Teste de repelência de óleos essenciais de arruda, capim-limão e cânfora para o gorgulho do milho. Elisângela Manieri 1 ; Ana Paula Machado Baptista 1 ; Silvio Favero 1 1/ UNIDERP CCBAS. Grupo de Pesquisa em Produtos Naturais, Caixa postal 2153 CEP 79037-280. Campo Grande MS silviofavero@mail.uniderp.br RESUMO O uso de inseticidas sintéticos, por serem mais persistentes no ambiente, causam problemas ambientais. Uma das alternativas é a utilização de produtos naturais de origem vegetal que possui potencial no combate a insetos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito repelente dos seguintes óleos essenciais: Ruta graveolens (arruda), Cymbopogon citratus (capim-limão) e Artemisia camphorata (cânfora) para o Sitophilus zeamais. Pelos resultados pode-se observar que os óleos essenciais de C. citratus e A. camphorata apresentaram ação repelente para o gorgulho S. zeamais, já o de R. graveolens não apresentou-se repelente para o mesmo. Palavras Chaves: Cymbopogon citratus, Artemisia camphorata, Ruta graveolens ABSTRACT Repellence test of essential oils of rue, lemongrass and camphor against maize weevil. The synthetic insecticides are persistent in the environment, and it is no safe to the environment. One of the alternatives to the synthetic insecticides is the use of natural products of plant origin that possess potential against insects. objective of this work was to evaluate the repellent effect of essential oils: Ruta graveolens, Cymbopogon citratus and Artemisia camphorata against Sitophilus zeamais. The results showed that A. camphorata oil and C. citratus oil had repellent action against maize weevil S. zeamais. R. graveolens had no-effect against the insect. KEY WORDS: Cymbopogon citratus, Artemisia camphorata, Ruta graveolens The
São inúmeras as pesquisas que têm por objetivo encontrar alternativas para o controle de pragas que não sejam agressivas ao meio ambiente, pois os estudos têm comprovado que, a longo prazo, os métodos clássicos de controle de pragas acabam sendo prejudiciais ao próprio agricultor que os utiliza. Os pesticidas sintéticos, por serem mais persistentes no ambiente e menos seletivos, causam maiores problemas ao ecossistema, provocando alterações na biodiversidade do local e nas vizinhanças, intoxicando trabalhadores e contaminando o produto final (SAITO e SCRAMIN, 2000). Uma das alternativas mais efetiva, ao uso de inseticidas sintéticos, tem sido a manipulação de produtos naturais principalmente aqueles de origem vegetal que podem ter efeitos entre outros como: atraentes, repelentes, estimulantes, fagoinibidores, arrestantes, quimioesterilizantes e inseticidas (CONTE et al., 2002). Os produtos naturais provenientes de plantas podem ser de potencial interesse no combate a insetos, pois os conhecimentos sobre sua atividade biológica podem levar a sua aplicação no manejo de pragas. Esta aplicação pode ser do próprio produto natural, diretamente, ou de seus análogos resultantes de modificações estruturais (PRATES e SANTOS, 2000). O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito repelente dos óleos essenciais de Ruta graveolens, Cymbopogon citratus e Artemisia camphorata para o Sitophilus zeamais em condições de laboratório. MATERIAL E MÉTODOS Os testes foram desenvolvidos no laboratório de Entomologia da UNIDERP (LENT), sendo o material vegetal utilizado proveniente do horto de plantas medicinais, ambos situados no Campus de Ciências Biológicas, Agrarias e da Saúde (CCBAS) em Campo Grande, MS, no período de Fevereiro a Julho de 2004. As plantas medicinais: arruda (Ruta graveolens), capim-limão (Cymbopogon citratus) e cânfora (Artemisia camphorata) foram coletadas no início da manhã, entre 07:00 08:00h (Ming, 1996) e levadas, ainda frescas, ao LENT
para serem trituradas em liqüidificador com 1 litro de água destilada, por aproximadamente 3 minutos, sendo esse sistema, o mais eficaz para a extração de óleo essencial segundo Conte et al. (2001). Para a obtenção do óleo essencial foi utilizado aparelho de extração tipo Clevenger, por duas horas, por se tratar de um processo simples e econômico, sendo um dos métodos mais utilizados. O material vegetal fica em contato direto com a água fervente, cujo recipiente contendo-os é aquecido por uma manta de aquecimento elétrica. O óleo essencial é volatizado juntamente com vapores de água e condensado em um sistema fechado, onde posteriormente, a camada do óleo é