UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA COMÉRCIO EXTERIOR NOS CURSOS DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Por: Jorge Luiz de Oliveira Santos Orientador Prof. Carlos Alberto Cereja de Barros Rio de Janeiro 2004

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA COMÉRCIO EXTERIOR NOS CURSOS DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Apresentação de monografia ao Conjunto Universitário Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós- Graduação Lato Sensu em Docência do Ensino Superior. Por: Jorge Luiz de Oliveira Santos.

3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por oportunizar essa pesquisa, a minha mãe, munha mulher, as minhas duas filhas, ao grupo de professores que ministraram a pós-graduação e a todos amigos que fizeram deste sonho, uma realidade.

4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a memória do meu pai, Jorge Preira dos Santos, que se aqui estivesse, teria muito orgulho em presenciar a conclusão desse estudo, fruto de muito esforço.

5 RESUMO A consolidação da abertura comercial e a permanência do programa de estabilização econômica alteraram significativamente o ambiente dos negócios internacionais em que operam as empresas brasileiras que, então, passaram a competir tendo como parâmetro a concorrência internacional. Face a este novo ambiente, faz-se necessária a inclusão da disciplina Comércio Exterior nos cursos de graduação em Administração de Empresas com o objetivo de contribuir para a formação de pessoas que possam desenvolver capacidades analíticas e cognitivas de um atual ou futuro gestor de comércio exterior que atuará em um mundo em constante transformação.

6 METODOLOGIA A metodologia usada para a realização deste trabalho foi a revisão bibliográfica. Utilizou-se como fonte de consulta livros, artigos e trabalhos publicados que abordam o assunto analisado.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 08 CAPITULO I O ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL... 10 CAPÍTULO II A DISCIPLINA COMÉRCIO EXTERIOR... 27 CAPÍTULO III O PROFESSOR DE COMÉRCIO EXTERIOR... 36 CONCLUSÃO... 42 BIBLIOGRAFIA... 44 ÍNDICE... 46 FOLHA DE AVALIAÇÃO... 47 ANEXOS... 48

8 INTRODUÇÃO Os Cursos de Administração no Brasil têm história recente, principalmente, se comparados com os dos EUA e da Europa. A evolução de tais cursos se apresenta como uma faceta do desenvolvimento do espírito modernizante. As instituições de ensino, atentas às transformações que se operam no mundo político, econômico, social e cultura, buscam implementar várias mudanças no arquétipo de formação do profissional de Administração sempre com o intuito de modernizar o perfil do egresso. Novas propostas de análise do ensino de Administração têm surgido nos últimos anos, ampliando consideravelmente os instrumentos de reflexão teóricos e práticos sobre o assunto. Com a globalização, a interatividade internacional acabou por instigar as universidades a repensarem nas formas de introduzir assuntos ligados aos acontecimentos globais em seus currículos, para melhor adequá-los à realidade atual. No caso do curso de administração de empresas, a necessidade de alteração ou inserção de alguns temas é ainda mais acentuada. Com o propósito maior de contribuir para a motivação de discussões sobre o ensino da administração, este trabalho foi desenvolvido tendo como objetivo específico analisar a importância da inserção da disciplina Comércio Exterior nos cursos de Administração, tendo em vista que o mercado, que está em constante transformação, define, de forma axiomática, as necessidades de um novo modelo em termos de formação profissional e de definição da identidade do Administrador. O trabalho procura, ainda, ressaltar a formação do professor de Comércio exterior, procurando identificar que o perfil do professor que queremos e buscamos para o ensino dessa disciplina. Esse parece ser um grande desafio, pois remete e desvela caminhos diferenciados para reflexão. Inobstante o perfil desejado ou ideal, o fato é que os professores, em sua grande maioria, são profissionais

9 revestidos momentaneamente do papel de professor cuja metodologia, prática de ensino, noções gerais de ensino e aprendizagem ainda não são suficientes. Por outro lado, passam seu conhecimento e experiência à formação e vivência de novos profissionais.

10 CAPÍTULO I O ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL Os cursos de administração no Brasil têm uma história muito curta, principalmente se comparamos com os EUA, onde os primeiros cursos na área se iniciaram no final do século passado, com a criação da Wharton School, em 1881. Em 1952, ano em que se iniciava o ensino de administração no Brasil, os EUA já formavam em torno de 50 mil bacharéis, 4 mil mestres e 100 doutores, por ano, em administração (Castro, 1981). Couvre (1982) diz que a evolução de tais cursos se apresenta como uma faceta do desenvolvimento do espírito modernizante. É neste sentido, isto é, na mudança e desenvolvimento da formação social brasileira, que devemos buscar as condições e as motivações para a criação desses cursos. Para a autora, tais motivações estão relacionadas com o caráter de especialização e uso crescente da técnica, tornando imprescindível a necessidade de profissionais para as diferentes funções de controlar, analisar e planejar as atividades empresariais. Segundo Martins (1989), o contexto para a formação do administrador no Brasil começou a ganhar contornos mais claros na década de quarenta. A partir desse período, acentua-se a necessidade de mão-de-obra qualificada e, conseqüentemente, a profissionalização do Ensino de Administração. O autor afirma que "o desenvolvimento de uma sociedade, até então, basicamente agrária, que passava gradativamente a ter seu pólo dinâmico na industrialização, colocou como problema a formação de pessoal especializado para analisar e planificar as mudanças econômicas que estavam ocorrendo, assim como incentivar a criação de centros de investigação vinculados à análise de temas econômicos e administrativos" (MARTINS, 1989, p. 663).

