Acesso A Vacina Para Papillomavirus Humano No Sistema Único De Saúde, Brasil

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Transcrição:

Acesso A Vacina Para Papillomavirus Humano No Sistema Único De Saúde, Brasil Autora: Adenilda Lima Lopes Martins Martins 1. Carlito Nascimento Sobrinho Rosely Cabral Carvalho Colbert Martins da Silva Filho Instituição: Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS Feira de Santana-Bahia-Brasil Resumo: O Papillomavírus Humano (HPV) é um DNA-vírus com reconhecido potencial de indução tumoral, prevalente em mulheres sexualmente ativas. O câncer de colo pode ser prevenido, porém os programas de rastreamento ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) mostram-se insuficientes. Vacina surgiu como possibilidade da prevenção deste câncer com prevalências variáveis nas regiões do Brasil. O alto custo atual reduz o acesso e disponibilização pela rede pública, representando desafio para o SUS. Palavras-chave: Papilomavírus Humano (HPV); vacina; acesso; SUS. Acceso a La Vacuna Para El Vírus Del Papiloma Humano En El Sistema Unico De La Salud, Brasil Resumen: El Virus del Papiloma Humano (VPH) es un virus ADN con reconocido potencial para la inducción del tumor, frecuente en las mujeres sexualmente activas. El cáncer cervical es prevenible, pero los programas de detección que ofrece el Sistema Único de Salud (SUS) es insuficiente. La vacuna se ha convertido en una posible prevención de este cáncer con una prevalencia variable en las regiones de Brasil. El alto costo actual se reduce la disponibilidad y el acceso por el público, representan un reto para el SUS. Palabras clave: Virus del Papiloma Humano (VPH), Vacuna, el acceso, el SUS. Introdução 1

O Papilomavírus Humano (HPV) representa um vírus de DNA com reconhecido potencial de indução tumoral que infecta o trato genital feminino mais prevalente entre mulheres de vida sexual ativa. Tem tropismo por epitélio escamoso estratificado, principalmente do colo uterino (traumas na relação sexual: atrito, lesão, solução de continuidade). A Figura 1 relaciona a associação entre alguns tipos de HPV em homens e mulheres (casos novos) na Europa, sugerindo que nenhum outro tipo de câncer humano apresenta um padrão de distribuição e exposição tão bem estabelecidas, delimitando alguns tipos de câncer (anal, cabeça e pescoço) para ambos os sexos. Fig.17 2

Inquéritos nacionais apresentam dados epidemiológicos de exposição e casos novos de HPV. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) 9 no ano de 2012, apontou taxa de incidência para o câncer de colo que variou de 10,85 a 35,13/ 10 5 mulheres. História Natural da Infecção por HPV e Câncer Cervical O pico de prevalência de infecções transitórias com tipos cancerígenos de HPV (linha azul) ocorre entre as mulheres durante a adolescência e 20 anos, após o início da atividade sexual. O pico de prevalência de pré-canceres do colo do útero ocorre cerca de 10 anos mais tarde (linha verde) e o pico de prevalência de cânceres invasivos em mulheres de 40 a 50 anos de idade (linha vermelha), apresentados na Figura 2. Figura 2 Modelo de causalidade da infecção por HPV 12 Os picos das curvas não são em escala.o modelo convencional de prevenção do câncer cérvical é baseada em rodadas repetidas de exame citológico,-papanicolau e 3

