Formas de aplicação e curva de reposta da cultura do algodoeiro a aplicação de nitrogênio em cobertura. RESUMO

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Transcrição:

Formas de aplicação e curva de reposta da cultura do algodoeiro a aplicação de nitrogênio em cobertura. Leandro Zancanaro, Joel Hillesheim & Luis Carlos Tessaro. Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso - FUNDAÇÃO MT. RESUMO As lavouras de algodão no Mato Grosso destacam-se no cenário nacional pelas produtividades elevadas, conseqüência do nível tecnológico dos produtores e técnicos da região e também pelas condições climáticas favoráveis. Outra característica das lavouras de algodão do estado é a utilização elevada de fertilizantes. As recomendações de adubação em muitas lavouras são praticamente as mesmas independentes da fertilidade do solo e do histórico de cultivo destes campos, resultando no aumento dos custos de produção. O objetivo deste trabalho foi de avaliar a influência das doses e formas de aplicação de nitrogênio sobre o rendimento das lavouras de algodão. Os nutrientes nitrogênio (N) e potássio (K), juntamente com o fósforo, são utilizados em maiores quantidades, porém o N e o K são aplicados no plantio e em várias adubações de cobertura, influenciando na parte operacional e estrutural das lavouras. Nas safras 1999/2000, 2000/2001 e 2001/2002 foram conduzidos três experimentos avaliando a forma de aplicação e a resposta da cultura do algodão à adubação nitrogenada e adubação potássica, nas regiões da Serra da Petrovina e Rondonópolis/Itiquira, em solos de textura argilosa (1999/2000 e 2000/2001) e solo de textura arenosa (2001/2002) cultivado a vários anos com soja, sendo este primeiro cultivo de algodão. A cultura do algodão apresentou respostas até 140 kg/ha de nitrogênio, porém houveram experimentos em que não ocorreram resposta a adubação nitrogenada, demonstrando que esta resposta do algodoeiro é altamente dependente das condições físicas do solo e do conteúdo de matéria orgânica do solo. Não houve diferença entre o parcelamento do N aplicado em cobertura em 2, 3 e 4 adubações de cobertura, mesmo em solos com textura arenosa. Nas safras 1999/2000 e 2000/2001 houve tendência de redução do rendimento de pluma com o aumento da quantidade de nitrogênio aplicada. Quanto a qualidade de fibra, apenas no experimento conduzido na safra 2000/2001, observou-se a tendência de redução do micronaire com o aumento da quantidade de nitrogênio aplicada. Para os outros parâmetros de qualidade de fibra avaliados não houveram diferenças estatisticamente significativas.

Summary The cotton crops have pushed Mato Grosso to leadership in the national scenario in high productivity, due to the technological level of producers and technicians as well as the favorable climatic conditions. Another factor about the yields in Mato Grosso is the heavy amount of fertilization doses. The recommendations of application of fertilizer are almost the same in many crops, it does not matter the soil fertility and the historical cultivation on them. This fact has increased the productions costs. The purpose of this experiment was to evaluate the influence of doses and the ways of Nitrogen application in the cotton crops. The nutrients Nitrogen (N), Potassium (K) and Phosphorus, are used in higher amounts. However, the N and the K are applied at planting and in many fertilization and side dressing, influencing the operational and structural of crops. In the 1999-2000/2000/2001 and 2001/2002 crops were conducted three experiments in order to evaluate the way of application and the cotton response to the Nitrogen and Potassium fertilization in Serra da Petrovina and Rondonopolis/Itiquira, in soils with clay texture (1999/2000 and 2000/2001) and in sand soil (2001/2002), where it was cultivated soybean for many years, but the first one was cotton crop. The cotton crop has shown response to 140 kg/ha of Nitrogen but there were experiments which have not happened any response to Nitrogen fertilization. That is proving this cotton crop response is extremely linked to physics and organic matter of the soil. There was no difference between the division of Nitrogen applied in 2,3 and 4 side dressing fertilization even in soils with a clay texture. As to the fiber quality only in the 2000/2001-experiment cotton crop was noticed that for the micronaire item, there was the following tendency: the higher the Nitrogen dose is, the lower the micronaire rate is. To the other items the fiber quality evaluated there were not statically important differences.

