Guia completo das áreas de Petróleo, Gás, Indústria Naval, Petroquímica e Bioenergia



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Transcrição:

Guia completo das áreas de Petróleo, Gás, Indústria Naval, Petroquímica e Bioenergia O DESAFIO DE CONCILIAR CRESCIMENTO ACELERADO COM MÃO-DE-OBRA QUALIFICADA Oportunidades para capacitação profissional Fórmula + + para o sucesso nas empresas Trabalhar no exterior: o sonho que pode virar pesadelo

A energia move o mundo. E ela está cada vez mais cara. O petróleo é uma das commodities que mais se valoriza a cada dia. Há cinco anos o intercâmbio comercial no mundo, protagonizado sobretudo pela China, cresce a números inimagináveis, pressionando ainda mais o consumo de toda cadeia dos insumos energéticos. Com isso, gira a roda da fortuna e a fila anda. A correlação de petróleo caro e demanda crescente por si só explica a viabilização de qualquer investimento tanto na cadeia de energia fóssil como na de biocombustíveis. Resultado: a execução de vários projetos simultâneos exige cada vez mais mão-de-obra com formação técnica, universitária e de alta especialização. A demanda, em escala acelerada, ocorre no Brasil e no exterior. Neste contexto, é mais que lógico o surgimento da revista Cursos & Carreiras, com foco na formação e capacitação da mão-de-obra para a cadeia petrolífera e afins. Leia esta revista com os olhos de quem procura uma luz ou uma fonte de inspiração, tanto para quem pretende entrar na indústria, como também para aqueles que já participam dela, mas desejam ampliar seus horizontes profissionais. Informamos nesta primeira edição sobre as profissões com maior demanda na Petrobras e na construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. Este projeto deve gerar mais de 200 mil empregos diretos e indiretos em escala nacional durante os cinco anos de obra e após sua entrada em operação, prevista para 2012. O investimento é estimado em torno de US$ 8 bilhões. Para quem deseja ingressar na indústria, explicamos a forma de atuação do Prominp, programa do governo federal que busca formar profissionais nos níveis básico, médio, técnico e superior. A meta mais recente do programa prevê a qualificação de 112 mil profissionais até o fim de 2009. Experientes profissionais das áreas de direito, de meio ambiente e de engenharia mostram o caminho das pedras em depoimentos exclusivos sobre as opções no mercado de trabalho em seus respectivos segmentos nesta indústria bilionária. Para aqueles que procuram especialização, em nível de graduação, mestrado e doutorado, entrevistamos Florival Carvalho, Superintendente de Planejamento e Pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Ele detalha o Programa de Recursos Humanos (PRH), criado e administrado pela agência, mas com execução sob a responsabilidade de várias instituições de ensino do país. Publicamos também um artigo com uma série de dicas para os que desejam buscar melhor sorte no exterior. São sugestões valiosas para se livrar de armadilhas contratuais e evitar situações constrangedoras, quando se está trabalhando fora do país. Boa leitura! Marco Antonio Monteiro Editor Sumário 2 Oportunidades para capacitação profissional 5 Gargalo na área de dutos 6 Um diferencial competitivo no mercado 9 O desafio de conciliar crescimento acelerado com mão-de-obra qualificada 12 Incentivo à excelência profissional 15 Artigo - O Mercado de Trabalho e as Novas Oportunidades de Formação de Recursos Humanos e pesquisa 16 Diversidade aliada à qualidade 17 Entrevista - Fórmula para o sucesso profissional 19 Trabalhar no exterior: o sonho que pode virar pesadelo 21 Artigo - As oportunidades para advogados na indústria do petróleo 22 Artigo - Desafios e conquistas dos profissionais de engenharia 23 Artigo - Como encarar uma entrevista de trabalho? 24 Cursos a serem ministrados nos próximos meses Cursos & Carreiras Redação: Marco Antonio Monteiro (editor) Thais Fernandes (Repórter) e Marilia Jannuzzi (Pesquisa). Colaboradores (Análises e Artigos): Antonio Augusto Reis, Custódio dos Santos, Marilda Rosado de Sá Ribeiro, Reynaldo Barros, Rosangela Grigoletto e Silvio Celestino, Roberto Roche. Arte e Diagramação: Lourenço Maciel Arte/anúncio: Marina Lazzarotto Publicidade & Marketing: Virginia Guinancio (virginia@guiaoffshore.com.br) Telefone da redação: (21) 2538-1326 - Email da redação: contatos@guiaoffshore.com.br A revista Cursos & Carreiras é uma publicação da empresa MCM Comunicação Ltda, proprietária do portal Gui@offshore (www.guiaoffshore.com.br). Endereço: Rua Bambina, 134 bl.1 / 305 - Botafogo - Rio de Janeiro (RJ) CEP: 22251-050. A versão digital desta revista pode ser lida no seguinte endereço: http://www.guiaoffshore.com.br/revistac&c.pdf.

Responsabilidade social Oportunidades para capacitação profissional Prominp, Programa do Governo Federal, busca formar mão-de-obra para executar projetos da indústria do petróleo e gás natural Thais Fernandes O grande volume de investimentos previstos pela indústria do petróleo e gás natural e os empreendimentos decorrentes desse aquecimento no setor exigirão do mercado uma extensa massa de profissionais qualificados para executar esses projetos. Para transformar a expansão do setor em oportunidades para os trabalhadores brasileiros, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) implementa iniciativas de capacitação e inserção profissionais. O Prominp foi instituído em 2003 pelo Governo Federal, por meio do Ministério de Minas e Energia (MME), visando aumentar a participação da indústria nacional de bens e serviços em projetos de óleo e gás natural no Brasil e no exterior. Seu principal desafio é identificar e implantar ações de forma a capacitar a indústria nacional para atender as demandas das operadoras do setor de petróleo e gás natural e torná-la competitiva para ser potencial exportadora de bens e serviços para o mercado internacional. Diante desses objetivos, foram criadas três áreas de atuação: a frente de capacitação tecnológica, 2 que inclui ações junto aos fornecedores, para substituir as importações; a frente de capacitação industrial, que visa melhorar a infra-estrutura da indústria do setor; e a frente de capacitação de pessoas, cujas iniciativas integram o Plano Nacional de Qualificação Profissional. Esse plano de qualificação profissional surgiu da constatação de que haveria um salto nos investimentos no setor de petróleo e gás natural no país e a demanda de pessoal requerida pelos empreendimentos planejados não seria atendida. Dados do estudo Demanda e Perfil dos Trabalhadores Formais no Brasil em 2007, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), confirmam a falta de profissionais capacitados para o setor. A pesquisa revela que a indústria química e petroquímica tem o maior déficit de trabalhadores qualificados, cerca de 25,3 mil. O cenário de aumento da demanda é corroborado pela previsão de investimentos divulgada pela Petrobras. Em 2003, a empresa planejou aplicar U$ 49 bilhões em cinco anos. Em 2007, a previsão de investimentos anunciada para o período de 2008 a 2012 foi de U$ 112 bilhões. Para que esses empreendimentos sejam feitos no Brasil de forma a gerar emprego e renda, e no volume e no prazo necessários, o mercado exige não apenas a qualificação de trabalhadores, mas também a formação de uma quantidade de profissionais muito maior do que a existente, especialmente em certas regiões do país, onde a carência é maior. Turma Pintor Industrial: aula ministrada no Senai Tijuca, Zona Norte do Rio Foto Ailton Mendonça

