UFPB PRG X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

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Transcrição:

UFPB PRG X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA 4CCHLADECENPLIC02 CATALOGAÇÃO, ELABORAÇÃO E REGISTRO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA A PRODUÇÃO E ENSINO DAS ARTES CÊNICAS Joevan Silva de Oliveira Júnior 1 ; Christina Streva 3 Centro de Ciências Humanas Letras e Artes / Departamento de Artes Cênicas RESUMO O presente artigo reflete a respeito do processo de criação de materiais didáticos para o ensino de teatro relatando o levantamento e a pesquisa de material bibliográfico, iconográfico e multimídia para a criação de uma biblioteca digital para os alunos e professores do Departamento de Artes Cênicas do Curso de Educação Artística e do Curso de Teatro da Universidade Federal da Paraíba. Palavras chaves: Material didático Educação Biblioteca digital Teatro Introdução O Projeto Interdisciplinar de Discussão e Elaboração de Materiais Didáticos da Habilitação em Artes Cênicas do Curso de Educação Artística e do novo Curso de Teatro, vinculado ao programa de licenciatura PROLICEN, da UFPB visa a criar condições para que professores e alunos, conjuntamente, desenvolvam atividades que promovam a integração da prática do ensino e da pesquisa teórica nas diversas disciplinas oferecidas tanto pelo curso de Educação Artística como pelo recém criado Curso de Teatro. Uma vez constatada a grande escassez de material bibliográfico e didático disponível para pesquisa e levando se em conta que um modo de determinar os objetivos ou finalidades da educação consiste em fazê lo em relação às capacidades que se pretende desenvolver nos alunos (ZABALA, 1998, pág. 27), o referido projeto tem como objetivo principal propiciar uma visão mais complexa do universo das artes cênicas criando condições para que os futuros profissionais possam atuar de maneira mais efetiva e competente com base numa formação mais sólida, além de ajudar os profissionais que já atuam na área disponibilizando materiais para pesquisa e uso no seu cotidiano de trabalho. Nesse sentido, nosso projeto pretende criar meios de promover uma maior integração entre as disciplinas dos cursos citados, elaborando material didático a partir do registro das experimentações artísticas feitas pelos professores e alunos em sala de aula, inserindo assim o corpo discente no âmbito das pesquisas teóricopráticas dos professores, e reunindo esses materiais em uma biblioteca digital para uso comum da comunidade. Partindo da premissa de que o teatro, como todo objeto artístico, carrega em si relações de significação, acreditamos que para melhor compreender o fenômeno teatral enquanto produção simbólica de uma determinada sociedade é preciso, não só conhecer as principais características da linguagem teatral, mas também a realidade espaço temporal na qual o fenômeno teatral se insere. Segundo Demarcy a arte é um universo de signos que utiliza como meio de comunicação significantes que desembocam quase sistematicamente na conotação (in GUINSBURG, 2003, pág. 23) e é só por meio da relação desses signos com a cultura e a história de uma sociedade que se deve esperar o aparecimento dos significados dessa conotação. Não podemos esquecer que é a sociedade e sua história que investem de sentidos um determinado significante. Portanto, para desvendar e compreender plenamente os códigos teatrais e as principais transformações no fazer teatral precisamos, também, investigar os planos históricos, sociais e culturais do fenômeno assim como a forma com a qual as modificações da sociedade foram se revelando e se apresentando no plano teatral. (1) Bolsista; (2) Voluntário(a); (3) Prof(a) Orientador(a)/Coordenador(a).