separada da fase aquosa (Saito e Scramin, 2000). Foram submetidos aos testes gorgulhos Sitophilus zeamais que foram mantidos em frascos de vidro para 500g, com apenas a metade de sua capacidade preenchida com milho, tampados com organza. Os frascos receberam os insetos aleatoriamente, sendo acondicionados em laboratório com temperatura entre 27 2 C e umidade relativa do ar de 70 5%, sendo periodicamente monitorados para se evitar a contaminação dos grãos por fungos decompositores. Foi realizado o bioensaio de Repelência, utilizando-se, para isso, adultos de Sitophilus zeamais com 2 7 dias de idade não sexados conforme o método descrito por Conte et al. (2002). Utilizou-se discos de papel filtro número 2 com 60mm de diâmetro, divididos ao meio para a aplicação dos óleos essenciais a serem testados em uma das metades e na outra aplicou-se apenas o solvente acetona como controle. Após a secagem, os discos foram colocados em placas de Petri com mesmo diâmetro sendo cobertos por uma camada única de pérolas de vidro (5mm), simulando grãos para evitar o efeito parede sugerido por Conte e Favero (2001). Foram liberados 10 insetos adultos não sexados no centro de cada placa, registrando, após 24h a distribuição desses insetos. Foram realizadas 5 repetições para cada óleo, sendo realizados em uma temperatura de 27 2 C e uma umidade relativa do ar de 70 5%. Para se obter o índice de repelência (IR%) foi necessário o cálculo pela equação:
IR% 100 T T C Onde: T = número de insetos sobre a superfície tratada. C = número de insetos sobre a superfície controle. Esses dados foram submetidos ao Teste de t, tendo como hipóteses: Ho: = 50% Hi: 50%, Sendo que não seriam considerados efetivos os óleos com índices de repelência diferentes de 50%, segundo Sokal e Rohlf (1995). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os óleos essenciais de C. citratus e A. camphorata apresentaram ação repelente para o gorgulho S. zeamais (TABELA 01). Os mesmos apresentaram efeito repelente semelhante entre si pelo Teste de t. Já o óleo essencial de R. graveolens não se apresentou repelente ao S. zeamais. Os resultados para cada óleo foram comparados pelo Teste de t sendo considerados repelentes as médias iguais a 50% de repelência e não repelente as médias diferentes de 50% de repelência. O efeito repelente para o S. zeamais também foi observado por Conte et al. (2002) que utilizaram os óleos essenciais Mentha X villosa, Ocimum gratissimum e Lippia alba e por Conte e Favero (2001) que utilizaram óleo essencial comercial de Mentha piperita e Cymbopogon citratus. TABELA 01 Índices de repelência de óleos essenciais para S. zeamais. Indice de repelência, em %
Espécie Vegetal Ruta graveolens Artemisia Cymbopogon. citratus canphorata 56 16,73 ns 84 8,94 * 72 13,03 * ns = diferença não significativa pelo Teste de t (p > 0,05; = 50%). * = diferença significativa pelo Teste de t (p < 0,05; > 50%). Desta forma, pode-se concluir que os óleos essenciais de C. citratus e A. camphorata apresentaram-se promissores para o controle, por repelência, de Sitophilus zeamais. LITERATURA CITADA CONTE, C. O.; FAVERO, S. Toxidade e repelência de óleos essenciais de menta e capim limão para o gorgulho do milho. Horticultura Brasileira. V. 19. (suplemento). 2001. CD-ROM CONTE, C. O.; FAVERO, S.; LAURA, V. A. Atividade repelente de óleos essenciais de plantas aromáticas sobre o gorgulho-do-milho. Horticultura Brasileira, v.20, n.2, julho, 2002. Suplemento 2. CD-ROM CONTE, C. O.; LAURA, V. A.; BATTISTELLI, J. Z.; CESCONETTO, A. O.; SOLON, S; FAVERO, S. Rendimento de óleo essencial de alfavaca por arraste à vapor em Clevenger, em diferentes formas de processamento das folhas. Horticultura Brasileira. V. 19. (suplemento). 2001. CD-ROM MING, L. C. Coleta de plantas medicinais. P. 69 86. In: DI STASI, L. C. (ed) Plantas medicinais: Arte e Ciência: um guia de estudos multidisciplinar. São Paulo: Unesp. 1996. PRATES, H. T.; SANTOS,J. P. Produtos naturais ajudam o agricultor. Cultivar. Ano 2, n.18, p. 38 41. 2002. SAITO, M. L.; SCRAMIN, S. Plantas aromáticas e seu uso na agricultura. Jaguariúna: EMBRAPA Meio Ambiente, 2000. 48p (EMBRAPA Meio Ambiente. Documentos, 20). SOKAL, R. R.; ROHLF, F. J. Biometry. 3ed. New York: Freeman. 1995. 887 p.
AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Fundação Manoel de Barros e á Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT) pelo financiamento desta pesquisa