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Depoimento de Lucimeire Ferreira E- Meire você pode me dizer primeiro o seu nome completo a sua data de nascimento e o local onde você nasceu? LUCIMEIRE - Meu nome é Lucimeire Ferreira eu nasci, dia três do sete de mil novecentos e setenta e seis, eu nasci em Uberlândia. E- E você lembra como que eram os seus avós? LUCIMEIRE- Assim, na parte do meu pai eu não conheci, eu, meu pai ele perdeu os pais dele cedo, eu conheci mais na parte da minha mãe, da minha mãe, eu cuidei da minha vó até hoje, é nós somos todos assim, graças à Deus uma família muito unida. E- E seu avô, da sua mãe? LUCIMEIRE- Ele também eu não cheguei à conhecer, ele faleceu cedo também. E- Então eram só você, sua avó, materna sua mãe? LUCIMEIRE- Isso. E- Entendi. LUCIMEIRE- Tinham os tios também. E- E como que era esse relacionamento com os tios com a avó? LUCIMEIRE- Olha era muito bom porque assim, eu perdi meu pai muito cedo, eu perdi meu pai eu estava com nove anos eu tenho só um tio e esse tio assim era como se fosse um pai para agente ele, tinha minha avó a minha avó também assim, Era muito boa, é muito boa até hoje para agente ajuda agente, ajuda agente muito. E- E ela fazia brincadeiras com vocês ensinava vocês a cozinhar? LUCIMEIRE- Não a minha avó nunca gostou de cozinha não, sempre assim, ela, sempre assim fazia mais era brincadeira com agente, brincava, passava muito susto, toda vida ela foi um pouco assim custosa sabe, passava mais era susto ((risos)), assim mais quem eu gostava mais, a minha outra tia também, agente hoje tem mais lembrança da minha tia porque, essa tia, a minha mãe não tinha tempo pra agente porque tinha que trabalhar, porque ( ) minha mãe ficou viúva com cinco filhos, então assim eu tenho mais lembrança mais da minha tia que tinha mais tempo para agente, ( ) que ficou sendo assim a mãe mesmo. E- E você tinha primos? essa sua tia tinha filhos? LUCIMEIRE- Não ela não tinha filhos. Página 1 de 9

E- Então ela que cuidava de vocês? LUCIMEIRE- Ela que cuidava da gente, porque minha mãe saia cinco horas da manhã e chegava meia noite, ela que cuidava. E- Então sua trabalhava assim diretão? LUCIMEIRE- Diretão coitada, porque tinha cinco filhos, ficou viúva, com a menor tinha, a mais velha com doze ((anos)) e a menor com seis meses, então, E- E como era a relação de você com seus irmãos? LUCIMEIRE- Ah era mais, brincava muito, brigava muito também ((risos)) como sempre, todo mundo sozinho dentro de casa, minha tia trabalhava chegava mais ou menos, em torno de quatro horas ai que ela ia pra lá acudir agente, a minha irmã olhava a minha irmãzinha pequenininha, até que minha mãe conseguiu creche, então assim, era briga, mas era muito bom, agente era assim, brigava, mas já tava ali todo mundo unido, fazia... E- Vocês são unidos até hoje? LUCIMEIRE- Graças à Deus nós somos unido até hoje, cada um, cada um casou hoje, tal tudo, então somos todos mundo unidos. E- Você nasceu aqui em Uberlândia? LUCIMEIRE- Isto. E- E vocês moravam aonde? LUCIMEIRE- Agente morou, até os meus nove anos, agente morou no Jardim Brasília ((bairro)), ai dos meus, dos meus nove em diante, agente morou no Santa Mônica ((bairro)), morei no Santa Mônica até os meus, vinte e sete anos mais ou menos. E- E como que era lá, no Jardim Brasília? LUCIMEIRE- Olha no Jardim Brasília assim eu tenho boas lembranças, agente brincava lá era, assim uma rua muito cheia de menino, sabe? Aquilo ali agente ia todo mundo brincar na rua, aquele tanto de menino, era um bairro assim muito