Introdução à química dos compostos organometálicos

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Transcrição:

Introdução à química dos compostos organometálicos Ocorre quando há ligação carbonometal, localizada ou deslocalizada, entre um ou mais átomos de carbono de um grupo orgânico ou molécula e um átomo metálico do grupo principal, de transição, lantanídeo ou actinídeo."

QUÍMICA ORGANOMETÁLICA DOS ELEMENTOS PRINCIPAIS GOVERNADA PELO CENTRO METÁLICO QUÍMICA DOS COMPOSTOS DOS ELEMENTOS DO BLOCO d A NATUREZA DO LIGANTE É QUE GERALMENTE PREDOMINA

TIPOS DE COMPOSTOS ORGANOMETÁLICOS Iônicos: apresentam propriedades típicas dos compostos iônicos: sólidos cristalinos insolúveis em hidrocarbonetos, sensíveis ao ar a à umidade (metais alcalinos, carbono, actinídeos e lantanídeos); Covalentes: são voláteis, solúveis em solventes orgânicos, insolúveis em água (grupos 3 a 12); Deficientes em elétrons: os elementos dos grupos 13 e 16 formam predominantemente ligações covalentes e muitas vezes deficientes em elétrons, da mesma forma que o Li, o Be e o Mg).

Compostos organometálicos dos blocos s e p: descrita tipicamente por ligações σ. Compostos organometálicos do bloco d: descrita tipicamente por ligações σ, π e até δ. Os compostos organometálicos de metais d têm poucas configurações eletrônicas estáveis, com um total de 16 ou 18 elétrons de valência em torno do átomo metálico. Esta restrição de configurações eletrônicas decorre da força das interações ligantes π.

A Regra dos 18 elétrons: O metal de transição tende a adquirir a configuração de um gás nobre, aceitando e - do ligante para completar 18 e - na camada de valência [(n-1)d 1 ns 2 np 6 ]. Cr(CO) 6 Fe(CO) 5 Ni(CO) 4 (CO) 6 Mn-Mn(CO) 5 (CO) 4 Co-Co(CO) 4 Cr Fe Ni Mn Co n o de e - 6 8 10 7 9 contribuição do CO 2 x 6 2 x 5 2 x 4 2 x 5 2 x 4 6 + 12 = 18 8 + 10 = 18 10 + 8 = 18 7 + 10 + 1 = 18 9 + 8 + 1 = 18 O número máximo de elétrons é 18. Quando o número de elétrons é inferior a 18, diz-se que o complexo é coordenativamente (ou eletronicamente) insaturado. Complexos coordenativamente insaturados, contendo 14 ou 16 elétrons, são os mais importantes em catálise. Correção: O último composto é: (CO) 5 Mn-Mn(CO) 5

COMPLEXOS ORGANOMETÁLICOS COM 16 ELÉTRONS DE VALÊNCIA SÃO COMUNS PARA OS CENTROS METÁLICOS DO BLOCO d QUE SE ENCONTRAM NO LADO DIREITO DA TABELA PERIÓDICA, PARTICULARMENTE NOS GRUPOS 9 E 11. Tais compostos são geralmente quadráticos planos. Menos que 18 e - Usualmente 18 e - 16 ou 18 e - Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd La Hf Ta W Re Os Ir Pt Exceções à regra dos 18/16 elétrons são comuns nos elementos do bloco d situados no lado esquerdo da tabela periódica. Particularmente comum em complexos neutros contendo dois grupos ciclopentadienil.

A REGRA DOS 18 ELÉTRONS Exemplos de cálculos Ex. 1) [Cr(CO) 6 ] Cr: 6 e - 6 CO: 12 e - 18 e - Ex. 2) Mn 2 (CO) 10 Mn: 7 e - 5 CO: 10 e - M-M: 1 e - 18 e - Ex. 3) Mo( 6 -C 6 H 6 ) 2 Mo: 6 e - 2 x C 6 H 6 : 12 e - 18 e - Ex. 4) [Co( 5 -C 5 H 5 ) 2 ] + Co: 9 e - 2 x C 5 H 5 : 10 e - Carga positiva: -1 e - 18 e -

Alguns ligantes se ligam a mais de um átomo metálico no mesmo composto (ligantes em ponte). Usa-se então o símbolo μ, seguido do número de átomos com que ele faz ponte (Ex. μ 3 -CO). Ligantes com átomos de carbono doadores podem se ligar através de vários pontos de contato ( Hapticidade ) representada pelo símbolo η, seguido do número de pontos de contato do ligante com o átomo metálico.

A ligação metal-alqueno

COMPLEXOS COM LIGANTES OLEFÍNICOS A coordenação de olefinas ao centro metálico se dá através dos dois átomos de carbono.

A ligação M-CO pode ser descrita como uma ligação, através do encobrimento do orbital do carbono e um orbital d vago do M. O fluxo de elétrons do CO para o centro metálico leva a um aumento da densidade eletrônica no M que, por sua vez, tende a reduzir essa densidade eletrônica empurrando elétrons de volta para o L. Os orbitais d do M que possuem simetria adequada interagem com o orbital * do CO formando uma ligação. A retrodoação enfraquece a ligação C-O, enquanto a ligação M-C é fortalecida, tendendo a um caráter de ligação dupla (forma canônica C). Simbolicamente: M

Além de poder se ligar de forma terminal nos complexos monometálicos, a carbonil pode atuar como um ligante em ponte entre dois ou três centros metálicos: Os ligantes isonitrilas (R-N C), nitrogênio (N N) e tiocarbonil (C S) apresentam comportamento semelhante ao do CO em relação aos centros metálicos do bloco d. Esses complexos carbonil podem ser considerados, formalmente, um grupo CO de função tipo cetona orgânica.

Hapticidade A hapticidade de um ligante é o número de seus átomos que estão a uma certa distância da ligação do átomo metálico, ou seja, é o número de átomos do ligante ligados diretamente ao centro metálico. A hapticidade ( do grego haptein, muito rápido) é representada pela letra grega (eta) seguida pelo número de átomos ligados diretamente ao centro metálico em sobrescrito. Ex. η 5 -C 5 H 5 penta-hapto-ciclopentadienil.

Exemplos de ligações organometálicas

ESTADOS DE OXIDAÇÃO Ligantes com número par de carbonos ligantes não têm influência. Ligantes com número ímpar de carbonos ligantes são formalmente negativos. Regra auxiliar: ligantes terminados em eno (eteno, benzeno) são pares (zero). Ligantes terminados em il (ciclopentadienil) são ímpares (-1).

Determinação do estado de oxidação de M em organometálicos Ex. 1) Ciclobutadieno = neutro CO = neutro Fe = zero

Ex. 2) MeMn(CO) 5 CO = neutro Ex. 3) [Pt(C 2 H 4 )Cl 3 ] - metil = - 1 Mn = + 1 eteno: neutro = 0 3 cloretos: 3 x (-1) = -3 ânion complexo: + 1 e - = +1 Pt é +2-2

Ex. 4) 2 -alil (ímpar) = -2 2 cloretos = -2 2 Pd = +4 (cada Pd = + 2)

Exemplos de nomenclatura e as respectivas fórmulas semidesenvolvidas