ANOMALIES OF THE TESTIS, EPIDIDYMIS AND VAS DEFERNS IN NORMAL HUMAN FETUSES AND IN PATIENTS WITH CRYPTORCHIDISM

Documentos relacionados
STUDY OF TESTICULAR MIGRATION AFTER TREATMENT WITH HUMAN CHORIONIC GONADOTROPIN IN PATIENTS WITH CRYPTORCHIDISM

DISTOPIA TESTICULAR. CONCEITUANDO Denomina-se distopia testicular a ausência do testículo na bolsa testicular.

SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO

ARTIGO ORQUIODOPEXIA INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS

CRYPTORCHIDISM: CONDUCT CRIPTORQUIDISMO: CONDUTA

Cirurgia do canal inguinal na criança. Marco Daiha PPC / UERJ

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA: CLÍNICA MÉDICA

Patologias Cirúrgicas Ambulatoriais Quando Encaminhar ao Cirurgião?

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

AVALIAÇÃO MACRO E MICROSCÓPICA DOS TESTÍCULOS EM MODELO EXPERIMENTAL DE CRIPTORQUIDIA PELA SECÇÃO DO GUBERNACULUM TESTIS EM RATOS

Dentro desse grupo de situações em que não há exposição completa da glande, precisamos abordar 3 diferentes diagnósticos:

Splenogonadal fusion and testicular cancer: case report and review of the literature

17/10/2016 ANATOMIA DO REPRODUTOR DE CANINO CIRURGIAS DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO ANATOMIA DO REPRODUTOR DE FELINO ANATOMIA DO REPRODUTOR

ABAULAMENTO EM REGIÃO INGUINAL

SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO

Protocolo Clínico e de Regulação para o Escroto Agudo

Sistema Urogenital 9/22/2015. O Sistema Urogenital é um sistema de DUTOS! Sistema Urinário: Rins Ureter Bexiga Uretra

19/11/2009. Sistema Reprodutor Masculino Adulto. Formação do sistema genital. Sistema reprodutor feminino adulto. 1ª Etapa: Determinação sexual

Anatomia das veias testiculares em caprinos da raça Saanen recém-natos

Introdução. Graduanda do Curso de Medicina Veterinária FACISA/UNIVIÇOSA. hotmail.com. 2

Tharcisio Gê de Oliveira Mestre em Medicina TiSBU

ANATOMIA APLICADA. Roteiro de Dissecação do Abdome. 1- Região Abdominal Ventral

Introdução. Sistema Urinário. Rim. Rim. A urina é um dos veículos de excreção de substâncias tóxicas e atóxicas.

CRIPTORQUIA RESUMO. Palavras-chave: Criptorquidismo / história; Testículos / anormalidades; História da Medicina INTRODUÇÃO E HISTÓRIA CRYPTORCHISM

SISTEMA UROGENITAL MASCULINO: ASPECTOS EMBRIOLÓGICOS. Profa. Dra. Maria. Spadella Disciplina Embriologia Humana FAMEMA

Gonadotrofina coriônica humana: uma opção para o tratamento de criptorquia

Anatomia Comparada do Sistema Reprodutor Masculino nos Animais Domésticos (Equinos, Bovinos, Suínos, Ovinos e Caninos)

Criptorquia: compreendendo os benefícios da cirurgia precoce

CRIPTORQUIA: E A FERTILIDADE? Lisieux Eyer de Jesus/ HFSE-HUAP, RJ

Mesa 9 Urologia pediátrica

Estima-se que 5% da população desenvolverá uma hérnia de parede abdominal; 75% de todas as hérnias ocorrem na região inguinal, 2/3 das hérnias

XVII Reunião Clínico - Radiológica Dr. RosalinoDalasen.

