Registro: 2015.0000204877 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Reexame Necessário nº 0033269-51.2012.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é recorrente JUIZO EX OFFICIO, é recorrido ANTONIO FRANCISCO MOREIRA (JUSTIÇA GRATUITA). ACORDAM, em 2ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao reexame necessário. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores CARLOS VIOLANTE (Presidente) e VERA ANGRISANI. São Paulo, 24 de março de 2015. LUCIANA ALMEIDA PRADO BRESCIANI RELATOR Assinatura Eletrônica
2 2ª Câmara Seção de Direito Público Reexame Necessário n 0033269-51.2012.8.26.0053 Recorrente: JUÍZO EX OFFICIO Recorrido: ANTONIO FRANCISCO MOREIRA Interessado: DELEGADO DE POLÍCIA DA CORREGEDORIA DO DETRAN - SP Comarca/Vara: SÃO PAULO / 14ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA Juiz prolator: RANDOLFO FERRAZ DE CAMPOS VOTO Nº 14.114 Mandado de Segurança Bloqueio de prontuário de condutor Suspeita de irregularidades na emissão da CNH ou adição de categoria Falta de regular instauração de processo administrativo Bloqueio provisório que se torna definitivo Inadmissibilidade Recurso oficial desprovido. Trata-se de mandado de segurança impetrado por ANTONIO FRANCISCO MOREIRA contra ato do DELEGADO DE POLÍCIA DA CORREGEDORIA DO DETRAN - SP, consistente na anotação de bloqueio em seu cadastro de condutor em razão de investigações acerca de fraudes na expedição de documentos de habilitação em cidades da Região Metropolitana de São Paulo. Alega que, à época do procedimento para mudança e adição de categoria, residia na cidade de Mogi das Cruzes, que não foi notificado e nem sequer teve instaurado procedimento administrativo contra si, em desrespeito à garantia da ampla defesa. A inicial foi emendada às fls. 22/23.
3 35/36. Informações da autoridade impetrada às fls. 63/64v.). A segurança foi parcialmente concedida (fls. (fls. 76). Subiram os autos por força do reexame necessário manifestação (fls. 85). A D. Procuradoria Geral de Justiça declinou da É o relatório. Cuida-se de mandado de segurança impetrado por ANTONIO FRANCISCO MOREIRA contra ato do DELEGADO DE POLÍCIA DA CORREGEDORIA DO DETRAN - SP objetivando o desbloqueio de seu prontuário de condutor ou, ao menos, o cancelamento da categoria adicionada no ano de 2006, possibilitando a renovação da CNH. Alega o impetrante que teve seu prontuário de condutor bloqueado, sem qualquer procedimento administrativo, sendo impedido de renovar sua habilitação, vencida desde 01.11.2011.
4 seguintes termos: A segurança foi concedida em parte, nos Posto isto, concedo em parte a ordem a fim de que, cancelada a renovação de habilitação para dirigir dada ao impetrante por meio da CIRETRAN de Mogi das Cruzes, se venha a ensejar-lhe renovar os procedimentos tendentes à obtenção, já agora regular, de sua renovação. Impõe-se o desprovimento do recurso oficial. Conforme informações prestadas pela autoridade dita coatora, o bloqueio no prontuário do impetrante e de vários outros condutores ocorreu em razão de denúncias de fraudes na expedição de documentos de habilitação em cidades da Região Metropolitana de São Paulo (fls. 35). Para regularizar a situação, bastaria o impetrante comparecer junto à autoridade de trânsito e apresentar documentos que comprovassem sua condição regular (fls. 51). Ao invés disso, procurou socorrer-se do Judiciário. O impetrante se insere nos critérios apontados como indicativos da suposta irregularidade na emissão das habilitações, quais sejam residência em Minas Gerais, cuja primeira habilitação ou adição/ mudança de categoria, junto às Ciretrans pertencentes ao DEMACRO ou Ciretran de Várzea Paulista, tenham ocorrido a partir do mês de janeiro de 2005 (fls. 02, 15 e 46/49). Contudo, o impetrante não teceu considerações
5 acerca da suposta obtenção fraudulenta de sua CNH, nem trouxe aos autos qualquer elemento capaz de afastar a dúvida razoável quanto à regularidade de sua habilitação. A situação regular poderia ser comprovada administrativamente, mas tal não é suficiente para admitir que situação provisória se torne definitiva sem que a Administração se desincumba da obrigação de instaurar regular processo administrativo e, conforme o caso, inquérito policial. De fato, não se trata de medida sancionatória, mas apenas preventivo/cautelar. Há referência ao fato de que os condutores teriam sido informados a respeito das medidas tomadas (fls. 45), mas a impetrada não apresentou, com os documentos que instruíram as informações, qualquer indício de que tenha sido instaurado procedimento administrativo em face do impetrante para cassação da habilitação que se supõe obtida ilegalmente, ou mesmo tomado quaisquer outras medidas indeclináveis na espécie, diante da imputação de crime. Destarte, como bem lançado pelo d. Juízo a quo, não pode o DETRAN/SP manter o impetrante impedido indefinidamente de obter a renovação de sua habilitação; afinal, pena não tem de ser eterna e quanto menos tem de ser imposta sem ampla defesa e contraditório; estes podem ser postergados ou exercidos a posteriori, mas não olvidados. provimento ao recurso oficial. Por estes fundamentos, pelo meu voto, nego
6 Para fins de prequestionamento tem-se por inexistente qualquer violação aos dispositivos constitucionais e infraconstitucionais pertinentes à matéria versada nestes autos. LUCIANA ALMEIDA PRADO BRESCIANI Relatora