Diagnóstico da carência de mão-deobra Para identificar as áreas em que haveria necessidade de mão-deobra, o Prominp desenvolveu, a partir de 2004, um diagnóstico do setor. Com base na carteira de investimento das empresas, que foi traduzida em empreendimentos, e na disponibilidade de profissionais especializados no mercado na época, foram identificadas 175 categorias profissionais consideradas críticas para o setor. Entre essas categorias, 39 são de nível básico, 50 de nível médio, 11 de nível técnico, 45 de nível superior e 30 de nível inspetor. A mais recente atualização desse diagnóstico aponta a necessidade de qualificação de cerca de 112 mil profissionais até o final de 2009. Cerca de 70% da demanda se concentra no nível básico. As categorias de nível básico incluem soldador, lixador, encanador etc. As de nível médio e técnico abrangem profissionais para trabalhar nas áreas de mecânica, engenharia elétrica, segurança do trabalho, entre outras. As carreiras mais ligadas à engenharia são as requisitadas no nível superior. O nível inspetor é semelhante ao técnico, com a diferença de que o profissional, além de ser um especialista em determinada área, deve fazer uma prova de capacitação para estar apto a fornecer laudos sobre a qualidade do trabalho desenvolvido e sua conformidade com as normas técnicas. Como há poucos profissionais com essa qualificação, os salários são diferenciados. Segundo a coordenação executiva do Prominp, essas categorias profissionais críticas são as que o mercado não conseguiria abastecer por conta própria. Nesse salto inicial, seria necessário um esforço adicional, com a mobilização de escolas técnicas, universidades e outras instituições de ensino. Mas a idéia é que, no futuro, as próprias empresas consigam capacitar seus profissionais. O Plano Nacional de Qualificação Profissional do Prominp prevê a realização de cerca de 950 cursos diferentes, com um total de aproximadamente 6.300 turmas, em 71 instituições de ensino de diferentes características de forma a abranger as várias etapas da educação profissional, espalhadas por 17 estados, escolhidos em função dos locais onde ocorrerão os projetos planejados para o setor de petróleo e gás natural. Os cursos têm duração de dois meses para o nível básico, três ou quatro meses para os níveis médio, técnico e inspetor, e nove meses, nos moldes de uma pós-graduação lato sensu, para o nível superior. (Confira no quadro abaixo a distribuição do número de cursos e vagas por estado) Estado Cursos Turmas Vagas AL 11 25 448 AM 23 61 1.088 BA 72 308 5.380 CE 15 65 1.040 ES 76 264 4.687 MG 60 299 5.110 MS 7 12 234 PB 9 11 204 PE 31 338 5.865 PR 59 541 9.578 RJ 168 1.340 25.545 RN 43 132 2.252 RO 7 7 112 RS 63 244 4.318 SC 18 45 765 SE 10 32 552 SP 236 1.461 26.321 Não definido 45 1.143 19.126 Total 953 6.328 112.625

Os cursos são estruturados, em nível nacional, pelas instituições de ensino Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Centros de Educação Tecnológica (Cefets), universidades federais e estaduais, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e, em alguns casos, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) e depois executado por elas em cada estado. A criação e manutenção da infra-estrutura (laboratórios etc.) e a capacitação de professores para o curso também ficam a cargo das instituições. Os módulos de ensino são preparados com base no perfil profissional exigido pelo mercado, obtido por meio de consulta às empresas do setor. No caso dos cursos direcionados a inspetores, as instituições que credenciam esses profissionais foram ouvidas para a elaboração do curso, na tentativa de diminuir o percentual de reprovação na prova de certificação, que é de 70%. Coordenado pelo MME, o plano de qualificação do Prominp tem como membros de seu comitê diretivo a Petrobrás, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). Participam do comitê executivo do Plano, além dessas instituições, as associações de classe dos setores envolvidos (petróleo e gás natural, 4 naval, fabricantes de máquinas e equipamentos etc.). Ciclos de qualificação O plano de qualificação é implementado em ciclos (cinco, no total). A cada semestre, a demanda dos próximos seis meses é avaliada para que os cursos se ajustem às necessidades do mercado em função dos empreendimentos previstos. O primeiro ciclo foi realizado em 2006 em dez estados e ofereceu 11.040 vagas distribuídas por todos os níveis. No mesmo ano, houve um ciclo complementar, com 1.905 vagas no Rio Grande do Sul. Em 2007, o segundo ciclo ofereceu 22.748 vagas para todos os níveis em 14 A carência de profissionais se distribui desde a fase de projetos até a de construção de plataformas, incluindo também os setores de transporte marítimo, gasodutos, refinarias e plantas petroquímicas. estados. Até o fim de 2007, cerca de 25 mil pessoas já haviam sido treinadas e ainda existiam cursos em andamento. O terceiro ciclo está planejado para o início de 2008, o quarto para o segundo semestre de 2008 e o quinto para o primeiro semestre de 2009. Segundo a coordenação executiva do Prominp, atualmente todas as áreas da cadeia do petróleo estão aquecidas, especialmente a de abastecimento, seguida pela de exploração e produção. A carência de profissionais se distribui desde a fase de projetos até a de construção de plataformas, incluindo também os setores de transporte marítimo, gasodutos, refinarias e plantas petroquímicas. Para o terceiro ciclo de qualificação, as maiores demandas são em categorias de nível básico (soldador de tubulação, soldador de estrutura, soldador de pipeline, encanador, lixador, caldeireiro e pintor) e médio (eletricista montador e eletricista de força e controle). Diante dos investimentos em fontes de energia renováveis, o Prominp vai começar a realizar também um diagnóstico desse setor, para identificar os empreendimentos previstos, as regiões do país onde serão instalados, a oferta atual de profissionais e a carência de qualificação de mão-de-obra. As vagas do Prominp são preenchidas por meio de seleção pública, com pré-requisitos para cada categoria. Além do curso gratuito oferecido para todos os selecionados, os profissionais desempregados recebem uma bolsaauxílio durante o período de aulas. O valor da bolsa é de R$ 300 para alunos do nível básico, R$ 600 para alunos dos níveis médio, técnico e inspetor e R$ 900 para alunos do nível superior. Para o nível inspetor, a prova de certificação também é paga pelo Programa. Para a qualificação de 112 mil profissionais nos cinco ciclos previstos, o Prominp vai investir um total de R$ 304 milhões, valor que pode aumentar em função da ampliação dos investimentos. A maior parte dos recursos do Prominp (90%) vem da Petrobrás e destina-se ao pagamento das bolsas e de cursos. O restante é originário do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), administrado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, e do Fundo Setorial CT- Petro (que recebe parte dos royalties da indústria do petróleo) e é usado para custear os cursos de nível básico e superior, respectivamente.