Com vistas à realização desse projeto sob a coordenação do Profº Dr. Guilherme Schulze e a orientação da Profª. Ms. Christina Streva, ambos do departamento de Artes Cênicas da UFPB, iniciei a pesquisa pela reunião de material bibliográfico e iconográfico para o desenvolvimento de uma série de palestras/ aulas/ seminários na forma de slides em Power Point sobre os principais acontecimentos que marcaram os últimos cem anos do teatro Ocidental. Pretendemos com isso criar um panorama, uma grande linha do tempo desse período, momento de grandes e intensas mudanças sociais, econômicas, culturais e, conseqüentemente, de intensas modificações dos paradigmas teatrais. Acreditamos que o visualizar dessas modificações permitirão aos alunos uma maior compreensão de como as transformações na sociedade se refletiram e modificaram a produção e a estética teatral do seu tempo. Os grandes avanços tecnológicos que precederam o século XX, com a descoberta da iluminação elétrica e a diminuição de fronteiras propiciada pela maior circulação de informação criaram uma atmosfera favorável a diversas mudanças no plano social, político, econômico e artístico. No caso do teatro, essas mudanças culminaram no surgimento do encenador determinando o início do que chamamos de Teatro Moderno. Inaugura se, assim, a fase em que a encenação passa a ser concebida como a localização, por meio de diversas materializações, de um discurso cênico de ordem visual e sonora, a partir de um texto, de um esboço (ou não), cujas tomadas de decisão com relação ao seu conteúdo são múltiplas. (DEMARCY in GUINSBURG, 2003, pág. 28), concepção essa que permanece até os dias de hoje. É dado, assim, ao encenador o direito de sustentar um discurso diferente daquele da celebração da obra prima... A direção passa a ser a de colocar esse texto numa determinada perspectiva; dizer a respeito dele algo que ele não diz, pelo menos explicitamente, de expô lo não mais apenas à admiração, mas também a reflexão do espectador (ROUBINE, 1998, pág. 41) É nesse período que o naturalismo e o simbolismo surgem como as duas principais correntes que fomentaram um debate que acompanha toda a prática teatral do século XX, colocando em oposição a tentação da representação figurativa do real e a do irrealismo (ROUBINE, 1998, PÁG. 23). O naturalismo corresponde, no teatro, à concretização do sonho capitalista industrial: a conquista do mundo real (ROUBINE, 1998, pág.25). Os trabalhos de André Antoine, em consonância com a estética naturalista, buscam a exatidão minuciosa na imitação da realidade, a eliminação dos artifícios no trabalho do ator, assim como promovem uma reforma na iluminação, e na proposta de cenografia. Os trabalhos de Constantin Stanislavski junto ao Teatro de Arte de Moscou criam as bases do teatro contemporâneo. Ele é o primeiro a escrever acerca do trabalho do ator por uma ótica prática, apontando diretrizes concretas para a construção de um método de criação para o trabalho investigativo do ator que serviu de base para que outros pesquisadores desenvolvessem seus trabalhos. Com o simbolismo, pela primeira vez desde o classicismo, a representação se via desligada da obrigação mimética e da sujeição a um modelo inspirado no real (ROUBINE, 2003, pág. 121). Nesse período os trabalhos de Adolph Appia e Gordon Craig mudaram as concepções do uso do espaço e da iluminação no teatro. Em busca da teatralização e negando o mimetismo ditado pelo naturalismo, Meyerhold amplia as possibilidades de construção da ação, elabora procedimentos que antecedem a interpretação e aprofunda o jogo perceptivo ator espectador buscando novas associações por meio do desenho preciso do movimento (BONFITTO, 2001, pág. 49). Nesse processo de reteatralização, Meyerhold assume a artificialidade da convenção teatral, procurando não mais copiar a realidade, mas resignificá la por meio da construção de novos códigos: Meyerhold chega ao teatro da convenção consciente, onde o espectador é considerado, juntamente com o autor, o encenador e o ator, o quarto criador do espetáculo, embora o faça desmistificado, consciente em todo momento de que o ator representa, assim como este

