Revista Farinhada Cultural 1

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Transcrição:

Revista Farinhada Cultural 1 Yasmin Gatto CARDOSO 2 Hanne Assimen CALDAS 3 Suzan Monteverde MARTINS 4 Universidade Federal do Amazonas Campus Parintins 5 RESUMO O presente trabalho apresenta todo o processo de construção da Revista intitulada Farinhada Cultural, no qual o objetivo foi mostrar outros tipos de manifestações culturais existentes em Parintins. A revista foi um produto experimental elaborado para cumprir meta como avaliação parcial da disciplina Jornalismo Impresso III, onde o principal objetivo foi propor aos alunos a experiência de fazer uma cobertura diferenciada sobre conteúdo cultural, ir a campo, realizar a produção de textos jornalísticos e fotografias, nos quais fosse possível a feitura de um jornalismo com olhar crítico e com qualidade, a fim de ultrapassar as fórmulas herméticas impostas pela imprensa cotidiana e que pouco cede espaço para outro olhar ou mesmo para divulgar a existência dessas manifestações. PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo de Revista; Cultura Alternativa; Manifestações; Parintins. 1 INTRODUÇÃO Este artigo visa apresentar a Revista Farinhada Cultural, obra que é resultado final da disciplina Jornalismo Impresso III, onde somamos os conhecimentos adquiridos nas disciplinas precursoras, visando a concretude de nossas habilidades jornalísticas por meio de um produto impresso. 1 Trabalho submetido no XXI Prêmio Expocom 2014, na categoria Jornalismo, modalidade Revista Laboratório Impressa. 2 Aluna líder do grupo e estudante do 7º. Semestre do Curso de Comunicação Social/ Jornalismo, email: yasmin_gatto_cardoso@hotmail.com 3 Estudante de Graduação 7º semestre do Curso de Comunicação Social/ Jornalismo, email: hanne.ufam@gmail.com 4 Orientadora do trabalho. Professora do Curso de Comunicação Social/Jornalismo email: suzanmonteverde@gmail.com 5 Município do interior do Estado do Amazonas com aproximadamente 100.000 habitantes, localizado a 420 quilômetros da capital do Estado (Manaus). 1

Parintins é conhecida como a Ilha do maior Festival Folclórico a céu aberto do mundo, mas nem só de boi-bumbá vive o homem parintinense. A Farinhada Cultural é uma revista de cunho crítico à cultura se resumir somente ao Festival Folclórico dos boisbumbás. Aqui nos despimos dos conceitos de cultura local predominante e mostramos outras formas culturais que o parintinense tem buscado para se expressar. Essas formas culturais são alternativas, procuradas em sua maioria pelos jovens a fim de expressar seus estilos, gostos e formas de viver o mundo ao seu redor. Essas manifestações alternativas são as tribos ou expressões urbanas, que muitas vezes são discriminadas e sofrem preconceito por parte das classes sociais predominante no contexto da sociedade parintinense. Na cidade já existem diversas tribos urbanas, que são grupos que curtem rock, skate, hip hop, grafite, free step, slackline, capoeira, dentre outras preferências. E na maioria das vezes estes grupos não possuem espaço no contexto social para expressar e desmistificar os (pré) conceitos existentes a cerca dessas tribos urbanas. Esta revista é um espaço dedicado a mostrar de forma aprofundada um pouco mais sobre o que compõe cada mundo dessas manifestações culturais. É um misto de todos estes estilos de manifestações de cultura alternativa e tem como proposta principal levar o leitor a conhecer o que atualmente não possui espaço ou mesmo não é reconhecido como parte da realidade social de Parintins. A revista também se propõe mostrar mais sobre o cotidiano dos trabalhadores informais da cidade por meio do ensaio fotográfico A cara de Parintins ; o perfil de Mozailton Guimarães, o jovem idealizador do Slackline na cidade e curiosidades sobre as manifestações culturais abordadas. Além disso, o leitor pode enveredar pelos caminhos turísticos da cidade e conhecer uma nova culinária com sabor de pratos mundiais que estão sendo introduzidos no paladar do parintinense. Também é mostrado o quanto todas essas manifestações e estilos diversificados conseguem conviver em um mesmo espaço. Esperamos que por meio da revista a sociedade entenda que todas estas tribos urbanas podem viver intensamente e manifestar suas escolhas dentro de Parintins de modo saudável e sem discriminação ou preconceito. 2 OBJETIVO 2