11 Segundo esta visão, tratava-se de formar, a partir do sistema escolar, um administrador profissional, apto para atender ao processo de industrialização. Tal processo foi se desenvolvendo de forma gradativa, desde a década de 30. Porém, ficou acentuado no momento da regulamentação da profissão, ocorrida na metade dos anos sessenta, através da Lei n 4.769, de 09 de setembro de 1965. Após esta lei, o acesso ao mercado profissional seria privativo dos portadores de títulos expedidos pelo sistema universitário. Portanto, tal ensino veio privilegiar a participação das grandes unidades produtivas, que passaram a constituir um elemento fundamental na economia do país, principalmente a partir de 1964. Para Martins (1989), a grande preocupação com assuntos econômicos tem seu marco em 1943. Neste ano, realizou-se, no Rio de Janeiro, o primeiro Congresso Brasileiro de Economia, onde se manifestava grande interesse pela industrialização do país, postulando-se iniciativas concretas por parte do Estado para motivar a pesquisa em assuntos econômicos. Porém, tais estudos vinham sendo realizados basicamente nos cursos de Direito na disciplina de economia, vista como "formação geral". Somente em 1945, surgiram os primeiros resultados quanto à implantação desse ensino. Neste ano, Gustavo Capanema, Ministro da Educação e Saúde, encaminhou à Presidência da República um documento que propunha a criação de dois cursos universitários: o de Ciências Contábeis e Ciências Econômicas. O documento afirmava que as atividades de direção e orientação, tanto nos negócios públicos como empresariais, atingiram um nível de maior complexidade, exigindo de seus administradores e técnicos conhecimentos especializados. Isto permitiu que os cursos de economia passassem a ter um caráter de especialização, não mais de natureza genérica, como anteriormente. A criação desses cursos assumiu um papel relevante, uma vez que passou a ampliar a organização escolar do país que, até então, se constituía apenas de engenheiros, médicos e advogados.

12 Neste sentido, é significativo considerar a importância do Manifesto dos "Pioneiros da Educação Nova" quando, ainda em 1932, abordavam a necessidade de outros cursos universitários, além dos já mencionados acima. Couvre (1982) vem confirmar o pensamento dos autores já referidos, afirmando que o ensino de administração está relacionado ao processo de desenvolvimento do país. Salienta que sua criação intensificou-se, sobretudo, após a década de sessenta, com a expansão do ensino superior, no qual o ensino de administração está inserido. Segundo a autora, este processo de desenvolvimento foi marcado por dois momentos históricos distintos. O primeiro, pelos governos de Getúlio Vargas, representativo do projeto "autônomo", de caráter nacionalista. O segundo, pelo governo de Juscelino Kubitschek, evidenciado pelo projeto de desenvolvimento associado, caracterizado pelo tipo de abertura econômica de caráter internacionalista. Este último apresentou-se como um ensaio do modelo de desenvolvimento adotado após 1964. Neste período, o processo de industrialização se acentuou, sobretudo devido à importação de tecnologia norte-americana. O surto de ensino superior, e em especial o de administração, é fruto da relação que existe, de forma orgânica, entre esta expansão e o tipo de desenvolvimento econômico adotado após 1964, calcado na tendência para a grande empresa. Neste contexto, tais empresas, equipadas com tecnologia complexa, com um crescente grau de burocratização, passam a requerer mão-deobra de nível superior para lidar com esta realidade. Para Martins (1989), o surgimento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a criação da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP) marcaram o ensino e a pesquisa de temas econômicos e administrativos no Brasil, contribuindo para o processo de desenvolvimento econômico do país.

13 Tais instituições ocuparam uma posição dominante no campo das instituições de ensino de administração, assim como de referência do posterior desenvolvimento desses cursos. É importante considerar que a idéia dos criadores destas instituições era de criar um novo tipo de intelectual, dotado de uma formação técnica, capaz de revestir suas ações de conhecimentos especializados como uma estratégia indispensável ao prosseguimento das transformações econômicas iniciadas em meados dos anos trinta. Segundo Martins (1989), tratava-se de formar, a partir do sistema escolar, o "administrador profissional". Segundo o autor, este processo ficaria acentuado no momento da regulamentação da profissão, ocorrida na metade dos anos sessenta - 1965 - quando o acesso ao mercado profissional seria privativo dos portadores de títulos expedidos pelo sistema universitário. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) representa a primeira e mais importante instituição que desenvolveu o ensino de administração. Sua origem remonta à criação do DASP, em 1938. Este Órgão tinha como finalidade estabelecer um padrão de eficiência no serviço público federal e criar canais mais democráticos para o recrutamento de Recursos Humanos para a administração pública, através de concursos de admissão. A idéia da criação da nova Instituição foi bem acolhida pelo então presidente da República, Getúlio Vargas, que autorizou o DASP (Departamento de Administração do Serviço Público) a promover a abertura de uma entidade voltada ao estudo de princípios e métodos da organização racional do trabalho, visando à preparação de pessoal qualificado para a administração pública e privada. Surge, através do Decreto n 6.933, a FGV, próxima do pólo dominante dos campos do poder político e econômico. Foi na Fundação Getúlio Vargas que surgiram os primeiros institutos de investigação sobre assuntos econômicos do país, com propósito de fornecer resultados para as atividades dos setores estatal e privado.