CRIPTORQUIDISMO EM EQÜINOS: ANÁLISE DE 61 CASOS

CIRURGIA PEDIÁTRICA HÉRNIAS

PATOLOGIAS INGUINO-ESCROTAL NA CRIANÇA

Sistema Reprodutor 1

URI: / DOI: / _26

POLYPROPYLENE MESH INGUINAL HERNIA REPAIR DURING RADICAL RETROPUBIC PROSTATECTOMY

SISTEMA REPRODUTOR. Profª Talita Silva Pereira

Aparelho Genital Masculino

ANATÔMIA RADIOLÓGICA DA CAVIDADE ABDOMINAL E PÉLVICA

O Homem Infértil: Novas Perspectivas de Tratamento

O PAPEL DOS EXAMES IMAGIOLÓGICOS NO

Arquivos Catarinenses de Medicina

FERNÃO BITTENCOURT CARDOZO A ABORDAGEM CIRÚRGICA DOS TESTÍCULOS IMPALPÁVEIS POR VIDEO-LAPAROSCOPIA ESTUDO COMPARATIVO

Artigo Original TUMORES DO PALATO DURO: ANÁLISE DE 130 CASOS HARD PALATE TUMORS: ANALISYS OF 130 CASES ANTONIO AZOUBEL ANTUNES 2

Resumo. Introdução. Ana Cláudia Nascimento CAMPOS¹; José Ferreira NUNES²; Artur Henrique Soares SILVA FILHO²; Alexandre Weick Uchôa MONTEIRO²

Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro Biomédico Faculdade de Ciências Médicas. Helce Ribeiro Julio Junior

VARIAÇÕES ANATÔMICAS DA ARTÉRIA RENAL EM HUMANOS

SISTEMA EDUCACIONAL INTEGRADO CENTRO DE ESTUDOS UNIVERSITÁRIOS DE COLIDER

UNIC - UNIVERSIDADE DE CUIABÁ FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA. DISCIPLINA DE CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS APLICADAS A MEDICINA VETERINÁRIA IV e V

Malformações do trato urinário

Anatomia das vias biliares extrahepáticas

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIOMEDICINA REPRODUÇÃO HUMANA PROF. ESP. DOUGLAS G. PEREIRA

BIOLOGIA - 3 o ANO MÓDULO 37 REPRODUTOR MASCULINO

Sistema reprodutor masculino

I. RESUMO TROMBOEMBOLISMO VENOSO APÓS O TRANSPLANTE PULMONAR EM ADULTOS: UM EVENTO FREQUENTE E ASSOCIADO A UMA SOBREVIDA REDUZIDA.

Determinação do sexo

SISTEMA GENITAL MASCULINO. Prof. Mateus Grangeiro.

Prostatic Stromal Neoplasms: Differential Diagnosis of Cystic and Solid Prostatic and Periprostatic Masses

ULTRASSONOGRAFIA TESTICULAR NA AVALIAÇÃO DA IDADE À PUBERDADE DE BOVINOS EM CRESCIMENTO

RELAÇÃO ENTRE PESO AO NASCER, SEXO DO RECÉM-NASCIDO E TIPO DE PARTO

Pedro Nunes

Distopias Testiculares e Malformações Genitais

PROGRAMA DE ENSINO DE DISCIPLINA

ATLAS CITOLÓGICO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE CITOLOGIA CLÍNICA E LABORATORIAL DA ACADEMIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGICA DE SÃO JOSÉ DE RIO PRETO SP

Programa Analítico de Disciplina AGR484 Anatomia, Fisiologia e Higiene Animal

CRIPTORQUIDISMO EM CAVALOS - REVISÃO

SISTEMA REPRODUTIVO DO MACHO E DA FÊMEA

Síndrome de Prune Belly: relato de caso

Sistema Urogenital 24/11/2014. O Sistema Urogenital é um sistema de DUTOS! Sistema Urinário: Rins Ureter Bexiga Uretra. M Intermediário.

APLICAÇÃO DE UMA CURVA DE GANHO DE PESO PARA GESTANTES

LAPAROSCOPIC EVALUATION AND TREATMENT OF THE IMPALPABLE TESTIS

ANÁLISE DOS DIÂMETROS DA PELVE RENAL EM FETOS HUMANOS: REFERÊNCIA ANATÔMICA PARA O DIAGNÓSTICO DA HIDRONEFROSE FETAL. Márcio Luiz de Paula lobo

Plano de Ensino da Disciplina

Aparelho reprodutor masculino

UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES CAMPUS DE ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM

Criptorquidia. Revisão sistemática de conceitos. Dissertação - Artigo de Revisão Bibliográfica. Mestrado Integrado em Medicina 2016/2017

Sistema Reprodutor Masculino. Acadêmica de Veterinária Gabriela de Carvalho Jardim

XIV Reunião Clínico - Radiológica Dr. RosalinoDalazen.

