EFEITO DA PRESENÇA DE Brachiaria ruziziensis EM CONSÓRCIO COM MILHO (Zea mays) NA SUPRESSÃO DE PLANTAS DANINHAS

Documentos relacionados
Consórcio Milho-Braquiária

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

LEVANTAMENTO PRODUTIVO DAS LAVOURAS DE MILHO SAFRINHA DO MATO GROSSO DO SUL, EM 2010

CONSÓRCIO COM MILHO SAFRINHA E SOBRESSEMEADURA DE BRAQUIÁRIA NA REGIÃO DO MÉDIO PARANAPANEMA

SISTEMAS DE CONSÓRCIO EM MILHO SAFRINHA. Gessi Ceccon 1 1.INTRODUÇÃO

Cobertura do solo e ocorrência de plantas daninhas em área com diferentes rotações entre soja, milho, pastagem e Sistema Santa-fé

SUPRESSÃO DE PLANTAS DANINHAS EM SISTEMAS INTEGRADOS DE CULTIVO COM MILHO SAFRINHA

CONTROLE DE SOJA TIGUERA COM DIFERENTES DOSES DE ATRAZINE EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

Desempenho do Consórcio Milho-braquiária: Populações de Plantas e Modalidades de Semeadura de Urochloa brizantha cv. Piatã

Acabar com o mato sem restrição não é mais coisa do outro mundo.

SISTEMAS DE PRODUÇÃO E EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTES

Gessi Ceccon, Luís Armando Zago Machado, (2) (2) (3) Luiz Alberto Staut, Edvaldo Sagrilo, Danieli Pieretti Nunes e (3) Josiane Aparecida Mariani

Relatório Final Bolsista Agrisus

Controle de Plantas Daninhas em Sistemas Integrados

ESPÉCIES VEGETAIS PARA COBERTURA DE SOLO E SEUS EFEITOS NA INCIDÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ALGODOEIRO 1

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA SUCESSÃO SOJA-MILHO SAFRINHA

Influence of the Spatial Distribution of Maize and Brachiaria brizantha Intercropping on the Weed Population Under No-Tillage

Consórcio de milho safrinha com Brachiaria ruziziensis. Julio Franchini Henrique Debiasi

Híbridos de Milho em Consórcio com Populações de Brachiaria ruziziensis na Safra 2009/2010, em Dourados, MS

NOTA TÉCNICA O BENEFÍCIO DO CAPIM NA PRODUÇÃO DE GRÃOS

CONSÓRCIO DE MILHO SAFRINHA COM Brachiaria ruziziensis EM DIFERENTES POPULAÇÕES DE PLANTAS

SISTEMAS DE PRODUÇÃO E EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTES

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE MILHO COM Brachiaria ruziziensis E MILHO SOLTEIRO

DISTRIBUIÇÃO DE PLANTAS DANINHAS EM CULTIVO DE MILHO SAFRINHA, EM MATO GROSSO DO SUL

INCIDÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM LAVOURAS DE ALGODÃO SOB SISTEMAS DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL NA CONDIÇÃO DE CERRADO

Desafios no consórcio milho safrinha e braquiária

MANEJO DA PASTAGEM ANUAL DE INVERNO AFETANDO A EMERGÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO MILHO EM SUCESSÃO 1. INTRODUÇÃO

MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIAS EM ESPAÇAMENTO NORMAL E REDUZIDO

EFICÁCIA DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ALGODÃO

SISTEMAS DE PRODUÇÃO E EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTES

Novos conceitos de manejo de plantas daninhas na cultura do feijoeiro

Efeitos do consórcio de milho com B. ruziziensis no controle de plantas daninhas

Ocorrência de artrópodes em área recuperada com o Sistema de Integração Lavoura- Pecuária 1. Paulo A. Viana 2 e Maria C. M.

INTEGRAÇÃO LAVOURA- PECUÁRIA NO NORTE DO PARANÁ

Manejo de plantas daninhas na cultura de cana-de-açúcar

OCORRÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM FUNÇÃO DE SISTEMAS DE CULTIVO DE MILHO SAFRINHA

ANAIS. Artigos Aprovados 2014 Volume I ISSN:

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA EM AMBIENTES E POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIAS

RESISTÊNCIA A HERBICIDAS NO BRASIL. Leandro Vargas Dirceu Agostinetto Décio Karam Dionisio Gazziero Fernando Adegas

Milho Safrinha com Braquiária em Consórcio

USO DE HERBICIDAS NO CONSÓRCIO DE MILHO SAFRINHA COM Brachiaria ruziziensis 1

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS COM COBERTURA DE SOLO

Efeito de Palhadas de Gramíneas Forrageiras no Milho (Zea mays) e na Supressão de Plantas Daninhas.