Formação e Capacitação Um diferencial competitivo no mercado Cursos da Coppe/UFRJ combinam disciplinas teóricas e práticas para atividades offshore Thaís Fernandes Em uma área que necessita empregar tecnologias cada vez mais avançadas e com demanda crescente por profissionais qualificados, a capacitação e o aperfeiçoamento constantes do pessoal são fundamentais para a inserção e o progresso no mercado de trabalho. Pensando nessa necessidade contínua de formação de recursos humanos na área de petróleo e gás, o Laboratório de Educação Continuada Offshore (Labeco), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), oferece cursos de pós-graduação e extensão que apresentam, de forma abrangente, conhecimentos associados aos diversos segmentos que compõem a atividade offshore. Os cursos de pós-graduação, todos na modalidade lato sensu, são voltados para profissionais com nível superior que queiram atuar na elaboração de projetos de unidades marítimas e terrestres de exploração e produção de petróleo. O programa compreende uma carga horária de 360 horas, distribuída em 36 disciplinas cursadas ao longo de 13 meses, com aulas sempre aos sábados. Para obter o 6 certificado de conclusão, emitido pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ), o aluno deve ter freqüência igual ou superior a 85% e aproveitamento acadêmico satisfatório nos diversos critérios de avaliação, além de apresentar uma monografia. Os formandos com melhor desempenho são convidados a fazer o mestrado na Coppe. Atualmente, o Labeco oferece quatro cursos de pós-graduação: Pós-graduação em Sistemas Offshore (MSO), Pós-graduação em Segurança Aplicada a Projetos de Exploração e Produção (Sapep), Pós-graduação em Engenharia de Máquinas Navais e Offshore (EMO) e Pós-graduação em Engenharia de Sistemas Flutuantes Offshore (ESFO). Segundo Márcia Almeida, coordenadora adjunta do Labeco, o grande diferencial dos cursos é seu corpo docente, composto tanto por professores universitários quanto por profissionais que atuam no mercado, o que permite apresentar aos alunos as técnicas mais modernas em uso pela indústria offshore. O contato com a prática profissional é reforçado por visitas Divulgação Labeco/UFRJ Os cursos de pós-graduação, todos na modalidade lato sensu, são voltados para profissionais com nível superior que queiram atuar na elaboração de projetos de unidades marítimas e terrestres de exploração e produção de petróleo.

técnicas a plataformas, quando disponíveis, e a outras instalações. O curso MSO apresenta aos alunos uma visão geral dos problemas de engenharia comumente encontrados no setor offshore, desde as atividades de prospecção e perfuração até a produção de petróleo e gás, com ênfase nas operações em águas profundas e no estudo de casos específicos da costa brasileira, como as bacias de Campos e de Santos e o delta do rio Amazonas. Além de tratar dos aspectos práticos da engenharia offshore em relação ao ambiente oceânico, o programa aborda os principais componentes e equipamentos usados em instalações submarinas e flutuantes e os aspectos econômicos, regulatórios e de segurança do setor. Esse é um dos cursos mais reconhecidos no mercado. Os alunos são contratados antes mesmo de terminarem as aulas, conta Márcia Almeida. Segurança: item fundamental Diante de uma demanda da Petrobras para desenvolver mais a segurança de suas unidades flutuantes, foi criado o curso Sapep. O curso aborda tanto os aspectos de segurança envolvidos no planejamento e construção das unidades marítimas e terrestres, quanto no seu funcionamento, oferecendo conhecimentos técnicos e normativos, bem como uma visão prática dos procedimentos de segurança empregados nos projetos. Em 2008, o curso será reservado aos profissionais encaminhados pelo Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp). O EMO é um curso que fornece conhecimentos básicos de engenharia de máquinas navais e offshore, voltados para o projeto e a análise de sistemas flutuantes com foco nas atividades de exploração e produção de petróleo offshore. O curso ESFO também se originou Divulgação Labeco/UFRJ O Laboceano simula de forma realista as principais características do ambiente oceânico. É equipado com sofisticados sistemas geradores de ondas multidirecionais. 7

de uma demanda da Petrobras por profissionais especializados em engenharia naval, cuja oferta no mercado é pequena. O programa coloca o profissional em contato com as técnicas atuais de dimensionamento e avaliação do comportamento de estruturas no mar. Segundo José Marcio Vasconcellos, coordenador executivo do Labeco, o grande diferencial desse curso é a existência de uma disciplina prática realizada no Laboratório de Tecnologia Oceânica (Laboceano), da Coppe, onde os alunos podem propor atividades experimentais e avaliar os resultados. Os alunos de outros cursos fazem uma visita técnica ao Laboceano, para conhecer suas potencialidades. O Laboceano é o tanque mais profundo do mundo capaz de simular de forma realista as principais características do ambiente oceânico. Inaugurado em abril de 2003, o tanque tem 15 m de profundidade e um poço central com 10 m adicionais e é equipado com sofisticados sistemas geradores de ondas multidirecionais. Essa estrutura permite a realização de ensaios de modelos de equipamentos usados nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás offshore, que já avançam para áreas de até 3000 m de profundidade. Para estudantes, graduados e profissionais que queiram ingressar ou progredir nesse promissor mercado da indústria offshore, o Labeco oferece dois cursos de extensão, com duração de quatro sábados cada um, em que o nível de escolaridade exigido é o ensino médio. Os alunos que concluem esses cursos com freqüência igual ou superior a 85% e desempenho acadêmico satisfatório recebem certificado de conclusão emitido pela Escola de Engenharia da UFRJ. "Muitas empresas do setor têm oferecido o curso a funcionários que não são da área, como advogados e jornalistas, como forma de nivelar o conhecimento sobre as atividades da empresa" Sucesso de público O curso de extensão de Exploração e Produção de Petróleo no Mar oferece uma visão geral sobre os principais aspectos dos diversos segmentos que compõem o setor offshore. Márcia Almeida conta que esse curso foi um sucesso já na sua primeira turma, no fim de 2006: recebeu mais de 200 inscrições para 50 vagas. Segundo ela, muitas empresas do setor têm oferecido o curso a funcionários que não são da área, como advogados e jornalistas, como forma de nivelar o conhecimento sobre as atividades da empresa. Já o curso de extensão de Segurança em Unidades de Produção de Petróleo no Mar tem como objetivo mostrar e aprofundar conhecimentos relativos à segurança nos processos e projetos de unidades marítimas de exploração e produção de petróleo, bem como ressaltar a importância desse item para a indústria do setor. Com a perspectiva de aumento nas atividades exploratórias, devido à descoberta de novos campos e jazidas, o Labeco deve lançar, em 2008, um outro tipo de curso, com uma carga horária intermediária entre 80 e 120 horas na área de perfuração e completação de poços. O pré-requisito mínimo para freqüentar esse curso será ter o diploma de engenheiro. Segundo Márcia Almeida, os cursos do Labeco têm excelente aceitação no mercado. A maioria das empresas nos procuram para oferecer oportunidades de emprego e nós fazemos essa intermediação, diz. Temos notícias de empresas que só contratam profissionais com os nossos cursos, o que mostra que estamos no caminho certo, completa José Marcio. No Labeco, o profissional ainda aprende a fazer seu currículo e como se comportar em uma entrevista. Também incentivamos todos a aprender inglês, que, nessa área, é tão importante quanto a pós-graduação, ressalta Márcia. E acrescenta: Como atualmente é difícil encontrar profissionais com experiência no setor, o mercado prefere a boa formação. As inscrições podem ser feitas pelo site www.oceanica.ufrj.br/labeco, ou pelos telefones 2562-8715, 2562-8738 e 2562-8742. Os cursos custam em torno de R$ 600. 8

