02/16 Lei nº /16 institui o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária - RERCT

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Transcrição:

02/16 Lei nº 13.254/16 institui o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária - RERCT Prezados Senhores, No último dia 14 de janeiro fora publicado no Diário Oficial da União ( DOU ) a Lei nº 13.254, de 13 de janeiro de 2016 ( Lei nº 13.254/16 ), a qual instituiu o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária ( RERCT ), para fins de declaração voluntária e regularização de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados incorretamente, remetidos, mantidos no exterior ou repatriados por residentes ou domiciliados no País, conforme a seguir detalhado. Como amplamente divulgado na imprensa ao longo de 2015, o principal motivador da aprovação do Regime fora o ajuste fiscal e a consequente necessidade de aumento de arrecadação federal em curto espaço de tempo, com o intuito de cumprimento de políticas fiscais e regras orçamentárias que recaem sobre o Poder Executivo, visando justamente a regularização de ativos que são mantidos por brasileiros no exterior principalmente com a finalidade de proteção contra o chamado Risco Brasil e as altas taxas locais de inflação, através de alíquota única e anistias, conforme a seguir explicitado. Inicialmente, cumpre esclarecer que somente poderá aderir ao RERCT pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no Brasil em 31 de dezembro de 2014 incluindo-se os espólios cuja sucessão ainda esteja aberta que tenham sido ou ainda sejam proprietários ou titulares de ativos, bens ou direitos em períodos anteriores à referida data, ainda que nela não possuam saldo de recursos ou título de propriedade de bens e direitos; no entanto, ficam impedidos de aderir ao RERCT aqueles que tiverem sido condenados em ação penal cujo objeto seja: (a) qualquer dos crimes contra a ordem econômica; (b) crime de sonegação fiscal; (c) crime de sonegação de contribuição previdenciária; (d) crime de falsificação de documento público ou particular ou crime de uso de documento falso; (e) crime de ocultação de bens, direitos e valores; e (f) crimes relativos a operações de câmbio não autorizadas e evasão de divisas; todos consoante a legislação específica aplicada a cada espécie. Desta forma, verifica-se que, de fato, a Lei nº 13.254/16 concedeu verdadeira anistia aos infratores dos crimes acima descritos, desde que não tenham sido ainda condenados, o que provocou inúmeros questionamentos em função do caráter pedagógico da medida aliviar os infratores em detrimento dos contribuintes que cumpriram com suas obrigações 1

legais; em contrapartida, a Lei nº. 13.254/16 deixou claro que não poderão fruir dos benefícios relativos ao RERCT os detentores de cargos, empregos e funções públicas de direção ou eletivas, nem ao respectivo cônjuge e aos parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, na data de publicação da Lei em questão, por força do artigo 11 daquele diploma normativo. Já em relação ao patrimônio passível de regularização, o RERCT se aplica a todos os recursos, bens ou direitos de origem lícita de residentes ou domiciliados no país até 31 de dezembro de 2014, remetidos ou mantidos no exterior, bem como aos que tenham sido transferidos para o País, em qualquer caso, e que não tenham sido declarados ou tenham sido declarados com omissão ou incorreção em relação a dados essenciais, tais como depósitos bancários, instrumentos financeiros, operação de empréstimo, bens imóveis em geral, veículos, aeronaves, ativos intangíveis como marcas, copyrigths ou patentes, recursos, bens ou direitos de qualquer natureza integralizados em empresas estrangeiras sob a forma de ações, integralização de capital, entre outros. Em termos procedimentais, para adesão ao RERCT e fruição dos benefícios decorrentes, a pessoa física ou jurídica deverá apresentar à Secretaria da Receita Federal do Brasil ( RFB ) e, em cópia para fins de registro, ao Banco Central do Brasil ( BACEN ) declaração única de regularização específica contendo a descrição pormenorizada dos recursos, bens e direitos de qualquer natureza de que seja titular em 31 de dezembro de 2014 a serem regularizados, com o respectivo valor em real, ou, no caso de inexistência de saldo ou título de propriedade na referida data, a descrição das condutas praticadas pelo declarante que se enquadrem nos crimes acima referenciados e dos respectivos bens e recursos que possuiu. Adicionalmente, é importante observar que os recursos, bens e direitos de qualquer natureza, constantes da declaração única para adesão ao RERCT, deverão também ser informados na declaração retificadora de ajuste anual do Imposto de Renda ( IR ) relativa ao ano-calendário de 2014 e posteriores, no caso de pessoa física, ou na declaração retificadora da declaração de bens e capitais no exterior relativa ao ano-calendário de 2014 e posteriores, no caso de pessoa física e jurídica, bem como na escrituração contábil societária relativa ao anocalendário da adesão e posteriores, neste último caso aplicável, obviamente, apenas às pessoas jurídicas. Para estimular a adesão dos contribuintes ao RERCT, concedeu-se a extinção da punibilidade dos crimes previstos no 1º do artigo 5º da Lei nº 13.254/16 (acima referenciados), tais como sonegação fiscal, evasão de divisas, falsidade ideológica e outros crimes contra a ordem econômica, porém apenas quando a apresentação da declaração