TERMORREGULAÇÃO TESTICULAR EM BOVINOS

Diplofase. Haplofase

VISÕES GERAIS DO HEPATOBLASTOMA PEDIÁTRICO

Análise do crescimento das dimensões da mandíbula em diferentes idades fetais

Ambiguidade Genital, Hipospádia e Criptorquidia

REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN: Ano X Número 19 Julho de 2012 Periódicos Semestral

Escroto agudo. Acute scrotum

GOIÂNIA, / / PROFESSOR: Mário Neto. Antes de iniciar a lista de exercícios leia atentamente as seguintes orientações:

DANIEL CODONHO O VALOR DO CONDUTO PERITÔNIO VAGINAL NO DIAGNÓSTICO VIDEOLAPAROSCÓPICO DO TESTÍCULO IMPALPÁVEL

O Nosso Corpo Volume XX. Aparelho Genital Masculino Parte 1. um Guia de O Portal Saúde. Abril de

HIDROCELE ABDOMINOESCROTAL GIGANTE EM LACTENTE - RELATO DE CASO

FATOR MASCULINO: ESTADO DA ARTE. Edson Borges Jr.

O estudo das afecções da região inguinal em crianças, especialmente a

Artigo Original TRATAMENTO DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NO IDOSO ACIMA DE 80 ANOS

PROFESSOR CHICO.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS PROGRAMA DE ENSINO

PRINCIPAIS MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS MACROSCÓPICAS DO TRATO URINÁRIO SUPERIOR

Avaliacao do Homem com Azoospermia / Oligospermia severa

Transcrição:

Pediatric Urology Brazilian Journal of Urology Official Journal of the Brazilian Society of Urology Vol. 26 (5): 530-534, September - October, 2000 ANOMALIES OF THE TESTIS, EPIDIDYMIS AND VAS DEFERNS IN NORMAL HUMAN FETUSES AND IN PATIENTS WITH CRYPTORCHIDISM LUCIANO A. FAVORITO, VALTER JAVARONI, JAYME S. T. FILHO, FRANCISCO J.B. SAMPAIO Urogenital Research Unit and Division of Urology, Biomedical Center, State University of Rio de Janeiro, RJ, Brazil ABSTRACT Objectives: To compare the incidence of anomalies of the testis, epididymis and vas deferens in human fetuses without congenital abnormalities and in cryptorchidic patients. Material and Methods: We studied bilaterally 276 testes, epididymides and vas deferens taken from 138 fresh human fetuses between 10 and 35 weeks after conception and 64 testes taken from 49 patients with cryptorchidism. The testicular anomalies were divided into anomalies of number and position; the epididymal anomalies were divided into anomalies of detachment, obliteration, number and position, and the vas deferens anomalies were divided into anomalies of obliteration and number. Results: Of the 276 fetal testes studied, 190 (68.84%) were positioned in the abdomen, 36 (13.04%) in the canal, 48 (17.39%) in the scrotum and 2 testes, epididymides and vas deferens (0.72%) were absent. We found 3 cases (1.08%) of epididymal detachment. Of the 64 cryptorchidic testes, 37 (57.8%) were in the canal, 16 (25%) in the internal ring, 8 (12.5%) in the external ring and 4 (6.2%) were in the abdomen. We found epidydimal detachment in 19 testis (29.6%). Conclusions: The anomalies of the testes, epididymis and vas deferens are rare, found in less than 2% of the cases in fetuses without anomalies. The epididymal anomalies are more frequent in cases of cryptorchidism. Key words: testis, epididymis, vas deferens, anomalies, cryptorchidism Braz J Urol, 26: 530-534, 2000 INTRODUÇÃO O testículo humano se origina a partir de um espessamento do epitélio celomático na região medial do ducto mesonéfrico, entre a quarta e a sexta semanas pós-concepção (1,2). Durante o período fetal os testículos migram do abdômen em direção ao escroto, atravessando a parede abdominal pela região do canal inguinal. As teorias mais aceitas para explicar a migração testicular são: a)- aumento da pressão intraabdominal (3,4); b)- desenvolvimento do gubernáculo testicular (5,6); c)- estímulos hormonais (gonadotrofina coriônica e testosterona) (7-9); d)- estímulos provenientes do nervo gênito-femoral (6,8,9). As anomalias testiculares podem ser divididas em 2 grupos: a)- anomalias de número, divididas em agenesia (unilateral ou bilateral) e testículo extra-numerário e b)- anomalias de posição, divididas em criptorquidia e ectopia (1,2). A infertilidade é muito freqüente nos pacientes com anomalias testiculares (1,2). O epidídimo, o ducto deferente, a vesícula seminal e os ductos ejaculatórios se originam a partir do ducto mesonéfrico. O desenvolvimento deste sistema ductal termina em torno da décima terceira semana pós-concepção (2). As anomalias destas estruturas anatômicas também são prevalentes em pacientes com infertilidade, ocorrendo com freqüência em pacientes com criptorquidia e com fibrose cística (10,11). Existem muitos estudos em crianças, feitos durante intervenções cirúrgicas (orquiodopexias, hérnia e hidrocele) e em pacientes com infertilidade que mostram a incidência de anomalias do testículo, epidídimo e do ducto deferente. (12-14). 530