Início das aulas no Centro de Integração do Comperj. Mercado de trabalho aquecido Entre os empreendimentos da Petrobras que aquecerão ainda mais o mercado de trabalho no setor de petróleo e gás natural, está a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que deve gerar mais de 200 mil empregos diretos e indiretos em escala nacional durante os cinco anos de obra e após sua entrada em operação, prevista para 2012. Com investimento estimado em torno de US$ 8,38 bilhões, o Comperj será construído em uma área de 45 milhões de metros quadrados localizada no município de Itaboraí (RJ) e tem como principal objetivo aumentar a produção nacional de produtos petroquímicos, com o processamento de cerca de 150 mil barris por dia de óleo pesado 10 nacional, oriundo da Bacia de Campos. Para atender a demanda de profissionais necessários para a fase de construção e montagem, a Petrobras criou o Centro de Integração do Comperj, que irá qualificar a mão-de-obra dos municípios do entorno do empreendimento (Itaboraí, São Gonçalo, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Niterói, Maricá, Magé, Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá). Segundo o coordenador-executivo do Centro de Integração do Comperj, Jacy Miranda, serão capacitados cerca de 30 mil profissionais na região de influência do Complexo, em mais de 60 tipos de cursos gratuitos, sendo 82% de nível básico, 17% de nível técnico e 1% de nível superior. As vagas desses cursos serão preenchidas por meio de processo seletivo. Até a plena operação do Comperj, serão realizados cinco ciclos de qualificação. O primeiro ciclo já está em andamento e inclui 150 turmas nas categorias de pedreiro, encanador predial, eletricista predial, armador de ferro, carpinteiro de forma e pintor predial. São 500 alunos por categoria, totalizando três mil vagas. Até fevereiro de 2008, 200 alunos se formaram nas categorias de eletricista predial, encanador predial, pedreiro e pintor predial nos municípios de Niterói e São Gonçalo, conta Miranda. Outros 720 alunos estão em aula nos municípios de Cachoeiras de Macacu, Itaboraí,

Jacy Miranga: 30 mil profissionais serão capacitados na região de influência do Comperj, em mais de 60 tipos de cursos gratuitos Magé, Maricá, Niterói e São Gonçalo. Ao longo do primeiro ciclo, que deve se encerrar em outubro de 2008, haverá ainda a realização de turmas em Casimiro de Abreu, Guapimirim, Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá. O processo seletivo desse primeiro ciclo ficou a cargo da Fundação Cesgranrio. Quase 21 mil candidatos disputaram as três mil vagas oferecidas. A capacitação dos profissionais está sendo feita pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio de Janeiro (Senai-RJ). As instituições de ensino responsáveis pela execução dos cursos do Centro de Integração do Comperj serão escolhidas a cada ciclo de qualificação. Segundo Miranda, os alunos formados pelo Centro de Integração podem ou não trabalhar no Comperj. Seus currículos farão parte de um banco de dados que Banco de imagens Petrobras será fornecido às empresas que construírem o Complexo. De qualquer forma, após o curso, eles já serão fortes candidatos a empregos em diversas empresas, incluindo as indústrias de 3ª geração que devem se instalar no entorno do Comperj, avalia o coordenador. Ele ressalta que mais de 20 alunos formados nas primeiras turmas foram contratados como pedreiros e carpinteiros pela empresa responsável pela construção do próprio prédio do Centro de Integração em São Gonçalo. Foco na qualificação A capacitação sempre foi uma das prioridades da Petrobras. A empresa é uma das que mais investem na qualificação de seus empregados. Um exemplo dessa orientação é a Universidade Petrobras, órgão da companhia voltado para o treinamento e o desenvolvimento das competências de seu pessoal. Atualmente, a Universidade Petrobras é composta por cinco escolas, nas áreas de exploração e produção, abastecimento, gás e energia, engenharia e tecnologias e gestão e negócios. Além disso, conta com coordenações exclusivas para a área internacional e para programas de formação. Os empregados das empresas do Sistema Petrobras no Brasil e no exterior são treinados em cursos de aperfeiçoamento, seminários, congressos, pós-graduações lato e stricto sensu e cursos de formação para novos empregados (destinados a profissionais de nível superior recém-admitidos, que passam até um ano aprimorando suas competências técnicas e adquirindo conhecimentos sobre a Petrobras e a indústria de petróleo). A infra-estrutura física da Universidade Petrobras (salas, equipamentos etc.) está distribuída nos campi Rio/São Paulo e Salvador/Taquipe (Bahia). Há ainda um campus virtual, que se dedica ao ensino à distância e desenvolve soluções educacionais a partir de diversos suportes multimídia. Em 2007, a Petrobras inaugurou a Escola de Educação Profissional de Nível Técnico, que tem como público-alvo 75% do quadro de empregados da companhia. Assim, a empresa busca o desenvolvimento integral do profissional, de forma a atender as necessidades e complexidades do trabalho. 11