carente passava assim aquele tanto de gente dando aquele tanto de doação, então agente assim tem muita lembrança boa do Jardim Brasília, os vizinhos eram muito unido. E- E vocês brincavam de quê, de pique-pega? LUCIMEIRE- Era de pique-pega, ali era de amarelinha, era de atirei o pau no gato, de casinha pegava aqueles tanto de pauzinho fazia de bonequinha, era pobre não tinha condição ((risos)), pegava aqueles pauzinhos ( ) fazia olhinho, fazia boquinha vestia uma roupinha, brincava com os nenenzinhos das vizinhas ((risos)), não era muito bom mesmo. Página 2 de 9

E- E ai, depois na sua adolescência você foi morar lá no Santa Mônica? LUCIMEIRE- Na minha adolescência eu fui morar no Santa Mônica, Ação Moradia E- E o que você mais fazia? O quê que você gostava mais de fazer na sua adolescência? LUCIMEIRE- Assim, eu não tive assim totalmente uma adolescência, porque assim, ai eu tinha que ajudar a minha mãe com os meus irmãos, tal tudo, então assim, ficava mais dentro de (), comecei a trabalhar muito cedo, com treze anos eu registrei minha carteira ((de trabalho)), comecei a trabalhar, então assim, num, num tinha muito tempo assim pra mim, eu tinha que ajudar ela com os meus irmãos, meus irmãos eram pequenos, ela estava cansada, ai ela descobriu que tava com problemas de saúde, então agente tinha que, ficar mais junto com ela, ajudando assim, mas tinha tempo dagente, morava perto do Parque do Sabiá, adorava ir para o Parque Sabiá jogar bola, então assim tinha, tinha um tempinho para curtir também. E- E você jogava futebol ou vôlei? LUCIMEIRE- Vôlei, futebol nunca foi minha praia não ((risos)). Então assim, tinha um tempinho pra agente brincar também, tinha um tempinho para curtir. E- E seus irmãos iam junto? LUCIMEIRE- Ia, sempre agente era muito unido, sempre meus irmãos também iam, os colega da rua, sempre agente foi muito assim, muito de fazer amizades, então sempre ia aquela turminha boa. E- E na escola? LUCIMEIRE- Na escola, era bom também, eu estudei, eu estudei até, assim, eu não tive oportunidade de estudar muito, eu estudei até a oitava s::, até a quinta série, ai depois eu, não estava conciliando mais o serviço ((escola)) com o trabalho, ai eu peguei, sai, depois que eu casei que eu tive a oportunidade de voltar a estudar de novo. E- Ai você estudou mais um pouco? LUCIMEIRE- Ai eu estudei mais um pouco. E- E onde você estudava como que era a escola? LUCIMEIRE- Eu estudava, () no Rotary, eu estudei no Jardim Brasília, não me lembro muito bem, lá eu fiz o pré, a primeira ((série)) não lembro muito bem o nome da escola, agora no Santa Mônica eu estudei no Cristóvão Colombo ((colégio)) e no::: no Rotary no Tibery, eu estudei. E- E era bom? Página 3 de 9

LUCIMEIRE- NOssa era ótima, hoje em dia as pessoas (), os meninos hoje em dia não sabem curtir, antigamente era muito bom a escola, eles não sabem aproveitar. E- Porque você diz que eles não sabem aproveitar muito? LUCIMEIRE- Nossa, assim, eles não sabem aproveitar a escola, hoje em dia as brincadeiras deles são totalmente diferentes, as brincadeiras deles, hoje em dia os jovens não sabem curtir as brincadeiras, antigamente agente estudava fazia muito teatro na escola, era tinha muito isso, fazia teatro, fazia peça, tal tudo, hoje em dia não, os jovens não estão ligados nisso mais na escola, agente adorava quando tinha apresentação essas coisas assim. E- E qual a peça que você lembra que mais te marcou? LUCIMEIRE- Ah:: foi uma peça assim, que eu nunca esqueci, tinha uma colega nossa, nós estávamos fazendo Romeu e Julieta, eu