Parintins é uma cidade que é conhecida pelo Festival Folclórico, evento esse que acontece todo ano no final do mês de junho. É a festa de boi-bumbá, há quem diga que é o maior espetáculo a céu aberto do mundo, logo a cultura do parintinense é sempre lembrada por meio da festa do Boi. O principal objetivo da Revista Farinhada Cultural foi mostrar que em Parintins existem outras formas de manifestações culturais, que não são conhecidas pela maioria dos moradores da cidade e por esse motivo muitas vezes são tomadas como práticas marginais. Na capa da revista colocamos um subtítulo: Nem só de boi vive o homem para mostrar logo que cara que a nossa revista ia falar sobre a cultura parintinense, mas para além do boibumbá. O motivo se de fazer uma revista também se deu porque na cidade não se produz esse tipo de produto, as revistas que chegam ao município são produzidas no Brasil (Época, Veja, Carta Capital, Caros Amigos e etc), mas nenhuma delas fala sobre a cultura local. A única revista que fala sobre a cidade tem circulação apenas durante o mês de junho e trata especificamente sobre turismo durante o Festival Folclórico. Um dos nossos objetivos foi despertar no leitor o desejo por conhecer outras manifestações de cultura e fazendo isso por meio de jornalistas da cidade, que vivem e conhecem a realidade local. Fazer uma revista não é tarefa fácil, mas foi por meio delas que conseguimos alcançar nossos objetivos, pois visualmente as revistas atraem mais que jornais. Uma revista é um veículo de comunicação, um produto, um negócio, uma marca, um objeto, um conjunto de serviços, uma mistura de jornalismo e entretenimento. Nenhuma dessas definições está errada, mas também nenhuma delas abrange completamente o universo que envolve uma revista e seus leitores (...). É isso: em primeiro lugar, revistas são objetos queridos, fáceis de carregar e de colecionar (...). Revista é também um encontro entre um editor e um leitor, um contato que se estabelece por um fio invisível que une um grupo de pessoas e, nesse sentido, ajuda a compor a personalidade, estabelece identificações, dando a sensação de pertencer a um determinado grupo (SCALZO, 2011, p. 11-2). Além de mostrar as manifestações existentes no município, muito desconhecida pela maioria, nosso objetivo também foi além de apresentar essas expressões de cultura, nós também queríamos explicar de forma mais detalhada possível o que era cada uma delas, como funcionavam e como fazia para participar. E essa riqueza de informações nós só podíamos colocar em uma revista, pois 3

(...) as revistas vieram para ajudar na complementação da educação, no aprofundamento de assunto, na segmentação, no serviço utilitário que podem oferecer a seus leitores. Revista une e funde entretenimento, educação, serviço e interpretação dos acontecimentos. Possui menos informação no sentido clássico (as notícias quentes) e mais informação pessoal (aquela que vai ajudar o leitor em seu cotidiano, em sua vida prática). Isso não quer dizer que não busquem exclusividade no que vão apresentar a seus leitores, ou que não façam jornalismo (SCALZO, 2011, p.14). Ao produzir a revista, nós jornalistas e produtores, queríamos ter mais liberdade para escrever e se aprofundar em determinado assunto. Cada um de nós escolheu sobre o que queria escrever, como a Farinhada Cultural é resultado final da disciplina jornalismo impresso III, nós enxergamos uma oportunidade de mostrar para os leitores que é possível se fazer jornalismo de revista, com peculiaridades, mas ainda jornalismo. Scalzo (2011, p.41) fala que não dá para imaginar uma revista semanal de informações que se limite a apresentar ao leitor (...) é sempre necessário explorar novos ângulos, buscar notícias exclusivas, ajustar o foco para aquilo que se deseja saber. 3 JUSTIFICATIVA O município de Parintins possui diversos veículos midiáticos, mas todos significativamente muito recentes, com menos de duas décadas. Dentre os veículos podemos elencar: sete jornais impressos (Jornal Novo Horizonte, Repórter Parintins, Jornal da Ilha, Plantão Popular, A Folha do Povo, Gazeta Parintins e Jornal Regional), três rádios (Alvorada FM, Tiradentes FM e Clube AM), um jornal televisionado (TV Alvorada) e cerca de seis páginas com conteúdos jornalísticos na web (entre sites e blogs). Porém, muitos dos profissionais que atuam nesses veículos midiáticos da cidade não possuem a formação jornalística. Na cidade, a maioria desses veículos possuem atrelamentos, seja de forma religiosa ou com poder político. A mídia parintinense possui forte influência na constituição da realidade social, principalmente em relação à cultura. Com o Festival Folclórico não é diferente, pois a cada ano a mídia constrói uma ideia de um Festival de muita fantasia e uma cidade perfeita, ou seja, uma Parintins dos Festivais. É válido dizer que para além dessa construção da cidade a divulgação da cultura local só acontece nesse período e de forma muito fantasiada. A nossa equipe ao 4