Especialização Incentivo à excelência profissional Programa da ANP investe na formação de recursos humanos de alto nível em diversas instituições de ensino do Brasil Thaís Fernandes O setor de petróleo e gás natural tem experimentado amplo crescimento e as previsões são de que os empreendimentos e investimentos na área continuem em expansão, impulsionados pelas novas descobertas de campos petrolíferos. Para garantir o desenvolvimento e o crescimento do setor, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) desenvolve atividades de apoio à formação de recursos humanos que atendam à demanda dessa indústria. Os esforços da ANP nesse sentido começaram em 1999, quando foi criado o Programa de Recursos Humanos da ANP (PRH-ANP), com o objetivo de incentivar a formação de mão-de-obra especializada, em resposta à expansão da indústria do petróleo e do gás natural ocorrida em 1997, após a abertura do setor à iniciativa privada. Atualmente as iniciativas são voltadas principalmente aos profissionais de nível superior. A implementação do PRH-ANP tem como base a Divulgação/ANP Florival Carvalho: Geologia, processos e administração são as áreas onde há maior demanda por profissionais inclusão, no currículo de diversas instituições de ensino, de disciplinas de graduação, mestrado e doutorado específicas para atender às necessidades da indústria de petróleo, gás natural e biocombustíveis. A administração do Programa fica a cargo da ANP, enquanto sua execução é de responsabilidade das instituições de ensino. Segundo Florival Carvalho, Superintendente de Planejamento e Pesquisa da ANP, as tendências do setor de petróleo e gás natural e o perfil profissional demandado pelo mercado são definidos por meio de consulta às empresas do ramo. Para concretizar as parcerias com as instituições de ensino, foram publicados, desde 1999, três editais públicos, que selecionaram 36 programas propostos por 23 instituições de ensino de 13 estados diferentes. (Ver tabela ) Segundo Carvalho, o país carece de profissionais em todos os campos da indústria do petróleo, mas as áreas de geologia, processos e administração são as mais apoiadas pelo PRH-ANP, pois é onde existe maior demanda. Ele ressalta que o Programa abrange diversas carreiras, como química, geologia, engenharia química, engenharia mecânica, direito e administração. O perfil profissional é o mais diversificado. O que se quer é formar profissionais que possam atuar nas mais variadas áreas da cadeia do petróleo e com capacidade de resolver problemas, destaca. Carvalho diz que o PRH permite que o profissional termine a graduação com um bom entendimento do setor de petróleo e gás natural e pronto para se inserir no mercado. Ele lembra que o mercado valoriza o profissional que tem qualificação específica. Um estudante de engenharia, por exemplo, pode sair da universidade com um salário de R$ 3 mil a R$ 4 mil. Um engenheiro com 10 a 15 anos de experiência chega a ganhar entre R$ 10 e R$ 15 mil. 12

Bolsas e auxílios Os 36 programas do PRH recebem da ANP bolsas de estudo (de iniciação científica, mestrado e doutorado), uma bolsa para o coordenador do programa (que deve ser um professor da universidade) e outra para um professor-visitante (profissional do mercado, para agregar conhecimento prático), além de uma taxa de bancada em dinheiro (para gastos específicos que não se enquadrem na classificação de bolsa de estudo). A definição dos bolsistas é feita pela universidade, de forma que a seleção para o PRH-ANP seja integrada aos processos seletivos dos demais programas da instituição. (O valor das bolsas pode ser consultado no quadro abaixo) Tipos de bolsa Graduação Mestrado Doutorado (até aprovação do exame de qualificação) Doutorado (realização do trabalho para elaboração da tese) Coordenação PRH-ANP/MCT Pesquisador - Visitante Valor mensal R$ 450,00 R$ 1.100,00 R$ 1.300,00 R$ 1.800,00 R$ 1.200,00 R$ 5.200,00 Segundo Carvalho, até hoje já foram concedidas 4.586 bolsas de nível superior. Somente para o período entre dezembro de 2007 e outubro de 2008, a ANP liberou R$ 27 milhões, dos quais R$ 17 milhões já foram repassados. Esse valor, somado ao volume de recursos liberados desde 1999, totaliza um investimento de R$ 139 milhões. Esses recursos são direcionados ao PRH- ANP pelo Fundo Setorial CT-Petro, que gerencia parte dos royalties pagos pela indústria do petróleo. A distribuição de bolsas entre os diversos programas é feita anualmente com base nos resultados de uma avaliação sobre o desempenho de cada programa. A ANP avalia a produção científica do programa, sua interação com a indústria e sua administração e depois gera um ranking. Quanto melhor a classificação do programa, mais bolsas ele recebe no ano seguinte, explica Carvalho. Para 2008, a ANP prevê um aumento no PRH, para incorporar novas universidades e programas, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a participação das instituições tem sido pequena. Além disso, a Agência pretende criar um banco de reserva de programas, para substituir aqueles que tiverem avaliação negativa durante alguns anos. Ainda para este ano, há planos de estender os benefícios para o ensino médio e formar parcerias com Centros Federais Tecnológicos (Cefets) e outras instituições do mesmo nível. Estamos trabalhando para que, até o final de 2008, tenhamos um programa específico para atender a demanda por técnicos em petróleo, conta Carvalho. A formação de recursos humanos para o setor de biocombustíveis também vai ganhar incentivo extra em 2008, com a abertura de pelo menos dois novos programas, cuja definição aguarda a elaboração de edital. Cada programa receberá inicialmente cinco bolsas de iniciação científica, três de mestrado e uma de doutorado, além das bolsas para os professores e da taxa de bancada. Já definimos que haverá pelo menos uma universidade do Centro-oeste, pois a região tem potencial para ser grande produtora de biocombustíveis, afirma Carvalho. Além disso, existe uma exigência legal de que 40% dos recursos do PRH sejam aplicados nas regiões Norte, Nordeste e Centrooeste. Segundo Carvalho, os programas no setor de biocombustíveis serão voltados para a área de processos, análise e logística e devem ser direcionados a engenheiros químicos, engenheiros de produção, químicos, entre outros profissionais. O foco principal será o álcool e o biodiesel. Embora a produção tradicional de álcool seja consolidada no país, temos alguma carência no campo das novas rotas tecnológicas, que usam novos processos e novas leveduras, diz. Com relação ao biodiesel, é necessário formar profissionais que implantem e consolidem os processos experimentais já existentes. Trata-se de uma área atrativa em termos de emprego e remuneração, destaca. A ANP pretende criar um grande programa de formação de recursos humanos para atingir os novos horizontes a que se dirige o setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis. Para concretizar esse objetivo, a Agência vai promover este ano um debate com toda a cadeia produtiva para vislumbrar as carências do setor, com foco não apenas no ensino superior, mas também no nível técnico. Se não atendermos essa demanda, o país não vai crescer por falta de recursos humanos, alerta Carvalho. Vagas na ANP Em fevereiro passado, a ANP iniciou processo de concurso público com oferta de 325 vagas na Agência. As vagas são para cargos de nível superior e técnico 13

