COMÉRCIO EXTERIOR E INVESTIMENTO ESTRANGEIRO EM CUBA



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Transcrição:

COMÉRCIO EXTERIOR E INVESTIMENTO ESTRANGEIRO EM CUBA EMBAIXADA DO BRASIL - HAVANA Setor Comercial Maio de 2013

Como exportar para Cuba 1. Questões Centrais Somente empresas que possuem licença emitida pelo Ministério de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro (MINCEX) podem importar produtos em Cuba. O Setor Comercial da Embaixada do Brasil em Havana, bem como o Centro de Negócios da APEX Brasil, possuem cadastro das empresas importadoras cubanas. As referidas licenças são outorgadas a um número limitado de empresas cubanas e mistas. Desta forma, nenhuma empresa estrangeira, tendo ou não estabelecimento comercial em Cuba, obterá a autorização de importação sem estar vinculada a uma companhia cubana, como, por exemplo, na forma de joint venture. As empresas cubanas especializadas em importação possuem licenças sobre determinadas nomenclaturas de produtos. As companhias estrangeiras não necessitam de escritório nem registro prévio em Cuba para realizar atividades comerciais com entidades nacionais. 2. Empresas importadoras 2.1 Empresas vinculadas às Organizações Superiores de Direção Empresarial (OSDE) Como parte das reformas adotadas pelo Governo cubano desde a aprovação, em abril de 2011, das diretrizes ( lineamientos ) da política econômica e social, o país tem como objetivo desvincular as empresas estatais dos Ministérios setoriais. 2.2 Corporações Possuem a forma de sociedades anônimas. Constituem, na prática, uma holding de empresas com atividades em diversos setores: financeiro, imobiliário, turismo, distribuição, etc. Estão comumente relacionadas com a venda de bens de consumo à população em Pesos Conversíveis (CUC). Estão presentes no comércio varejista e atacadista de alimentos e de outros bens de consumo. As mais destacadas são a Corporação Cimex, (que administra a cadeia de lojas Panamericanas), as Lojas de Recuperação de Divisas (TRD, na sigla em espanhol), Palacio de Convenciones (PALCO) e Habaguanex. 2.3 - Empresas de Comércio Exterior São empresas intermediárias especializadas, pertencentes ao MINCEX, que realizam todas as operações de comercio exterior, desde a compra até a importação direta, a fim de atender as organizações que não têm licença de importação. A Alimport, por exemplo, concentra-se na importação de alimentos. 2.4 Empresas mistas Resultam da associação entre empresa estrangeira e empresa estatal cubana. Sua licença de importação se restringe exclusivamente aos produtos e matérias primas necessários à sua atividade. Desta forma, existe um grupo de empresas e grupos empresariais com licença de importação que pertenciam aos Ministérios setoriais e que gradualmente se vincularão às OSDEs. Esse processo já tem avançado em setores como a indústria açucareira, o setor biotecnológico e farmacêutico, a indústria química, a indústria leve, a indústria sidero-mecânica e no setor de transporte.