não esquece por um só instante que está compondo um quadro expressivo e significativo. (GUINSBURG, 2001, pág. 62) Na década de 30, Antonin Artaud e seus duplos, percebendo que o teatro poderia trabalhar simultaneamente com a palavra, o gesto e os aspectos visuais (cores, volumes etc) propõe uma verdadeira revolução da linguagem teatral. Contrário à imposição da palavra como única matriz geradora do espetáculo, o artista francês coloca em evidência a importância dos outros elementos presentes na encenação para o alargamento das possibilidades de significação do teatro (BONFITTO, 2001, pág. 55). O Teatro da Crueldade vislumbrado por Artaud busca um profundo impacto no inconsciente do espectador, justamente na época em que as teorias da psicanálise estão se tornando conhecidas. Com Piscator e Brecht o teatro ganha um sentido político e pedagógico se tornando um lugar de debate e reflexão da sociedade. Brecht cria o conceito de distanciamento que propunha causar uma estranheza no espectador forçando o a problematizar o que estava sendo visto. Ao revelar os bastidores do teatro aos olhos do público, Brecht expõe a artificialidade do teatral e convida o espectador a abandonar a ilusão. A caixa teatral, o jogo trazem em si mesmo, indubitavelmente, a situação artificial. É uma característica que torna a leitura pelo espectador indubitavelmente necessária (DEMARCY in GUINSBURG, 2003, pág. 26). Na década de 60, Jerzy Grotowski e seu Teatro Pobre preconiza um retorno à pureza primitiva do teatro, deslocando o núcleo da representação para a relação ator espectador (ROUBINE, 1998, pág. 192). A concepção de Ator Santo que o encenador polonês propõe é cria uma nova definição de ator e, por conseqüência, de encenador, assim como a reestruturação da relação ator espectador. A partir da influência de Grotowski, chegamos as grandes companhias de teatro contemporâneo, como por exemplo, o Odin Theatret de Eugênio Barba e sua proposta de Antropologia Teatral, Peter Brook, Ariadne Mouchkine, para citar apenas alguns. Em um segundo momento de nossa pesquisa, aplicaremos esse mesmo procedimento à história e as transformações sofridas pelo teatro brasileiro a partir da década de 30, tomando como ponto de partida a montagem de Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues por Ziembinski e Tomás Santa Roza, e chegando até as grandes companhias de teatro contemporâneo, a exemplo do Lume, Teatro da Vertigem, Armazém e Cia dos Atores. Todo o material iconográfico, áudio visual e escrito, disponibilizado na biblioteca digital estará no esquema de código aberto, estando as fontes e as autorias devidamente registradas e disponibilizadas para a consulta. Nosso objetivo é que por meio do material iconográfico seja possível uma melhor visualização de todo o processo de desenvolvimento da linguagem teatral e, principalmente, das modificações estéticas pelo qual o teatro passou ao longo desses últimos cem anos. Além disso, o material irá disponibilizar também formas de aplicação em sala de aula dos conteúdos abordados a partir do registro áudio visual das atividades praticadas nas disciplinas em que o material está sendo abordado. A criação desse material didático parte do princípio de construção de um panorama da história e teoria do teatro dos últimos cem anos. Nesse sentido, a organização das informações se dá, a priori, a partir de nomes, datas, princípios teóricos e material iconográfico. Ao fim de cada apresentação é colocada uma bibliografia e uma atividade sugerida, com base tanto na pesquisa teórica como na aplicação prática do assunto em sala de aula pelos professores do departamento. Metodologicamente, iniciamos o trabalho reunindo o material bibliográfico segundo os seguintes critérios: fontes primárias, referentes aos livros escritos pelo autor pesquisado; fontes secundárias, de pesquisadores que escreveram sobre o autor ou acerca do seu processo de trabalho, e fontes terciárias, relacionadas a pessoas ou trabalhos que tenham alguma ligação com o autor pesquisado. Utilizamos publicações não apenas em português, mas também, em espanhol, francês e inglês. Além disso, fichamos vários textos considerados fundamentais para o entendimento do assunto abordado como, por exemplo, os textos Quando Atuar é uma Arte e A Arte de Viver um Papel de Constantin Stanislavski, O Ator Compositor de Matteo Bonfitto, O Nascimento do Teatro Moderno de Jean Jacques Roubine e Stanislavski, Meyerhold e Cia de J. Guinsburg.