1. INTRODUÇÃO O Mato Grosso é o estado campeão de produtividade e maior produtor nacional de algodão. A qualidade da fibra produzida também é destaque nacional. A topografia plana favorece a mecanização, a agricultura em grande escala, a tecnologia de produção utilizada e as condições climáticas garantem ao estado potencial produtivo elevado. Embora os solos de cerrado apresentem baixa fertilidade natural, as lavouras atuais de algodão são conduzidas em solos com alta fertilidade, conseqüência de vários anos de cultivo e adubações elevadas. Os produtores fazem inúmeras análises de solo e de folhas. Os técnicos buscam novas metodologias para avaliar a fertilidade do solo e a nutrição da cultura do algodão. Porém, no Estado as adubações realizadas são praticamente as mesmas, e em quantidades elevadas, independente da fertilidade do solo. Desta forma muitos dos nutrientes podem estar sendo aplicados em quantidades acima das necessárias. Mas então, por quê realizar tantas análises de solo e de folhas? Por quê tantos programas de interpretação de resultados de análises e de recomendação de adubação? A recomendação de adubação para a cultura do algodão deve basear-se em critérios como os resultados das análises de solo e de folhas. Porém, estes resultados devem ser interpretados juntamente com o histórico de manejo de cada campo dentro da propriedade. Segundo SILVA, N. M. (1999) a análise de solo, representa uma ferramenta fundamental na avaliação das necessidades das plantas. No entanto no caso do nitrogênio, do enxofre e do zinco, infelizmente ainda não existe um índice referencial que permita seguras indicações. Recomendações de adubação nitrogenada, segundo estes autores, é realizada conforme a intensidade de uso do solo. A elevada demanda de nitrogênio e de potássio pela cultura do algodão faz os produtores e técnicos do Mato Grosso aplicarem grandes quantidades destes nutrientes. Estes nutrientes no solo também são lixiviados sob condição de alta intensidade de chuvas, como ocorre no Estado do Mato Grosso, obrigando a realização do parcelamento das adubações. Sob o ponto de vista operacional o parcelamento da adubação nitrogenada e potássica influi diretamente na estrutura necessária da fazenda, tanto na quantidade de máquinas e de funcionários, como também na questão da operacionalidade. As recomendações de nitrogênio do IAC para a cultura do algodão no Estado de São Paulo, provavelmente são oriundas de vários trabalhos de pesquisa, como o de SILVA et. al., 1993. Neste trabalho, foram obtidas curvas de resposta do algodoeiro a nitrogênio em três grupos

de solos, separados em função da intensidade de exploração dos solos. Os solos cultivados foram divididos em solos com teor de P alto e P médio, enquanto que os solos em pousio, apresentavam teores de P médios a baixos. Nos solos cultivados tanto com médios e alto teores de P no solo, houve resposta a adubação nitrogenada, porém a resposta foi maior para solos com fósforo alto, demonstrando a influência da disponibilidade de fósforo na eficiência da adubação nitrogenada. Nos solos que estavam em pousio, com teores de fósforo médio a baixo, a resposta a adubação nitrogenada foi menor que para solos cultivados, embora estes solos apresentassem produtividades superiores às obtidas nos solos cultivados, inclusive no tratamento testemunha. A recomendação de adubação nitrogenada em cobertura, segundo o IAC, para produtividade superiores a 2.400 Kg/ha, equivalente a 160 @/ha, é de 70 kg/ha de N para lavouras que pertencem à classe de resposta a N alta. No entanto, nas lavouras comerciais do Mato Grosso, conduzidas sob a visão empresarial, com produtividades variando de 250 a 350@/ha, considerado que no plantio é aplicado 20 kg/ha de N, a quantidade total de nitrogênio aplicada na maioria das lavouras é superior a 120 a 130 kg/ha (Banco de Dados da FUNDAÇÃO MT, dados não publicados). Portanto, as quantidades aplicadas de nitrogênio nas lavouras comerciais superam em muito todas as recomendações oficiais de adubação, sugerindo a possibilidade de estar havendo uma adubação excessiva de nitrogênio e potássio, divididas em muitas adubações de cobertura. A conseqüência é o crescimento excessivo do algodão, a dificuldade de controle do crescimento da cultura, controle de insetos e doenças, e aumento de custo de produção. A adubação nitrogenada em excesso pode reduzir a retenção de maçãs e diminuição da maturidade da fibra. Plantas cultivadas em condição de excesso de nitrogênio apresentam maior dificuldade para a desfolha (THOMPSON, W. R., 1999). No entanto, o Estado também apresenta as maiores produtividades do país. O melhor manejo do nitrogênio implica em determinar a quantidade e forma correta de aplicação. O nitrogênio é o nutriente absorvido em maior quantidade pela cultura do algodão, apresentando uma boa mobilidade tanto no solo como nas plantas. O nitrogênio no solo pode ser perdido por lixiviação e por denitrificação. A dinâmica do nitrogênio no solo associado à curva de absorção do nitrogênio pelas plantas de algodão e ao regime pluviométrico do Estado sugere a necessidade de se parcelar a adubação nitrogenada. O objetivo deste projeto de pesquisa foi verificar a resposta da cultura do algodão à adubação nitrogenada aplicada em cobertura avaliando também a melhor forma de aplicação deste nutriente.

2. MATERIAIS E MÉTODOS O projeto foi conduzido por três safras, 1999/2000, 2000/2001 e 2001/2002, sendo que para cada safra foi escolhido um local diferente, buscando selecionar áreas que nunca haviam sido cultivadas com algodão, sempre com soja. Nas safras 2000/2001 e 1999/2000 os experimentos foram conduzidos em solos com textura argilosa e em 2001/2002 em solo com textura arenosa. Nas safras 1999/2000 e 2001/2002 os experimentos foram conduzidos no município de Pedra Preta, localizado na região da Serra da Petrovina. Na safra 2000/2001 o experimento foi conduzido no município de Rondonópolis. As análises de solo são apresentadas na Tabela 01. Tabela 01: Resultados das análises de solo de 0-15 cm de profundidade do local da implantação do experimento, safras 2001/2002, 2000/2001 e 1999/2000. Safra ph P K Ca Mg Al CTC MO V Zn Cu Mn B S CaCl 2 mg/dm 3 cmol c /dm 3 g/dm 3 % mg/dm 3 1999/2000 2000/2001 5,0 5,1 17,7 76 15,3 96 3,8 4,1 0,8 1,2 0,0 0,0 10,2 10,8 32,0 41,0 47,7 55,7 4,7 5,5 1,5 1,1 16,90 0, 25,25 0, 55 2001/2002 5,4 28,7 27 1,8 0,7 0,0 4,0 13,1 64,7 4,7 1,3 60,80 0, 3 3 6,0 9,8 12,1 Nas safras 1999/2000 e 2000/2001 foram avaliados onze (11) tratamentos (Tabelas 02 e 03). Na safra 2001/2002, foram avaliados doze (12) tratamentos (tabela 04). O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com 4 repetições nas safras 2000/2001 e 1999/2000, e 6 repetições na safra 2001/2002. As unidades experimentais (parcelas) eram compostas por 5 linhas de 6 m de comprimento na safra 2001/2002 e 5 linhas de 7 m de comprimento nas demais safras. Para todos os anos de condução, o espaçamento entre linhas de plantas de algodão foi de 0,90 metros, que é o padrão comercial das lavouras do Mato Grosso. Em todas as safras utilizou-se a variedade CNPA-ITA 90. O plantio dos experimentos ocorreram nos dias 23/12/99, 28/12/00 e 09/01/02, nas safras 1999/2000, 2000/2001 e 2000/2001, respectivamente. Nas três safras as adubações de cobertura citadas nas tabelas 02, 03 e 04 foram realizadas nas épocas descritas na tabela 05. Nos dois primeiros anos o experimento foi conduzido sob sistema de plantio direto sobre palhada de milheto. Na safra 2000/2001 a área foi escarificada a 20 cm de profundidade, e depois foi realizada a semeadura à lanço do milheto e posteriormente foi passada uma grade niveladora

para a incorporação destas sementes. Na safra 1999/2000, a área não foi escarificada já que a fazenda havia realizado esta operação no ano anterior para o plantio da soja. Tabela 02: Descrição dos tratamentos do projeto formas de aplicação e curva de reposta da cultura do algodoeiro a aplicação de Nitrogênio em cobertura, realizado na Fazenda Girassol, em Pedra Preta-MT, Safra 1999/2000. Adubação via Solo - Kg/ha N Tratamento Cobertura Plantio 1ª 2ª 3ª 4ª Total 01 20 0 0 0 0 20 02 20 12 18 0 0 50 03 20 24 36 0 0 80 04 20 36 54 0 0 110 05 20 27 45 18 0 110 06 20 48 72 0 0 140 07 20 36 60 24 0 140 08 20 30 48 24 18 140 09 20 60 90 0 0 170 10 20 45 75 30 0 170 11 20 38 60 30 22 170 Tabela 03: Descrição dos tratamentos do projeto formas de aplicação e curva de reposta da cultura do algodoeiro a aplicação de Nitrogênio em cobertura, realizado na Fazenda Mônica, em Rondonópolis-MT, Safra 2000/2001. Adubação via Solo - Kg/ha N Tratamento Cobertura Plantio 1ª 2ª 3ª 4ª Total 01 25 0 0 0 0 25 02 25 12 18 0 0 55 03 25 20 30 0 0 75 04 25 36 54 0 0 115 05 25 27 45 18 0 115 06 25 48 72 0 0 145 07 25 36 60 24 0 145 08 25 30 48 24 18 145 09 25 60 90 0 0 175 10 25 45 75 30 0 175 11 25 38 60 30 22 175 Na terceira safra 2001/2002, o primeiro plantio foi realizado sob sistema de plantio direto sobre palhada de milheto. Havia-se realizado uma escarificação seguida de gradagem para

incorporação de 2 t/ha de calcário aplicadas na área. Na seqüência, foi semeado o milheto à lanço e incorporado ao solo com uma passada de grade niveladora. Porém devido à necessidade de replantio, o solo foi preparado novamente com uma escarificação a 20 cm de profundidade e uma passada de grade niveladora. O plantio foi realizado imediatamente após o preparo do solo. Tabela 04: Descrição dos tratamentos do projeto formas de aplicação e curva de reposta da cultura do algodoeiro a aplicação de Nitrogênio em cobertura, realizado na Fazenda Girassol, em Pedra Preta-MT, Safra 2001/2002. Adubação via Solo - Kg/ha N Tratamento Cobertura Plantio 1ª 2ª 3ª 4ª Total 01 30 0 0 0 0 30 02 30 12 18 0 0 60 03 30 20 40 0 0 90 04 30 36 54 0 0 120 05 30 27 45 18 0 120 06 30 48 72 0 0 150 07 30 36 60 24 0 150 08 30 30 48 24 18 150 09 30 60 90 0 0 180 10 30 45 75 30 0 180 11 30 38 60 30 22 180 12* 30 Sem cobertura 30 * No tratamento 12, além do N, não foi aplicado nenhum tipo de nutriente em cobertura. Tabela 05: Época das aplicações de cobertura dos experimentos do projeto formas de aplicação e curva de reposta da cultura do algodoeiro a aplicação de nitrogênio em cobertura, safras 2001/2002, 2000/2001 e 1999/2000. Safra 1ª aplicação 2ª aplicação 3ª aplicação 4ª aplicação 2001/2002 25 DAE 56 DAE 91 DAE 121 DAE 2000/2001 30 DAE 60 DAE 80 DAE 100 DAE 1999/2000 30 DAE 60 DAE 90 DAE 110 DAE Na safra 1999/2000 a adubação de plantio utilizada foi de 500 kg/ha 04-18-12 + 6% S + 0,3% Zn + 0,15 % Cu + 0,5 % Mn + 0,4% B. Já na safra 2000/2001 a adubação utilizada no plantio foi de 500 kg/ha da fórmula 05-25-15, mais 6% de S; 0,4% de B e 0,7% de Mn. A adubação utilizada no plantio da safra 2001/2002 constou da aplicação de 500 kg/ha da fórmula 05-20-13, mais 7% de S, 0,25% de Zn, 0,15% de Cu, 0,5% de Mn e 0,3% de B, aplicados no sulco de plantio e mais 100 kg/ha da mesma formulação a lanço logo após o plantio.

Os nutrientes que não estavam em avaliação no experimento foram aplicados na mesma quantidade e da mesma forma em todos os tratamentos (Tabela 06). O manganês foi aplicado junto à adubação de plantio e duas aplicações foliares. O boro foi aplicado no plantio, nas duas primeiras adubações de cobertura e três aplicações foliares, e os demais micronutrientes foram aplicados somente via solo. Tabela 06: Quantidade de nutrientes aplicados em todos os tratamentos. Safra P 2 O 5 K 2 O S Zn Mn Cu B Mo... Kg/ha... 2001/2002 165 160 93 1,5 4,0 0,90 3,5-2000/2001 125 160 87 0,0 3,5 0,00 4,5 0,01 1999/2000 144 160 87 1,5 2,5 0,75 4,0 0,01 As adubações de cobertura foram realizadas manualmente. A primeira e a segunda adubação de cobertura foram realizadas a ao lado da linha de plantio e incorporadas. Nas safras 1999/2000 e 2000/2001 na terceira e quarta adubações de cobertura (quando houve, conforme os tratamentos) os fertilizantes foram aplicados na superfície do solo nas entrelinhas, sem incorporação. Na safra 2001/2002, a terceira e quarta adubações de cobertura (quando realizadas, conforme tratamentos) foram realizadas ao lado da linha de plantio e o fertilizante coberto com solo (não foi aberto sulco). Isto porque já haviam diminuído as chuvas e parte do nitrogênio aplicado sobre o solo poderia ser perdido por volatilização. Aos 80 a 90 dias após a emergência da cultura, em todos os experimentos, foi realizada a coleta de folhas de algodão. Coletou-se a quinta folha ligada a haste principal. Após a coleta, as folhas foram secas em estufa a 60 o C, até peso constante e posteriormente enviadas ao laboratório para análise química segundo metodologia citada por MALAVOLTA, et. al. (1997). Antes da colheita foi realizada a coleta de 20 capulhos por parcela útil para a análise da qualidade da fibra, um capulho por planta no terço médio da planta. Esta amostra recebeu o nome de amostra padrão e foi a amostra utilizada para a realização das análises da fibra produzida. Após a colheita foi realizado o descaroçamento do algodão com máquina de rolo e a pesagem da pluma e do caroço, para a determinação do rendimento de fibra. A determinação da umidade da pluma também foi realizada para posterior cálculo da produtividade, considerando o teor de umidade 11% como padrão.