3. Sistema Tarifário 3.1 Marco legal O sistema de impostos cubano foi aprovado pelo Decreto-Lei 124, de 1990, e complementado pela Resolução Conjunta 4/2007, do Ministério de Finanças e Preços e do MINCEX, que estabelece as tarifas vigentes para os próximos cinco anos. Em 2010, entraram em vigor as Resoluções Conjuntas 1, 2 e 4 desses mesmos Ministérios. O imposto, que é ad valorem, tem como suporte a nomenclatura do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação das Mercadorias. 3.2 Tarifas Existem dois tipos de tarifas: Tarifa Geral (TG): Aplica-se aos países não membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) e àqueles com os quais Cuba não tem acordos bilaterais de comércio. Tarifa de Nação Mais Favorecida (NmF): Aplica-se aos países membros da OMC e àqueles com os quais Cuba mantém acordos comerciais. A maior parte das importações de Cuba realiza-se por meio da tarifa NmF. A tarifa aplicável vai, desde o ano de 2010, de 0% a 30%, dependendo do produto, enquanto a TG pode chegar a 40%. 3.3 Preferências tarifárias derivadas de acordos comerciais As reduções tarifárias estão fixadas nos Anexos dos Convênios Bilaterais firmados no marco da ALADI e de acordo com as listas de preferências negociadas. Acordo de Preferência Comercial do Mercosur ACE 62: O ACE-62 MERCOSUL-Cuba é um acordo de preferências fixas que multilateralizou as preferências negociadas em acordos bilaterais entre os Estados Partes do MERCOSUL e Cuba (no caso do Brasil, o acordo anterior era o ACE-43). O ACE-62 foi assinado na Reunião de Córdoba no Conselho do Mercado Comum, em 21/07/06, e está em vigor desde julho de 2007 entre Brasil e Cuba. O ACE-62 inclui cerca de 3000 produtos, sendo que a multilateralização dos 100% de margem de preferência foi acordada para prazo máximo de 5 anos (2011). No aspecto normativo, o ACE-62 inclui anexos sobre regras de origem, salvaguardas, solução de controvérsias, normas e regulamentos técnicos e medidas sanitárias e fitossanitárias. 4. Regulamentações de Importação 4.1 Regime aduaneiro É regulamentado pelo Decreto Lei nº. 162, de 3 de abril de 1996. A referida legislação prevê todos os regimes aduaneiros contemplados no Convênio Internacional para Simplificação de Regimes Aduaneiros, também conhecido como Convênio de Kyoto, aprovado pelo Conselho de Cooperação Aduaneira, em 1975. Regula, ademais, o controle aduaneiro aplicável no ingresso, trânsito, cabotagem, transbordo, depósito e saída do território nacional de mercadorias e meios de transporte. Para cada regime aduaneiro, existem normas específicas. A declaração perante as autoridades aduaneiras, no entanto, é feita mediante um formulário de Declaração de Mercadorias, que se aplica a todos os regimes aduaneiros. Para o caso dos regimes alfandegários de Admissão Temporária para Aperfeiçoamento Ativo e de Drawback foi publicada, em 2013, a Resolução 85. 4.2 Regulamentações específicas Há determinados produtos, como alimentos, cosméticos, medicamentos de uso humano e veterinário, equipamentos médicos e

produtos vegetais, que possuem regulamentações específicas para a entrada no país. Esses produtos necessitam de inspeção por parte de entidade cubana competente. 4.3 Importações Incentivadas A resolução 13 de 1999 do Ministério de Finanças e Preços dispõe reduções tarifárias de 50% para as importações de maquinarias, equipamentos, peças e acessórios, com tecnologia capaz de reduzir significativamente os poluentes lançados ao meio ambiente. 4.4 Medidas antidumping Cuba não dispõe de legislação sobre antidumping. A aplicação de medidas antidumping e compensatórias pelo Governo cubano segue o estabelecido nos artigos VI e XVI do GATT 1994, no Acordo de Implementação do Artigo VI do GATT 1994 e o Acordo Sobre Subsídios e Medidas Compensatórias da OMC. 4.5 Importações de amostras e material publicitário A legislação aduaneira cubana prevê tanto a importação de mercadorias para feiras, exposições e outras manifestações relacionadas com facilidades para os expositores, como sua reexportação. Em nenhum caso se exige dos expositores a apresentação de garantia pelos direitos de aduana que tiveram seu pagamento suspenso. 4.6 Importações de mercadorias em consignação A prática de importação de mercadorias em consignação é comumente utilizada em Cuba. A entidade estrangeira exportadora fornece e consigna à entidade cubana, mediante contrato de comissão, mercadorias que serão liquidadas uma vez consumidas ou comercializadas. A entidade cubana, que atua como agente, responsabiliza-se pelas vendas em território nacional. 4.7 Depósitos alfandegários Podem fazer uso dos depósitos empresas estrangeiras e cubanas. Trata-se de armazéns localizados dentro do território cubano, a partir dos quais as empresas oferecem seus produtos a importadores cubanos. As tarifas de importação são pagas no momento da compra e venda do produto. 4.8 Marcas e patentes Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, que realize uma atividade comercial lícita no país ou pretenda fazê-lo no futuro, pode registrar marcas junto à Oficina Cubana de Propiedad Industrial (OCPI), com base no Decreto-Lei 203 de 1999. Os requerentes estrangeiros, que não contem com domicilio ou estabelecimento industrial em Cuba, devem ser representados pelos agentes oficiais de Propriedade Industrial para realizar qualquer trâmite junto à OCPI. O registro de uma marca tem vigência de 10 anos, a partir da data de apresentação da solicitação, e pode ser renovado indefinidamente por períodos sucessivos de dez anos. 5. Estrutura de Comercialização 5.1 Canais de Distribuição A distribuição de produtos em Cuba está estritamente limitada a empresas cubanas. Nenhuma empresa estrangeira está autorizada a participar da distribuição, seja no mercado varejista ou atacadista. 5.1.1 Comércio Atacadista Existem poucas empresas dedicadas à distribuição atacadista em Cuba. Os principais agentes são as grandes corporações, que geralmente têm presença na distribuição atacadista e varejista e são potenciais importadoras de todo tipo de alimentos e bens de consumo. Estão vinculadas à distribuição de produtos em moeda conversível (CUC) para a população e dispõem de rede de lojas própria.

