ASPECTOS DA BIOLOGIA POPULACIONAL DO TUCUNARÉ (Cichla piquiti) NO RESERVATÓRIO DE LAJEADO, RIO TOCANTINS

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Transcrição:

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas ASPECTOS DA BIOLOGIA POPULACIONAL DO TUCUNARÉ (Cichla piquiti) NO RESERVATÓRIO DE LAJEADO, RIO TOCANTINS Leandro Amorim da Silva 1, Fernando Mayer Pelicice 2 1 Aluno do Curso de Ciências Biológicas; Campus de Porto Nacional; e-mail: cbioamorim@gmail.com ou tkdamorim@hotmail.com PIBIC/UFT 2 Orientador do Curso de Ciências Biológicas; Campus de Porto Nacional; e-mail: fmpelicice@gmail.com

RESUMO Este trabalho analisou a relação peso x comprimento, condição corporal, além da proporção sexual de indivíduos da espécie Cichla piquiti no reservatório da UHE de Lajeado, rio Tocantins. A relação peso x comprimento foi descrita para machos e fêmeas separadamente, através do ajuste um modelo de regressão linear. Para a condição corporal de fêmeas, observou-se que não existem diferenças significativas ao longo dos pontos de coleta. No entanto, para indivíduos machos, a condição corporal apresentou considerável variação espacial. Em relação à proporção sexual, observou-se tendência a proporcionalidade (1:1 fêmea/macho). Espera-se que com esses dados e com estudos posteriores seja possível um entendimento e descrição da biologia tucunaré no reservatório de Lajeado. Palavras-chave: Cichla piquiti; crescimento; condição corporal; proporção sexual; INTRODUÇÃO A construção de grandes reservatórios provoca profunda alteração nas propriedades físicas e químicas do ambiente, podendo interferir diretamente na biologia (ciclo de vida), na abundância e distribuição da biota aquática (Agostinho et al., 2007). Em reservatórios da região Neotropical, uma espécie que tem se adaptado bem às condições ambientais de reservatórios é o tucunaré (gênero Cichla), original da Bacia Amazônica. São peixes de médio à grande porte e com dieta piscívora, podendo também se alimentar ocasionalmente de pequenos invertebrados (Jepsen et al., 1997; Luiz et al., 2011). Possuem grande valor comercial, além de serem muito apreciados por adeptos da pesca esportiva, talvez pelo seu aguçado instinto de predação. No Rio Tocantins, com a recente criação do reservatório da UHE Luís Eduardo Magalhães (Lajeado), a espécie Cichla piquiti ganhou evidência, adquirindo relevância econômica, tanto para a pesca artesanal, quanto para a pesca esportiva. Esse aumento populacional pode ser atribuído ao seu sucesso na colonização do reservatório, já que a espécie é nativa à bacia e antes do represamento era raramente capturada por pescadores. Como a espécie passou a desempenhar papel importante na pesca local, torna-se necessário um estudo aprofundado sobre a sua biologia geral, a fim de que o processo de colonização seja melhor compreendido, e medidas de manejo adequadas, quando oportunas, possam ser tomadas. Nesse sentido, este trabalho analisou aspectos da biologia de C. piquiti na região superior do reservatório da UHE de Lajeado, rio Tocantins. No caso, analisamos a

relação peso x comprimento e variações espaciais na condição corporal e proporção sexual dos peixes. MATERIAL E METODOS As coletas foram realizadas no reservatório da UHE Lajeado, nas cercanias do município de Porto Nacional (TO), região superior-intermediária do represamento. Os locais de coleta (n = 6) foram selecionados em uma extensão de aproximadamente 20 km do reservatório. A amostragem teve frequência mensal, e ocorreu entre novembro de 2010 e outubro de 2011. Os peixes foram capturados utilizando barco motorizado, caniço e carretilha, com o emprego de iscas artificiais (ex.: plugs e colheres). Em cada ponto de coleta, o esforço de pesca foi padronizado pelo número de pescadores e tempo, percorrendo com o barco (sem propulsão motor) os diferentes ambientes marginais do ponto, onde a pesca incidiu. As coletas ocorreram sempre no período diurno, entre 08h00min e 18h00min nas áreas marginais do reservatório (em habitats de praias, galhadas e macrófitas). Os exemplares capturados foram armazenados em caixas térmicas contendo gelo e posteriormente foram conduzidos ao laboratório do Núcleo de Estudos Ambientais (Neamb), para identificação e tomada de dados biométricos. De cada exemplar foram registradas informações sobre: comprimento total e padrão (cm), peso total (g) e sexo. A relação entre peso total (g) e comprimento padrão (cm) foi determinada separadamente para cada sexo. A equação que descreve a relação foi ajustada por regressão linear, após linearização das variáveis (log10). Para verificar a condição corporal dos peixes (estado nutricional), foi utilizada a média dos resíduos padronizados da relação linearizada (log10) entre peso da carcaça (g) x comprimento padrão (cm), Variações espaciais (locais de coleta) na condição corporal dos peixes foram investigadas separadamente para machos e fêmeas, investigando diferenças nas médias dos resíduos por estatística não-paramétrica (Kruskall-Walis). Por fim, a proporção sexual (número de fêmeas/machos) foi calculada para cada local de coleta. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o presente estudo, foram capturados 231 espécimes, sendo 105 fêmeas e 126 machos. Para indivíduos machos, o tamanho variou entre 12,7 e 50 cm (Ls) e o peso entre 65,9 e 3352,8 g (Wt). Já para as fêmeas o tamanho variou de 13,3 a 45,3 cm