com remunerações entre R$ 2.122,09 e R$ 6.044,26. Serão 243 vagas para nível superior, assim divididas: a) Especialista em Geologia e Geofísica do Petróleo e Gás Natural (11) - especialidades: Geologia (6), Geofísica (5). b) Especialista em Regulação de Petróleo e Derivados, Álcool Combustível e Gás Natural (147) - especialidades: Direito (8), Economia (10), Engenharia 1 (17), Engenharia 2 (24), Geociências (12), Geral 1 (20), Geral 2 (45), Meio Ambiente (1) e Química (10). c) Analista Administrativo (85) - especialidades: geral (63), ciências contábeis (5), comunicação social (6), arquivologia (6), biblioteconomia (5). As vagas para nível intermediário são um total de 82, assim divididas: a) Técnico em Regulação de Petróleo e Derivados, Álcool Combustível e Gás Natural (35) - especialidades: Técnico em Contabilidade (2), Técnico em Instrumentação (2), Técnico em Mecânica (6), Técnico em Química (8) e Geral (17). b) Técnico Administrativo (47). Os aprovados irão trabalhar na sede da ANP no Rio de Janeiro e nos escritórios em São Paulo (SP), Salvador (BA) e Brasília (DF). A maioria das vagas é para o Rio de Janeiro. Das 243 vagas para nível superior, 194 são para o Rio, 27 para Brasília, 12 para São Paulo e 10 para Salvador. Das 82 vagas para nível intermediário, 43 são para trabalhar na sede da Agência, 32 para Brasília, 2 para Salvador e 5 para São Paulo. Cumprindo a legislação será destinado um percentual de 8% das vagas, um total de 27, para candidatos com deficiência que concorrem igualmente com os demais candidatos. Confira os 36 programas de nível superior participantes do PRH-ANP: 14 Instituição UF Título do Programa 01 UFRJ RJ Químico de Petróleo 02 UFRJ RJ Formação de Profissionais de Engenharia Civil para o Setor de Petróleo e Gás 03 UFRJ RJ Sistemas Oceânicos e Tecnologia Submarina para Exploração de Petróleo e Gás em Águas Profundas 04 USP SP Programa Interunidades de Pós-Graduação em Energia 05 UNESP SP Geologia e Ciências Ambientais Aplicadas ao Setor Petróleo e Gás 06 UFPA PA Geofísica Aplicada à Exploração e Desenvolvimento de Reservatórios de Petróleo e Gás 07 PUC-RIO RJ Programa Interdepartamental em Petróleo e Gás 08 UFBA BA Programa de Pós-Graduação e Graduação em Geofísica e Geologia para o Setor Petróleo e Gás 09 UFSC SC Formação de Recursos Humanos em Engenharias Mecânica e Química com Ênfase em Petróleo e Gás (MECPETRO) 10 UTFPR PR Planejamento e Otimização de Processos (Petro) químicos e de Gás Natural 11 UFF RJ Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geofísica Marinha 12 UFRGS RS Geologia de Petróleo 13 UFRJ RJ Programa EQ-ANP 14 UFRN RN Engenharia de Processos em Plantas de Petróleo e Gás Natural 15 UNICAMP SP Ciências e Engenharia dos Recursos Naturais de Óleo e Gás 16 UNIFEI MG Engenharia da Energia e do Petróleo 17 UERJ RJ Formação de Profissionais Qualificados em Análise de Bacia Aplicada à Exploração de Petróleo e Gás Natural 18 UFRJ RJ Capacitação de Recursos Humanos em Geologia do Petróleo 19 USP SP Engenharia com Ênfase em Petróleo da EPUSP 20 UENF RJ Programa de Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo 21 UFRJ RJ Programa de Ensino: Economia, Planejamento Energético e Engenharia de Produção na Indústria do Petróleo 22 UFRN RN Programa de Formação em Geologia, Geofísica e Informática no Setor Petróleo e Gás na UFRN 23 UNIFACS BA Programa de Formação Profissional para a Indústria de Petróleo e Gás Natural 24 UFPR PR Programa Interdisciplinar em Engenharia de Petróleo e Gás Natural 25 UFCG PB Programa Interdepartamental de Tecnologia em Petróleo e Gás 26 UFPE PE Formação de Recursos Humanos para o Setor Petróleo e Gás em Geociências e Engenharia Civil 27 FURG RS Estudos Ambientais em Áreas de Atuação da Indústria do Petróleo 28 UFPE PE Engenharia do Processamento Químico do Petróleo 29 UFES ES Programa Institucional da Universidade Federal do Espírito Santo em Petróleo e Gás 30 UFRN RN Programa Multidisciplinar em Petróleo e Gás 31 UFC CE Programa Institucional de Formação de Recursos Humanos em Engenharia e Ciências do Petróleo e Gás Natural 32 IMPA RJ Pós-Graduação em Matemática - Computação Científica Aplicada à Indústria do Petróleo 33 UERJ RJ Direito do Petróleo 34 UFSC SC Formação de Engenheiros nas Áreas de Automação, Controle e Instrumentação para a Indústria do Petróleo e Gás 35 UFRJ RJ Integridade Estrutural em Instalações da Indústria do Petróleo 36 UFRN RN Programa de Recursos Humanos em Direito do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