PRODUTIVIDADE E COMPONENTES DO RENDIMENTO DE MILHO SAFRINHA EM TRÊS SISTEMAS DE SUCESSÃO, EM DOURADOS, MS

TAXAS DE SEMEADURA DA Brachiaria brizantha SOBRE A INCIDÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA

USO DE CONSÓRCIO COM BRAQUIÁRIA

PRODUTIVIDADE E COMPONENTES DO RENDIMENTO DE MILHO SAFRINHA SOLTEIRO E COM BRAQUIARIA, 2011, EM DOURADOS, MS

Sistema Plantio Direto e Integração Lavoura-Pecuária em Mato Grosso do Sul

CULTIVO SIMULTÂNEO DE MILHO COM CAPINS, NA SAFRINHA, PARA PRODUÇÃO DE GRÃOS E DE FORRAGEM

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA COM POPULAÇÕES DE PLANTAS DE FORRAGEIRAS PERENES

Efeito da palha e da mistura atrazine e metolachlor no controle de plantas daninhas na cultura do milho, em sistema de plantio direto (1)

ANÁLISE ECONÔMICA DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE MILHO SAFRINHA EM CULTIVO CONSORCIADO

Competição Interespecífica entre Espécimes de Milho e Joá Um Ensaio Substitutivo.

Avaliação de cobertura de solo em sistemas intensivos de cultivo 1

MILHO SAFRINHA EM CONSÓRCIO COM ALTERNATIVAS DE OUTONO- INVERNO PARA PRODUÇÃO DE PALHA E GRÃOS, EM MS, EM 2005

MILHO SAFRINHA E FORRAGEIRAS PERENES PARA ALIMENTAÇÃO DE ANIMAIS

PROBLEMAS OCASIONADOS PELO MANEJO INADEQUADO DO SOLO

1O que é. A adubação verde é uma prática agrícola utilizada há

MANEJO DA PASTAGEM DE INVERNO AFETANDO FITOMASSA REMANESCENTE, COBERTURA DO SOLO, PLANTAS DANINHAS E RENDIMENTO DE CULTURAS 1.

TIPOS DE AVEIA E INTENSIDADES DE MANEJO SOBRE A DINÂMICA POPULACIONAL DE PLANTAS DANINHAS EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA

MILHO SAFRINHA EM CONSÓRCIO COM BRAQUIÁRIAS

VIABILIDADE ECONÔMICA DO SISTEMA DE PRODUÇÃO SOJA- MILHO SAFRINHA 1.INTRODUÇÃO

RESPOSTA DE DOSES DE INDAZIFLAM 500 SC NO CONTROLE DAS PRINCIPAIS PLANTAS DANINHAS INFESTANTES DOS CAFEZAIS.

Consórcio de milho com braquiária: aspectos práticos de implantação. Intercropped corn-brachiaria: practical deployment.

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ALGODÃO

RESPOSTA DE MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis À ADUBAÇÃO, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA NA VISÃO DO AGRICULTOR

Taxa de Semeadura do Capim-piatã em Consórcio com Sorgo de Corte e Pastejo em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária, na Safrinha 1

Dirceu Luiz Broch e Gessi Ceccon

Relatório Final Bolsista Agrisus

IMPORTÂNCIA DOS ESTUDOS DE BANCO DE SEMENTES NA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS

ÉPOCAS DE SEMEADURA DE MILHO SAFRINHA SOLTEIRO E CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

INTERFERÊNCIA DA INFESTAÇÃO DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO COM A SUCESSÃO SOJA E MILHO SAFRINHA

COMPORTAMENTO DE HERBICIDAS COM EFEITO RESIDUAL EM DIFERENTES COBERTURAS NA CULTURA DO FEIJOEIRO 1

Controle Cultural. Antonio Mendes de Oliveira Neto, Gizelly Santos, Michel Alex Raimondi, Denis Fernando Biffe e Fabiano Aparecido Rios

Aproveitando-se da planta daninha

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

SUPRESSÃO QUÍMICA DO CRESCIMENTO DE Panicum maximum CV. ARUANA CULTIVADO EM CONSÓRCIO COM A SOJA

DESSECAÇÃO Preparando a semeadura. Mauro Antônio Rizzardi 1

O produtor pergunta, a Embrapa responde

Principais ervas daninhas nos estados do Maranhão e Piauí. XXX Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas. 23/08/2016.

