ENCONTRO DE VITIVINICULTORES DO DOURO DEFENDER OS VITICULTORES, PROMOVER A REGIÃO Regina Ferro Membro da Assembleia Geral da AVIDOURO SENHORAS E SENHORES VITICULTORES, CAROS CONVIDADOS, Começo por saudar todos os presentes neste nosso Grande Encontro, aproveitando para desejar que este tenha o maior sucesso e que contribua para a resolução dos intrincados problemas que todos nós atravessamos ano após ano. Não será novidade para ninguém que a vitivinicultura é o esteio, o corpo e o sangue da Região Demarcada do Douro. É nesta região que se produzem excelentes vinhos de altíssima qualidade, sejam eles vinhos Douro ou esse néctar único que é o vinho generoso porto. Certamente que ninguém duvidará que é com a força do nosso trabalho, com o nosso suor, com a nossa determinação e com o amor que temos a esta região, que contribuímos para esta bela paisagem que também é património da humanidade. Mas então não se compreenderá como é possível que nós viticultores, que também contribuímos para a economia do nosso pais estejamos, à décadas a passar tão difícil vida.
Caros participantes Está chegada a hora, para de uma vez por todas, dizermos alto e bom som BASTA. O nosso trabalho, que é produzir uvas de qualidade e que gera a atribuição de prémios aos nossos vinhos em concursos reconhecidos a nível mundial, tem também de gerar rendimentos que paguem a nossa labuta diária e o sustento das nossas famílias. A produção, nomeadamente os pequenos e os médios viticultores, têm que ver pago o seu trabalho. Não podemos continuar a trabalhar arduamente e ver o rendimento da nossa produção nas mãos exclusivamente dos cinco donos da região- Faço-me entender. O Poder Central tem obrigação de adoptar medidas concretas que protejam e valorizem a produção. Não podemos aceitar que se continuem a aplicar políticas agrícolas e de mercados erradas sejam elas de nível Europeu ou Nacional. Más politicas aplicadas por sucessivos governos e que nos estão a desgraçar a vida. São baixos os preços à Produção dos nossos Vinhos e os custos de produção que temos são muito altos e esganam-nos. Doutras vezes, não há escoamento. Temos que pagar para Produzir -- São muito caras as Contribuições Mensais para a Segurança Social.
-- Além de nos ser difícil o acesso ao Crédito Bancário, a seguir é um problema pois são caríssimos os juros que depois nos exigem se conseguirmos fazer algum empréstimo bancário. -- Os Seguros Agrícolas, que tanto nos mandam fazer, servem primeiro para segurar as Seguradoras em vez de servirem a Lavoura... -- As Ajudas Públicas os Subsídios para além de nos esgotarem a paciência para os obtermos, são migalhas, são muito curtos para os pequenos e médios Vitivinicultores. Os subsídios públicos sobretudo vão para as grandes empresas da Região e do País. -- O grande Comércio, os grandes interesses económicos e seus aliados em vários Governos, querem destruir a nossa Casa do Douro e querem roubar-nos o património da Lavoura, a começar pelo valioso stock de Vinhos do Porto da nossa Casa do Douro. -- E desde o ano passado que a passagem do regime de Direitos de Plantação da Vinha para o novo regime das Autorizações de Plantação, essa alteração oficial veio causar mais problemas e ameaça-nos, mesmo, com grandes prejuízos pois é suposto não mais se poder vender e comprar as novas Autorizações de Plantação da Vinha -- E como se as más políticas agrícolas e de mercados já não bastassem para nos desgraçar, esta Campanha está cheia de Míldio e Oídio que nos fazem gastar muito dinheiro com os tratamentos das vinhas e ameaçam fazer reduzir a Produção. Minhas Senhoras e Meus Senhores Temos, com certeza, a mesma opinião quando dizemos e afirmamos que é necessário uma política de preços à produção, que contrarie, os preços
praticados todos anos, preços de miséria, que se não fosse connosco não acreditaríamos. Não podemos aceitar que nos continuem a pagar valores de miséria que vão desde 75 a 150 euros por pipa de consumo, ou mesmo os 900 euros/média pelas uvas para o vinho generoso/porto. Até porque todos nós aqui conhecemos o rendimento que essa mesma pipa dá ao comércio do sector. O benefício pedra angular da Região Demarcada do Douro e dos milhares de pequenos e médios lavradores durienses, continua em baixa relativamente á 10 anos atrás, anos esses onde existiu mais quantitativo de benefício, os preços por pipa foram mais elevados e os custos de produção estavam muito abaixo dos de hoje. Caros amigos: E como diz o velho ditado uma desgraça nunca vem só, a acrescer aos constrangimentos provocados pelas más políticas agrícolas e de mercados para a região, o Douro pelas condições climatéricas anormais deste ano, está a viver uma autêntica calamidade pelos sucessivos ataques de míldio nas Vinhas, comprometendo nesta campanha grande parte da produção. Esta dolorosa situação está a obrigar os viticultores a um grande esforço financeiro, no combate a esta doença potencialmente destrutiva. Gastos, em tratamentos que em muitos casos foram impotentes para resolver tal calamidade. Podemos afirmar que os custos de produção, até ao momento, triplicaram relativamente a um ano normal.
Mas, continuando a afirmar que uma desgraça nunca vem só, algumas zonas da nossa Região foram fustigadas com a queda abrupta de granizo que destruiu toda a produção. Assim, e tendo em conta quer os problemas estruturais quer os conjunturais a AVIDOURO desde já exige que o Governo adopte medidas concretas de apoio aos viticultores: - Abertura imediata de medidas que permitam aos agricultores terem acesso ao aconselhamento agrícola e a seguros acessíveis e que cubram estas calamidades; - O levantamento criterioso das áreas e espécies vitivinícolas mais afectadas. - A atribuição de uma Ajuda específica a título da fitossanidade para reembolsar/compensar os vitivinicultores pelo aumento das várias despesas que têm com o combate sistemático ao míldio e ao oídio das vinhas e outras produções. - A suspensão temporária do pagamento das prestações para a Segurança Social dos pequenos médios vitivinicultores, afectados por estas calamidades. - Um aumento significativo do Benefício para esta campanha, na base das 20 mil Pipas, pois continua a ser o Benefício a pedra angular dos pequenos e médios viticultores da RDD. A AVIDOURO, já teve oportunidade de o afirmar que não aceitaremos que o actual Interprofissional do IVDP amputado que está de verdadeiros representantes da Produção venha a decidir outra coisa que não passe por esse nível de aumento do Benefício! Aumento significativo de preços à Produção de Generoso/Porto e dos Vinhos de Mesa do Douro
E também é necessário devolverem-nos a nossa Casa do Douro com Poderes Públicos e é necessário defender o Património da Lavoura Duriense, a começar pelo stock dos Vinhos do Porto. E é necessário defender a nossa Casa do Douro não apenas como um regulador neutro do equilíbrio entre a Produção e o Comércio. Nós precisamos, e muito, da nossa Casa do Douro com Poderes Públicos -- para assim defender os pequenos e médios Vitivinicultores -- como aqueles Poderes Públicos que já teve, por exemplo, na compra de Excedentes de Vinho aos Viticultores na indicação de Preços à Produção Temos que levantar bem alto a nossa voz e a nossa razão! Vamos, todos, defender os nossos interesses e o nosso Património! VIVA OS DURIENSES! VIVA A AVIDOURO! Peso da Régua, 17 de julho de 2016