Artigo O Mercado de Trabalho e as Novas Oportunidades de Formação de Recursos Humanos e pesquisa * Marilda Rosado de Sá Ribeiro A flexibilização do monopólio da exploração e produção de petróleo e gás pela União possibilitou a entrada de novos investidores na indústria petrolífera brasileira. A abertura dinamizou as atividades, além de proporcionar o crescimento do setor. Dados obtidos junto à ANP nos revelam que houve um aumento de 75% na produção de hidrocarbonetos e de 60% das reservas provadas, desde a implementação do novo modelo institucional, em 1998. Da tímida participação de 3,36% que tinha no PIB brasileiro em 1997, o segmento passou à expressiva participação de quase 10% no ano de 2007. Ao longo das rodadas de licitações para a outorga e concessão de blocos para a exploração e produção de petróleo e gás, vários fatores, como a lisura do processo, a atratividade das áreas e a estabilidade política, têm tornado o Brasil um novo e promissor mercado produtor para as 1 empresas de E&P. O sucesso da Nona Rodada de Licitações, realizada em novembro de 2007, foi inegável, apesar dos sobressaltos ocasionados pela retirada de áreas às vésperas do leilão. Sobressaiu entre os resultados o número de empresas: foram 66 empresas habilitadas, dentre elas, 20 novos entrantes. Atuam no país 60 grupos econômicos, em 530 concessões vigentes, sendo 21 referentes aos contratos celebrados para as áreas com acumulações 2 marginais. Segundo a Lei 9478/97 e o edital de Licitações, uma empresa só poderá assinar um contrato de concessão se criar uma empresa com sede e administração no Brasil. Cada nova empresa petrolífera traz para o mercado novas oportunidades de negócios para as empresas fornecedoras de bens e serviços voltados para a atividade, e também gera empregos diretos em toda a cadeia produtiva. Advogados, administradores, economistas, engenheiros, geólogos, técnicos e outros profissionais são todos de extrema importância para a indústria. Em contrapartida, o crescimento industrial pode não ser acompanhado pela formação de recursos humanos especializados e suficientes às suas necessidades. Prevendo tal dificuldade, a própria Lei do Petróleo, em seus artigos 49 e 50, reserva uma parcela dos royalties e o Contrato de Concessão, na cláusula 24, determina que campos de grande rentabilidade (os que devem participação especial) destinem 1% da receita bruta para o investimento em programas de formação de tecnologia e mão-de-obra voltadas para a indústria. A arrecadação dos royalties é calculada e dividida em diferentes proporções. A parcela que não exceder 5% será deduzida com base na Lei 7.990/89 e o Decreto nº 01/91, já a parcela a ser deduzida entre 5% e 10% tem como base legal a lei 9478/97 e o Decreto nº 2.705/98. O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) receberá 25%, conforme disposto no artigo 49, inciso I, alínea d e inciso II, alínea f, para investir em programas de amparo à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico, com o apoio técnico da ANP, em cumprimento do disposto no inciso X do art. 8º da Lei do Petróleo. A Agência Nacional do Petróleo administra os recursos acima mencionados, por meio de dois programas, o Programa de Recursos Humanos PRH e o Programa de Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento. O PRH-ANP, lançado em 1999, atualmente administra o funcionamento de 36 programas em 23 universidades, distribuídas por 13 estados da Federação em diferentes áreas do conhecimento, abrangendo tanto a parte técnica como o planejamento e a regulação do setor. Foram investidos até o ano de 2007 quase R$ 150 milhões nos programas mantidos pela ANP, em parceria com o MCT. Alguns programas, como o PRH-33, da Faculdade de Direito da UERJ, vieram atender a uma antiga demanda: a formação de especialistas da área jurídica. Ao longo de sua existência foram elaboradas 37 monografias sobre temas de interesse da indústria do petróleo nas diversas disciplinas e 9 trabalhos entre dissertações de estrado e teses de doutorado. No âmbito do PRH-33 nasceu um centro de pesquisas voltado para o Direito e negócios de petróleo e gás, o Centro de Estudos Avançados e Pesquisa em Direito do Petróleo (CEDPETRO). Atualmente, o centro de estudos realiza ou apóia cursos de especialização, seminários, congressos, e lançou a Revista Brasileira de Direito do Petróleo - RBDP. Já o Programa de Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento tem investimentos oriundos dos campos que pagam participação especial. Segundo dados da Superintendência de Participações Governamentais SPG, até o ano de 2005 foram arrecadados R$ 1.751.208.635,64 para a formação de recursos humanos e tecnologia. Em 2005 foi regulamentada, através da Resolução ANP 33/05, a utilização dos valores advindos da cláusula de investimentos em P&D. Seguindo as disposições do regulamento, metade da verba pode ser utilizada em projetos diretamente contratados pela empresa, a outra metade será distribuída para projetos de instituições cadastradas pela Agência. Mas a formação de recursos humanos especializados não é desafio apenas da ANP. No âmbito federal, o Programa Nacional de Mobilização da Indústria do Petróleo (Prominp) desenvolve um Plano de Qualificação Profissional, que contou com a aplicação por parte da Petrobras, de cerca de R$ 157 milhões em projetos de capacitação profissional do Ministério das Minas e Energia. Há ainda a previsão de que a empresa invista ao todo R$ 228 milhões na formação e capacitação de 70 mil trabalhadores em 40 entidades diversas e, em todos os níveis de instrução, sendo voltada principalmente para a área de produção do setor de E&P. A Petrobras, um dos players mais importantes do mercado, também cresceu significativamente nos últimos anos. Em 1998 o lucro líquido da empresa foi de R$1,4 bilhão, o qual foi aumentando a cada ano até chegar ao patamar de R$ 25,9 bilhões no ano de 2006. Para atingir suas metas, a Petrobras aumentou e fortaleceu seu corpo técnico. Além de vários concursos promovidos pela empresa nos últimos dez anos houve um investimento maciço em treinamento, destacando-se a criação de uma Universidade Corporativa e o incremento de convênios com diversas universidades do país. Outra promessa para a geração de empregos é a criação do complexo petroquímico do Rio de Janeiro: a empresa estima a criação de 210 mil empregos diretos e indiretos e tem a previsão de início das operações em 2012 (dados da empresa). A abertura do mercado, o crescimento da indústria e o investimento na formação de recursos humanos, sem dúvida, demonstram quão promissor é o mercado de trabalho do setor de óleo e gás. * Doutora em direito Internacional pela USP, Professora Adjunta de Direito Internacional privado na UERJ. Sócia do Dória, Jacobina e Rosado Advogados Associados. Colaborou na elaboração deste artigo Maria Angélica Araújo de Medeiros. 1 São as empresas que fazem a exploração e produção de petróleo e gás natural. 2 Dados retirados do SIGEP em 24 de janeiro de 2008 15

Especialização & Capacitação Diversidade aliada à qualidade IBP oferece mais de 130 cursos certificados pelo selo ISO 9001 Diversidade, qualidade e experiência. Estão são as principais marcas dos mais de 130 cursos oferecidos pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), e ministrados por profissionais tarimbados e com ampla experiência em seu campo de atuação. A qualidade dos cursos tem a garantia e a chancela da certificação ISO 9001:2000, concedida pelo Bureau Veritas, em janeiro deste ano. A grade de cursos do IBP, que completou 50 anos de existência em 2007, seguramente não possui similar nas instituções de ensino do país, que trabalham com conteúdo focado nos diferentes segmentos da indústria petrolífera. São cursos de curta e longa duração; cursos de extensão, de pósgraduação Lato sensu. Podem ser cursos teóricos, com aulas práticas e até cursos fechados, criados exclusivamente para atender a demanda de uma determinada empresa ou segmento. As áreas a que atendem também são variadas: petróleo, gás e combustíveis; logística, petroquímica, SMS, Engenharia, Equipamentos e Manutenção, Direito Tributário, Direito e Negócios de Petróleo entre outros. Mais de 90% dos cursos são de curta e longa duração, conta Renata Ribeiro, Gerente de Cursos do IBP. Os cursos de curta duração têm carga horária de 16 a 40 horas. Geralmente, duram uma semana - de segunda a sexta - no horário de 8h às 17h30. "Esses cursos são realizados geralmente em salas reservadas em hotéis. São cursos de atualização para pessoas com nível superior, mas com linguagem bem prática", conta Renata. O IBP também oferece cursos teóricos, combinados com aulas práticas em instalações de empresas, como engarrafadoras de GLP, refinarias etc. Bom exemplo são os cursos ligados à área de Dutos e Inspeção, realizados nas instalações do Centro de Tecnologia em Dutos,localizado em Campos Elíseos, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A diversidade de cursos do IBP é concebida por comissões técnicas e setoriais, compostas por mais de mil executivos, que representam empresas associadas à instituição. "Eles acompanham as novidades e as demandas do mercado. Além deles, os próprios colaboradores do IBP trazem novas sugestões, que são submetidas ao crivo da comissão", frisa Renata. Exemplo destas novidades é o Curso Biodiesel - Tecnologia, Regulação e Investimentos, a ser realizado nos dias 30 e 31 de outubro no Rio de Janeiro. "Esse curso traça um panorama da indústria. Mas ainda não tem aulas práticas". Outro segmento em que o IBP tem atuado fortemente é o relacionado a campos maduros. Renata conta que nas regiões Norte e Nordeste, onde há uma concentração maior de atividades exploratórias onshore, o IBP se antecipou ao mercado e tem incentivado programas de treinamento focados na exploração petrolífera por pequenos produtores. O curso Produção de Petróleo - Campos Maduros terá 16 horas de carga horária e ocorrerá na Bahia, nos dias 4 e 5 de agosto próximo. Ensino com experiência Os cursos de pós-graduação lato sensu são oferecidos pelo IBP em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Têm carga horária média em torno de 390 horas. As aulas são ministradas nas dependências do IBP, no Centro do Rio, duas vezes por semana à noite e um sábado por mês. Um dos destaques dos cursos de pósgraduação é o de Direito e Negócios do Petróleo, Gás e Energia, coordenadora pela experiente Dra. Marilda Rosado de Sá, advogada, autora de livros e ex assessora jurídica da Petrobras Internacional e Diretora de Assuntos Jurídicos da Repsol YPF Brasil, e ex- Superintendente de Promoção de Licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Outro curso de pós-graduação em parceria com a UERJ é o de Engenharia do Processamento Petroquímico, coordenado pelo prof. Rodrigo Azevedo dos Reis. Nova turma será formada em maio próximo e terá carga horária de 450 horas. Na linha de cursos de extensão, o destaque é o de Gestão nos Negócios de Exploração e Produção de Petróleo e Gás, sob a coordenação do diretor da ANP Newton Monteiro. As aulas são semanais, das 18h15 às 21h15, e são ministradas nas instalações do IBP no Centro, do Rio. Entre os cursos de extensão, Renata também destaca o curso de Georeferenciamento - Tratamento de Dados na Exploração de Petróleo. O curso é coordenador peolo prof. Paulo Buarque, da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip). Renata informa que todos os cursos de curta duração e de extensão recebem certificados emitidos pelo IBP, e são reconhecidos pela indústria do setor. Já os cursos oferecidos em parceria com a UERJ, ressalta Renata, têm os certificados emitidos e chancelados pela própria universidade. Renata garante ainda que "está em curso junto ao MEC o processo de credenciamento dos cursos de pós-graduação lato sensu, oferecidos pelo IBP". 16 17

Entrevista Silvio Celestino Fórmula para o sucesso profissional Especialista em Coaching de líderes aponta preparo contínuo e visão de futuro como ferramentas para o executivo se destacar no competitivo mercado de trabalho do setor petrolífero Marco Antonio Monteiro Como é de conhecimento de todos, a indústria petrolífera passa por um momento de efervescência. A partir de 1997, após quase meio século de domínio absoluto da Petrobras, que formava seus próprios funcionários, o mercado se abriu e passou a quebrar seguidas barreiras. Hoje, embora ainda de forma errática, somos praticamente auto-suficientes em petróleo. Produzimos no país mais de 60% das embarcações e plataformas. Mas a indústria sofre com a mão-de-obra desqualificada, porque simplesmente não tem pessoal técnico ou de nível superior em quantidade necessária para a demanda das empresas. O pano de fundo de tudo isso é o barril de petróleo na casa dos 100 dólares, contra 40 dólares em média até 2004/2005. Resultado: as empresas disputam a tapa funcionários de alto nível. Muitas vezes, trazem do exterior profissionais para tocar projetos bilionários no país. Surgem então as seguintes dúvidas: Como deve se comportar um executivo de alto nível, já empregado ou em busca de emprego num mercado com este perfil? É aconselhável fazer leilão salarial ou trocar de empresa na primeira boa proposta que surgir? As respostas a essas perguntas foram dadas pelo consultor paulista Silvio Celestino, especializado em Marketing Pessoal e no Desenvolvimento de Executivos com Foco Estratégico. Celestino alerta que em setores como o petrolífero o planejamento profissional tem de ser de longo prazo. "Portanto, a empresa deverá escolher profissionais com quem possam contar neste período maior. São aqueles que demonstram persistência, estabilidade e visão de futuro", frisa o consultor nesta entrevista exclusiva à revista Cursos & Carreiras. C&C: Como deve se comportar um profissional já empregado num mercado como o petrolífero, globalizado e com crescimento acelerado? Celestino: Todo empregado em uma indústria em forte crescimento e globalizada deve preocupar-se com seu preparo contínuo em direção a tornar-se um profissional de classe internacional. A razão para isto é que como os resultados devem ser obtidos com velocidade crescente as empresas irão buscar o recurso necessário para fazê-lo acontecer. Inclusive, profissionais do exterior. Portanto, mesmo com o mercado aquecido na sua área de atuação a pessoa deve atualizar-se continuamente, buscar novos conhecimentos e analisar com cuidado as oportunidades na empresa em que atua e ao redor do mundo. Entretanto, deve fazê-lo com muita ética e com visão de longo prazo. Ou seja, deve buscar empresas cujos princípios, valores e propósitos estejam alinhados com os seus. A todo momento o que nós vendemos uns aos outros é a nossa credibilidade, sendo assim, o aprimoramento contínuo, a avaliação apropriada das oportunidades ao redor do mundo e a conduta ética devem ser as balizas para nossas escolhas. C&C: Como deve se comportar um profissional desempregado neste caso? Celestino: Todo profissional desempregado deve olhar ao seu redor e verificar se o desemprego está ocorrendo somente com ele ou na sua área de atuação. Às vezes mesmo que o mercado em que atuamos esteja bem a nossa atividade específica na área pode estar em declínio. Devemos observar também se há algum aspecto de nosso comportamento que está dificultando a nossa recolocação. Neste caso a melhor forma de descobrir é pedindo um feedback de pessoas que trabalharam conosco e fazer os ajustes necessários por mais desafiadores que pareçam. Verificar também se algum aspecto importante na nossa formação está ausente. Por exemplo uma língua estrangeira ou um certificado em algum processo específico. Lembre-se que se o mercado está em ascensão no mundo todo o profissional será comparado aos de outros países, portanto deve observar se suas competências estão no mesmo nível daqueles com quem irá competir. Caso negativo, fazer os cursos ou atualizações necessárias em seu currículo. Ao comparar as opções disponíveis, verificar a empresa