Taxa de semeadura de Brachiaria brizantha consorciada com milho na incidência de plantas daninhas

Identificação de Espécies de Plantas Daninhas

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA- PESCA E AQUICULTURA FUNDAÇÃO AGRISUS RELATÓRIO PARCIAL-01/10/2016

Relatório Parcial -03

Controle Plantas daninhas em Girassol. Elifas Nunes de Alcântara

DEMANDA HÍDRICA DO CONSÓRCIO MILHO E BRAQUIÁRIA EM MATO GROSSO DO SUL

CARACTERIZAÇÃO DO BANCO DE SEMENTES DE ÁREAS SOB SISTEMAS DE PREPARO DE SOLOS EM DOURADOS, MS 1

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

O manejo da matéria orgânica esta adequado visando a sustentabilidade dos sistemas de produção? Julio Franchini Henrique Debiasi

UM PROGRAMA COMPLETO PARA CONTROLAR AS DANINHAS RESISTENTES.

O que é resistência de plantas daninhas a herbicidas?

MILHO SAFRINHA SOLTEIRO E CONSORCIADO COM POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIA EM SEMEADURA TARDIA

Manejo de Plantas Daninhas para a Cultura de Milho

ISSN X Novembro / 2018

EFEITOS DA CONVIVÊNCIA DO CAPIM-AMARGOSO NA PRODUTIVIDADE DA SOJA

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE CONTROLE RESIDUAL DE PLANTAS DANINHAS DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NA CULTURA DO ALGODÃO

OCORRÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM SUCESSÃO AVEIA/MILHO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA

Transcrição:

EFEITO DA PRESENÇA DE Brachiaria ruziziensis EM CONSÓRCIO COM MILHO (Zea mays) NA SUPRESSÃO DE PLANTAS DANINHAS MATEUS, R.P.G 1 ; FORNAROLLI, D.A 1 ; RIBEIRO, C.A 1 ; DEBASTIANI, R. 1 ; NOEDI, B.N. 2 ; GAZZIERO, D.L.P. 3 1 Faculdade Integrado de Campo Mourão PR, 44 3518 2500, donizeti.fornarolli@grupointegrado.br 2 IAPAR Londrina PR, 43 3376 2000, noedi@iapar.br 3 EMBRAPA CNPSoja, 43 3371 6000, gazziero@cnps.embrapa.br Resumo Uma das melhores opções para explorar ao máximo o solo, é o sistema de plantio direto e o cultivo em consórcio. Atualmente um dos consórcios utilizado em algumas regiões é o plantio de milho safrinha com a Brachiaria ruziziensis. Objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da presença de B. ruziziensis em consórcio com a cultura do milho safrinha na supressão de plantas daninhas. O trabalho foi realizado em várias propriedades tais como, Sítio Tanabe (área 1), Sítio Garcia (área 2), Sítio Marcolli (área 3), Fazenda Maringaense (área 4) e Sítio Ruffato (área 5), no município de Floresta - Pr., em um LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico. As avaliações do controle de plantas daninhas foram realizadas aos 20 dias após o plantio da soja. A metodologia utilizada para avaliação do controle de plantas daninhas, consiste em medir um metro quadrado com estacas de madeira, com quatro repetições em cada área, com implantação da B.ruziziensis e sem implantação, fazendo a identificação e contagem das plantas daninhas. Os resultados permitiram concluir que o consórcio pode ser realizado com viabilidade sem afetar o rendimento de grãos de milho, ao mesmo tempo produzir grande quantidade de massa verde como fonte de alimento para animais e após a dessecação ocorre a formação de matéria seca, com as vantagens de manter o solo coberto reduzindo a geminação e emergência das plantas daninhas. Palavras-chave: Interferência, planta daninha, controle cultural, competição. Abstract One of the best options to exploit the soil, is the system of tillage and cultivation in the consortium, currently one of the consortia used in some regions is planting season maize with Brachiaria ruziziensis. Purpose of this study was to evaluate the effect of the presence of B. ruziziensis in consortium with the cultivation of Maize in the suppression of weeds. The work was carried out in various properties such as Tanabe site (area 1), Site Garcia (area 2), Site Marcolli (area 3), Farm maringaensis (area 4) and Site Ruffato (area 5) in the town of Floresta of Paraná state, in an Oxisol. Evaluations of weed control were evaluated at 20 days after planting soybeans. The methodology used for assessment of weed control is to measure a square meter with wooden stakes, with four replications in each area, with and without implantation of B.ruziziensis deployment, making identification and counting all weeds. The results showed that the consortium can be accomplished without affecting the viability of corn grain yield, while producing large amount of mass as a source of green feed and drying occurs after the formation of dry matter, with the advantages to keep the soil covered by reducing the twinning and weed emergence. Key Words: Interference, weed, cultural control, competition. Introdução Atualmente um dos consórcios utilizado em algumas regiões é o plantio de milho safrinha em consórcio com a B.ruziziensis podendo ser semeada simultaneamente com a cultura (CRUSCIOL; BORGHI, 2007). As coberturas promovem maior facilidade no controle de plantas daninhas nas culturas, a cobertura morta sobre o solo dificulta a emergência de várias espécies daninhas, em razão do efeito físico, de sombreamento e da conseqüente redução da amplitude térmica do solo (SEVERINO; CHRISTOFFOLETI, 2001). A palha em decomposição pode liberar aleloquímicos, que, por sua vez, podem reduzir a emergência e/ou crescimento de plantas daninhas em virtude do efeito alelopático Trezzi e Vidal, (2004; Apud Souza et al. 2006) e Kluthcouski et al. (2003), estima-se que a palha proporcione 1484