São poucos os trabalhos que mostram a anatomia normal do testículo, do epidídimo e do ducto deferente em adultos e crianças (15-17). As pesquisas que mostram a incidência das anomalias destes órgãos durante o período fetal humano são raras (15). Trabalhos mostrando a incidência de anomalias testiculares, epididimárias e deferenciais em pacientes criptorquídicos e em fetos humanos sem anomalias congênitas feitos simultaneamente são inexistentes na literatura. O objetivo deste trabalho é fazer um estudo comparativo em pacientes criptorquídicos e em fetos humanos analisando a incidência de anomalias do testículo, epidídimo e do ducto deferente nessas duas populações. MATERIAL E MÉTODOS B A C Foram estudados 276 testículos, epidídimos e ductos deferentes provenientes de 138 fetos humanos sem anomalias congênitas do trato genito-urinário e 64 testículos, epidídimos e ductos deferentes provenientes de 49 pacientes criptorquídicos submetidos à orquidopexia. Todos os fetos estavam em bom estado de conservação, sem nenhuma malformação congênita detectável. Os fetos apresentavam idade variando entre 10 e 35 semanas pós-concepção, idades estimadas pelo critério do tamanho do maior pé (12,18-22). Os pacientes com criptorquidia apresentavam idade variando entre 1 ano e 6 meses e 15 anos (média de 6.4 anos). Os testículos foram considerados abdominais quando situados acima do anel inguinal interno, inguinais quando localizados entre o anel inguinal interno e o anel inguinal externo e escrotais quando localizados abaixo do anel inguinal externo. As anomalias testiculares foram divididas em anomalias de número (anorquia ou poliorquia). As anomalias epididimárias foram dividas em anomalias de obliteração(da cabeça, do corpo ou da cauda) (Figura-1); disjunção (da cabeça, da cauda ou total) (Figura-2); número (duplicação ou agenesia) e ectopia (canal ou abdominal). As anomalias do ducto deferente foram divididas em anomalias de obliteração (segmento curto, segmento longo ou agenesia) e número (duplicação ou agenesia). Figura 1 Anomalias epididimárias de obliteração; A)- obliteração dos ductos eferentes; B)- obliteração do corpo do epidídimo; C)- corpo do epidídimo separado em 2 porções e D)- agenesia da metade final do epidídimo. A D Figura 2 Anomalias epididimárias de disjunção; A)- disjunção da cabeça do epidídimo; B)- disjunção da cauda do epidídimo; C)- disjunção total do epidídimo. C B 531