As amostras de fibra de algodão do experimento conduzido nas safras 2001/2002 e 2000/2001 foram submetidas a avaliação apenas pelo teste HVI. As análises de fibra da safra 2001/2002 foram realizadas no laboratório SENAI-CETIQT, do Rio de Janeiro-RJ, enquanto as amostras da safra 2000/2001 foram enviadas para análise na Fundação Blumenauense de Estudos Têxteis-FBET, de Blumenau-SC. As amostras de fibra do experimento conduzido na safra 1999/2000 foram submetidas a avaliação pelos aparelhos HVI e AFIS. As amostras foram enviadas para análise na Fundação Blumenauense de Estudos Têxteis-FBET, de Blumenau-SC. A análise estatística contemplou a análise de variância e teste de Duncan, ao nível de 5% de significância para a safra 2001/2002 e teste de Tukey, ao nível de 5% de significância paras as safras 2000/2001 e 1999/2000, respectivamente. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Produtividade Considerando que o plantio foi igual para todos os tratamentos, com a aplicação de 30 kg/ha de nitrogênio na linha de plantio, os resultados apresentados na tabela 07, demonstram que os tratamentos sem adição de nitrogênio em cobertura (T1 e T12) produziram em média 192@/ha e houve aumento da produtividade até a aplicação de 120 kg/ha de nitrogênio total divididos em duas adubações de cobertura (T4), atingindo a produtividade máxima de 285@/ha. A aplicação de 90 kg/ha de nitrogênio em cobertura, além do nitrogênio aplicado no plantio, considerando a média dos parcelamentos em 2 ou 3 adubações de cobertura (T4 e T5), possibilitou aumento de produtividade de 80,9 @/ha, ou seja, um aumento de produtividade de 42%. Estes dados demonstram a intensidade de resposta do nitrogênio na cultura do algodão em solo arenoso. Neste solo, a aplicação de quantidades de nitrogênio maiores que 90 kg/ha em cobertura, seja parcelado em 2, 3 ou 4 vezes, mesmo utilizando 150 kg/ha de nitrogênio em cobertura, não aumentou a produtividade, apesar da variação acentuada nas médias de produtividades que variaram de 242@/ha (T6) a 272@/ha (T8). A falta de resposta ao parcelamento do nitrogênio mesmo em solo arenoso pode ter tido influência da freqüência e intensidade de chuva ocorridos na safra 2001/2002 e pelo pico de absorção do nitrogênio na cultura do algodão, já que o plantio deste experimento foi realizado no dia 09 de janeiro de 2002. O plantio propriamente dito ocorreu no dia 09 de janeiro de 2001, porém houve necessidade de realizar o replantio. Este replantio e a finalização do ciclo do algodão em período com diminuição das chuvas pode explicar a