queria ser a Julieta, mas tinha uma colega minha que tudo era ela, ai ela escorregou, eu nunca esqueci disso ((risos)), ela levou um escorregão Carla ((risos)) ai essa peça assim foi muito marcante, que agente () virou aquela farra todo mundo rindo no fim, ela ficou nervosa de repente ela começou a rir também então assim, era muito bom, as peças que agente brincava lá. E- E apresentava para a escola inteira? LUCIMEIRE- Era para a escola inteira, cada sala fazia e juntava a escola, a escola toda, cada sala fazia uma peça no mês e todo mundo ia assistir, então era muito bom, ai a diretora sempre assim, qual peça que era melhor apresentava no dia das mães sabe, levava para outra escola, era assim, muito interessante mesmo. E- O ambiente era () LUCIMEIRE- Isso, era muito bom E- Beleza, e você falou que você começou a trabalhar muito cedo. LUCIMEIRE- Isso E- Com quantos anos você começou a trabalhar? LUCIMEIRE- Com treze anos. E- E você foi trabalhar com o quê? LUCIMEIRE- Eu trabalhei numa limpadora, Uberlândia que chamava. E- E como que era o trabalho? LUCIMEIRE- Ah era muito bom, essa limpadora, eu trabalhei, eu trabalhei, era na época para o Armazém Martins, que eu trabalhei, prestava serviço para o Armazém Martins, e eu comecei lá trabalhando, agente, comecei lá trabalhando, trabalhei mais ou menos dois anos Página 4 de 9

nessa limpadora, toda vida não tinha problema, era nova mais, ai eu trabalhei, foi dois anos na limpadora, graças a Deus eles, por ser nova mas eles me receberam muito bem. E- Você disse que começou a trabalhar com ((quantos anos))? LUCIMEIRE- Com treze anos E- Com treze anos você começou a trabalhar na limpadora LUCIMEIRE- Isso E- E você ficou lá quanto tempo? LUCIMEIRE- Fiquei dois anos E- E depois, você foi trabalhar onde? LUCIMEIRE- Ai depois eu fui trabalhar numa panificadora chamada Brunella, trabalhei na Brunella mais, mais um ano. ai eu E- Porque você saiu de lá? LUCIMEIRE- Porque eu invoquei com namorados ((risos)), arrumei um namorado, não aproveitei muito logo logo casei, casei eu estava com dezesseis anos, ai veio os filhos. E- E como você conheceu o seu esposo? LUCIMEIRE- Eu conheci o meu esposo através de uma festa de Reis que eu fui na Pneusplan. E- E como foi? LUCIMEIRE- Uai, na época agente se conheceu, agente estava todo mundo lá dançando, eu adorava dançar, ai ele chegou vamos dançar, agente começou a conversar tal tudo, depois eu vim saber que ele muito amigo de meu cunhado, trabalhava junto com meu cunhado, depois ele passou a morar junto com o meu cunhado no fundo, da minha casa onde que eu morava, minha irmã era casada morava no fundo e ele foi morar junto com o meu cunhado, porque ele não era daqui ele era baiano, morava na Bahia, ai agente começou a gostar um do outro tal tudo agente acabou casando. E- E como foi o seu casamento, foi um casamento com véu e grinalda com tudo que tem direito? LUCIMEIRE- Não, não foi, agente acabou assim, eu acabei engravidando, e acabei assim, casando muito cedo, no modo de dizer assim, foi mesmo assim, só, só no civil mesmo, rapidinho, não teve na igreja, não foi um casal com um casamento com véu nada na igreja não, não não foi, foi um casamento mesmo na pressa mesmo ((risos)). Página 5 de 9