(Ls) e o peso entre 59,47 e 2275,3 g (Wt) respectivamente. A relação peso x comprimento é apresentada na Figura 1, com os dados originais e linearizados, com as respectivas equações para machos e fêmeas. 4000 3500 4 3000 2500 3.5 3 MACHO y = 2.9464x - 1.5539 R 2 = 0.9769 WT (g) 2000 1500 1000 500 FÊMEA MACHO WT (log10) 2.5 2 1.5 1 0.5 FÊMEA y = 3.0338x - 1.6756 R 2 = 0.9902 0 0 10 20 30 40 50 60 LS (cm) 0 0 0.5 1 1.5 2 LS (log10) Figura 1. Relação entre peso e comprimento para machos e fêmeas, coletados no reservatório de Lajeado, rio Tocantins. A figura apresenta a relação com os dados originais (A) e linearizados (B). Variações na condição corporal dos peixes foram analisadas através dos resíduos da relação entre peso da carcaça e comprimento padrão dos peixes (Análise de Regressão: R= 0,99; F 1, 229 = 11998,70; p < 0,0000). Para fêmeas, não houve variação significativa na condição entre os pontos (Fig. 2). O mesmo padrão caracterizou a condição corporal dos machos; no entanto, observou-se elevada variabilidade em alguns locais (Fig. 2). Essa elevada variação poder estar relacionada a dinâmica reprodutiva da espécie, considerando que o tucunaré cuida ativamente da prole (Jepsen et al., 2009) e pode passar por momentos de maior exigência fisiológica. Não houve grandes variações no número de indivíduos machos e fêmeas de Cichla piquiti coletadas ao longo dos pontos (Tab. 1). Observou-se tendência a proporcionalidade (1:1 fêmea/macho), embora valores mais baixos tenham sido registrados nos pontos P1, P4 e P6. 0.8 0.6 Var8: KW-H(4,104) = 2.3064, p = 0.6796 0.8 0.6 Var3: KW-H(4,126) = 5.8935, p = 0.2072 RESÍDUO PADRÃO 0.4 0.2 0.0-0.2 RESÍDUO PADRÃO 0.4 0.2 0.0-0.2-0.4-0.4 A -0.6 P1 P3 P4 P5 P6 LOCAIS B -0.6 P1 P3 P4 P5 P6 LOCAIS Figura 2. Condição corporal de fêmeas (A) e machos (B) de Cichla piquiti ao longo dos pontos coletados. O resultado do teste Kruskall-Walis é apresentado.

Tabela 1. Proporção sexual (Fêmeas/Machos) de Cichla piquiti coletado no reservatório da UHE Lajeado, ao longo dos pontos. LOCAL FÊMEA MACHO F/M P1 11 18 0.61 P3 14 12 1.17 P4 26 35 0.74 P5 34 31 1.10 P6 20 30 0.67 O tucunaré Cichla piquiti vem colonizando com sucesso o reservatório da UHE Luis Eduardo Magalhães, portanto é imprescindível um conhecimento aprofundado da sua biologia. Outro trabalho desenvolvido nesse mesmo reservatório (Marto, 2012) investigou variações temporais na alimentação e reprodução da espécie. Os presentes resultados, portanto, complementam o conhecimento e devem ajudar no entendimento da biologia de C. piquiti, possibilitando auxilio na aplicação de ações de manejo e preservação da espécie. LITERATURA CITADA Agostinho, A. A., L. C. Gomes & F. M. Pelicice. 2007. Ecologia e manejo de recursos pesqueiros em reservatórios do Brasil. Maringá, EDUEM, 501 p. Jepsen, D. B., K. O. Winemiller, D. C. Taphorn & O. D. Rodrigues. 1999. Age structure and reservoirs of Venezuela. Journal of Fish Biology, v. 55, 433-450. Luiz, T. F., M. R. Velludo, A. C. Peret, J. L. Rodrigues Filho & A. M. Peret. 2011. Diet, reproduction and population structure the introduced Amazonian fish Cichla piquiti (Perciformes: Cichlidae) in the Cachoeira Dourada reservoir (Paranaíba River, central Brazil). Revista Biologia Tropical, (Int. J. Trop. Biol), v. 59, no. 2, 727-741. Marto, V. C. O. Biologia do tucunaré (Cichla piquiti) no reservatório de lajeado (UHE Luis Eduardo Magalhães), Rio Tocantins. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Tocantins, Porto Nacional, TO: UFT, 2012. 32 f.; Il. AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT.