma importância a implementação de ações preventivas para tentar reduzir as causas, lesões e sequelas. Descritores: Saúde Pública, Epidemiologia; Acidentes de trânsito; Pacientes Abstract Objective To examine records of patients with facial trauma underwent surgical treatments to profile these patients and subsequently facilitate the planning of injury prevention campaigns. Physical trauma is a serious public health problem in the country. The head and neck region, especially the face, is among the most affected anatomical regions. In general cause facial trauma injuries and sequelae that require intervention by hospital emergency staff. Epidemiological studies are essential to plan and evaluate public health actions. Methods This is a descriptive cross-sectional analysis of 248 cases brought to the Department of Oral andmaxillofacial Surgery, Emergency Hospital of Goiania in the period January to July 2013. Results The obtained data permit to divide the categories age, gender, cause of trauma and region face most affected. The most common age is between 20-35 years, with 45,7% incidence. The male gender was the most affected with 79.4%. Amog the etiologies, the traffic accident was the most frequent cause (44.3)%, highlighting the motorcycle accidents. The lower third of the face was the most affected (57.7%). Conclusions It is concluded that traffic accidents are still a major cause of facial trauma and that the profile of the patients are young adults, this way is extremely importatn to implement preventive actions to try to reduce the causes, injuries and sequelae. Descriptors: Public Health; Epidemiology; Traffic accidents; Patients Introdução O traumatismo é um dos mais importantes problemas de saúde pública no mundo e as lesões decorrentes deste que atingem a região bucomaxilofacil estão entre as mais comuns nos centros de tratamento de emergência/urgência 1. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, os traumas físicos estão entre as principais causas de morte e morbidade no mundo. A cada dia 16.000 pessoas morrem em decorrência de traumatismos físicos 2. A Organização Mundial de Saúde (2004) 3, baseada no relatório mundial de prevenção para traumatismos rodoviários, divulgou que a cada dia aproximadamente 140.000 pessoas são vítimas de acidentes de trânsito. Dentre os principais fatores de riscos para se envolver em acidentes de trânsito está a necessidade de se expor ao tráfego rodoviário, velocidade excessiva, uso de substâncias tóxicas e deficiente sinalização das vias. A gravidade e as consequências dos traumatismos sofridos dependem da demora em detecção do acidente, transporte ao serviço de urgência e falta de assistência até chegar ao centro de cuidados médicos 4-5. Vários estudos demonstram que os padrões das fraturas faciais são influenciados por fatores geográficosocioeconômicos e que o sucesso no tratamento dos pacientes depende de medidas preventivas e do conhecimento da epidemiologia dessas lesões 6-7. A incidência de traumas faciais pode ser reduzida por medidas educativas, como o uso rotineiro do cinto de segurança e do capacete, pelo menor consumo de álcool e por estratégias no intuito de evitar a crescente violência interpessoal 8, Sabendo-se que o trauma físico é um problema de saúde pública no Brasil e que a região de cabeça e pescoço é uma das mais acometidas, faz-se necessário o estabelecimento de medidas preventivas imediatas. 241

Para tanto, o estudo epidemiológico destes pacientes é fundamental para planejar e avaliar ações de saúde coletiva. Desta forma, o presente estudo tem o objetivo de analisar os prontuários dos pacientes com traumas faciais atendidos no Hospital de Urgências de Goiânia HUGO, no período de Janeiro a Julho de 2013 e desta forma traçar o perfil desses pacientes para que posteriormente tenha-se mais facilidade para planejar medidas de prevenção. Métodos Foram avaliados 248 prontuários de pacientes com traumas faciais submetidos a tratamento cirúrgico no Hospital de Urgências de Goiânia HUGO, no período de Janeiro a Julho de 2013. Foi avaliado o gênero, faixa etária, causas do trauma e terço da face mais acometido. A categoria causa, foi separada em quatro variáveis: agressão física, acidentes de trânsito, quedas e outros. A análise estatística foi realizada pelo programa SPSS for Windows, versão 16.0. Para avaliar a diferença entre as variáveis analisadas foi utilizado o teste Exato Qui Quadrado com nível de significância o valor 5% (p<0,05). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, protocolo nº 353.968 da Universidade Paulista UNIP. Resultados Dos 248 pacientes analisados, 197 (79,4%) eram do gênero masculino e 51 (20,6%) do gênero feminino. A faixa etária mais acometida foi de 20 a 35 anos de idade (45,7%). Analisando apenas o gênero masculino, a faixa etária de 20 a 35 anos também foi o que mais sofreu alguma intervenção cirúrgica (47,2%). Já no gênero feminino houve uma grande incidência tanto na faixa etária <20 anos (40,0%) quanto na de 20 a 35 anos (40,0%). Os acidentes de trânsito (44,3%) e agressões físicas (27,9%) são as variáveis mais comuns da categoria Causa. Na subdivisão Tipo de Agressão Física o espancamento recebe destaque com 58%, já no Tipo de Acidente de trânsito os que envolveram moto prevaleceu com 61,5% dos casos. A variável outros inclui acidentes domésticos, de trabalho, esportivos dentre outros que não tiveram grande frequência durante a coleta de dados (Gráfico 1). Os sítios anatômicos da face em que foi acometido o trauma facial foram divididos em terços: o terço inferior (57,7%) e médio (46,4%) (Tabela 1). A variável causa mostrou-se grandes valores em Acidentes de Trânsito tanto para homens (44,1%) quanto às mulheres (44,9%), dentre estes valores encontrados, os acidentes de trânsito causados por motos se mostrou evidente em ambos os gêneros masculino e feminino com 63,4% e 54,5%, res pec tivamente. Já no tipo de agressão física, os homens tem se mostrado mais vítimas de PAF (Projétil de Arma de Fogo) (34,5%) e as mulheres foram espancamentos (71,4%). Das regiões da face em que o trauma foi acometido, os homens apresentarm algum tipo de intervenção no terço médio em 48,2% dos casos e 55,3% no terço inferior. já as mulheres Tabela 1. Frequência dos fatores gênero, idade, causa e região de face acometida de acordo com os pacientes com fraturas faciais (Janeiro a Julho de 2013). Fator n % Gênero Masculino 197 79,4 Feminino 51 20,6 Idade < 20 anos 63 25,5 20 a 35 anos 113 45,7 36 a 50 anos 52 21,1 > 50 anos 19 7,7 Total 247 100,0 Causa Agressão física 68 27,9 Acidente de trânsito 108 44,3 Quedas 26 10,7 Outros 42 17,2 Total 244 100,0 Espancamento 40 58,0 PAF 22 31,9 FAB 2 2,9 Animais 5 7,2 Total 69 100,0 Tipo de Acidente de trabalho Moto 64 61,5 Carro 26 25,0 Bicicleta 4 3,8 Atropelamento 10 9,6 Total 104 100,0 Acometimentos em terço médio da face Não 133 53,6 Sim 115 46,4 Acometimento em terço inferior da face Não 105 42,3 Sim 143 57,7 apresentaram maior acometimento no terço inferior da face com 66,7%, mas o terço médio também foi bastante atingido (39,2%) (Tabela 2). Em Agressões Físicas, Acidentes de Trânsito e outros tipos de causas, a idade de 20 a 35 anos prevaleceu com 55,9%, 51,4% e 40,5% respectivamente (Gráfico 2). Dos que sofreram algum tipo de agressão física, 41,2% envolveram o terço médio e 60,3% o terço inferior da face. Os acidentes de trânsito envovleram o terço médio (50,0%) e inferior (61,0%) com resultados semelhantes estatisticamente. As quedas envolveram mais terço inferior com 80,0% dos casos. Das vítimas de agressão física, 53,6% tinham entre 20 e 35 anos, 60,9% foram atingidos no terço inferior da face e 43,5% no terço médio. Quando comparado o tipo de acidente de trânsito, a maioria das vítimas de acidentes com moto e carro possuíam entre 20 e 35 anos de idade (55,6% e 53,8%) e mais que 50% destas tiveram acometimento no terço 242 Perfil epidemiológico dos pacientes com fraturas faciais