RESULTADOS Dos 276 testículos fetais estudados 190 (68.84%) estavam no abdômen, 36 (13.04%) na região inguinal e 48 (17.39%) no escroto. Em 1 feto - 02 casos (0.72%) - os testículos, os epidídimos e os ductos deferentes estavam ausentes. Além dos casos de agenesia bilateral nós encontramos anomalias epididimárias de disjunção em 3 casos (1.08%), não encontramos anomalias de obliteração do epidídimo ou do ducto deferente. Os 4 fetos com anomalias testiculares e epidimárias estão listados na Tabela-1. Na Tabela-2 estão evidenciadas as anomalias epididimárias nos fetos e na população com criptorquidia. DISCUSSÃO A criptorquidia é uma das anomalias congênitas mais freqüentes, com incidência de 0.8 a 5% nos recém-nascidos masculinos (2,23-25). As anomalias testiculares de número são raras. A ausência de um ou de ambos os testículos ocorre em cerca de 3% dos pacientes com criptorquidia (1,2). Existem 3 teorias para explicar a anorquia: a)- ausência de desenvolvimento testicular durante o período fetal; b)- interrupção do suprimento vascular do testículo durante o período fetal e c)- atrofia causada por torção testicular intra-útero (1,2). Dos 138 fetos, observamos apenas 02 casos (no mesmo feto) de anorquia Tabela 1 Fetos com anomalias. SPC - semanas pós-concepção; TD - testículo direito; TE - testículo esquerdo. Idade TD TE Órgão Anomalia Lado 23 spc abdômen abdômen epidídimo Disjunção Cauda esq 23 spc - - testículo Agenesia bilateral 27 spc abdômen abdômen epidídimo Disjunção - cabeça direito 28 spc escroto escroto epidídimo Disjunção Cauda direito Tabela 2 Incidência das anomalias epididimárias nos fetos e nas crianças com criptorquidia. Em toda amostra fetal ocorreram anomalias em 5 casos (1.81%); na amostra dos pacientes com criptorquidia as anomalias epididimárias ocorreram em 19 casos (29.6%). Anomalia Agenesia Disjunção cauda Disjunção cabeça Disjunção total Total de casos Feto 2 1 2 0 5 Crianças 0 11 4 4 19 Dos 64 testículos criptorquídicos estudados, 37 (57.8%) estavam no canal inguinal, 16 (25%) no anel inguinal interno, 8 (12.5%)no anel inguinal externo e 4 (6.2%) eram abdominais. Não encontramos nenhum caso de agenesia testicular ou testículo extra-numerário, no entanto 3 (4.7%) dos testículos criptorquídicos eram atróficos. Encontramos anomalias de disjunção epididimária em 19 casos (29.6%). Não encontramos anomalias de número ou de obliteração do ducto deferente e do epidídimo. Para comparação das duas populações foi utilizado o teste estatístico do qui-quadrado. (0.72%). Dos 49 pacientes criptorquídicos não encontramos nenhum caso de anorquia. Esses dados confirmam que esta anomalia é extremamente rara tanto nos pacientes criptorquídicos como na população normal. As anomalias epididimárias estão freqüentemente associadas à criptorquidia - 36 a 79% dos casos (12,13,17) e com à infertilidade em adultos (10). Existem muitos estudos feitos em pacientes criptorquídicos e com infertilidade que mostram a incidência das anomalias epididimárias nestes distúrbios. 532