14 Segundo Martins (1989), a Fundação Getúlio Vargas tem apresentado um vínculo entre seus organizadores e o ensino universitário norte-americano, de onde proveio a inspiração para estruturá-la em termos de fundação. A criação da FGV ocorreu num momento em que o ensino superior brasileiro desloca-se de uma tendência européia para uma tendência norteamericana. Isto é evidente, uma vez que a FGV tomou como referência os cursos daquele país. Segundo o autor, o objetivo da Fundação era formar especialistas para atender ao setor produtivo e para tal inspirou-se em experiências norte-americanas. Em 1948, representantes desta Instituição visitaram vinte e cinco Universidades americanas que mantinham cursos de administração pública, com o intuito de conhecer diferentes formas de organização. Isto favoreceu a realização de encontros entre representantes da Fundação Getúlio Vargas e professores norte-americanos quanto à criação de uma escola, visando ao treinamento de especialistas em administração pública. Fruto destas relações, em 1952, tivemos a criação da Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP), pela Fundação Getúlio Vargas, com o apoio da ONU e da UNESCO para a manutenção inicial. O convênio com tais organismos internacionais previa a manutenção de professores estrangeiros na escola e bolsas de estudo para o aperfeiçoamento no exterior dos futuros docentes. Martins (1989) afirma que, com a criação da EBAP no Rio de Janeiro, a Fundação Getúlio Vargas preocupou-se com a criação de uma escola destinada especificamente à preparação de administradores de empresas, vinculada ao mundo empresarial, com o objetivo de formar especialistas em técnicas modernas de administração empresarial. Esta situação permitiu, em 1954, a criação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP). É importante considerar que a FGV escolheu esta cidade por ser considerada a capital econômica do país, "coração e cérebro da iniciativa privada", com o intuito de atender às expectativas do empresariado. Para a

15 implantação de tal escola, a Fundação Getúlio Vargas buscou apoio do governo federal, do Estado de São Paulo e da iniciativa privada. Para iniciar as atividades nesta nova Instituição, a Fundação Getúlio Vargas firmou um acordo com a USAID (Desenvolvimento Internacional do Governo dos Estados Unidos). Neste convênio, o governo norte-americano se comprometia a manter junto a esta escola uma missão universitária de especialistas em administração de empresas, recrutada junto à Universidade Estadual de Michigan. Por outro lado, a Fundação Getúlio Vargas enviaria docentes para estudos de pósgraduação nos Estados Unidos, com o intuito de preencher os quadros do corpo docente da EAESP. Tal convênio revela a influência do ensino de administração norte-americano na realidade brasileira, evidenciado, sobretudo, através dos currículos e bibliografias. Segundo Martins (1989), a missão universitária norte-americana atuou nesta instituição até 1965, fornecendo uma forte estrutura acadêmica, e permitindolhe ocupar uma posição dominante no funcionamento dos cursos de administração na sociedade brasileira. Para Schuch Júnior (1978), com a criação da Escola de Administração de Empresa de São Paulo (EAESP), surgiu o primeiro currículo especializado em Administração, tendo influenciado, de alguma forma, o movimento posterior nas instituições de ensino superior do país. Segundo Martins (1989), a partir da década de sessenta, a Fundação Getúlio Vargas passou a criar cursos de pós-graduação na área de Economia, Administração Pública e de Empresas. Em meados dessa década, iniciou a oferta regular dos cursos de mestrado. Com a criação dos cursos de mestrado, a Fundação Getúlio Vargas passou a ser o centro formador de professores para outras instituições de ensino, no momento em que ocorreu uma enorme expansão dos cursos de administração. Fruto dessa expansão, na metade da década de setenta, passou a ministrar um programa de doutorado nesta área.

16 Outra Instituição de muita relevância para o desenvolvimento do ensino de administração tem sido a Universidade de São Paulo (USP). Surgiu da articulação de políticos, intelectuais e jornalistas, vinculados ao jornal de São Paulo. Para Martins (1989), foi em 1934 que surgiu a Universidade de São Paulo, através da aglutinação de faculdades já existentes e da abertura de novos centros de ensino. Em 1946, é criada a Faculdade de Economia e Administração - FEA - que tinha por objetivo formar funcionários para os grandes estabelecimentos de administração pública e privada. O fator que veio repercutir na criação da FEA foi principalmente o grande surto de industrialização, quando surgiram empresas movimentando altos capitais que exigiram, para sua direção, técnicas altamente especializadas. Assim como a Fundação Getúlio Vargas, através da EBAP e da EAESP, também a Faculdade de Economia e Administração foi criada com um objetivo prático e bem definido, isto é, atender, através da preparação de recursos humanos, às demandas oriundas do acelerado crescimento econômico. Martins (1989) afirma que foram os interesses públicos e privados que influenciaram na criação da FEA. Segundo o autor, o objetivo era de prestar colaboração às empresas privadas e a todos os órgãos do serviço público. Desde o seu início, procurou criar relações principalmente com a administração pública local. Estabeleceu contato com a Federação das Indústrias, com a Associação Comercial do Estado e com a iniciativa privada. Tais relações permitiram que o quadro de professores acumulasse, além de suas funções didáticas, um trabalho de assessoria junto a organismos privados e à administração estatal. No interior da FEA, foram criados institutos que desempenharam um papel estratégico para sua articulação com o campo do poder econômico, na medida em que passou a prestar serviços a organismos públicos e privados.

17 É importante mencionar o Instituto de Administração, criado em 1946, que, juntamente com a FEA, foi, até 1966, muito importante na orientação de projetos e pesquisas para a administração pública e estatal. Quanto à sua origem, a Faculdade de Economia e Administração, nos seus primeiros vinte anos, possuía apenas os cursos de Ciências Econômicas e Ciências Contábeis, deixando de oferecer os cursos de administração. Mesmo assim, ambos os cursos evidenciavam um conjunto de disciplinas que tratavam de questões administrativas. O Instituto de Administração tinha por objetivo realizar pesquisas na área. Esta orientação permitiu o surgimento da Revista de Administração, através do Departamento de Serviço Público. Somente no início dos anos sessenta, a Faculdade de Economia e Administração sofreu algumas alterações estruturais, dando origem ao Departamento de Administração, composto por disciplinas integradas aos cursos de Ciências Econômicas e Ciências Contábeis. Segundo Martins (1989), nesta época, surgiram os primeiros cursos de pós-graduação nesta Faculdade, inclusive em Administração, embora ainda não existisse o curso de graduação. Isto só veio a ocorrer em 1963, quando passou a oferecer os cursos de Administração de Empresas e de Administração Pública. É importante considerar que, enquanto a criação da EBAP e EAESP correspondeu a um momento histórico, em que o segundo Governo de Vargas procurou conduzir uma política econômica, baseada na criação de empresas estatais e empresas privadas nacionais, retomando ao tema do nacionalismo, a criação do curso de Administração da FEA coincidiu com um momento em que a grande empresa estrangeira havia se consolidado no mercado interno nacional. A partir de 1972, o Instituto de Administração foi reestruturado, não mais ligado a um grupo de disciplinas, mas ao Departamento de Administração. Seu principal objetivo tem sido prestar serviços a entidades públicas e privadas, realizando pesquisas e treinamento de pessoal. Segundo Martins (1989), os serviços prestados geraram um fundo de pesquisa, transformando-o num órgão captador de recursos no interior da FEA.