Concomitantemente a esse processo, fizemos um levantamento iconográfico, reunindo fotos pessoais, do processo de trabalho, de ensaios e de peças, assim como, imagens que fizessem referência ou retratassem o trabalho dos artistas pesquisados. Junto a esse material foi feito também o registro áudio visual da aplicação, em sala de aula, dos princípios e métodos pesquisados, a exemplo do processo de trabalho e resultado final das disciplinas: Técnica do Teatro e da Dança, onde o foco principal foi o trabalho sobre o Método das Ações Físicas de Constantin Stanislavski; Expressão Corporal e Vocal II, com processo de criação física no período 2005.2; e Evolução do Teatro e da Dança II do período 2006.1, onde os alunos criaram materiais didáticos para o ensino de dança nas escolas e que está sendo digitalizado para ser inserido na biblioteca digital e para ser publicado e disponibilizado para professores e interessados. Também foi realizado o registro áudio visual da palestra e demonstração técnica do professor Dr. Luciano Maia do Departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO Do Narrador à Personagem: Uma Trajetória ao Estado do Eu Sou de Stanislavski organizado pelo próprio departamento de Artes Cênicas da UFPB. Como resultado parcial do trabalho, o projeto já dispõe de um grande acervo iconográfico, fichamento de livros e artigos, registro de material áudio visual do processo de trabalho desenvolvido em algumas disciplinas e já conta também com material relativo ao panorama histórico da teoria do teatro, a exemplo das apresentações sobre o surgimento da encenação e do Teatro Moderno, Stanislavski e o Teatro de Arte de Moscou, o Teatro Simbolista e Meyerhold e o culto à teatralidade. A criação da biblioteca digital, dos materiais didáticos e a catalogação das experiências práticas e teóricas dos professores do departamento tornam se relevantes especialmente no momento de criação de um novo curso de Teatro o Bacharelado em Interpretação e a Licenciatura em Teatro, à medida que reúne material de pesquisa para os alunos, assim como para os próprios professores que passam a ter um registro disponível para resgate, principalmente, verificada a escassez de material bibliográfico referente a essa área de conhecimento não só na UFPB, como na Paraíba de modo geral. Outra conseqüência positiva do projeto é o salto qualitativo na relação do curso com a comunidade, uma vez que a disponibilização desse material poderá contribuir e muito com o trabalho de profissionais que já estão no mercado de trabalho e que muitas vezes se vêem desamparados sem saber o que ou como tratar determinado assunto. É fato que o ensino de arte no Brasil sofre com uma série de deficiências, em grande parte pelo despreparo dos profissionais que nela atuam, muitas vezes sem formação específica na área. Nesse sentido, a criação desse material de consulta surge como uma necessidade tanto da Habilitação em Artes Cênicas do curso de Educação Artística, quanto do novo Curso de Teatro, criando uma fonte de pesquisa necessária ao entendimento da linguagem do teatro por meio da sua história e teorias. Assim como, também, cria um material útil à comunidade não apenas do ponto de vista teórico, mas também do ponto de vista prático, uma vez que também serão disponibilizados os registros das experiências práticas desses conceitos e teorias em sala de aula. Referências Bibliográficas BERTHOLD, Margot. História mundial do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2001. BONFITO, Matteo. O ator compositor. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001. GUINSBURG, J. Da cena em cena. São Paulo: Perspectiva, 2001.. Stanislavski, Meyerhold e Cia. São Paulo: Perspectiva, 2001. DEMARCY, Richard. A leitura Transversal in GUINSBURG, J., TEIXEIRA, J. Coelho Netto, CARDOSO, Reni Chaves. Semiologia do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2003. pág. 23 38.

JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. Por que teatro na escola?. II Seminário de Licenciatura em Teatro, realizado pelo Colegiado de Graduação em Artes Cênicas da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG, 2005. Disponível em < http://www.ricardojapiassu.pro.br > Acessado em 12 out 2006. ROUBINE, Jean Jacques. A linguagem da encenação teatral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,1998.. Introdução às grandes teorias do teatro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.