exigida, bem como o pagamento do imposto e multa devidos, sejam efetuados antes do trânsito em julgado da decisão criminal condenatória, conforme acima já exposto. Ademais, além da extinção da punibilidade dos crimes descritos acima, a regularização dos bens e direitos, mediante pagamento dos tributos e demais consectários devidos, implicará remissão dos créditos tributários decorrentes do descumprimento de obrigações tributárias e a redução de 100% (cem por cento) das multas de mora, de ofício ou isoladas, de acréscimos moratórios e dos encargos legais diretamente relacionados a esses bens e direitos, porém limitada a fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2014; igualmente, a declaração ainda terá o condão de afastar eventual multa pela não entrega completa e tempestiva da declaração de capitais brasileiros no exterior, na forma definida pelo BACEN, bem como aquelas penalidades aplicadas pela Comissão de Valores Mobiliários ( CVM ) ou outras entidades regulatórias. Não obstante, importante destacar que a remissão e a redução das multas previstas acima não alcançam os tributos retidos por sujeito passivo, na condição de responsável, e não recolhidos aos cofres públicos no prazo legal; da mesma forma, deve ser ressaltado que a adesão ao RERCT e o pagamento do imposto, conforme estabelecido na Lei nº 13.254/16, importam confissão irrevogável e irretratável dos débitos tributários em nome do sujeito passivo, configurando confissão extrajudicial, e condicionam a adesão ao programa à aceitação plena e irretratável de todas as condições estabelecidas no respectivo diploma legal. Ressalte-se que por força do artigo 6º da Lei nº 13.254/16, o montante dos ativos objetos de regularização será considerado acréscimo patrimonial adquirido em 31 de dezembro de 2014, ainda que nessa data não exista saldo ou título de propriedade, sujeitandose a pessoa, física ou jurídica, ao pagamento do IR, a título de ganho de capital, à alíquota de 15% (quinze por cento), vigente em 31 de dezembro de 2014, acompanhada de multa de 100% (cem por cento) sobre o valor do imposto apurado, totalizando, assim, uma alíquota final de 30% (trinta por cento) sobre o valor dos bens em regularização, não sendo admitidas, quando da apuração da base de cálculo do referido imposto, quaisquer deduções ou descontos de custo de aquisição. Ademais, os ativos expressos em moeda estrangeira deverão ter seu valor convertido em moeda nacional, consoante cotação do dólar fixada pelo BACEN para venda no último dia útil de dezembro de 2014, a teor do 3º do artigo 6º da Lei nº 13.254/16, o que, considerandose a atual cotação da moeda norte-americana, tornou-se extremamente vantajoso em termos de redução da base de cálculo em Reais, sobre a qual incidirá os 30% (trinta por cento) acima descritos.

No entanto, será excluído do RERCT e não fruirá de seus benefícios legais aquele que apresentar declarações ou documentos falsos relativos à titularidade e à condição jurídica dos recursos, bens ou direitos declarados, hipótese em que serão cobrados os valores equivalentes aos tributos, multas e juros incidentes, deduzindo-se o que houver sido anteriormente pago, sem prejuízo da aplicação das penalidades cíveis, penais e administrativas cabíveis. Por fim, a adesão ao RERCT poderá ser feita no prazo de 210 (duzentos e dez) dias contados a partir da data de entrada em vigor do ato da RFB que regulamente o benefício, o que ainda não ocorreu, com declaração da situação patrimonial em 31 de dezembro de 2014 e o consequente pagamento do tributo e da multa devidos, consoante artigo 7º da Lei nº 13.254/16. Em síntese, portanto, o Governo Federal, através da Lei nº 13.254/16 e motivado pelo contexto de ajustes fiscais no Orçamento Público, pretende incrementar a arrecadação tributária federal, através da regularização de recursos, bens e direitos de qualquer natureza, de origem lícita, provenientes do exterior, concedendo, para tanto, benefícios fiscais, como a redução de 100% (cem por cento) das multas de mora e de ofício, bem como benefícios de ordem criminal, como a extinção da punibilidade dos crimes correlatos aos bens em regularização, descritos acima, a fim de estimular a regularização de tais ativos perante o Fisco brasileiro. Inclusive, também como forma de incentivar a adesão ao RERCT, a instauração ou a continuidade de procedimentos investigatórios quanto à origem dos ativos objetos de regularização somente poderá ocorrer se houver evidências documentais não relacionadas à declaração do contribuinte, a qual ficará resguardada por sigilo fiscal e não poderá embasar quaisquer destes procedimentos, mesmo quando ocorrer a exclusão do contribuinte do RERCT. Em suma, portanto, verifica-se que o programa instituído mostra-se bastante atrativo, não apenas pela alíquota única de 30% (trinta por cento) que incidirá, a título de IR e multa de ofício, sobre os valores a serem regularizados, mas sobretudo pela anistia de natureza criminal que é concedida, o que deve ser ponderado, inclusive, diante da implementação das regras contidas no Foreign Account Tax Compliance Act ( FATCA ), dos Estados Unidos da América, já assinado pelo Brasil e promulgado pelo Decreto nº 8.506, de 24 de agosto de 2015 (explorado

em nosso Comunicado nº 12/15 1 ), por meio do qual informações bancárias serão em breve automaticamente trocadas entre diversos países em função do Common Reporting Standard ( CRS ) desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ( OCDE ), conforme ajustes firmados entre Estados soberanos. Ademais, cabe ainda mencionar que o RERCT não torna obrigatória à repatriação dos bens e direitos a serem regularizados, bastando que estes sejam devidamente declarados, conforme acima detalhado, de forma que, caso haja interesse na manutenção dos bens e direitos no exterior, não haverá qualquer vedação nesse sentido, o que também torna o programa bastante atrativo para aqueles contribuintes pessoas físicas e jurídicas que desejam regularizar sua situação fiscal perante a RFB e o BACEN, sem que isso implique a reinternalização de seus ativos no exterior. Diante do exposto, colocamo-nos à inteira disposição de V.Sas. para quaisquer esclarecimentos e orientações acerca do RERCT, inclusive para auxiliá-los com a elaboração da declaração exigida para sua adesão e demais procedimentos perante a RFB ainda a serem regulamentados, a fim de gozar dos benefícios legais introduzidos por meio da Lei nº 13.254/16. Atenciosamente, Passos e Sticca Advogados Associados PSAA. 1 Acesso em http://www.psaa.com.br/clipping.php?id=179.