18 Observa-se também que a criação e evolução dos cursos de administração na sociedade brasileira, no seu primeiro momento, foram feitas no interior de Instituições Universitárias, fazendo parte de um complexo de ensino e pesquisa. Essas escolas transformaram-se em pólos de referência para a organização e funcionamento deste campo. No final dos anos sessenta, a evolução dos cursos de administração ocorreria, não mais vinculada a Instituições Universitárias, mas às Faculdades isoladas que proliferaram dentro do processo de expansão privatizada na sociedade brasileira. Esta expansão, segundo Martins (1989), também está relacionada às transformações ocorridas no plano econômico. A partir da década de sessenta, o estilo de desenvolvimento privilegiou as grandes unidades produtivas na economia do país. Ocorreu o crescimento acentuado das grandes empresas, principalmente estrangeiras e estatais, permitindo a utilização crescente da técnica. Isso implicou diretamente na necessidade de profissionais com treinamento específico para executar diferentes funções internas das organizações. Em face desta situação, as grandes empresas passaram a adotar a profissionalização de seus quadros, tendo em vista o tamanho e complexidade das estruturas. Isso veio a constituir um espaço potencial para a utilização dos administradores que passaram pelo sistema escolar. Com as mudanças econômicas, um novo acontecimento acentuou a tendência à profissionalização do administrador. A regulamentação dessa atividade ocorreu na metade da década de sessenta, pela Lei n 4.769 de 09 de setembro de 1965. A presente Lei, no seu artigo 3, afirma que o exercício da profissão de Técnico em Administração é privativo dos Bacharéis em Administração Pública ou de Empresa, diplomados no Brasil, em cursos regulares de ensino superior, oficial, oficializado ou reconhecido, cujo currículo seja fixado pelo Conselho Federal de Educação, nos termos da Lei n 4.024, de 20 de dezembro de 1961, que fixa as Diretrizes e Bases da Educação no Brasil. Isso veio ampliar um vasto campo de trabalho para a profissão de administrador.

19 Segundo Schuch Júnior (1978), no ano seguinte à regulamentação da profissão, através do parecer n 307/66, aprovado em 08 de julho de 1966, o Conselho Federal de Educação fixou o primeiro currículo mínimo do curso de administração. Ficavam, assim, institucionalizadas, no Brasil, a profissão e a Formação de Técnico em Administração. As diretrizes do parecer se inspiraram na análise das condições reais da Administração do país e nos postulados que emanavam da lei e da doutrina fixada na experiência nacional e internacional. Tal currículo procurou agrupar matérias: de cultura geral, objetivando o conhecimento sistemático dos fatos e condições institucionais em que se insere o fenômeno administrativo; as instrumentais, oferecendo os modelos e técnicas, de natureza conceitual ou operacional; e as de formação profissional. Com a liberdade dada pelo currículo, as escolas puderam ministrar as matérias do currículo mínimo com diferentes dosagens de tempo e de acento quanto aos objetivos, assim como organizar cursos ou seminários de aplicação mais restrita ou especializada. Tem-se de superar certa tendência atomística que decompõe o currículo em todos os elementos que poderá abranger, adicionados, depois, como matérias autônomas: e a tendência prevalece ao longo da tradição educacional, a que se deve a excessiva densidade dos planos de estudo. Dentro dessa orientação, mais ou menos mecânica, torna-se impraticável a redução, salvo por processo igualmente mecânico que elimina, mutilando. De acordo com o parecer nº 307/66, o currículo mínimo do curso de Administração, que habilita ao exercício da profissão de Técnico de Administração, foi constituído das seguintes matérias: Matemática; Estatística; Contabilidade; Teoria Econômica; Economia Brasileira; Psicologia Aplicada à Administração; Sociologia Aplicada à Administração; Instituições de Direito Público e Privado (incluindo Noções de Ética Administrativa); Legislação Social; Legislação Tributária; Teoria Geral da Administração; Administração Financeira e Orçamento; Administração de Pessoal; Administração de Material.

20 Além desse elenco de matérias, tornou-se obrigatório o Direito Administrativo, ou Administração de Produção e Administração de Vendas, segundo a opção do aluno. Ainda, para obterem o diploma, os alunos tinham que realizar um estágio supervisionado de seis meses. A partir dessa regulamentação, procurou-se instituir organismos que controlassem o exercício da profissão. Criavam-se os Conselhos Regionais. Segundo Martins (1989), a função de tais organismos era fiscalizar o desempenho da profissão e expedir as carteiras profissionais. Só poderiam exercer a profissão aqueles registrados nos Conselhos Regionais de Administração - CRAs. Este organismo passaria a ter um forte controle sobre as condições de acesso à profissão. Isso nos mostra que a regulamentação da profissão de Administrador, ao institucionalizar que o exercício seria privativo daqueles que possuíam o título de bacharel em Administração, contribuiu de forma acentuada para a expansão desses cursos. Segundo Souza (1980), outro fator que contribuiu significativamente neste processo de profissionalização foram as leis da Reforma do Ensino Superior. Estas leis estabeleceram claramente níveis de ensino tipicamente voltados às necessidades empresariais. Assim como permitiram o surgimento de Instituições Privadas para que, juntamente com as Universidades, pudessem corresponder à grande demanda de ensino superior desde a década de cinqüenta. A Lei nº 5.540, nos seus artigos 18 e 23, afirma que os cursos profissionais poderão, segundo a área abrangida, apresentar modalidades diferentes quanto ao número e à duração, a fim de corresponder às profissões reguladas em Lei. As Universidades e os estabelecimentos isolados poderão organizar outros cursos para atender às exigências de sua programação específica e fazer face à peculiaridade do mercado de trabalho regional. Segundo Castro (1981), tais acontecimentos repercutiram significativamente, uma vez que, num intervalo de trinta anos, o ensino de

21 administração alcançou uma dimensão significativa na sociedade brasileira. Contando apenas com dois cursos em 1954, a EBAP e a EAESP, ambos mantidos pela Fundação Getúlio Vargas, passou-se para 31, em 1967, saltando para 177 cursos no ano de 1973, para 244 em 1978 e para 354 em 1995. Esta relação entre prática profissional e a obtenção de títulos específicos impulsionou aqueles que aspiravam a ter acesso a funções econômicoadministrativas, em órgãos públicos ou privados, a ingressar em centros de ensino que oferecessem tal habilitação. Assim, também aqueles que já desenvolviam tais atividades no mercado profissional foram impulsionados a buscar o título universitário para obter promoções. Neste contexto, um dos aspectos que merecem ser destacados na expansão dos cursos de Administração é a considerável participação da rede privada neste processo, ocorrida a partir do final dos anos sessenta. No início da década de oitenta, o sistema particular era responsável por aproximadamente 79% dos alunos, ficando o sistema público com o restante. O mesmo ocorreu nas demais áreas de conhecimento, onde a distribuição era de 61% para a rede privada. Para Martins (1989), outro fator importante que envolve o ensino privado, são os estabelecimentos isolados, isto é, instituições não-universitárias, que absorvem 63% de todos os alunos de administração do país. Segundo o autor, se acrescentarmos a este número os estudantes dos estabelecimentos isolados, municipais e estaduais, pode-se verificar que no início da década de oitenta, cerca de 70% dos alunos de graduação em administração encontram-se neste tipo de Instituição. Ao contrário das primeiras escolas, que nasceram próximas aos campos do Poder econômico e político, as novas escolas, de maneira geral, nasceram eqüidistantes das expectativas e dos grupos que ocupavam posições dominantes naqueles campos. O aparecimento delas partiu da iniciativa de atores que atuavam no setor educacional, aproveitando-se do momento em que o Estado pós-64 abriu um grande espaço para a iniciativa privada, visando a atender à crescente demanda de acesso ao ensino de 3º grau.

22 Martins (1989) diz que a abertura dos cursos apresentava-se vantajosa, uma vez que poderiam ser estruturadas sem muitos dispêndios financeiros. Tais cursos buscavam uma certa rentabilidade acadêmica, procurando adaptar suas práticas acadêmicas aos grandes centros que desfrutam de maior legitimidade. Observa-se uma relação assimétrica, em que as primeiras escolas de administração têm, enquanto tendência, que produzir para o setor público e privado uma elite administrativa vinculada aos pólos dominantes dos campos do poder político e econômico. Enquanto que, por outro lado, as novas instituições têm produzido os quadros médios para as burocracias públicas e privadas que, em função de sua complexidade, necessitam de pessoal para suas rotinas, isto é, um pessoal treinado para questões econômico-administrativas. Quanto a influência norte-americana é um fato notório, uma vez que todo o sistema de ensino brasileiro, a partir da década de sessenta, adotou aquele sistema. Porém, é lamentável que não se tenha mantido atualizado e compatível com a realidade. Souza (1980) afirma que o que ocorre no Brasil, como reflexo da fragilidade dos cursos de Administração, é que somente quando a demanda se concretiza, o sistema educacional passa a providenciar a formação de mão-de-obra. A conseqüência dessa realidade leva as empresas que demandam esse tipo de profissional a importar ou treinar profissionais por falta de pessoal qualificado. Tratase de um problema sério para os quais as Universidades devem buscar soluções com intuito de aperfeiçoar tal ensino. Por outro lado, Siqueira (1987) afirma que a preocupação não deve estar apenas voltada para a preparação de profissionais para as empresas privadas. Segundo ele, no momento em que o Brasil se encaminha para uma sociedade democrática, parece oportuno defender a formação de um profissional capaz de atuar em outras formas organizacionais, tais como: associações de bairros, cooperativas, pequenas empresas e outros campos novos à espera de formas organizacionais inovadoras, além do seu tradicional campo de empresas.

23 Assim, com a preocupação de melhorar a qualidade dos cursos de Administração, várias instituições somaram esforços na mesma direção. A ANGRAD - Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração e o CFA - Conselho Federal de Administração trabalharam conjuntamente para aprovação do novo currículo mínimo de Administração, aprovado em 1993. O currículo deve ser entendido dentro de sua dimensão mais ampla de desempenhos esperados, de desejado relacionamento com o meio a que serve, suas instituições, organizações, professores, alunos, empresas, envolvendo-se com sua ideologia e filosofia de educação. No caso específico de Administração, deve responder não somente às necessidades do mercado de trabalho, mas também mudar seu enfoque de solucionador de problemas, reprodutor das forças produtivas e das relações sociais, para promotor de novas relações produtivas e sociais. Constitui-se em agente transformador capaz de ajustar-se com rapidez aos avanços das ciências e da tecnologia no estabelecimento de uma nova ordem. A síntese de sua metodologia deve implicar numa integração dos conhecimentos parciais, num todo orgânico e lógico, podendo dar origem a um novo conhecimento ou novas formas de ação. O impacto da tecnologia no desenvolvimento, por exemplo, está a requerer uma permanente atualização daquelas ações educacionais, ante as transformações que se sucedem, principalmente no nível das técnicas, das ciências, da organização e do controle do processo de trabalho. É exatamente dentro desse quadro de considerações que a escola tem que construir suas propostas curriculares com elevado comprometimento metodológico com o permanente repensar do seu quotidiano. É imperioso que se consolide na ação educativa a convicção de que precisamos educar para o desconhecido, ante um mundo de complexidade crescente que se transforma rapidamente.