As empresas pertencentes aos Ministérios setoriais e empresas de Comércio Exterior concentram as compras de determinados produtos ou grupos de produtos e fazem a distribuição segundo a demanda dos consumidores finais dentro de seu próprio setor, cujo principal destino é o abastecimento da indústria e da agricultura. Por exemplo, a Quimimport, pertencente ao MINCEX, importa insumos para a indústria química. Muitas das empresas distribuidoras têm contratos de consignação com provedores estrangeiros para simplificar o atendimento dos pedidos. 5.1.2 Comércio Varejista O comércio varejista é feito por um reduzido número de cadeias de lojas, com estabelecimentos por todo o país. Estas cadeias em alguns casos dispõem de estabelecimentos especializados. acréscimo de até 200% do valor de custo, atuando como um imposto indireto. Isso encarece os preços de venda à população, e na prática faz com que produtos de menor qualidade sejam mais competitivos no preço. Algumas cadeias dispõem de licença de importação (Lojas Caracol) e, geralmente, adquirem diretamente seus produtos do fabricante ou por meio de uma subsidiária de empresa estrangeira. Outras vezes o provedor é um distribuidor atacadista (Palco, CIMEX, TRD e Habaguanex). Recentemente, surgiram novos agentes na distribuição varejista. São os trabalhadores autônomos, que muitas vezes adquirem seus produtos na rede de lojas varejistas para revender, dado que ainda só existe uma empresa destinada a abastecer produtos de forma atacadista a pessoas naturais ( cuentapropistas ). O Estado cubano embute no preço dos produtos destinados às vendas varejistas um 5.2 Cadeia de distribuição Produtos que serão importados Empresa estrangeira exportadora Empresa de importação de Cuba Empresas estatais Sociedade comercial cubana 100% Joint venture Destino Final Cesta básica de alimentação Programas sociais em saúde e educação Mercado interno em divisas (CUC) Insumos de produção para a indústria e agricultura