redução do banco de sementes de plantas invasoras no solo, e controle de aproximadamente 70% destas plantas invasoras. Boa produção de massa seca (6 a 15 t ha -1 ) e massa verde (média de 40 t ha -1 ), podendo realizar-se o sistema de integração lavoura-pecuária, que após a colheita do milho, é importante o pastejo por animais, para facilitar a entrada de luz e consequentemente, melhorar a rebrota da forrageira e a eficiência dos herbicidas na dessecação da braquiária (CECCON, 2008). A B. ruziziensis apresenta hábito de crescimento cespitoso e ereto, o que resulta em 100% a cobertura do solo, não ocorre a formação de touceiras, facilitando o desempenho das semeadoras, mantendo inalterada a velocidade e uniformidade de plantio. Objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da presença de B. ruziziensis em consórcio com a cultura do milho safrinha na supressão de plantas daninhas. Material e Métodos O trabalho foi realizado no período de fevereiro a novembro de 2008, em várias propriedades, tais como, Sítio Tanabe (área 1), Sítio Garcia (área 2), Sítio Marcolli (área 3), Fazenda Maringaense (área 4) e Sítio Ruffato (área 5), localizados no município de Floresta - Pr., em LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico (EMBRAPA, 1999). As condições edafoclimáticas do município são classificadas, segundo Koppen, do tipo Cfa - clima subtropical, com temperatura média no mês mais frio inferior a 18º.C (mesotérmico) e temperatura média no mês mais quente acima de 22º.C, com verões quentes, geadas pouco freqüentes e tendência de concentração das chuvas nos meses de verão, contudo sem estação seca definida (IAPAR, 2000). A colheita do milho safrinha é realizada nos meses de julho e agosto e após o crescimento suficiente da B. ruziziensis a mesma é dessecada com glifosato, 20 dias antes da semeadura da soja, no mês de outubro. Foi observado o desenvolvimento do consórcio e a supressão da B. ruziziensis sobre as plantas daninhas, realizando com os proprietários um breve histórico das infestações de plantas daninhas nos anos anteriores, no sistema convencional, plantio direto e na consorciação das espécies. As avaliações do controle de plantas daninhas foram realizadas aos 20 dias após a semeadura da soja. A metodologia utilizada para avaliação do controle de plantas daninhas, foi através da utilização de 04 estacas de madeira, alocadas no espaçamento em dimensões de 1,0 x 1,0 metro, obtendo-se um metro quadrado de área útil através de quatro amostragens, em cada área, com implantação da B.ruziziensis e sem implantação, fazendo a identificação e contagem das plantas daninhas. Resultados e Discussão Nas áreas, não foi observado competição entre o milho safrinha e a B. ruziziensis, pois o milho é um grande competidor e teve um crescimento superior a forrageira, nas primeiras semanas da semeadura, ocorrendo logo após o sombreamento da B. ruziziensis, reduzindo a incidência de luz, diminuindo seus processos fisiológicos retardando seu crescimento. No momento da semeadura, foi realizada adubação somente nas linhas do milho, disponibilizando maior quantidade de nutrientes à cultura, desta forma diminui a competição da B. ruziziensis com o milho e foi desnecessário aplicar herbicida pós-emergente para supressão da B. ruziziensis, condições também observadas por CECCON (2008). Na pesquisa realizada com os proprietários, os mesmos observaram e afirmaram que o consórcio trouxe grandes benefícios em suas áreas, quando comparado com o sistema convencional que revolvia o solo e as sementes de plantas daninhas, causando graves problemas de erosão e altas infestações nas culturas, sendo necessário utilizar doses excessivas de herbicidas. Após o inicio do sistema de plantio direto os mesmos afirmaram que, ao cessar do revolvimento do solo, diminuiu a germinação de plantas daninhas e da erosão do solo. Em todas as áreas observadas houve um crescimento suficiente para cobrir o solo pela B. ruziziensis, formando uma boa quantidade de cobertura vegetal e principalmente redução do número de plantas daninhas desde o inicio do consórcio, quando comparado com safras anteriores e com áreas que não tinha o consórcio. De acordo com as Tabelas 1, 2, 3, 4 e 5, respectivamente para áreas as 1, 2, 3, 4 e 5, foi possível observar uma grande redução no número de plantas daninhas por metro quadrado (m²), pelo 1485