24 Tudo isto está a indicar uma enérgica mudança de atitude ante a posição convencional de tratamento do chamado "currículo mínimo". As Instituições de Ensino devem convencer-se de que o currículo é apenas um instrumento a serviço da aprendizagem e não um fim em si mesmo. Sua concepção há de ser a de um conjunto solidário de matérias suficientemente nucleares para atenderem, na sua fecundidade e segundo uma metodologia dinâmica, aos objetivos gerais e específicos de determinado curso. O Currículo Mínimo é a chamada matéria-prima a ser convenientemente trabalhada no currículo pleno de cada escola. Toda liberdade criadora em torno daquelas matérias, entendidas como fontes exploratórias, constitui o princípio mais importante nessa mudança de atitude e implica ter no currículo mínimo um parceiro indicativo e não uma "norma" limitativa e inibidora. Significa dizer que o currículo mínimo constitui-se uma fonte para a escola promover as mais diversas explorações, combinando livremente os seus elementos sob a forma de atividades ou disciplinas, no jogo situações concretas x conhecimentos. Com a liberdade que sempre deteve e raramente exercitou, a escola pode ministrar as matérias do currículo com diferentes dosagens em função de seus objetivos, assim como, implicitamente, associados a elas. Nesse particular, tem sido freqüentemente a solicitação de se incluírem, no currículo mínimo, questões que constituem muito mais temas às vezes até bastante oportunos, mas que não chegam a caracterizar matérias, no sentido mais orgânico que se empresta ao termo, como, por exemplo, a criação da disciplina Comércio Exterior. Uma metodologia que enseje, no caso da Administração, por exemplo, a cada escola conferir organicidade ao estudo de todas as variáveis que interferem no fato administrativo, sejam elas políticas, sociais ou econômicas, em função de seus objetivos, sua história e herança e em função das necessidades de sua clientela. Uma metodologia que enfatize uma sólida formação intelectual, que estimule o senso crítico e a mente analítica, pois, se há uma lógica e uma metodologia quase que imanente para as matérias tradicionais de um curso de Administração, o mesmo não se pode dizer para os demais aspectos hoje necessariamente envolvidos com a evolução da Administração.

25 Buscar, portanto, um currículo que atenda às necessidades do meio social e eventualmente aos projetos deste ou aquele segmento da sociedade significa imprimir a esse currículo, antes que uma arquitetura monolítica, uma construção que, sendo organicamente articulada, também seja permeável às demandas de entradas e reentradas, tanto de clientela, como de conteúdos que venham ao encontro das necessidades de um país em processo de definição como o nosso, ainda em busca de modelos institucionais que estejam mais próximos dos fatos, e por isso mesmo, mais aptos a fomentar-lhe a força criadora. Tendo presente as considerações resultantes dos vários encontros promovidos pela ANGRAD e pelo CFA, chegou-se ao novo currículo mínimo do Curso de Administração. A Resolução nº 2, de 04 de outubro de 1993, "Fixa os mínimos de conteúdos e duração do curso de Graduação em Administração". Dessa forma, o curso de Administração deve buscar a construção de uma base técnico-científica que permita aos alunos desenvolverem um processo de autoquestionamento e aprendizado, de modo a torná-los capazes de absorver, processar e se adequar, por si mesmos, às necessidades e aos requerimentos das organizações do mundo moderno. De acordo com essa filosofia, a educação é concebida como um instrumento que oferece ao indivíduo a oportunidade de construir a sua própria formação intelectual e profissional. Nessa linha, o curso caracteriza-se por uma orientação de permanente estímulo à imaginação e à criatividade dos alunos, procurando exercitar seu raciocínio analítico, inspirar sua capacidade de realização e desenvolver suas habilidades de expressão oral e escrita. Ainda, mais do que qualquer época, a gestão eficaz de recursos representa hoje em dia um grande desafio para a sociedade, uma verdadeira prioridade nacional. Vivem-se tempos em que a busca de soluções adequadas para um desenvolvimento equilibrado, nos campos econômico e social, tem sido alvo de constantes e inadiáveis discussões, dentro de um ambiente de crescente complexidade e permanente mudança. Para enfrentar tal desafio, um importante

26 papel é destinado ao ensino empresarial e às instituições de ensino superior, sejam elas Universidades ou Faculdades Isoladas.