coeficiente de variação de 14% obtido neste experimento (Tabela 07). Das três safras, a safra 2001/2002 foi a que apresentou o maior coeficiente de variação quanto a produtividade sendo considerado médio, segundo PIMENTEL GOMES (1987). Na safra 2001/2002, no final do mês de março a chuva diminuiu, época em que o algodão estava com 80 dias de emergência, aproximadamente. A terceira adubação de cobertura foi realizada quando o algodão estava com 90 dias de emergência e a quarta adubação com 110 dias após emergência. A partir dos 80-90 dias após a emergência a cultura passou por redução das precipitações, dificultando a resposta a terceira e quarta adubação de cobertura. O início do acúmulo de nitrogênio dá-se em torno de ± 50 DAE e o pico de absorção ocorre entre 60 e 95 dias (ROSOLEM, 2000). Portanto, a terceira e quarta adubação de cobertura, na safra 2001/2002, foram realizadas após o pico absorção do nitrogênio, contribuindo para a falta de resposta ao parcelamento do nitrogênio mesmo em solos arenosos. Tabela 07: Produtividade de algodão em caroço e rendimento de pluma (Variedade CNPA/ITA 90) em função do manejo da adubação nitrogenada. Safra 2001/2002. Fazenda Girassol em Pedra Preta-MT. Tratamento N total Número de Produtividade Rendimento de N foliar (Kg/ha) Cobertura @/ha pluma % (g/kg) 01 30 0 200,4 cd 43,3 41,4 02 60 2 228,3 bcd 43,8 40,5 03 90 2 244,2 abc 43,1 41,7 04 120 2 284,7 a 42,8 42,0 05 120 3 263,2 ab 43,5 43,1 06 150 2 243,1 abc 42,7 44,0 07 150 3 251,0 ab 43,3 40,8 08 150 4 272,9 ab 44,0 42,5 09 180 2 270,3 ab 42,8 42,8 10 180 3 269,4 ab 43,3 42,8 11 180 4 245,1 abc 43,7 42,4 12 30-184,1 d 42,9 39,9 CV% 14,0 1,21 4,39 Médias seguidas de mesma letra não diferem entre sim pelo teste de Duncan 5%. Na safra 2000/2001, em solos argiloso, não houve resposta a adubação nitrogenada em relação a quantidade de nitrogênio aplicada em cobertura e muito menos quanto ao modo de aplicação, se em duas, três ou quatro adubações de cobertura (Tabela 08).

Tabela 08: Produtividade de algodão em caroço e rendimento de pluma (Variedade CNPA/ITA 90) em função do manejo da adubação nitrogenada. Safra 2000/2001. Fazenda Mônica em Rondonópolis-MT. Tratamento N total Número de Produtividade Rendimento de N foliar (kg/ha) Cobertura @/ha pluma % (g/kg) 01 02 25 55 0 2 326 a 347 a 44,0 43,4 36,4 37,8 03 75 2 345 a 42,9 37,8 04 115 2 347 a 43,1 41,0 05 115 3 322 a 42,7 39,9 06 145 2 341 a 42,0 41,7 07 145 3 342 a 41,6 41,3 08 145 4 362 a 42,0 40,6 09 175 2 335 a 42,3 43,8 10 175 3 341 a 41,7 42,4 11 175 4 348 a 41,8 41,7 CV% 5,3 Médias seguidas de mesma letra não diferem entre sim pelo teste de Tukey 5%. As lavouras de algodão no estado do Mato Grosso, são plantadas em áreas cultivadas a muito tempo, principalmente com soja, ou seja, os solos apresentam fertilidade superior a fertilidade natural dos solos de cerrados. Uma das hipóteses da falta de resposta a adubação nitrogenada no experimento conduzido na safra 2000/2001 pode estar relacionada com o teor de matéria orgânica do solo. Esta área possui um teor de 41 g/dm 3 de matéria orgânica, e a boa condição de ph favorece a mineralização desta matéria orgânica e a disponibilidade de nitrogênio à cultura do algodão, diminuindo a resposta às quantidades aplicadas. Na safra 1999/2000, também em solo argiloso, houve resposta a adubação nitrogenada quanto a quantidade aplicada (Tabela 09). Nesta safra o experimento também foi conduzido em área de fertilidade corrigida com vários anos de cultivo de soja e houve resposta significativa a adubação nitrogenada até a aplicação de 110 kg/ha. Porém observa-se a tendência de resposta as quantidades maiores ao contrário do que aconteceu nos experimentos conduzidos nas safras 2001/2002 e 2000/2001. No entanto, o solo do experimento da safra 1999/2000, apresentava teor de matéria orgânica de 32 mg/dm 3, contra 41 mg/dm 3 da safra 2000/2001, considerando solos de textura argilosa. Na safra 2001/2002 o experimento foi conduzido em solo arenoso. Porém na safra 2001/2002, a resposta a adubação nitrogenada foi limitada pela diminuição das chuvas no mês de março, já que o replantio foi realizado no dia 09 de janeiro de 2002.

