EFEITO DE PRODUTOS NATURAIS NO CONTROLE DE ANTRACNOSE NA MANGA EM PÓS-COLHEITA

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Transcrição:

EFEITO DE PRODUTOS NATURAIS NO CONTROLE DE ANTRACNOSE NA MANGA EM PÓS-COLHEITA Cristiane Andréa de Lima¹; Nilton Tadeu Vilela Junqueira¹; Luciana Sobral de Souza¹; Dalvilmar Gomes Pereira da Silva¹; Keize Pereira Junqueira¹; Erivanda Carvalho dos Santos¹ ( 1 Embrapa Cerrados, BR 020, Km 18, Caixa Postal 08223, 73010-970 Planaltina, DF. e-mail: cristiane@cpac.embrapa.br) Termos para indexação: Colletotrichum gloeosporioides, manejo de doença, óleos vegetais, conservação pós-colheita, defensivos naturais. Introdução A aparência da manga, principalmente para o consumo ao natural, é um fator fundamental para o sucesso na sua comercialização. No entanto, várias doenças podem danificá-la na póscolheita, mas a antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides Penz, tem sido a mais importante em termos de expressão econômica. Além de reduzir a produtividade e desqualificar os frutos, a antracnose provoca ferimentos ou lesões tanto nos ramos como nos frutos, que são portas abertas para a infestação de fungos oportunistas e coleobrocas, que podem provocar rapidamente a morte da planta ou da parte desta que foi afetada. Na fase de maturação e pós-colheita, a qualidade do fruto pode sofrer total depreciação, em virtude do aparecimento de manchas e podridões na sua superfície. Nos pomares de mangas orientados para o mercado externo a antracnose requer tratamento pós-colheita, para que os frutos cheguem aos mercados importadores em boas condições de comercialização. Normalmente, as medidas de controle utilizadas oneram o custo de produção e beneficiamento, podendo causar impactos ambientais negativos e problemas relacionados à intoxicação do homem, além de possibilidades de induzirem a formação de patótipos resistentes ao fungicida.visando minimizar esses problemas, o presente trabalho estudou o potencial de alguns produtos naturais alternativos, no controle da antracnose e na conservação dos frutos de manga em pós-colheita.

Material e Métodos Foram conduzidos dois experimentos utilizando as cultivares Ômega e Keitt, produzidas na Embrapa Cerrados, DF. Frutos foram colhidos no estádio de maturação 3 e 4, imersos por 5 minutos em soluções de tratamentos com diferentes produtos naturais. Os dados obtidos dos experimentos foram submetidos a uma análise estatística. De acordo com Ferreira (2000), o delineamento experimental utilizado foi Inteiramente casualizado, onde as médias são comparadas entre si pelo teste de Scott-knot ao nível de 5% de probabilidade. Os dados foram transformados por Raiz quadrada de Y + 1.0, exceto os valores da porcentagem de frutos maduros. No primeiro experimento foram utilizados 18 tratamentos com 30 repetições, e um fruto por repetição. Após os tratamentos, os frutos foram mantidos em câmaras a 24 ± 2 ºC, 75 % a 85 % de UR. As análises foram realizadas aos 15 dias após os tratamentos, com as seguintes soluções: T1: 1000mL de água, utilizado como testemunha. T2: 20g de leite em pó instantâneo (LPI) + 1000mL de água. T3: 1000mL de leite de bovino líquido natural, tipo C. T4: Extrato de folhas frescas de maracujá Passiflora mucronata. T5: Óleo de sementes de maracujá 25mL/1975mL de água. T6: Óleo de sementes de maracujá 50mL/1950mL de água. T7: Óleo de canola 25mL/1975mL de água + 20g de LPI. T8: Óleo de soja 25mL/1975mL de água + 20g de LPI. T9: Óleo de dendê, com aplicação direta no fruto. T10: Oleína de dendê 25mL/1950mL de água. T11: Cera de carnaúba, com aplicação direta no fruto. T12: 100g de gesso/1000ml de água (ph 4). T13: Óleo de polpa de macaúba 25mL/1975mL de água + 20g de LPI. T14: Óleo de polpa de macaúba 50mL/1950mL de água + 20g de LPI. T15: Óleo de amêndoa de macaúba 25mL/1975mL de água + 20g de LPI. T16: Óleo de amêndoa de macaúba 50mL/1950mL de água + 20g de LPI. T17: Extrato de neem.