27 CAPÍTULO II A DISCIPLINA COMÉRCIO EXTERIOR 2.1 A atividade de comércio exterior: conceitos norteadores Comércio, em sentido amplo, significa toda relação de trocas entre dois ou mais sujeitos sociais e implica, necessariamente, numa reciprocidade. De fato, não haverá comércio se um dos sujeitos apenas recebe ou oferece algo. A condição implícita na atividade mercantil é exatamente a de que os sujeitos permutem mercadorias, ou que as comprem mediante pagamento, ou que as vendam contra recebimento em dinheiro ou por qualquer outra forma representativa de valor econômico (Souza, 2003). Da perspectiva da ciência econômica, o comércio tem uma função distributiva, correspondendo à ação de buscar produtos e encaminhá-los aos consumidores. Essa função do comércio é perceptível tanto nas transações realizadas entre pessoas de um mesmo país (comércio nacional) quanto naquele praticado entre pessoas de distintas nacionalidades (comércio internacional). Há uma distinção notável entre as formas de praticar comércio, que consiste no fato de estarem os sujeitos da relação de compra e venda situados em diferentes países. Diferentemente do comércio praticado dentro dos limites de uma nação, sujeito ao respectivo ordenamento jurídico interno, o comércio internacional se pratica à luz de uma ordem de direito muito mais complexa. É que os intervenientes (o vendedor e o comprador) não apenas devem estrita obediência às leis internas de seus países, como o próprio ato comercial se realiza dentro de um parâmetro legal ditado pelo ordenamento jurídico internacional, devendo existir, ainda, um necessário acoplamento entre essas duas vertentes (Souza, 2003). Pode-se dizer que o comércio internacional se pratica entre nações através de indivíduos. Por exemplo, Brasil e Canadá comerciam entre si, comprando ou vendendo mercadorias. Do ponto de vista internacional, os pólos da relação

28 comercial serão os países intervenientes, de forma que se o Canadá importar café do Brasil e o Brasil importar máquinas do Canadá, pagarão um ao outro as respectivas aquisições. A concretização dessas operações se dá entre pessoas, usualmente por compra e venda. Nesse aspecto, reside outra fundamental diferença entre o comércio interno e o externo. No comércio interno, uma mercadoria é traditada do vendedor pelo comprador de forma direta, sendo correto dizer que o Estado, embora regule a forma como se dará essa transferência de propriedade, não interfere, salva exceções, no tocante à posse ou propriedade do produto comercializado (Souza, 2003). No comércio internacional, porém, a própria operação de compra e venda internacional sujeita-se a uma autorização dos Estados que jurisdicionam os agentes econômicos da transação comercial. Significa dizer que uma mercadoria não será exportada, nem importada, sem dita autorização estatal - tal como disposto nas respectivas legislações - de modo que o aperfeiçoamento do contrato de compra e venda internacional condiciona-se à vontade soberana dos Estados envolvidos, segundo as conveniências da política comercial que adotam. Portanto, comércio nacional e internacional são representativos de uma atividade mercantil, de distribuição e circulação de riquezas. Porém, o comércio internacional é dotado de uma maior complexidade quando comparado à mesma atividade no plano interno (nacional). O conjunto normativo que define uma operação de exportação ou importação divide-se em normas de comércio exterior do Brasil e normas de comércio internacional. Dentro desse prisma, devemos separar as questões internacionais, que são os estudos e as operações de trocas entre países distintos, caracterizando-se pelo intercâmbio econômico (mercadorias, serviços e movimentação de capitais), político e cultural, que chamamos comércio internacional, e dos termos, regras e normas nacionais das transações e estudos realizados no comércio internacional, que chamamos comércio exterior (Souza, 2003).

29 As normas de comércio internacional são aquelas que se aplicam, uniformemente, a mais de um país, visando a facilitação dos negócios internacionais. Como área específica, o comércio internacional é percebido nas trocas comerciais havidas entre as diversas nações que compõem a comunidade mundial. As regras são disciplinadas através de acordos entre dois ou mais países ou criadas a partir de organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU), Câmara de Comércio Internacional (CCI) ou Organização Mundial do Comércio (OMC). As normas de comércio exterior do Brasil são aquelas emanadas dos órgãos do executivo federal, que disciplinam a entrada no país de mercadorias procedentes do exterior e a saída de mercadorias do território nacional, com suas repercussões nas áreas tributária, administrativa, comercial, aduaneira e financeira. A realização de qualquer negócio de importação ou exportação resultará sempre no estudo de três conjuntos normativos: comércio internacional, comércio exterior do Brasil e o comércio exterior do país com o qual o Brasil estará negociando. 2.2 O mercado de trabalho em comércio exterior Nos últimos anos, o Brasil passou por um período de estagnação econômica e a balança comercial vinha acumulando sucessivos déficits. Nos anos 90, na era Collor, houve uma intensa abertura do mercado brasileiro para os produtos importados, em contrapartida não havia no País uma consciência de que o desenvolvimento da nação dependeria, em grande parte, da participação do Brasil no comércio internacional, ainda hoje uma participação muito tímida, que alcança pouco mais de um ponto percentual do comércio global. Além disso, o mercado não havia se preparado tecnologicamente para competir no mesmo nível com os produtos internacionais que acabaram chegando ao País. Muitas empresas tiveram de rever suas estratégias, e outras, que não

30 aguentaram a pressão, acabaram quebrando. São inúmeros os gargalos existentes que impedem um desenvolvimento mais contundente das exportações brasileiras, entre eles o Custo Brasil, que barra a competitividade. O maior deles, sem dúvida alguma, é a carga tributária que atinge 35% do PIB. O legado deixado por Fernando Henrique Cardoso foi de suma relevância para o momento que vive agora o comércio exterior brasileiro, não apenas em termos de superávits, mas especialmente por sua participação no cenário internacional, pelas relações diplomáticas e por uma visão mais globalizada de mundo. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva vem dando continuidade à política de comércio internacional, deixada por FHC, fortalecendo cada vez mais o ideal de aumentar expressivamente as exportações brasileiras, mas também de não conter de forma castradora as importações, como ocorreu no governo anterior. Acredita-se que o equilíbrio real do comércio internacional dê ao País o desenvolvimento tão sonhado. Uma das expectativas do governo Lula é que a área de comércio exterior seja a responsável pela geração de grande número de empregos. Ao que tudo indica, as profissões relacionadas a essa área serão a bola da vez. Luiz Fernando Furlan, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, espera atingir, no ano de 2006, US$ 100 bilhões de exportações e vem criando uma série de medidas que deverão contribuir para esse número, entre elas o apoio a micro, pequenas e médias empresas, seguindo um modelo semelhante ao da Itália, onde tais empresas são responsáveis por grande parte das exportações. Fato é que desde a abertura da economia na década de 90, a demanda pelo profissional de comércio exterior cresceu no Brasil e a sua profissionalização avançou de forma significativa. Eis alguns depoimentos: No primeiro ano da Faculdade de Ciências Econômicas no Ensino Superior de São Caetano do Sul (Imes), foi transferido