6. Feiras e exposições Cuba dispõe de um programa de feiras e exposições comerciais de caráter internacional durante todo o ano. Também existe uma tendência crescente para fazer feiras setoriais. A mais importante é a Feira Internacional da Havana (FIHAV), celebrada, desde 1982, no mês de novembro. Principais Feiras: - Feira Internacional do Livro - Festival do Habano (charutos) - Feira Internacional de Turismo (FITUR) - Feira Internacional da Havana (FIHAV) - Feira Internacional de Artesanato - Feira da Construção (FECONS) - Feira de Informática 7. Práticas comerciais 7.1 Negociações e contratos de importação O espanhol é o idioma usualmente utilizado para as negociações, mas também pode-se utilizar o inglês. Para outros idiomas requere-se de um tradutor. Sempre que aplicável, as relações comerciais poderão ser formalizadas mediante bases permanentes de contratação, com sucessivos contratos ou ordens de compra entre as partes. O processo de compra das empresas cubanas é similar às licitações. Um Comitê Técnico da empresa compradora analisa as três melhores ofertas e decide pela mais adequada, com base no preço, qualidade e condições de financiamento. Nos contratos de compra e venda deve-se precisar a moeda a utilizar, tomando em consideração a impossibilidade de transferir dólares norte-americanos nos negócios com Cuba. Cuba é signatária da Convenção de Viena sobre compra e venda de mercadorias, a qual se aplica a todos os contratos. 7.2 Estabelecimento de sucursais de empresas estrangeiras O estabelecimento de companhias estrangeiras em Cuba é regido: i) pelo Decreto 206, de 1996; ii) pelo Regulamento do Registro Nacional de Sucursais Mercantis Estrangeiras e Agentes de Sociedades Mercantis Estrangeiras, iii) e pela Resolução nº 550/2001, do Ministério do Comércio Exterior. Os requisitos fundamentais são: i) capital social mínimo da empresa (USD 50 mil); ii) empresa tem de estar constituída há pelo menos cinco anos em seu país de origem; iii) ter experiência de três anos de negócios com Cuba, e iv) volume anual de negócios superior a USD 500 mil. 7.3 Agente comercial A legislação vigente para o registro de sucursais estrangeiras em Cuba também prevê que as entidades estrangeiras interessadas em ter uma presença neste país se façam representar no país através de um agente. Para isso, é necessário estabelecer um Contrato de Agência com uma entidade cubana devidamente autorizada a atuar como tal. O referido contrato é registrado pela Câmara de Comércio de Cuba e requer aprovação do MINCEX. 7.4 Financiamento das importações Todas as operações de Comércio Exterior em Cuba são autorizadas por um Comitê de Aprovação de Divisas (CAD) presidido pelo Banco Central. A alguns organismos ou grupos empresariais são outorgados limites de divisas a serem utilizados por suas empresas para as contratações. 7.5 Arbitragem Comercial Por meio da Lei nº 1184, de 15 de setembro de 1965, foi constituída a Corte de Arbitragem de Comércio Exterior de Cuba, atualmente regulada pela Lei nº 1302, de 1976, e vinculada à Câmara de Comércio de Cuba.