Turek (17) em um estudo com crianças normais mostrou que as anomalias epididimárias estão presentes em 4% dos casos. Nós em um estudo prévio com 73 fetos humanos sem anomalias congênitas, mostramos que as anomalias epididimárias estavam presentes em 2.75% dos casos. A incidência de anomalias epididimárias foi (com significância estatística) maior na população com criptorquidia. Este estudo confirma que as anomalias epididimárias são raras na população sem anomalias congênitas. As anomalias do ducto deferente são responsáveis por cerca de 1 a 2% dos casos de infertilidade no homem, estando associadas em 65 a 95% dos pacientes com fibrose cística (10,11). Os estudos das anomalias do ducto deferente são raros. Encontramos agenesia do ducto deferente em 2 casos (0.72%) entre os fetos e nenhuma anomalia desta estrutura foi encontrada na população com criptorquidia. Concluímos que: 1)- a anorquia é uma anomalia muito rara, tanto nos pacientes com criptorquidia como nos fetos; 2)- as anomalias do epidídimo são freqüentes nos pacientes com critporquidia e raras nos indivíduos sem anomalias congênitas e 3)- as anomalias do ducto deferente são muito raras, ocorrendo apenas em associação com a anorquia e a agenesia epididimária. REFERÊNCIAS 1. Cromie WJ: Congenital anomalies of the testis, vas epididymis, and inguinal canal. Urol Clin N Amer, 5: 237-252, 1978. 2. Scorer CG, Farrington GH: Development and Descent of the Testis. In: Congenital Deformities of the Testis and Epididymis. NewYork: Appleton-Century-Crofts, pp 1-27, 1971. 3. Backhouse KM: Embryology of testicular descent and maldescent. Urol Clin N Amer, 9: 315-325, 1982. 4. Hadzielimovic F: Mechanism of testicular descent. Urol Res, 12: 155-157, 1984. 5. Heyns CF: The gubernaculum during testicular descent in the human fetuses. J Anat, 153: 93-112, 1987. 6. Heyns CF, Hutson JM: Historical review of theories on testicular descent. J Urol, 153: 754-767, 1995. 7. Elder JS, Isaacs JT, Walsh PC: Androgenic sensitivity of the gubernaculum testis: evidence for hormonal/mechanical interactions in testicular descent. J Urol, 127: 170-176, 1982. 8. Husmann DA, Levy JB: Current concepts in the pathophysiology of testicular undescent. Urology, 46: 267-276, 1995. 9. Rafjer J, Walsh PC: Hormonal regulation of testicular descent: experimental and clinical observations. J Urol, 118: 985-990, 1977. 10. Schlegel PN, Shin D, Goldstein M: Urogenital anomalies in men with congenital absence of the vas deferens. J Urol, 155: 1644-1648, 1996. 11. Vohra S, Morgentaler A: Congenital anomalies of the vas deferens, epididymis, and seminal vesicles. Urology, 49: 313-321, 1997. 12. Elder JS: Epididymal anomalies associated with hydrocele/hernia and cryptorchidism: implications regarding testicular descent. J Urol, 148: 624-626, 1992. 13. Gill B, Kogan S, Starr S, Reda E, Levitt S: Significance of epididymal and ductal anomalies associated with testicular maldescent. J Urol, 142: 556-558, 1989. 14. Marshall FF: Anomalies associated with cryptorchidism. Urol Clin N Amer, 9: 339-347, 1982. 15. Favorito LA, Sampaio FJB: Anatomical relationships between testis and epididymis during the fetal period in humans (10-36 weeks postconception). Eur Urol, 33: 121-123, 1998. 16. Sampaio FJB, Favorito LA: Analysis of testicular migration during the fetal period in humans. J Urol, 159: 540-542, 1998. 17. Turek PJ, Ewalt DH, Snyder HM III, Duckett JW: Normal epididymal anatomy in boys. J Urol, 151: 726-727, 1994. 18. Hern WN: Correlation of fetal age and measurements between 10 and 26 weeks of gestation. Obst Gynec, 63: 26-32, 1984. 19. Mercer BM, Skalar S, Shariatmadar A, Gillieson MS, D alton ME: Fetal foot length as a predictor of gestational age. Amer J Obst Gynec, 156: 350-356, 1987. 533

20. Platt LD, Medearis AL, De Vore GR, Horenstein JM, Carlson DE, Brar HS: Fetal foot length: relationship to menstrual age and fetal measurements in the second trimester. Obst Gynec, 71: 526-531, 1988. 21. Sampaio FJB, Anderson KM, Favorito LA: Pédicule artériel du rein chez le foetus humain. J Urol (Paris), 103: 20-23, 1997. 22. Streeter GL: Weight, sitting height, head size, foot length and menstrual age of the human embryo. Cont Embryol Carnegie Inst, 11: 143-170, 1920. 23. Jackson MB, Gough MH, Dudley NE: Anatomical findings at orchiopexy. Brit J Urol, 59: 568-71, 1987. 24. Scorer CG: The anatomy of testicular descentnormal and incomplete. Brit J Surg, 49: 357-367, 1962. 25. Cendrom M, Huff DS, Keating MA, Snyder, III HM, Duckett JW: Anatomical, morphological and volumetric analysis: A review of 759 cases of testicular maldescent. J Urol, 149: 570-573, 1993. Received: June 6, 2000 Accepted after revision: August 31, 2000 Correspondence address: Dr. Luciano Alves Favorito Urogenital Research Unit Caixa Postal No. 46.503 20562-970, Rio de Janeiro, RJ, Brazil Fax: + + (55) (21) 587-6121 534