Tabela 2. Comparação da variável Gênero em relação às demais variáveis dos 248 pacientes com fraturas faciais no Hospital de Urgências de Goiânia-Goiás entre janeiro a julho de 2013. Gênero Masculino Feminino p n % n % Idade < 20 anos 43 21,8 20 40,0 20 a 35 anos 93 47,2 20 40,0 36 a 50 anos 46 23,4 6 12,0 > 50 anos 15 7,6 4 8,0 Total 197 100,0 50 100,0 0,045 Causa Agressão física 55 28,2 13 26,5 Acidente de trânsito 86 44,1 22 44,9 Quedas 21 10,8 5 10,2 Outros 33 16,9 9 18,4 Total 195 100,0 49 100,0 0,991 Espancamento 30 54,5 10 71,4 PAF 19 34,5 3 21,4 FAB 2 3,6 0 0,0 Animais 4 7,3 1 7,1 Total 55 100,0 14 100,0 0,646 Não 142 72,1 37 72,5 Sim 55 27,9 14 27,5 Total 197 100,0 51 100,0 0,947 Tipo de acidente de trânsito Moto 52 63,4 12 54,5 Carro 21 25,6 5 22,7 Bicicleta 4 4,9 0 0,0 Atropelamento 5 6,1 5 22,7 Total 82 100,0 22 100,0 0,096 Acomentimento em terço médio da face Não 102 51,8 31 60,8 Sim 95 48,2 20 39,2 Total 197 100,0 51 100,0 0,250 Acometimento em terço inferior da face Não 88 44,7 17 33,3 Sim 109 55,3 34 66,7 Total 197 100,0 51 100,0 0,144 Teste Qui Quadrado Gráfico 1. Avaliação da causa dos traumatismos faciais dos 248 pacientes atendidos no Hospital de Urgências de Goiânia- Goiás entre janeiro e julho de 2013. Gráfico 2. Comparação da variável causa em relação à faixa etára dos 248 pacientes com fraturas faciais atendidos no Hospital de Urgências de Goiânia-Goiás entre janeiro e julho de 2013. 243 Perfil epidemiológico dos pacientes com fraturas faciais

inferior da face. Dos acidentes por bicicletas a maioria apresentou acima de 50 anos de idade (50,0%) com 100% dos casos acometendo o terço inferior e 50,0% o terço médio da face. Discussão Desde muito tempo o traumatismo bucomaxilofacial recebe destaque em relação às urgências 1-2,5-7,9-11. A análise do perfil epidemiológico dos pacientes submetidos a trauma para controle e prevenção é de suma importiancia para o sistema de saúde. No presente estudo, a distribuição de acordo com o gênero, observa-se a predominância do masculino (79,4%) em relação ao feminino (20,6%), uma relação aproximada de 4:1, dado próximo ao encontrado em outros estudos 11-16. Esta predominância pode estar relacionada às exposições a atividades que envolvem maior esforço físico, violência e imprudência no trânsito. O traumatismo em cabeça e pescoço ocorre em grande parte dos acidentes afetando a face devido às estrutura faciais localizarem anteriores ao crânio e à ausência de proteções externas a essas estruturas. O sítio da face mais afetado foi o terço inferior, mas o terço médio obteve pouco diferença de acometimento em relação ao inferior. Estes falores significam que em um mesmo indivíduo, mais de um terço pode ter sido envolvido. O terço superior da face não foi incluso nesta pesquisa, pois em casos que envolveram o mesmo, foi a equipe de Neurologia que atuou neste sítio. Os dados obtidos se aproximam dos encontrados em outros trabalhos 8,1,17-18. A faixa etária mais prevalente foi de 20 a 35 anos (45,7) dado encontrado também nos estudos de Carvalho et al. (2010) 16 ; Silva et al. (2010) 8 ; Brasileiro et al. (2010) 19 ; Rabêlo Júnior e Santana (2011) 20 ; Santos et al. (2012) 13 que relataram que a idade média variou entre 20 e 39 anos. Diante do exposto, estudos que fornecem informações sobre traumas faciais são de extrema importância, visto que o perfil dos pacientes traumatizados depende muito de fatores socioeconômicos e geográficos, podendo mudar as características mais comuns de uma região para outra. A ação educativa preventiva juntamente com uma equipe de emergência preparada é capaz de minimizar os acidentes e prevenir possíveis sequelas ao paciente que é atendido no âmbio hospitalar. Conclusão Diante da análise descritiva dos casos, conclui-se que o perfil dos pacientes do Hospital de Urgências de Goiânia-HUGO com trauma de face são homens, jovens (20 a 35 anos). Os acidentes de trânsito foram os principais fatores da causa de trauma, mas devem-se destacar as agressões físicas que foram significativas em relação à de maior prevalência. É necessário o preparo da equipe de cirurgia bucomaxilofacial para este tipo de perfil de pacientes, além do desenvolvimento de estratégias de prevenção para reduzir os acidentes lesões e possíveis sequelas. Referências 1. Lalani Z, Bonanthaya KM. Cervical spine injury in maxillofacial trauma. Br J Oral Macillofac Surg. 1997;35(4):243-5. 