FCUL Mestrado em Didáctica das Ciências 2004/2006 Metodologia da Investigação I Aprender a Observar...Observando! António Barão Mestrado Formação Pessoal e Social Marisa Temporão Paula David Mestrado Didáctica das Ciências
O que é a Observação? Os métodos de observação directa constituem os únicos métodos de investigação social ( à excepção de investigação-acção) que captam os comportamentos no momento em que eles se produzem e em si mesmos, sem a mediação de um documento ou testemunho. Quivy & Campenhoudt, 2003 Os dados observacionais devem permitir ao investigador entrar e compreender a situação que está a ser descrita. Paton, 1990 (citado em Cohen, 199)
A observação adequa-se mais a: Uma análise de comportamentos espontâneos Percepção do não verbal e daquilo que ele revela, como códigos de comportamentos Quivy & Campenhoudt, 2003
Principais Vantagens Apreensão dos comportamentos e dos acontecimentos no próprio momento em que se produzem Recolha de comportamentos e atitudes espontâneas Autenticidade relativa dos acontecimentos Quivy & Campenhoudt, 2003
Tipos de Observação Grau de envolvimento do observador: Observação Participante Observação Não Participante Grau de estruturação da observação: Estruturada Semi-estruturada Não estruturada
Observação Não Participante O observador não está directamente envolvido na situação a observar, isto é, não interage nem afecta de modo intencional o objecto de observação Os sujeitos não sabem que estão a ser observados Vantagens: observa-se uma situação como ela realmente ocorre, sem existir qualquer interferência do investigador Desvantagens: nem sempre são fáceis de realizar não se tem acesso a dados que poderão ser importantes
Observação Participante O observador torna-se parte da situação a observar Pode ser geradora de hipóteses para o problema da investigação Existem diferentes níveis de participação: Menor Maior O observador assiste à situação O observador age na situação Por exemplo, estudos etnográficos
Vantagens: Pode-se retirar informações sobre as causas geradoras dos comportamentos Recolhe-se mais dados, que podem ser potencialmente importantes e úteis. Desvantagens: Analisar os dados resultantes e tirar conclusões não é fácil. Com o aumento do nível de participação, o observador pode perder a objectividade. A presença do observador pode influenciar a situação, perdendo-se espontaneidade e rigor.
Observação Estruturada O observador sabe previamente o que vai observar e já organizou as categorias de observação de acordo com os seus objectivos. É sistemática. Permite formar dados numéricos a partir da observação. Observação Semi-Estruturada O observador tem algumas categorias de observação elaboradas, mas está aberto à formação de novas categorias. Observação Não Estruturada O observador não sabe o que procura e vai simplesmente observar para decidir o que pode ser significativo para a pesquisa. Para recolha de dados numa investigação, utiliza-se a observação estruturada ou semi-estruturada. Cohen (2000)
Como conduzir uma Observação? É necessário tempo e amostras pequenas Definição de variáveis (categorias de observação) que se pretende observar Registo das observações Formação e treino dos observadores Gay, 1986
Definição de variáveis O que se observa depende da hipótese a ser testada. O investigador tem de decidir claramente que comportamentos estão ou não relacionados com o que se pretende estudar. Definição de uma unidade de tempo. Gay, 1986
Registo das Observações Os observadores devem apenas registar e observar um comportamento de cada vez. O registo deve ser feito no momento da acção. O processo de registo deve ser simples e acessível. Gay, 1986
Como conseguir a fiabilidade de uma observação? Preferencialmente, deve existir mais do que um observador Usar períodos de observação mais pequenos Gravar em vídeo ou audio as situações a observar Gay, 1986
Formação e Treino dos Observadores Os observadores: devem ser treinados de modo a garantir que todos observam e registam os comportamentos da mesma maneira devem ser instruídos de modo a saberem o que é exactamente necessário para a investigação em causa Gay, 1986
Enviesamento da Observação Pode afectar a validade da observação Refere-se a observações inválidas Parcialidade do observador efeito Halo Alterações de comportamento dos indivíduos quando sabem que estão a ser observados Gay, 1986
Referências Bibliográficas Cohen, L., Manion, L. & Morrison, K. (2000). Research methods in Education. 5ª Edição. Londres: Routledge. Gay, L.R. (1986). Educational Research Competencies for Analysis and Application. 3ª Edição. Columbus: Merril Publishing Company. Quivy, R. & Campenhoudt, L. (2003). Manual de investigação em Ciências Sociais. 3ª Edição. Lisboa: Gradiva