produzir a revista não quis em nenhum momento desmerecer ou falar que o Boi-Bumbá não representa a cultura local, pelo contrário, queríamos mostrar que existe em Parintins uma cultura diversificada que vai além dos muros do Festival. Na época de Junho as informações sobre a cultura acontecem de maneira rápida e por diversas vezes exagerada, geralmente as mídias que vem cobrir o evento são de fora e acabam distorcendo as informações. [...] a informação é dissimulada ou truncada porque há informação em abundância para consumir. E sequer se chega a perceber aquela que falta [...] Hoje, a informação é tão superabundante como os quatro elementos ar, água, terra e fogo tornando-se por isso incontrolável. (RAMONET, 2010, p. 48-9). É dessa forma como Ramonet (2010) expõe que os veículos de comunicação em Parintins tratam, pois produzem informações em abundância sobre o Festival, não tendo a preocupação em ter um olhar crítico em relação a outros assuntos concernentes a sociedade, como é o caso dos diversos tipos de manifestação existentes na cidade. Com isso, a revista Farinhada Cultural atuou no sentido de mostrar outro olhar sobre a cultura de Parintins, ou seja, dar visibilidade a diversas manifestações de cultura que hoje ganham espaço entre os jovens. São manifestações como o Skate, Slackline, Rock, Grafite, Hip Hop, Capoeira, entre outras. Visou também compartilhar com seus leitores a possibilidade de visualização de outro horizonte que constitui a cultura local e mostrar um pouco como funcionam essas tribos urbanas, mas, além disso, desenvolver um olhar crítico e menos preconceituoso sobre essas atividades que se encontra presente em nossa sociedade. A Revista objetivou também desconstruir a visão unilateral da mídia sobre as culturas alternativas e, sobretudo, a forte influência de formação de opinião que exercem sobre a sociedade em geral, procurando mostrar uma das outras faces que a cidade tem não só no Festival, mas durante o ano todo. O público-alvo dos textos publicados na farinhada cultural são os participantes que prestigiam o Festival Folclórico, as mídias que se referem a este evento de forma alegórica, a jovens que procuram se encontrar em alguma dessas manifestações e a todos que tenham interesse sobre o assunto. 5

4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS A Revista foi desenvolvida por quatro jornalistas, tem segmento cultural e é indicada para um público jovem que fica entre a faixa etária de 15-27 anos. Tivemos a colaboração de outros jornalistas e professores da área de comunicação que trabalham com a temática de cultura. Os afazeres da nossa equipe, formada por quatro jornalistas, foi dividida de acordo com a afinidade que cada um tinha com o trabalho de reportar. Existiu a figura do fotógrafo, do editor, do pauteiro, do repórter, do diagramador, etc. Cada um de nós acumulou mais de uma função. (...). Não existe revista sem trabalho em equipe. A figura do jornalista solitário não tem lugar em uma redação de revista. A integração entre jornalistas, designers e fotógrafos é obrigatória para que uma revista ofereça a seus leitores páginas ao mesmo tempo informativas e sedutoras (SCALZO, 2011, p.59). O tamanho da revista foi diferenciado, escolhemos 210 x 297 mm que corresponde a (30 x 22 cm), geralmente as revistas variam 13,5 x 19,5cm até 25 x 30 cm. Scalzo (2011, p.40) diz que existem maiores e menores, mas são exceções (...). O formato mais comum é de 20,2 x 26,6 cm que é o tamanho das revistas Veja e Time, por exemplo. A autora ainda diz que há revistas enormes, quadradas, finas, grossas e que não importa o que muda no formato, o que se deve levar em consideração é a necessidade de carregar, de guardar e colecionar. O papel utilizado foi o couchê brilhoso 380mg², esta escolha se deu porque este tipo de papel permite uma maior durabilidade, permite que as fotos sejam impressas com qualidade e que ao folhear a revista o leitor tem facilidade. Ainda devido à qualidade do papel e da impressão, outro grande diferencial positivo das revistas, principalmente em relação aos jornais, é a sua durabilidade. Elas duram muito mais graças à qualidade do papel, é verdade, mas pelo conteúdo também (SCALZO, 2011, p.41). A impressão foi feita à laser 4/4. Os textos utilizados na revista são predominantemente informativos, por uma escolha nossa, os textos não são muito longos, exceto o da reportagem principal que fizemos questão de colocar bastante informações para explicar as manifestações. 6