T18: Sportak 1mL/999mL de água (Ingrediente ativo: Prochloraz). O leite em pó instantâneo (LPI) foi utilizado como emulsificante natural para facilitar a dissolução dos óleos utilizados no experimento com a água, devido à formulação do leite em pó conter a lecitina de soja e estar disponível em mercados populares. As avaliações foram efetuadas aos 15 dias após a aplicação dos tratamentos. Na avaliação determinaram-se a área lesada, porcentagens da superfície dos frutos cobertas com lesões, frutos verdes, maduros e de vez, e ºBrix. Para determinar o teor de Sólido Solúveis Totais (SST/ Brix), utilizaram-se três frutos por tratamento. Para a instalação deste experimento, o fungo Colletrotrichum gloesporioides foi isolado e inoculado em frutos (cv. Keitt) já tratados com os produtos naturais. Para realizar o isolamento do fungo, foram coletados dois frutos de manga, da cv. Keitt, infestados com lesões de antracnose e realizada a desinfestação em solução de hipoclorito de sódio (30%). Os frutos foram armazenados em sacos plásticos com algodão úmido, durante 4 dias, até haver a esporulação. Após o desenvolvimento das lesões, procedeu-se o isolamento do fungo, em meio de cultura batata dextrose ágar (BDA) (Goes, 1995), incubados a 23 ± 2 C com fotoperíodo de 12 horas. Após um período de 6 dias, as inoculações foram feitas de forma direta, colocando-se um disco de meio de cultura (2 mm) contendo o micélio do fungo C. gloeosporioides, sobre quatro furos realizados com agulha na casca de cada fruto de manga, realizando esse procedimento quatro vezes em cada fruto. Os frutos colhidos foram imersos durante 5 minutos em soluções com os seguintes tratamentos: T1: 1000mL de água, utilizado como testemunha. T2: Óleo de amêndoa de macaúba 50mL/1950mL de água + 20g de LPI. T3: Óleo de polpa de macaúba 50mL/1950mL de água + 20g de LPI. T4: 20g de leite em pó instantâneo (LPI) + 1000mL de água. T5: Sportak 1mL/999mL de água (Ingrediente ativo: Prochloraz). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, utilizando cinco tratamentos, com dez repetições por tratamento e unidade experimental composta de 10 frutos.

Após a inoculação, os frutos foram colocados em uma sala úmida por dez dias, com 90% de umidade e temperatura 24 ± 2 C. Após esse período, os frutos foram para a avaliação da doença, medindo-se as lesões em dois sentidos diametralmente opostos, realizando a média do diâmetro e calculando-se a área através do raio da lesão e analisou o estado de maturação dos frutos. Resultados e Discussão No primeiro experimento, diferenças significativas foram obtidas entre os tratamentos em relação à severidade da doença e a área necrosada pelo fungo C. gloesporioides, em frutos de manga da cv. Ômega. Na Tabela 1, observam-se os resultados aos 15 dias após a realização do ensaio. Os tratamentos mais eficazes no controle da antracnose foram: óleo de amêndoa de macaúba (50 ml), óleo de polpa de macaúba (50 ml) e óleo de dendê, aplicado diretamente sobre os frutos, se diferenciando significativamente dos demais tratamentos. O melhor tratamento, em relação à severidade e a área necrosada, foi o óleo de amêndoa de macaúba (50 ml), constatando na média dos 30 frutos analisados por tratamento, somente 4,78% de severidade e 5,54 cm² de lesões, em média, nos frutos. Os tratamentos que induziram maior porcentagem de lesões de antracnose e, conseqüentemente, menos eficazes e similares à testemunha (água) foram: o leite em pó instantâneo, leite tipo C, extrato de maracujá Passiflora mucronata, extrato de neem e sportak. Não houve diferença significativa entre o Teor de Sólidos Solúveis Totais (SST/ Brix) entre os tratamentos, porém pode ser observado na Tabela 1, que os valores mais baixos foram constatados nos frutos que apresentaram com menor porcentagem de maturação. O tratamento com óleo de dendê retardou o amadurecimento dos frutos, obtendo-se na avaliação somente 3% do total de frutos maduros. Esses resultados evidenciam o potencial do óleo da polpa e da amêndoa de macaúba no controle da antracnose e na conservação dos frutos na pós-colheita, assim como o óleo de dendê.

Tabela 1. Severidade (% da superfície do fruto que sofreu lesão), área do fruto necrosada (cm²) por C. gloesporioides, teor de sólidos solúveis ( Brix) e porcentagem de frutos maduros da cv. Ômega, após 15 dias de tratamento com produtos naturais. Tratamentos Severidade Área Necrosada Brix Frutos maduros (%) 1. Testemunha Água 8,03d 10,47c 4,43a 100 2. Leite em Pó Instantâneo 8,32d 10,78c 4,03a 100 3. Leite Líquido 8,77d 10,58c 3,90a 100 4. Extrato de P. mucronata 7,83d 9,76c 4,18a 83 5. Óleo de maracujá 25 ml 6,00b 8,15b 4,07a 60 6. Óleo de maracujá 50 ml 7,42c 9,20c 4,08a 93 7. Óleo de canola 25 ml 7,11c 9,05c 4,06a 33 8. Óleo de soja 25 ml 6,80b 8,29b 3,95a 30 9. Óleo de dendê 5,87b 7,07b 3,95a 3 10. Oleína de dendê 6,15b 7,37b 4,10a 37 11. Cera de carnaúba 7,22c 8,91c 4,20a 97 12. Gesso + H2O 7,60c 9,56c 4,43a 97 13. Óleo de polpa macaúba 25 ml 7,35c 9,86c 4,12a 70 14. Óleo de polpa macaúba 50 ml 5,08a 5,80a 3,85a 10 15. Óleo de amêndoa macaúba 25 ml 5,74b 7,42b 3,95a 33 16. Óleo de amêndoa macaúba 50 ml 4,78a 5,54a 4,20a 27 17. Extrato de neem 7,81d 9,81c 4,35a 90 18. Sportak (Ingrediente ativo: Prochloraz) 7,81d 9,45c 4,47a 87 CV(%) 24,90 30,30 7,66 Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não se diferem significamente pelo teste de Scott-knott (α =0,05% ). Os dados foram transformados por Raiz quadrada de Y + 1.0. No segundo experimento, foram realizadas as análises desse experimento após 10 dias de tratamentos a base de produtos biológicos, inoculadas com C. gloesporioides, nos frutos de mangas da cv. Keitt. De acordo com a Tabela 2, não foram verificadas diferenças estatísticas significativas entre os tratamentos, havendo o desenvolvimento dos sintomas em todos os tratamentos realizados sobre as mangas. De acordo com Pascholati (1995), dentre os fitopatógenos em potencial, os fungos que penetram por meio da superfície intacta da planta mostram-se aptos para degradar enzimaticamente essa barreira pela produção de cutinases, o que se constitui, para alguns, em fator-chave na patogenicidade, como é o caso de C. gloeosporioides. Tabela 2. Área do fruto necrosada (cm²) por C. gloesporioides em frutos da cv. Keitt, aos 10 dias após os tratamentos a base de produtos naturais e da inoculação do patógeno.

Tratamentos Área Frutos Necrosada maduros (%) T1: 20g de leite em pó instantâneo (LPI) + 1000mL de água. 1,62 100 T2: Óleo de polpa de macaúba 50mL/1950mL de água + 20g de LPI. 1,43 100 T3: Óleo de amêndoa de macaúba 50mL/1950mL de água + 20g de LPI. 1,39 100 T4: Sportak 1mL/999mL de água (Ingrediente ativo: Prochloraz). 1,35 100 T5: 1000mL de água, utilizado como testemunha. 1,53 100 CV(%) 12,12 Dez dias após os tratamentos dos frutos, todas as mangas inoculadas estavam maduras. Esse fato se deve aos ferimentos na casca ocasionados pela inoculação, que acelerou as trocas gasosas do fruto e seu processo de maturação fisiológica. Conclusões Os tratamentos mais eficazes no controle da antracnose foram: óleos de amêndoa e polpa de macaúba (50 ml), óleo de canola (25 ml), óleo de soja (25 ml), óleo de dendê aplicado diretamente no fruto e a oleína de dendê (25 ml). Com a inoculação artificial sobre ferimentos artificiais na casca do fruto, não adquiriram resultados significativos utilizando os produtos naturais, devido o rompimento da barreira física, perfurando a casca e permitindo a entrada direta do patógeno no fruto. Referências bibliográficas FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In...45 a Reunião Anual da Região Brasileira da Sociedade internacional de Biometria. UFSCar, São Carlos, SP, Julho de 2000. p.255-258. GOES, A. Queda prematura de Citrus: caracterização do agente causal, Colletotrichum gloeosporioides PENZ [Senso ARX, 1957, e controle da doença].1995. 16 f. Tese (Doutorado em Fitopatologia) Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz, Piracicaba, 1995. PASCHOLATI, S. F. Fitopatógenos: fitotoxinas e hormonios. In. BERGAMIN-FILHO, A.; KIMATI, H. & AMORIN, L. (ed.). Manual de fitopatologia. 3.ed. São Paulo: Ceres, 1995. v.1, p.365-392.