31 para o setor de Exportação da empresa por ter inglês fluente. Sua queda para a área Comercial em Exportação logo o levou a gerente de Exportação. Seu trabalho é abrir e desenvolver mercados para os produtos da companhia. Em suas visitas comerciais, Carlos já conheceu a América Latina, Caribe, América do Norte, Europa, Ásia e Oceania. Não há tédio na nossa profissão, além de poder viajar o mundo e conhecer outras culturas (Carlos Augusto Rosa, gerente de Exportação da São Paulo Alpargatas) "A exportação é uma nova fonte de receita, se a empresa está no momento de buscar outros mercados. A Ambev cresceu 38% fora do País. De cinco a dez anos, há uma demanda maior pelo profissional de comércio exterior. Se o mercado continuar crescendo, a demanda deve aumentar. O Agribusiness é a área mais movimentada com muitas commodities a negociar (Dennys Monteiro, consultor da Asap) "As companhias estão dando atenção especial para a área de Comércio Exterior e para o profissional especializado. Os brasileiros estão melhorando, mas a quantidade de pessoas preparadas na área não pode ser dobrada rapidamente. Por isso muitos profissionais ainda têm deficiências. O primeiro passo na formação é saber inglês, a língua global. O contato com o exterior também é essencial. O ideal é que o profissional viaje, de férias mesmo, para conhecer outras culturas. Aí é que está o pulo do gato: entender outras culturas. Regras de importação e exportação são relativamente fáceis de aprender. Como todo latino, o brasileiro comunica-se e é de fácil relacionamento. Mas precisa de mais disciplina, sendo pontual nas reuniões e ter mais clareza e precisão na escrita. O brasileiro é preparado para se comunicar com o americano e o europeu, mas é falho ao se relacionar com os vizinhos latinos. Outro ponto em que devemos melhorar é na negociação em

32 equipe, na qual os japoneses são mestres. Eles vão muito afinados para uma reunião e somente um, que não é o chefe, fala." (Marc Burbridge, coordenador do Curso de Técnica de Negociação da BSP - Business School São Paulo) 2.3 A formação do profissional de comércio exterior O profissional de comércio exterior deve conhecer administração geral, finanças, gestão de pessoas, custos, estatística, contabilidade e, evidentemente, operações de Comércio Exterior nas áreas de importação, exportação, serviços internacionais, finanças internacionais, marketing internacional, além de terem boa visão de economia internacional. Ponto indiscutível na formação desse Administrador de Comércio Exterior diz respeito ao ensino de idiomas como o inglês e espanhol. Os currículos de alguns cursos de graduação contêm cargas horárias para esses idiomas, mas tal oferta não é suficiente. Por essa razão, algumas escolas não apresentam em seus currículos o ensino desses idiomas. Outro ponto claro, que não suscita dúvidas, diz respeito ao ensino e à utilização de informática ao nível de usuário. A informática é uma ferramenta imprescindível na formação do operador de Comércio Exterior. Considerando-se a conjuntura presente, em que o Brasil projeta para o ano de 2006 uma corrente de comércio de 200 bilhões de dólares americanos, fica evidenciado que haverá uma grande demanda de mercado para os operadores de Comércio Exterior. Os profissionais de Comércio Exterior, de nível superior, deverão possuir o seguinte perfil: visão global da economia internacional, bons conhecimentos da sistemática de Comércio Exterior no Siscomex, boa informação de marketing internacional, facilidade de entendimento de estatísticas, fluência em inglês e, como complemento, em espanhol, boa capacidade operacional como usuário de computador (Windows, Excel, Power Point e Internet) e familiaridade com a legislação dos países com os quais o Brasil mantém negócios.

33 As características do profissional de Comércio Exterior o diferenciam, em termos de atuação, do Administrador de Empresas tradicional. As peculiaridades do Comércio Exterior moldam rapidamente o perfil do profissional da área, que iniciará sua carreira de forma simples, como qualquer outra, e evoluirá, dependendo basicamente de sua vocação para negócios internacionais. Ainda que trabalhe em equipe, seu desempenho será observado em caráter individual, ao prestar contas de sua atuação ao escalão a que estiver subordinado. 2.4 A disciplina Comércio Exterior nos cursos de Administração Muitas questões sobre o currículo do Curso de Graduação em Administração inquietam docentes e discentes, mas talvez a mais recorrente seja: o currículo mínimo atende às necessidades de formação do egresso? Respostas e soluções definitivas estão longe de serem apresentadas: O II Seminário Nacional sobre Qualidade e Avaliação dos Cursos de Administração já apontava para esse questionamento ao estabelecer que sua concepção há de ser a de um conjunto solidário de matérias suficientemente nucleares para atenderem, na sua fecundidade e segundo uma metodologia dinâmica, aos objetivos gerais e específicos de determinado curso. A construção do currículo é o momento de se pensar a instituição como um todo e de sintonizá-la com o momento que se está vivendo. Hoje, o currículo deve ser estruturado a partir dos princípios pedagógicos da identidade, da diversidade, da autonomia, da interdisciplinaridade e da contextualização, segundo Carvalho & Castro (2001). Conforme já demonstrado no Capítulo I, atualmente, o Curso de Administração articula-se em torno de três eixos de formação: a formação básica e instrumental, a profissional e a complementar, mais o estágio supervisionado de acordo com o estabelecido na Resolução CFE nº 02/93.