2. Krug EG, Sharma GK, Lozano R. The global burden of injuries. J Public Health. 2000;90(4):523-6. 3. Organização Mundial da Saúde. A segurança rodoviária não é acidental [acesso 21 jun 2013]. Disponível em:http://whqlibdoc.who.int/hq/2004/who_nmh_vip_03.4_por.pdf. 4. Willemann ER. Trauma de face em vítimas de acidente de motocicleta relacionado ao uso do equpamento de proteção individual (EPI) [dissertação de mestrado]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina. 2003. 5. Gassner R, Tuli T, Hachi O, Rudish A, Ulmer H. Cranio maxillo facial. Trauma: a 10 year review of 9543 cases with 21067 injuries. Cranio Maxillofac Surg. 2003;31:51-61. 6. Ebraim H, Jaber M, Fanas S, Karas M. The patterns of maxillofacial fractures insharjah, United Arab Emirates: A review of 230 cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2004;98:166-70. 7. Ansari MH. Maxillofacial fractures in Hamedan province, Iran: a retrospective study (1987-2001). J Craniomaxillofac. Surg. 2004; 32:28-34. 8. Silva JJl, Lima AAAS, Melo IFS, Maia RCL, Tadeu Filho RCP. Trauma facial: análise de 194 casos. Fortaleza. 2010. 9. Le Fort R. Etude Expérimental e sur les fractures de la machoire superieure, Rev Chir Paris. 1901;23:208-27. 10. Langfitt TW Measuring the outcome from head injuries. J Neurosurg. 1978;48:673-8. 11. Freitas R, Souza DFM. Fraturas dos terços médio, superior e panfaciais. In: Freitas R. Tratado de cirurgia bucomaxilo facial. São Paulo: Santos. 2006. 12. Leles JLR, Santos EJ, Jorge FD, Silva ET, Leles CR. Risk factors for maxillofacial injuries in a Brazilianemergency hospital sample. J Appl Oral Sci. 2010;18(1):23-9. 13. Santos CML, Musse JO, Cordeiro IS, Martins TMN. Estudo epidemiológico dos traumas bucomaxilofaciais em um hospital público de Feira de Santa, Bahia de 2008 a 2009. Rev Baiana Saúde Pública. 2012;36(2):502-13. 14. Wulkan M, Parreira Júnior JG, Botter DA. Epidemiologia do trauma facial. Rev Assoc Med Bras. 2005;51(5). 15. Freitas DA, Caldeira LV, Pereira ZM, Silva AM, Freitas VA, Antunes SLNO. Estudo epidemiológico das fraturas faciais ocorridas na cidade de Montes Claros/MG. Rev Bras Cir Cabeça Pescoço. 2009. 38(2):113-5. 16. Carvalho TBO, Cancian LRL, Marque CG, Piatto VB, Maniglia JV, Molina FD. Seis anos de atendimento em trauma facial: análise epidemiológica de 355 casos. l Braz J Otorhinolaryngol. 2010;76(5). 17. Motamed MHK. An assessment of maxillofacial fractures: 5- uear study of 237 patients. J Oral Maxilo-Fac. 2003;61-4. 18. Macedo JLS, Camargo LM, Almeida PF, Rosa SC. Perfil epidemiológica do trauma de face dos pacientes atendidos no pronto socorro de um hospital público. Rev Col Bras Cir. 2008; 35(1). 19. Brasileiro BF, Vieira JM, Silveira CES. Traumatismos faciais por acidentes motociclístico em Aracaju/SE. Rev Cir Traumatol Buco- Maxilo-Facial, Camaragibev. 2010;10(2):97-104. Vasconcelos BG, Silva LAC, Silva Júnior AFS, Mohn Neto CR, Pereira CM. 244

20. Rabêlo Junior PMS. Análise retrospectiva dos traumas faciais associados aos traumas cervicais dos pacientes atendidos na área de Cirurgia Buco-maxilo-faciais da Faculdade de Odontologia de Piracicaba Unicamp, no período de 1999 a 2009 [tese doutorado]. Piracicaba-SP: Faculdade de Odontologia de Piracicaba Unicamp. 2011. Endereço para correspondência Claudio Maranhão Pereira Universidade Paulista Instituto de Ciências da Saúde Departamento de Diagnóstico Bucal Coordenação de Odontologia SGAS Quadra 913, s/nº Conj. B Asa Sul Brasília-DF, CEP 70390-130 Brasil E-mail: odontologiabrasilia@unip.br Recebido em 15 de agosto de 2014 Aceito em 29 de agosto de 2014 245 Perfil epidemiológico dos pacientes com fraturas faciais