tipo de cobertura vegetal, onde o consórcio de milho e B. ruziziensis, tiveram uma maior supressão na germinação e emergência das plantas daninhas, formando uma quantidade maior de cobertura vegetal quando comparada apenas com o milho solteiro. Tabela 1. Avaliação do número de plantas daninhas por m² na área 1 (Sítio Tanabe) em duas coberturas Buva Conyza bonariensis 01 15 Trapoeraba Commelina benghalensis 02 06 Leiteiro Euphorbia heterophylla 03 07 Rubim Leonurus oleraceus 01 02 Picão Preto Bidens pilosa 02 00 Falsa Serralha Emilia sonchifolia 00 02 Corda de Viola Ipomea quamoclit 03 04 Capim-carrapicho Cenchrus echinatus 00 02 TOTAL 11 38 Tabela 02. Avaliação do número de plantas daninhas por m² na área 2 (Sítio Garcia) em duas coberturas Buva Conyza bonariensis 01 04 Trapoeraba Commelina benghalensis 00 02 Rubim Leonurus oleraceus 02 05 Leiteiro Euphorbia heterophylla 03 08 Picão Preto Bidens pilosa 03 04 Falsa Serralha Emilia sonchifolia 08 11 Guanxuma Sida rhombifolia 02 05 TOTAL 19 41 Tabela 03. Avaliação do número de plantas daninhas por m² na área 3 (Sítio Marcolli) em duas coberturas Buva Conyza bonariensis 00 05 Trapoeraba Commelina benghalensis 01 02 Leiteiro Euphorbia heterophylla 02 03 Picão Preto Bidens pilosa 01 05 Corda de Viola Ipomea quamoclit 02 04 Rubim Leonurus oleraceus 08 14 Corda de Viola Ipomea quamoclit 02 06 Capim-colchão Digitaria horizontalis 01 03 TOTAL 17 46 Tabela 04. Avaliação do número de plantas daninhas por m² na área 4 (Fazenda Maringaense) em duas coberturas Buva Conyza bonariensis 00 08 Trapoeraba Commelina benghalensis 02 05 Leiteiro Euphorbia heterophylla 02 06 Picão Preto Bidens pilosa 03 07 Corda de Viola Ipomea quamoclit 01 03 Falsa Serralha Emilia sonchifolia 05 10 Capim-carrapicho Cenchrus echinatus 02 04 Losna-branca Parthenium hysterophorus 02 05 Capim-colchão Digitaria horizontalis 02 06 C. Marmelada Brachiaria plantaginea 01 04 TOTAL 20 58 1486