E- () ((risos)) e você teve quantos filhos Meire? LUCIMEIRE- Eu tive três, com, quando o primeiro ele, desse primeiro casamento, do meu casamento, ele faleceu ele estava com três meses, ai depois eu quis voltar a estudar, eu não quis arrumar, pus a cabeça no lugar, tal tudo, agente foi tentar ter uma estrutura de vida melhor porque agente começou muito cedo, tal tudo, então assim, eu quis voltar a estudar, ter uma estrutura melhor para oferecer com os próximos filhos que eu ai ter, então eu, depois de sete anos que eu fui arrumar outro, eu voltei a estudar voltei a ter uma estrutura melhor para depois, ter mais filhos, ai hoje eu tenho dois, eu tenho o João Vitor de dez anos e tenho o Charles Bruno de sete ((anos)). E- E hoje como você vive? Com seus filhos e seu esposo? M- Eu fiquei viúva, tem três anos que eu fiquei viúva, eu vivo bem hoje com os meus dois filhos, () eu não tenho o meu marido, eles não tem um pai, é difícil fazer o papel de pai e mãe, mas, tento fazer o melhor que eu posso. E- E seus filhos superaram bem a perda do pai? M- Não, não superou muito bem por que, assim o pequeno, o meu marido sofreu um acidente de moto ele ficou um ano e cinco meses em estado vegetativo, o pequeno assim, quando ele sofreu o acidente, o pequeno só tinha três anos não tem muita lembrança, o maior ele tem mais lembrança, cobra, assim ele, ele tem mais cobrança, agente vê que ele é mais assim, ele lembra mais do pai dele tal tudo, o pequenininho fala mãe eu quero um pai ele só pensa que tem que ter um pai, o outro não já fala não João (), o Bruninho sempre fala mãe eu quero um pai, o outro não, o outro já entende, sofreu junto comigo, aquela dor, porque agente, minhas irmãs não tinham tempo, ele como não tinha parente aqui, o meu marido, então ele tinha que me acompanhar em tudo, o pai ficou no estado vegetativo, ele tinha que me ajudar a virar o pai, a trocar o pai, a dar um remédio, então assim ele acompanhou o sofrimento do pai, então ele tem, eu acho que ele sofre um pouco por causa disso. E- Amadureceu. M- Amadureceu bastante, como diz aquele ditado, agente cresce pela dor né, ele cresceu bastante. E- E Meire me conta como você conheceu a Ação Moradia como foi o seu envolvimento aqui. M- Olha, a Ação Moradia assim, eu conheci ela através de meu cunhado, o meu cunhado ficou sabendo que aqui estava fazendo inscrição da casa, da, da casa própria ai ele veio e falou pra mim Meire eu já consegui a minha, você não tem a sua, porque você não vai atrás, falei ah será, ele falou não, vai, lá na Ação Moradia, tal tudo, um colega dele deu o endereço, eu vim fazer a inscrição, vim fiz a inscrição, falei ah será que vai dar certo?, não tava tão confiante, mas vim, como tava precisando, vim e fiz a inscrição, quando passou um mês eles, olha agente vai retornar a ligação, pegaram os dados todinhos, Página 6 de 9

quando foi um mês eles me retornaram, disseram olha, você foi sorteada, você vai ganhar, ganhou o terreno mas com uma condições, você vai ter que vir fazer os tijolos da casa, eu falei uai, tá, eles me chamaram, veio cá apresentou a fábrica, tal tudo, cada família tinha que fazer os seus tijolos, ai que eu comecei a conhecer a Ação Moradia, fiquei um ano na fábrica fazendo os tijolos da casa depois agente subiu para o canteiro de obras, lá no canteiro de obras tinha cinquenta famílias e ai não tinha como as pessoas se deslocarem com comida, essas coisas, eles pegou, ganharam, estavam ganhando muita doação de cestas, tinha um fogão, tinha um container lá. O pessoal falou assim bem que podia ter alguém para fazer comida, eu falei uai, eu animo, vamos fazer então, não vamos deixar as pessoas com fome, é melhor agente comer uma comida aqui na hora do que ficar esquentando, arrumei o lugar, ai agente, eu comecei a fazer comida para essas cinquenta famílias, tinha as outras mulheres que