Tabela 09: Produtividade de algodão em caroço, rendimento de pluma (Variedade CNPA/ITA 90) e teores de nitrogênio foliar em função do manejo da adubação nitrogenada. Safra 1999/2000. Fazenda Girassol em Pedra Preta-MT. Tratamento N total (kg/ha) Número de Cobertura Produtividade @/ha Rendimento de pluma % N foliar (g/kg) 01 20 0 219 a 42,6 29,1 02 50 2 250 ab 42,5 34,7 03 80 2 252 ab 42,7 35,0 04 110 2 307 c 41,8 38,9 05 110 3 297 c 42,3 40,3 06 140 2 329 c 42,2 43,8 07 140 3 317 c 41,5 46,6 08 140 4 325 c 41,5 44,1 09 170 2 336 c 42,4 46,9 10 170 3 327 c 41,4 45,5 11 170 4 329 c 41,3 45,9 CV% 7,0 Médias seguidas de mesma letra não diferem entre sim pelo teste de Tukey 5%. Após a colheita do experimento na safra 1999/2000 a compactação do perfil do solo também foi avaliada. Nesta avaliação observou-se que o solo apresentava uma camada com maior resistência ao crescimento radicular já nos primeiros 10 cm de profundidade. Provavelmente esta camada compactada superficial limitou o crescimento da raízes em profundidade, e automaticamente diminuiu a disponibilidade de N à cultura forçando a ocorrência de resposta a quantidades de N maiores que os demais experimentos. Neste solo, a melhor adubação seria a eliminação deste impedimento físico. Apesar das limitações da utilização do penetrômetro, esta hipótese foi confirmada já que também foi realizada a abertura de várias trincheiras nos experimentos envolvendo o nitrogênio, na safra 1999/2000. Em relação ao modo de aplicação, e mais especificamente quanto ao parcelamento do nitrogênio aplicado, os resultados da safra 1999/2000 (Tabela 09) demonstram que em solos argilosos, em que houve tendência de resposta em termos de produtividade até a quantidade aplicada de 140 kg/ha de nitrogênio, não houve diferença em realizar a adubação de cobertura em duas, três ou em quatro adubações de cobertura. Estes resultados podem ser explicados pela curva de absorção de nitrogênio, apresentado por ROSOLEM (2000). O período de máxima absorção de nitrogênio, assim como para o fósforo

e potássio, ocorre aproximadamente aos 65 a 90 dias após a emergência para a variedade CNPA/ITA-90. A partir deste período a absorção diária de nitrogênio diminui. Esta curva significa que o nitrogênio deve estar disponível no período de máxima exigência, e não aplicar quando começa ou após este período. É importante salientar que a primeira, a segunda, a terceira e quarta adubação de cobertura (conforme tratamento) foram realizadas aproximadamente aos 30, 60, 80 e 100 dias após emergência, respectivamente. Portanto, a terceira e quarta adubação de cobertura foram realizadas no final e/ou após o período de maior absorção de nitrogênio. A utilização de quantidades elevadas de nitrogênio em aplicações tardias pode resultar em um melhor efeito visual e aumentar o ciclo, sem no entanto, aumentar a produtividade (Tabela 09), podendo inclusive aumentar o custo com aplicação de fungicidas e inseticidas, principalmente para solos argilosos e com maiores teores de matéria orgânica. Este estímulo ao crescimento vegetativo com aplicações elevadas e tardias de nitrogênio pode comprometer em muito a produtividade em anos em que o final do período de chuvas no Estado for estendido aos meses de maio e junho, como ocorreu na safra 2000/2001, em algumas regiões do Mato Grosso. Nestes experimentos verificam-se grandes diferenças quanto a resposta da cultura do algodão à adubação nitrogenada em função da textura do solo, teor de matéria orgânica, manejo do solo e ano agrícola (clima), dificultando a elaboração de um parâmetro para a recomendação da adubação nitrogenada. Isto porque o teor de matéria orgânica no solo é uma medida indireta da disponibilidade de N no solo, ao contrário do ocorre com o fósforo e o potássio, por exemplo. 3.2. Rendimento de fibra Na safra 2001/2002 não houve influência da adubação nitrogenada sobre o rendimento de pluma, enquanto que os experimentos das safras 2000/2001 e 1999/2000 apresentaram tendência de redução do rendimento de fibra com o aumento da quantidade de N aplicada (Tabelas 07, 08 e 09). A diminuição do rendimento de pluma com o aumento da quantidade de nitrogênio aplicada é explicada pelo aumento do peso do caroço em maior proporção que o aumento do peso da pluma. Os valores absolutos de rendimento de fibra estão acima dos valores de rendimento de fibra verificados nas lavouras comerciais. Nos experimentos utiliza-se no processo de descaroçamento a máquina de rolo e esta, apresenta em média um rendimento de fibra de 2,5% superior às máquinas de serra, utilizadas para descaroçamento do algodão produzido nas lavouras comerciais.

