5 th Brazilian Conference of In form ation Design

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Transcrição:

CIDI 2013 6TH CIDI 5TH InfoDesign 6TH CONGIC 6 th Inform ation Design International Conference 5 th Brazilian Conference of In form ation Design 6 th Inform ation Design Student Conference Blucher Design Proceedings May 2014, Vol. 1, Num. 2 www.proceedings.blucher.com.br/evento/cidi Um estudo entre forma e conteúdo dos livros de literatura da Cosac Naify A study between form and content in literary books of Cosac Naify Luiza Falcão, Isabella Aragão tipografia, projeto gráfico, conteúdo, livros literários Em projetos gráficos de livros literários, nota-se que a tipografia é o elemento visual predominante, tendo em vista que grande parte do conteúdo é composta por palavras. O propósito desta pesquisa foi a investigação da escolha da tipografia em artefatos dessa natureza, com o intuito de entender os vários elementos que norteiam a seleção de diferentes fontes em projetos gráficos, e, em especial, a relação entre a tipografia e o conteúdo da publicação. typeface; graphic project; content, literary books In the graphic project of literary books, it s noticed that typography is the predominant visual element, once that great part of the content is composed by words. The objective of this research was the investigation of the typeface choice in this kind of artifacts, with the intention of understanding the elements that guide the selection of different typefaces in graphic projects, and, in especial, the relation between the typeface and the content of the publication. 1 Introdução O design gráfico atua como um mediador entre o leitor e conteúdo das publicações. No design editorial, mais precisamente no projeto de livros literários, nota-se que a tipografia é o elemento visual predominante, tendo em vista que grande parte do conteúdo é composta por palavras. O propósito desta pesquisa foi a investigação da escolha da tipografia em livros de literatura, com o intuito de entender os vários elementos que norteiam a seleção de diferentes fontes em projetos gráficos, e, em especial, a relação entre a tipografia e o conteúdo da publicação. Foram observados o conteúdo, o projeto gráfico, e a tipografia utilizada em um conjunto de livros literários da Editora Cosac Naify, visando esclarecer a anatomia do desenho tipográfico e como ela influencia a mancha gráfica da página impressa. Para esse estudo, foi utilizado como modelo de análise a proposta elaborada por Falcão e Aragão (2012), que possibilita o relacionamento entre a forma e o conteúdo de um livro literário, através da atribuição de palavras chave que os representem. 2 A escolha da Editora Cosac Naify A primeira fase deste estudo foi composta por uma exploração das editoras brasileiras, a fim de obter um panorama da utilização da tipografia em projetos gráficos de livros. Foram realizadas visitas à uma livraria de grande porte da cidade de Recife, onde foram observadas obras aleatórias de diversas editoras. Durante a observação, as editoras Cia. das Letras e Cosac Naify se destacaram devido a variedade de fontes utilizadas em seus livros. Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação 5º InfoDesign Brasil 6º Congic Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.) Sociedade Brasileira de Design da Informação SBDI Recife Brasil 2013 Proceedings of the 6 th Information Design International Conference 5 th InfoDesign Brazil 6 th Congic Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.) Sociedade Brasileira de Design da Informação SBDI Recife Brazil 2013 Falcão, Luiza; Aragão, Isabella. 2014. Um estudo entre forma e conteúdo dos livros de literatura da Cosac Naify. In: Coutinho, Solange G.; Moura, Monica; Campello, Silvio Barreto; Cadena, Renata A.; Almeida, Swanne (orgs.). Proceedings of the 6th Information Design International Conference, 5th InfoDesign, 6th CONGIC [= Blucher Design Proceedings, num.2, vol.1]. São Paulo: Blucher, 2014. ISSN 2318-6968, ISBN 978-85-212-0824-2 DOI http://dx.doi.org/10.5151/designpro-cidi-164