queriam também, como o meu marido não tinha tempo, na época, era eu que tinha que batalhar a casa mesmo, então ele viajava, era eu que tinha que ficar, e como mulher não entendia muito bem, sabia lá na construção, agente sabia de rejuntar, pôr os tijolo, não sabia muita coisa, até que agora eu entendo um pouco, ai eu ficava fazendo comida, fazia refeição pro pessoal, ali fazia, chegar fazer um café, chegava fazia um almoço, fazia um café da tarde, até que eu tive a oportunidade de:: ser convidada para trabalhar na Ação Moradia, ai a Dona Eliana mais o Seu Oswaldo me convidou para trabalhar, eu falei mas, e a minha casa?, ele falou não, vê pelo lado bom, você vai trabalhar agora você pode pagar, até que você não entende muito, você pode pagar, sua casa sai até mais rápido e realmente, dou graças a Deus, Seu Oswaldo e Dona Eliana me ajudou muito, ai eu vim trabalhar na Ação Moradia, trabalhei, ela me convidou, eu falei ó Dona Eliana, eu entendo um pouco de comida, mas não entendo muito, não vou mentir para a senhora, ela não, você entra como auxiliar, você entra como auxiliar e depois você, agente vê como você anda e eu te classifico como cozinheira, graça as Deus, eu me sai bem, tive a sorte, com vinte e nove dias eles me classificaram como cozinheira, tô até hoje, e assim, agradeço muito mesmo, a Ação Moradia representa muito pra mim mesmo, fez parte de uma boa história da minha vida e faz até hoje. E- E, tudo mudou então depois que você entrou na Ação Moradia. M- Mudou, mudou tudo, porque assim, aqui na Ação Moradia você ensina e você aprende muito, você convive com as famílias, então assim, depois que eu passei a trabalhar na Ação Moradia eu tive outra visão na minha vida, porque você vê assim, você trabalha com aquelas pessoas e elas tem muito a te ensinar, então assim, eu, trabalha com as famílias carentes, então você vê, que a vida não é, você vê a vida de outra forma, não daquela forma que eu tava acostumada a ver, eu achava assim, com todo sofrimento meu, a vida, hoje eu vejo assim que não é da forma que agente pensa, então assim a Ação Moradia, foi muito importante no meu crescimento, como pessoa, me ajudou a crescer muito. E- Meire, um ano que você ficou produzindo os tijolos para a sua casa você fazia na máquina, na prensa? Meire- Na prensa::, ali era tudo manual, nada era elétrico como hoje, era tudo, agente coava a terra na peneira, e aquilo era diretão, não tinha feriado, chegava e era diretão, como agente Página 7 de 9

queria nossa casa né, tinha que ser diretão, ali agente coava, era mais difícil assim, quando eu comecei, a primeira vez que eu vim fazer tijolos, achei assim muito difícil que só tinha homem, era só eu de mulher, eu falava Meu Deus, eu falava gente::, ai sempre o Dedé, não desanima não, a sua casa vai sair espera eu falava assim nossa mas só eu de mulher, e de repente foi vindo uma, mais duas, mais sempre assim, eu me lembro que agente era poucas mulheres ai depois foi mais mulher do que homem que construiu suas casas, porque no final, não tinha condições, os homens não tinham condições de ir todos os dias e ia as mulheres, no final de semana, que::, ficava, o Dedé ficava louco coitado, chegava, o Dedé que era o mestre de obras e ficava Gente como eu faço? É só mulher! ((risos)), então foi um sofrimento muito grande, até assim, tadinho ele teve muita compreensão com agente, e como é que mulher ia fazer tanta força para fazer casa, os tijolos tudo bem, já estava pronto, agente dava conta, mas, mulher para construção não tinha como, mas tinha