3.3. Análises Foliares Apenas na safra 1999/2000 houve relação entre a adubação utilizada, teores de nitrogênio nas folhas e produtividade (Tabela 09). Nesta safra, houve elevação da produtividade até teores de N na folha de 44 g/kg de matéria seca, possibilitando a obtenção de produtividades de 329 @/ha. O teor de N de 39 g/kg de matéria seca possibilitou obter produtividades de 300@/ha. Na safra 2000/2001 (Tabela 08), o tratamento que recebeu apenas 25 kg/ha de N no plantio, apresentou teores de N na folha de 36,4 g/kg de matéria seca, com produtividade de 326 @/ha. A elevação dos teores de N a 43 g/kg de matéria seca não possibilitou aumento de produtividade (Tabela 08). Embora a quantidade de N aplicado tenha sido de apenas 25 kg/ha, o teor de nitrogênio obtido nas folhas de algodão está muito próximo dos teores obtidos na safra 1999/2000 para a produtividade de 300 @/ha obtida com a aplicação de 110 kg/ha de N. Este resultado demonstra que o solo em que o experimento foi conduzido na safra 2000/2001, que apresentava teor de matéria orgânica mais elevado, realmente tinha uma capacidade de fornecer nitrogênio muito superior ao solo do experimento de 1999/2000. Neste experimento o tratamento que recebeu apenas 20 kg/ha de N, a produtividade foi de 219@/ha, com teores de N nas folhas de 29 g/kg. Na safra 2001/2002, conduzido em solos arenoso, a adubação de cobertura praticamente não afetou os teores de N nas folhas do algodão, coletadas aos 85 dias após o plantio. O tratamento que recebeu apenas a adubação de 30 kg/ha de N apresentaram os mesmos teores de nitrogênio que os tratamentos que receberam as maiores quantidades de N (Tabela 07). Neste solo era esperado que houvesse diferença nos teores foliares. A explicação pode estar relacionada a maior desuniformidade da área experimental na safra 2001/2002, refletida no coeficiente de variação, e ao menor crescimento (menor produção de matéria seca) do algodão verificado nos tratamentos com as menores quantidades aplicadas de nitrogênio, aumentando a concentração de nitrogênio nas folhas. No entanto, a quantidade total de N absorvida (concentração nos tecidos x produção de matéria seca total) teoricamente deveria apresentar diferença entre tratamentos. Nos três anos de condução dos experimentos ocorreram três relações diferentes entre a adubação nitrogenada utilizada, teores de nitrogênio na folha e produtividade, demonstrando que os resultados das análises químicas de folha não devem ser analisados isoladamente. 3.4. Qualidade de Fibra Embora os resultados da qualidade de fibra não estão sendo apresentados, nas safras 1999/2000 e 2001/2002, a adubação nitrogenada não influenciou a qualidade da fibra produzida

em nenhum parâmetro. Apenas no experimento conduzido na safra 2000/2001 observa-se que para o parâmetro micronaire de qualidade de fibra, os dados apontam para uma tendência de quanto maior a dose de nitrogênio menor é o índice. Para os outros parâmetros de qualidade de fibra avaliados não houveram diferenças estatisticamente significativas. 4. CONCLUSÕES 1. A intensidade da resposta da cultura do algodão à adubação nitrogenada não é a mesma para todas as safras, sendo influenciada pelos teores de matéria orgânica, pelas condições físicas do solo e condições climáticas; 2. Não há diferença no parcelamento do nitrogênio aplicado em cobertura na cultura do algodão em duas, três ou quatro adubações, mesmo utilizando quantidades de nitrogênio elevadas (>140 kg/ha N), em solos de textura argilosa; 3. Em solos de textura arenosa, considerando os resultados de apenas um ano, não houve diferença em parcelar a adubação nitrogenada aplicada em cobertura em duas, três ou quatro operações. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2 a ed. Piracicaba. Potafós. 319 p. 1997. PIMENTEL GOMES, F. A estatística moderna na agropecuária. 3 a ed. Piracicaba, POTAFOS. 162 p. 1987. ROSOLEM, C. A. Adubação e nutrição da cultura do algodão no cerrado. Palestra In. Congresso Internacional do Agronegócio do Algodão. Cuiabá, Fundação MT. Dias 31/08 a 02/09/2000. SILVA, N. M. Nutrição mineral e adubação do algodoeiro no Brasil. In. Cultura do Algodoeiro. ed. Cia, E. et al. Piracicaba. Potafós. p 57-92,1999. SILVA, N. M.; CARVALHO, L. H.; KONDO, J. I.; SABINO, J. C.; PETTINELLI JR, ; LANDELL, M. G. A. Efeitos da adubação nitrogenada e de regulador de crescimento na cultura algodoeira. In. REUNIÃO NACIONAL DO ALGODÃO, 7. Cuiabá 1993. Resumo... Cuiabá: EMPAER-MT/EMBRAPA/CNPA. p,215. 1993. THOMPSON, W. R. Fertilization of cotton for yields and quality. In. Cultura do algodoeiro. ed. CIA. E. et al. Piracicaba. Potafós, p. 93-99. 1999.