A corte tem a função de resolver os litígios que surjam entre entidades de diferentes países em suas relações contratuais de comércio internacional. A Corte intervém em um litígio: - Caso haja previsão de Cláusula de Arbitragem nos contratos, que estipule a jurisdição da Corte. - Caso não haja previsão contratual, as partes podem firmar compromisso específico, a fim de submeter o litígio à Corte. Esse processo pode ocorrer, ademais, por meio de um ato de demanda pela parte afetada, enquanto a parte demandada deve demonstrar sua decisão voluntária de submeter-se ao processo. Legislação aplicável Serão aplicadas as normas do direito substantivo cubano nos casos de Empresas Mistas e outras formas de negócios conjuntos com participação estrangeira em Cuba. 8. Investimento Estrangeiro Como parte do processo de atualização do modelo econômico cubano, o Governo deverá divulgar, em breve, nova legislação para o tratamento do Investimento Estrangeiro Direto (IED). Estima-se que a nova lei não apresentará mudanças drásticas em relação à Lei 77, de 1995, e o Acordo 5290, de 2004. Segundo as diretrizes para a política econômica cubana, divulgadas em abril de 2011, entre os objetivos projetados para o IED está a criação de Zonas Especiais de Desenvolvimento (ZEDs), com a finalidade de promover o aumento de exportações, a substituição de importações, projetos de alta tecnologia e o desenvolvimento local. Nesse sentido, Governo cubano prepara marco jurídico específico, que substituirá o Decreto Lei 165, de 1996, que trata das zonas francas. O projeto mais avançado é a Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel, a ser implementada em torno do Porto de Mariel, que poderá receber navios de grande calado e aspira ser um hub de distribuição de mercadorias para todo o Caribe. Os setores priorizados pelo Governo cubano para o IED são: turismo, petróleo, mineração e energia renovável. Recentemente, foi divulgada carteira de oportunidades para a realização de negócios em Cuba até 2016, a qual inclui também projetos nas áreas de agricultura, indústria química e construção. As modalidades de IED previstas na Lei 77, ainda vigente, são as seguintes: - Empresas mistas Prática mais utilizada em Cuba. A Empresa Mista é uma companhia mercantil cubana que adota a forma de sociedade anônima por ações nominativas, na qual participam como acionistas uma ou mais empresas estatais cubanas, e um ou mais investidores estrangeiros, com vistas à realização de atividades tais como a produção de bens e a prestação de serviços, com finalidade lucrativa. Em todos os casos de empresa mista, forma-se um capital social em que as proporções a serem aportadas pelo investidor estrangeiro e pelo investidor nacional são acordadas por ambos os sócios em correspondência com sua contribuição no negócio. A política do Governo cubano tem sido defender que pelo menos 51% do capital corresponda à empresa cubana. Entretanto, o Governo cubano tem sinalizado que as decisões sobre os temas mais importantes da gestão empresarial podem ser tomadas por consenso dos dirigentes, independentemente da participação acionária. As empresas mistas podem criar escritórios, representações e subsidiárias, em Cuba ou no exterior, bem como ter participação em entidades no exterior. - Contratos de Associação Econômica Internacional

É um contrato assinado entre uma empresa estatal cubana e uma empresa estrangeira que pode ter por objetivo a realização de qualquer atividade produtiva ou de serviços. Tal tipo de contrato não implica a constituição de uma nova pessoa jurídica. As partes têm liberdade de pactuar. Cada parte faz aportes e segue sendo proprietária desses aportes durante a vigência do Contrato. A União Temporária de Empresas (UTE) é um exemplo deste tipo de contrato que geralmente se utiliza para a realização de obras e outras construções de grande envergadura, constituindo-se uma única empresa durante a obra. - Empresas de capital totalmente estrangeiro É uma entidade mercantil constituída com capital totalmente estrangeiro, sem a concorrência de nenhum investidor nacional. O investidor estrangeiro administra a empresa e beneficia-se de todos os direitos, como também responde por todas as obrigações. Apesar de prevista em lei, tal modalidade não tem sido permitida pelo Governo cubano nos últimos anos. desenvolver determinada produção de bens ou prestação de serviços com destino ao mercado interno e/ou externo. A parte estrangeira pode aportar suprimentos, financiamento, tecnologia, matérias primas, equipamento, produtos semi-elaborados, e assistência técnica. O pagamento do preço acordado por cada um desses aportes é feito a partir da comercialização da produção ou do serviço. - Contratos de administração produtiva ou de serviços É um contrato em que uma empresa estatal cubana contrata uma empresa estrangeira com vistas à administração de uma ou várias linhas de produção. O pagamento estará condicionado aos resultados da gestão, em conformidade com indicadores econômicos acordados. Nesse tipo de contrato, a parte estrangeira deve aportar conhecimento, tecnologia ou mercado, com base em sua experiência industrial ou comercial. As modalidades do Acordo 5290, também vigente, são as seguintes: - Contratos de Administração Hoteleira É um Acordo entre o detentor de um hotel ( Titular ) e uma companhia profissional de administração de hotéis ( Gerente ), mediante o qual o Gerente aceita a responsabilidade de assumir a administração do hotel e a comercialização de seus serviços, em troca do pagamento de honorários, sem qualquer transferência de propriedade. - Contratos para a produção cooperada de bens ou a prestação de serviços É um contrato entre uma empresa estatal cubana e uma empresa estrangeira para