Após essa constatação inicial foi decidido observar 40 livros de cada uma das duas editoras, a fim de comparar o uso da tipografias entre elas. Percebeu-se que a Cosac Naify possuía uma variedade tipográfica mais extensa, utilizando dentro do número de obras observadas, 31 fontes, em comparação às 10 fontes utilizadas pela Cia. das Letras. Uma vez efetuada a escolha pela editora Cosac Naify foi necessário pesquisar seu catálogo de obras. Nesta fase foram observados 128 livros, onde foi contabilizado o número de 89 fontes. Desta maneira, mostrou-se coerente a escolha dessa editora como campo exploratório para este estudo. A seleção das obras que constituíram o objeto de estudo será exposta a seguir. 2 3 Seleção da amostragem Ao longo do estudo do catálogo da editora foi encontrada uma coleção especial dentro da categoria Literatura, denominada Coleção Particular. Atualmente composta por 6 obras, a coleção explora as potencialidades da produção gráfica e do design no qual o projeto gráfico faz parte da experiência de leitura e interfere na forma de experimentar o texto (COSAC NAIFY, 2011). Nos livros da Coleção Particular todos os detalhes do projeto gráfico são escolhidos de acordo com o conteúdo da obra. Portanto, foi deduzido que a escolha da tipografia também tenha sido efetuada em concordância com o mesmo. Para comparar a escolha tipográfica em edições especiais e edições comuns, foram escolhidas outras 6 obras aleatórias, ainda dentro da categoria Literatura. Os títulos analisados foram: Literatura - Coleção Particular Bartleby, o escrivão Uma história de Wall Street (Herman Melville); Primeiro amor (Samuel Beckett); A fera na selva (Henry James); Zazie no metrô (Raymond Queneau); Museu do Romance da Eterna (Macedonio Fernández); Flores (Mario Bellatin). Literatura Aleatórios O livro amarelo do terminal (Vanessa Barbara); Carta a D. História de um amor (André Gorz); História do cabelo (Alan Pauls); Uma mulher (Péter Esterházy); A máquina de fazer espanhóis (Valter Hugo Mãe); Coração apertado (Marie NDiaye). 4 Análise Primeiramente, foram realizados estudos individuais dos 12 livros que constituíram o objeto de estudo. As análises foram realizadas com o auxílio do modelo (Figura 1) proposto por Falcão e Aragão (2012), explicado a seguir: A proposta de análise é dividida em duas partes: o livro e a tipografia. A ficha de análise dos livros foi elaborada visando a abordagem de três aspectos fundamentais das publicações: o conteúdo, a produção e o projeto gráfico. Já a ficha de análise da tipografia abrange aspectos objetivos, através da descrição de seus atributos formais e aspectos subjetivos, com possíveis características atribuídas a descrição de suas formas. (Falcão & Aragão, 2012). Figura 1: Modelo de análise idealizado por Falcão & Aragão (2012).

3 Após a análise dos livros e das tipografias, foram atribuídas palavras chave à forma e ao conteúdo para facilitar o relacionamento dos elementos estudados. O índice de relacionamento entre os fatores analisados pode ser observado a seguir (Figura 2 e Figura 3). Figura 2: Relacionamento entre a tipografia, o projeto gráfico e o conteúdo dos livros da Coleção Particular. Figura 3: Relacionamento entre a tipografia, o projeto gráfico e o conteúdo dos livros aleatórios de literatura. Análise da Coleção Particular Nota-se que no primeiro grupo de artefatos há grande índice de relacionamento entre os fatores analisados. Apenas a escolha tipográfica de uma obra, o livro Museu do romance da eterna, não apresenta completa similaridade entre a forma e o conteúdo. No entanto, a análise desse artefato revelou que seu projeto gráfico possui diferentes diagramações e faz uso de páginas não refiladas. Desta maneira, foi entendido que a escolha de uma tipografia com as características formais da fonte utilizada foi fundamental para que o projeto gráfico e, consequentemente, o conteúdo do texto, não se tornassem confusos para o leitor (Figura 4).

4 Figura 4: O livro Museu do romance da Eterna. Imagem com autorização de Falcão & Aragão É importante observar que 1/3 das obras pertencentes à Coleção Particular utilizaram tipografias em estilos que fogem do padrão utilizado para a composição de textos longos. A fonte Goudy Old Style foi utilizada no estilo itálico no livro Bartleby, o escrivão, e a fonte Univers foi utilizada no estilo condensado, no livro Primeiro amor (Figura 5). Também é interessante destacar que as obras contempladas com o uso destas tipografias possuem textos curtos, que ainda com a presença de diversas ilustrações ao longo das obras, possibilitaram livros com volumes de 48 e 32 páginas, respectivamente. Figura 5: Capas e manchas gráficas dos livros Bartleby, o escrivão e Primeiro Amor. Imagem com autorização de Falcão & Aragão Conforme observado previamente na pesquisa a respeito da editora, foi confirmado que as obras da Coleção Particular possuem projetos gráficos diferenciados nos aspectos produtivos e projetuais. Todos os livros da Coleção apresentam detalhes que, combinados, originaram artefatos únicos, capazes de influenciar a experiência de leitura dos textos. A hipótese da escolha tipográfica ser feita em concordância com o conteúdo das publicações revelou-se coerente, ainda que uma das obras apresente similaridades apenas entre o projeto gráfico e o conteúdo. Análise dos livros literários aleatórios No segundo grupo de artefatos há disparidade no relacionamento entre os fatores analisados. O grupo pode ser dividido em duas parcelas que serão destrinchadas a seguir. A primeira parcela composta pelos livros O livro amarelo do terminal, Carta a D. e A máquina de fazer espanhóis, apresenta completa coerência entre os elementos analisados. Neste grupo destaca-se a obra O livro amarelo do terminal, devido à seu projeto gráfico extremamente visual possibilitado pelo caráter do conteúdo do texto. O livro tem seu conteúdo dividido entre a narrativa da autora, trechos de canções, manchetes de periódicos e outros elementos textuais que se destacam do texto principal (Figura 6). Essas especificidades possibilitaram uma certa liberdade criativa, aproveitada pela equipe de design para elaborar um projeto gráfico que poderia fazer parte da Coleção Particular.