colposcopia apresentados nas pequenas setas azuis. Estratégias alternativas incluem vacinação contra o HPV em adolescentes como mostrado na figura acima em grande seta bege, uma ou duas rodadas de rastreio do HPV nas idades de pico de condições pré-canceres tratáveis e câncer precoce (grande castanho-avermelhado setas), ou ambos. 12 Considerando que a resposta imunológica é feita pela imunidade inata, humoral e celular, é esta memória imunológica que leva a proteção a longo prazo pelas vacinas como tem demonstrado os estudos realizados com o uso das disponíveis atualmente. A duração da proteção, embasa a vacinação de adolescentes e adultos jovens, que deve reduzir significativamente o ônus dos cânceres de colo do útero e genitais, pré-cânceres e verrugas genitais. 13 A vacina surgiu como possibilidade da prevenção deste câncer que tem prevalências variáveis na dependência da região do Brasil. Tem estrutura morfológica semelhante ao vírus, Vírus Like Particules (VLP) destituída do DNA. Induzem forte resposta imune sem o risco de infecção ou de produzir neoplasia e podem ser produzidas utilizando células de insetos, bactérias recombinantes ou fungos. 5 Atualmente estão disponíveis duas vacinas preventivas para o HPV, uma bivalente para os tipos 16 e 18, e outra quadrivalente para os tipos 6,11,16 e 18,sendo que ambas induzem a resposta de anticorpos que vão neutralizar a entrada do vírus nas células. Devem ser aplicadas em mulheres antes do início da sua vida sexual, que não estejam infectadas. Caso ela já tenha sido infectada pelo vírus ou apresente alguma lesão ou tumor, ainda assim também poderá se beneficiar para a proteção contra os tipos que não foi infectada. 14 Essas indicações clinicas apontam que pela redução da circulação dos HPVs em consequência da vacinação de mulheres, os homens mesmo sem ser vacinados foram beneficiados (Efeito Rebanho). Esse mesmo estudo realizado entre 2007 e 2009 com mulheres de 12 a 26 anos indicou uma proteção desta população em 70%. Foram estudadas mulheres que utilizaram a vacina tetravalente. Desde então houve redução significativa na incidência de lesões HPV induzidas, mostrando também que na ultima faixa etária estudada (20 a 26 anos) foi onde houve a menor imunidade de rebanho (38 a 42%) seguindo-se da faixa de 18 a 19 anos (30 a 53%), 16 a 17 anos (72 a 75%) e a maior foi encontrada na faixa de 12 a 13 anos (73 a 80%). 10 No Brasil em 23 de maio de 2011 foi publicada pelo Diário Oficial da União a aprovação da Agência de Vigilância Sanitária - ANVISA para o uso da vacina quadrivalente contra 4

o HPV em meninos e homens de 9 a 26 anos para a prevenção de verrugas genitais causadas pelo HPV 6 e 11. Esta aprovação foi baseada no estudo publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) que avaliou 4065 homens de 16 a 26 anos em 18 países e comprovou que a vacina quadrivalente contra o HPV reduz em 90% a incidência das lesões genitais externas. 3 O benefício das vacinas combinadas se dá pelo aumento do espectro de proteção e por esta razão novas vacinas estão em fase de pesquisa na tentativa de agregar mais combinações de VLPs. A vacina terapêutica, em fase experimental, (G-VAX) tem como diferencial em relação às vacinas para HPV existentes no mercado o fato de que ela deverá ser aplicada em pessoas que já apresentam lesões ou tumores, pois foi desenvolvida para que induzam as células do sistema imunológico a reconhecer as lesões e tumores e atacá-las 6 Diante do exposto, a proposta de um estudo de revisão sistemática de artigos sobre a resposta imunológica (imunidade inata, humoral e celular) e acesso da vacina para Papillomavirus Humano no Sistema Único de Saúde(SUS), Brasil, contribuirá para a discussão das políticas de inclusão dessa vacina nas diferentes regiões do país. Esse artigo tem como objetivo discutir o acesso a vacina para HPV no SUS - Brasil, destacando os principais aspectos de uma política de prevenção de câncer do colo do útero e outras patologias relacionadas ao vírus. Metodologia A pesquisa foi realizada com base na revisão bibliográfica de artigos indexados na base de dados Scielo, na literatura buscamos informações em revistas, livros e sites especializados como INCA e Ministério da Saúde (Brasil) 3,6,9,11 Os descritores utilizados foram HPV, infecção pelo HPV, vacinas, SUS. Os artigos analisados nessa revisão sistemática compreendem as seguintes categorias: Vacina HPV (versus): custo- efetividade (conceitos, critérios); dificuldade de acesso por falta de políticas; abrangência vacinas profiláticas (bivalente x tetravalente) e Vacina terapêutica. Entendeu-se por custo- efetividade, a diferença de custo entre as vacinas bivalente e quadrivalente estimando-se a diferença entre os valores líquidos das 5