umas que trabalhava como homem também. E- Tem até hoje. LUCIMEIRE- Tem até hoje. Que trabalha, igual hoje na fábrica só tem mulher, trabalhava, assim no nosso tempo, foi uma construção assim, foi muito gostoso a construção, foi muito sofrido, mas foi muito gostoso, hoje eu considero a minha casa a minha mansão, porque assim eu olho cada tijolinho, o pessoal fala assim Meire você não tem vontade de rebocar a sua casa?, eu falo NÃO! Eu quero ver cada tijolinho, cada lágrima, cada suorzinho que eu derramei, eu não tenho um pingo de vontade, e hoje eu olho a minha casa assim, por mais que ela seja pequenininha, eu me sinto tão bem, eu acho ela tão grande, NOSSA é a coisa mais preciosa que eu tenho, é a minha casa, que eu consegui com o meu suor, cada tijolinho, cada lugarzinho, então assim é muito bom, agente ter a casa da gente, então assim e eu devo tudo isso à Ação Moradia, Graças a Deus por ter conhecido e eles ter ajudado as famílias. E- E como você vê, eh::, o seu futuro, você tem planos, você tem sonhos? LUCIMEIRE- Tenho, eu tenho sonhos, eu tenho vontade de voltar a estudar, terminar a escola, eu tenho vontade de terminar de arrumar a minha casa, porque, como eu fiquei sozinha, agora, agente terminou, GRAÇAS a Deus, agente terminamos de quitar a casa, hoje a casa já tá quitada, então assim eu tenho sonhos sim, eu tenho vontade de voltar a estudar, fazer uma faculdade, para dar uma educação melhor pros meus filhos, sonhos agente sempre tem que ter senão agente não consegue viver né? ((risos)) Então eu tenho bastante. E- E como você vê o futuro da Ação Moradia Meire, LUCIMEIRE- Olha tem cinco anos que eu estou na Ação Moradia, eu vejo que ela está crescendo muito, eu vejo que cresceu muito, por volta dos cinco anos que eu entrei, quando eu entrei no começo, ela já cresceu muito e eu vejo que a Ação Moradia tem tudo para crescer, tem os curso tem tudo, então eu acho assim que tem, ela tem, tem muita gente que eu vejo aqui que hoje em dia fez curso, que hoje tem assim uma oportunidade melhor, tem um serviço melhor, igual muitas meninas que trabalhou com agente na cozinha, hoje, hoje elas tem um Página 8 de 9

serviço bom, uma menina que entrou com agente o nome dela é Aninha, tem uma história legal, ela entrou, ela tinha medo, muito novinha, dezoito anos, ela tinha medo de chegar até perto das panelas, ai falava assim: Meire eu não dou conta desses panelões, eu dizia não Aninha o que é isso, vem cá, ela dizia, você me ensina?, eu dizia ensino! Quem sabe um dia você ainda vai ser uma grande cozinheira?, e ela foi gostando agente foi ensinando, um dia ela chegou perto de mim e disse, Meire eu tenho uma notícia para te dar, eu falei o quê?, eu consegui um serviço de cozinheira, vou trabalhar de cozinheira, e hoje ela está trabalhando, está adorando e ela sempre fala, Meire eu agradeço muito você e à Ação Moradia, por que se não fosse vocês oferecer o curso e você está aqui para incentivar agente, hoje eu não estava com, eu não tinha condições, hoje eu fazer, vou arrumar minha casa, vou ter como criar os meus filhos, então assim, é muito bom, porque agente é ajudado e ajuda também, é um papel muito importante da Ação Moradia. E- Meire, muito obrigada. M- Eu que agradeço. E- Muito obrigada por você ter compartilhado com agente a sua história. M- Eu que agradeço. E- Eh:::, agente gostou muito. M- Que bom, eu também. E- E a Ação Moradia só tem a agradecer a você por fazer parte dessa nossa história. M- Estamos ai, quero fazer parte dela também. E- Obrigada. M- Nada. Página 9 de 9