Tabela 05. Avaliação do número de plantas daninhas por m² na área 5 (Sítio Ruffato) em duas coberturas Buva Conyza bonariensis 02 12 Trapoeraba Commelina benghalensis 01 03 Leiteiro Euphorbia heterophylla 04 07 Falsa Serralha Emilia sonchifolia 06 16 Picão Preto Bidens pilosa 02 09 Corda de Viola Ipomea quamoclit 01 08 Rubim Leonurus oleraceus 05 07 Guanxuma Sida rhombifolia 03 06 TOTAL 24 72 Os resultados obtidos mostraram por inúmeros pesquisadores que a cobertura além de melhorar as características físicas e químicas dos solos são também utilizadas como um método de controle de infestantes. O controle pode ser de várias formas, onde uma delas é o uso de cobertura morta produzida pelas próprias coberturas, pois reduzem a germinação das sementes fotoblásticas positivas e de sementes que necessitam de grande amplitude térmica para iniciar o processo de germinação. Segundo Fornarolli et al. (1998), em solo sem cobertura havia 700 plantas/m² de Brachiaria plantaginea e que somente a presença da cobertura morta de aveia na quantidade de 4,5 t/ha -1 a quantidade foi reduzida para 20 plantas/m² e que na presença de 9,0 t/ha -1 havia apenas 05 plantas/m². As coberturas mostraram segundo inúmeras pesquisas exercerem interferências quanto a redução de novas reinfestações, especialmente de gramíneas e Fornarolli et al. (1998), verificaram que 4,5 e 9,0 t/ha -1 de aveia preta rolada o controle da b. plantaginea foi praticamente total, pois reduziram em mais de 95% a ressurgência de Brachiaria plantaginea quando comparado ao solo sem cobertura. Enquanto que o dobro da dose normalmente utilizada, no sistema convencional o controle foi insuficente, Fornarolli et al. (1998). Essa supressão também pode ser devido ao efeito alelopático, que no entanto, é a interferência provocada pela introdução de substâncias químicas elaboradas pelos organismos e que afetam elementos das comunidades. Na natureza estes mecanismos atuam concomitantemente, sendo difícil distinguir e identificar os efeitos individuais, devido à complexidade biológica dos processos. Apesar do número elevado de trabalhos de pesquisas, poucos são os que de forma precisa conseguem isoladamente identificar a causa e o efeito da cada um. (FORNAROLLI; RODRIGUES; PRETES, 2007). Os resultados permitiram concluir que o consórcio pode ser realizado com viabilidade sem afetar o rendimento de grãos de milho, ao mesmo tempo produzir grande quantidade de massa verde como fonte de alimento para animais e após a dessecação ocorre a formação de matéria seca, com as vantagens de manter o solo coberto reduzindo a germinação e emergência das plantas daninhas. Literatura Citada CECCON, G; Milho safrinha com braquiária em consórcio. Comunicado técnico 140, EMBRAPA Dourados, MS. Fevereiro 2008. CECCON, G.; SAGRILO, E.; DECIAN, M.; NUNES, P.D.; Rendimento de sementes de milho, de adubos verdes e de massa de Brachiaria ruziziensis, em cultivo consorciado, em Dourados, MS. Disponível em: http://www.cpao.embrapa.br/noticias/artigos/consorciomilhoverao.pdf. Acesso em: 21 mar. 2008. CRUSCIOL, C.A.C.; BORGHI, E.; Consórcio de milho com braquiária: produção de forragem e palhada para o plantio direto. Revista plantio direto. Ed 100, junho/agosto 2007. Aldeia Norte Editora, Passo Fundo, RS. FORNAROLLI, D.A.; RODRIGUES, B.N.; LIMA, J. e VALLÉRIO, M.A.; Influência da Cobertura Morta no Comportamento do Herbicida Atrazine. Planta daninha, v.16, n.2. 1998. 97-1107p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Universidade Estadual de Londrina, PR. 1487

IAPAR. Cartas Climáticas do Paraná. 2000. Disponível em: http://200.201.27.14/site/sma/cartas_climaticas/cartas_climaticas.htm. Acesso em: 26 nov. 2007. KLUTHCOUSKI, J.; COBUCCI, T.; AIDAR, H.; COSTA, J.L.S.; PORTELA, C. Cultivo do feijoeiro em palhada de braquiária. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2003. 28p. Embrapa Arroz e Feijão. Documentos, 157. KLUTHCOUSKI. J.; STONE. F.L.; AIDAR. H.; Integração lavoura-pecuária. Il color. 570p. Embrapa arroz e feijão. Santo Antonio de Goiás Go. 2003. NOCE, M.A.; SOUZA, I.F.; KARAM, D.; FRANÇA, C.A.; MACIEL, G.M.; Efeito de Palhadas de Gramíneas Forrageiras no Milho (Zea mays) e na Supressão de Plantas Daninhas. In: Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas. 26o.Resumo expandido, Ouro Preto, MG, 2008. 1488