duas vacinas dividido pelo número de doses necessárias para atingir esses benefícios. Resultados A análise dos 08 artigos selecionados na revisão sistemática com os descritores vacina HPV: custo efetividade entre as vacinas bivalente e quadrivalente e acesso a vacina no SUS Brasil, indicam várias discussões realizadas para validar a indicação da vacina e seu custo-efetividade, como principal ponto a ser avaliado. O perfil dos indicadores epidemiológicos de HPV no Brasil, deve considerar as variações atípicas das taxas de incidência e mortalidade do câncer cervical no país, especialmente em algumas regiões. Dados do INCA (2012) mostram uma variação de 10,85/100.000 no sul do país até 35,13/100.000 na região norte. Estas diferenças regionais se mantêm quando analisadas as taxas de mortalidade por câncer de colo. As vacinas disponíveis mostram efetividade para os tipos específicos, podendo ser consideradas eficientes quando aplicadas em um programa de vacinação contra o HPV com uma ampla cobertura da população em programas de prevenção do câncer 7. A vacina bivalente disponível no mercado nacional precisa de ser mais barata do que o quadrivalente e ser igualmente rentável em relaçao ao número de doses necessárias para atingir esses benefícios. Achados clinicos indicam que a sua eficácia é limitada quanto a proteção contra verrugas anogenitais, os artigos analisados tornam essa etapa de discussão fundamental para validar ou não a indicação da vacina, sendo fator determinante para a sua utilização em programas de prevenção do câncer cervical do SUS, Brasil. 3 No Brasil, as vacinas são ofertadas desde ano de 2010, em municípios como Campos de Goytacazes (Rio de Janeiro) e em 2011 em São Francisco do Conde (Bahia), para mulheres de 10 a 14 anos (quadrivalente). O acesso às vacinas de HPV no Brasil, representa um grande desafio para o SUS, especialmente nas regiões em que as medidas de prevenção ofertadas têm se mostrado ineficientes. 6

A proposta de vacinação nestes municípios brasileiros, tem ainda um acesso restrito a população exposta ao HPV, conforme aprovado pela ANVISA,Brasil. 2, Por exemplo em São Francisco do Conde ( Bahia) foram vacinadas 1.500 meninas de 10 a 14 anos (concluído) estão sendo incluídas progressivamente as meninas que completam 10 anos. Diferentemente do município de Campos de Goytacazes (Rio de Janeiro) que vacinou uma população de 17.000 meninas de 9 a 14 anos (concluído) estão sendo incluídas progressivamente meninas que completam 9 anos. 4 As desigualdades existentes de acesso ao rastreio poderão ser perpetuadas no acesso ás vacinas se as diferenças regionais conhecidas não forem valorizadas na priorização da oferta destas.no Brasil (2012), dados do INCA (2012) indicam o risco estimado para câncer de colo foi de 17/100 mil mulheres, quando se analisa o Quadro 1, verifica-se valores diferenciados por regiões brasileiras, variando de 14/100mil ( Região Sul) a 28/100mil (Regiões Centro Oeste e Nordeste), sem considerar ainda o baixo registro de dados em nossos serviços de saúde brasileiros. Quadro 1 Risco estimado por infecção HPV, regiões Brasil, 2012 Regiões Norte Oeste Sudeste Nordeste Sul Fonte : INCA, 2012 Risco estimado 24/100 mil 28/100 mil 16/100 mil 28/100 mil 14/100 mil A implementação de um Programa de Vacinação de proteção ao HPV, ainda necessita de estudos econômicos mais detalhados para sua implantação no Brasil, e ser financiado pelo Departamento de Ciências e Tecnologia (DECIT/MS), sobre custoefetividade da vacina no Brasil. 2 Espera-se um impacto dessa vacinação na redução do câncer em 30-40 anos. No entanto há necessidades atuais na perspectiva do controle do câncer de colo uterino que podem ser atendidas pela ampliação e qualificação do rastreamento e tratamento das lesões precursoras e dos casos de câncer detectados precocemente, que podem ter 7