5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO A revista possui 31 páginas, incluindo capa e contra capa. Ao abri-la a primeira coisa com o qual o leitor se depara é com o editorial que foi feito por todos os membros da equipe. O editorial fornece uma visão geral de tudo que está por vim. Logo em seguida vem os nossos colaboradores, onde fizemos questão de colocar a foto de cada um, nome e mais uma legenda que corresponde às profissões ou escolhas de cada um dos nossos ajudantes. Na página seguinte está o expediente da revista que somos nós, optamos nessa página em colocar nossa foto também, mas em forma de caricatura, nome e a função de cada participante da revista. Depois temos o sumário e uma página dedicada a propaganda. A revista se inicia com o ensaio fotográfico que foi intitulado A Cara de Parintins (ou não), o título foi bastante irônico, pois o ensaio é de pessoas que trabalham de forma informal no município e que movimentam a economia local, mas são esquecidas. Entre as fotos desses trabalhadores (feirantes, cozinheiras, pescadores, tricicleiros, etc) colocamos algumas frases ditas por eles mesmos na hora em que fomos fazer as fotografias. Na página seguinte temos mais uma propaganda e logo depois apresentamos o perfil de Mozailton de Melo, o precursor do Slackline em Parintins. Nesta parte colocamos fotos dele praticando o esporte e fizemos um traçado da trajetória do esportista, do filho e do aluno. Também fizemos uma entrevista com um artista plástico que trabalha no Festival e em outras manifestações do município, Vandir Santos. Mas ele tem um diferencial, é bastante crítico em relação ao novo jeito de se fazer as alegorias do Festival. Isso é um dos motivos pelo qual o entrevistamos. Ao longo do jogo de perguntas e respostas conseguimos falar um pouco sobre a vida profissional do artista e escolhemos cinco perguntas e respostas para serem publicadas. A página seguinte é o espaço cedido à reportagem principal que se inicia com duas páginas somente com uma foto. Ao todo a reportagem principal tem cinco páginas, mesclando fotos e texto. Logo depois temos uma propaganda. Também reservamos uma página para as curiosidades que falam sobre assuntos diversos e logo na página seguinte temos a editoria intitulada: Dando um rolê onde colocamos os principais pontos turísticos de Parintins, onde as pessoas podem visitar para conhecer um pouco mais da história local. 7

Depois vêm duas páginas que contêm os artigos dos nossos colaboradores, ao todo são três artigos que falam sobre a cultura como espaço de disputa, sobre espaço e meios de comunicação das culturas populares e ambientes urbano-juvenil em Parintins. Em seguida dos artigos temos o espaço dedicado à culinária que vem falar justamente sobre a nova onda do paladar do parintinense, que são as iguarias orientais que hoje estão presentes em alguns locais da cidade e já ganharam muitos adeptos. Fizemos também o perfil de um escritor e jornalista parintinense chamado Wilson Nogueira. Ele é uma referência no jornalismo no Estado, tem bastantes publicações de livros e uma visão diferenciada sobre o que é o jornalismo e como se fazer o jornalismo. Por fim, nas nossas duas últimas páginas optamos por colocar uma charge. O objetivo dessa charge era mostrar que além da dança do Boi também se podia dançar outro ritmo, na época a música que estava fazendo sucesso era o LEK, LEK, LEK então fizemos uma brincadeira com essa música. 6 CONSIDERAÇÕES Portanto ao fazer essa revista de cunho cultural percebemos que existe em Parintins um público que anseia por este conteúdo e as pessoas que participam das manifestações se sentem bem por alguém está mostrando as diversas faces do esporte desenvolvido por eles e quem são eles. As pessoas que contribuíram conosco na edição da revista também são pessoas que sentem falta de uma revista periódica no município que revele sobre os demais tipos de manifestações culturais existentes em Parintins que não só o boi-bumbá. Por fim, além do ganho acadêmico ao produzir esta revista também tivemos a gratificação por deixar mais pessoas conhecedoras da existência dessas tribos urbanas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RAMONET, Ignacio. A tirania da comunicação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. SCALZO, Marília. Jornalismo de revista. 4 ed. rev e atual São Paulo: Contexto, 2011. 8

Anexo 1: Capa e contra capa da revista 9