5 Figura 6: O livro O livro amarelo do terminal. Imagem com autorização de Falcão & Aragão A segunda parcela composta pelas obras História do cabelo, Uma mulher e Coração apertado, não possui relacionamento de características entre os elementos estudados na análise individual dos artefatos. É interessante destacar que esses livros apresentam projetos gráficos e aspectos produtivos simples. Foi deduzido, por fim, que a escolha tipográfica dessa parcela da amostragem não se baseou em nenhum dos aspectos estudados. Sobre as tipografias analisadas As análises formais das fontes utilizadas nos livros levantaram algumas observações, que apesar de não se relacionarem diretamente à comparação entre os grupos de artefatos analisados, ainda se fazem coerentes dentro deste estudo. É notória a predominância de tipografias serifadas na amostragem 10 fontes com serifas dentro de um conjunto composto por 12 fontes. Dentro do conjunto das não-serifadas é possível perceber que ambas possuem caráter bastante distinto. A Univers Condensed e a Interstate se mostraram completamente coerentes com o conteúdo dos textos dos artefatos nas quais foram utilizadas, fato que pode justificar a escolha das mesmas. No que diz respeito às palavras chave atribuídas às fontes analisadas (Figura 7), foi possível identificar que os grupos Peso, Época, Fluidez, Excentricidade e Pessoalidade, obtiveram grande índice de atribuições. Dentro destas polaridades, destacaram-se a marcação das características leve, nova, fluida, excêntrica e impessoal, fato que pode ser encarado como uma tendência dentro do objeto de estudo. Figura 7: Fragmento da ficha de análise das tipografias. A imagem expõe as possíveis características subjetivas que poderiam ser atribuídas às fontes de acordo com suas descrições formais. Imagem com autorização de Falcão & Aragão

6 Considerações Finais Por não suportarem grandes experimentações formais em seus desenhos, as fontes de texto tendem a possuir diferenças estéticas discretas, porém, ainda assim capazes de portar significados acerca da personalidade do tipo. O entendimento desses detalhes possibilitará ao designer gráfico maior facilidade no processo de seleção tipográfica. Uma vez assimiladas as possibilidades técnicas e semânticas das fontes, se torna mais fácil a escolha de tipos que se adequem às especificidades objetivas e subjetivas do artefato projetado. No geral, a análise revelou que os livros da Cosac Naify apresentam índice satisfatório de coerência entre o conteúdo e o projeto gráfico/tipografias utilizadas nas publicações. A grande variedade tipográfica encontrada no início da pesquisa pode ser, em parte, explicada pelo estudo do conteúdo a ser diagramado. Por fim, acreditamos que esta pesquisa representa o início de uma exploração mais ampla, capaz de estudar mais a fundo a representatividade da tipografia em projetos gráficos. Um estudo mais aprofundado da atribuição de significados à fontes de texto se mostra extremamente relevante, especialmente se considerar os 3 principais agentes envolvidos nesse universo o designer de tipos, o designer gráfico e o leitor. Esperamos que as informações presentes neste trabalho possam colaborar com o desenvolvimento de futuras pesquisas sobre o assunto. Referências BARBARA, Vanessa. 2008. O livro amarelo do terminal. São Paulo: Cosac Naify. BECKETT, Samuel. 2004. Primeiro Amor. São Paulo: Cosac Naify. BELLATIN, Mario. 2009. Flores. São Paulo: Cosac Naify. ESTERHÁZY, Péter. 2010. Uma mulher. São Paulo: Cosac Naify. FALCÃO, Luiza; ARAGÃO, Isabella. 2012. Um estudo entre forma e conteúdo em livros de literatura: uma proposta de análise In: Anais do 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. São Luís (MA). FERNÀNDEZ, Macedônio. 2010. Museu do romance da eterna. São Paulo: Cosac Naify. GORZ, André. 2008. Carta a D. São Paulo: Annablume. São Paulo: Cosac Naify. JAMES, Henry. 2007. A fera na selva. São Paulo: Cosac Naify. MÃE, Valter Hugo. 2011. A máquina de fazer espanhóis. São Paulo: Cosac Naify. MELVILLE, Herman. 2005. Bartleby, o escrivão. São Paulo: Cosac Naify. NDIAYE, Marie. 2010. Coração Apertado. São Paulo: Cosac Naify. PAULS, Alan. 2011. História do Cabelo. São Paulo: Cosac Naify. QUENEAU, Raymond. 2009. Zazie no Metrô. São Paulo: Cosac Naify. COSAC NAIFY. ----. Blog. In: < http://editora.cosacnaify.com.br/blog/ >, 20/11/2011. Sobre as autoras Luiza Falcão, Mestranda em Design pela UFPE, Brasil <luizafsc@gmail.com> Isabella Aragão, Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela FAU USP, professora assistente do departamento de Design da UFPE, Brasil <isabella.aragao@gmail.com>