impacto na redução da mortalidade em aproximadamente 10 anos, principalmente na população com maior incidência deste tipo de câncer. 8 A incorporação da vacina contra HPV na realidade atual não é factível, pois levaria à inviabilidade do equilíbrio no financiamento do SUS já que teria impacto de 600 milhões no orçamento anual da saúde. Este tema foi debatido no Projeto de Lei do Senado Federal que dispõe sobre a imunização de mulheres na faixa etária de 9 a 45 anos na rede publica do SUS/Brasil (PLS 238/ 2011), e encontra-se em tramitação no Congresso. Deve-se também nessa implementação de Programa Nacional de Vacinação de HPV, a necessidade do acompanhamento de estudos de avaliação de disponibilidade, prevista para os próximos anos, de uma nova geração de vacinas contra HPV mais efetivas que as atuais. 8 Recomenda que a vacinação rotineira contra HPV seja introduzida observando-se que a prevenção do câncer do colo do útero e de outras doenças relacionadas ao HPV represente uma prioridade em saúde pública; que seja factível a introdução da vacinação através do Programa Nacional de Imunização considerando a sustentabilidade do financiamento possa ser assegurada. Em relação ao custo beneficio a custo-efetividade das estratégias de vacinação no país ou região seja considerada seja parte de uma estratégia coordenada para a prevenção e, principalmente, não deve diminuir ou desviar recursos dos programas de rastreamento, pois a continuidade dos mesmos é imprescindível. Conclusões A vacina quadrivalente pode ter uma vantagem sobre a vacina bivalente na redução dos custos de saúde. No entanto, uma considerável incerteza permanece sobre o diferencial dos benefícios das duas vacinas 9. O acesso restrito em razão do seu alto custo atual e a baixa disponibilização pela rede pública (raros são os municípios brasileiros que ofertam) são entraves importantes no controle do câncer cervical de alta prevalência no Brasil. 8

Os dados apresentados pelo INCA (2012) sugerem a necessidade da discussão das políticas de inclusão da vacina na rede SUS, em razão dessas diferenças apresentadas nas taxas de mortalidade e incidência de câncer nas diferentes regiões do país. É fundamental considerar que o acesso as vacinas de HPV no Brasil, representa um grande desafio para o SUS, especialmente nas regiões em que as medidas de prevenção ofertadas têm se mostrado ineficientes. Recomendam-se estudos de avaliação do impacto da vacina em outras doenças relacionadas ao HPV especialmente aos outros cânceres não cervicais. Referências: 1. Barcelos, RA. O Acesso aos medicamentos essenciais no âmbito do Sistema Único de Saúde, Porto Alegre, UFRGS, 2005: 104. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Ciência e Tecnologia. [Acesso em 2012 Jun 21]. Disponível em HTTP://bvsms.saude.gov.br/bvspublicações/decit. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Informática do SUS (Datasus). Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM. [Acesso em: 2010 Set 23]. Disponível em http://www2.datasus.gov.br/datasus/index. 4. Circular aos Médicos da vacina quadrivalente recobinante contra papilomavírus humano (tipos 6, 11, 16 e 18). São Paulo; Merck Sharp & Dohme Farmacêutica Ltda, 2010. [Acesso em 2012 Jun 21]. Disponível em http://www.msdonline.com.br 5. Derchaim, SFM; Sariam, LOZ; Vacinas Profiláticas para o HPV. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., vol 29 (6), 2007: 281-284. 6. Diniz, MO. Vacina terapêutica para o Papilomavirus 16. USP, 2009 Set 25. 7. Ferlay, J. et al. GLOBOCAN 2008, Eurostat 2008, HPA 2007 vol 1.2, Cancer Incindence and Mortality Worldwice: IARC 2010 Cancerbase No. 10 8. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Atlas da Mortalidade. [Acesso em 2009 Set 25]. Disponível em: http://mortalidade.inca.gov.br/mortalidade. 9. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Estimativa 2012. Incidência do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2011. 10. Brothertom, JM et al. Early effect of the HPV vaccination programme on cervical abnormalities in Victoria, Australia: an ecological study. Lan 2011, 377: 2085-92. 11. LINHARES, Alexandre C.; VILLA, Luisa Lina. Vacinas contra rotavírus e papilomavírus humano (HPV). J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 82, n. 3, Jul 2006. [Acesso 2012 Mai 13] Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php. 9

12. Schiffman M, M.D., M.P.H., and Philip E. Castle, Ph.D., M.P.H. The NEW ENGLAND JOURNAL of MEDICINE. The Promise of Global Cervical-Cancer Prevention Related article, p. 2158. 13. Sven-Eric Olsson,Luisa L. Villa,Ronaldo L. R.Costa ET AL.Vaccine 2007:4931-4939 14. United States of America Centers for Diseases Control and Prevention Human Papillomavirus, 2007. Notas: 1. Adenilda Lopes Martins, Professora do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia. Endereço: R. Nossa Srª Aparecida, 1530, Apto 802. Sta Mônica, Feira de Santana Bahia Brasil. CEP:. Email: adenildamartins@hotmail.com, Tel +55.75.8838-0535. 2. Informaçoes adicionais sobre vacina HPV no Brasil, proposta de financiamento pelo DECIT/MS, Disponível em http://www2.inca.gov.br (acessado em 20/Jun/2012). 10