CERTIFICAÇÃO SELO VERDE: RECICLAGEM E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO ESTADO DO CEARÁ

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Transcrição:

CERTIFICAÇÃO SELO VERDE: RECICLAGEM E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO ESTADO DO CEARÁ Laís Vilar Albuquerque laisvilar@live.com Ari Clecius Alves de Lima ari.lima@nutec.ce.gov.br Patricia Mendes Barroso patricia.barroso@nutec.ce.gov.br Luiza Teixeira Almeida luiza.almeida@nutec.ce.gov.br Solange Maria Bastos Girão solange.girao@nutec.ce.gov.br Resumo: O selo verde é uma certificação para produtos que contém matéria-prima reciclada, que possibilita ao setor industrial obter incentivos fiscais a contribuintes no Estado do Ceará. A partir desta certificação empresas contribuintes podem obter benefícios e incentivos fiscais, é de responsabilidade do órgão ambiental, Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), emitir a certificação. O principal objetivo é incentivar modelos de produção e consumo sustentável, contribuindo para uma mudança de cultura da sociedade. A certificação tem validade de 2 anos, sendo voluntária. Palavras-chave: selo verde, reciclagem, sustentabilidade, certificação ambiental. GREEN-CERTIFICATE: RECYCLING AND ENVIRONMENTAL RESPONSIBILITY IN CEARÁ STATE Abstract: Green-certificate is a certification for products containing recycled raw material, which enables the industry get tax incentives to taxpayers in the State of Ceará. From this certification corporate taxpayers can obtain tax benefits and incentives, it is the responsibility of the environmental agency, State Environmental Superintendence ( Semace ), make certification. The main objective is to encourage models of sustainable production and consumption, contributing to a change of culture in society. The certification is valid for two year, being voluntary. Keywords: Green-certificate, recycling, sustainability, environmental certification. 1. INTRODUÇÃO O Brasil, apesar de figurar como o primeiro colocado na reciclagem de papelão e alumínio, é considerado um dos países onde mais se desperdiça no mundo. O percentual de resíduo urbano reciclado no Brasil é de apenas 5%, enquanto nos Estados Unidos e na Europa esse percentual é de 40%. O plástico reciclado no Brasil representa apenas 21% do total produzido. No caso do plástico coletado do resíduo urbano para reciclagem e reúso é composto basicamente por termoplásticos (CRAWFORD, 1987; PRINGLE e BARKER, 2000). O seu aquecimento provoca o enfraquecimento das forças intermoleculares, tornando-os flexíveis. Quando resfriado, o material enrijece novamente. Esse ciclo de aquecimento e resfriamento pode ser repetido indefinidamente, sendo essa a maior de suas vantagens. Exemplos desses materiais são: polietileno (PE), cloreto de polivinila (PVC), poliestireno (PS), poliamida e polipropileno (PP). Apesar das grandes vantagens que os produtos plásticos proporcionam sobre correspondentes em vidro ou metal, o plástico tem sido erroneamente considerado um vilão presente nos resíduos sólidos urbanos (CANDIAN, 2007; COMLURB, 2008; BIO, 2002; ESPÍNDOLA, 2004). Quanto ao papel é considerado um resíduo nobre, pois sua reciclagem diminui os gastos de recursos naturais, reduzindo o corte de árvores para esse destino. O material gerado para a fabricação do papel com pré ou pós-consumo é transformado em uma pasta celulósica com o material coletado para este fim (JAMES, 1997). A vida do papel não termina depois de ser utilizado: o papel é

um produto que pode ser reciclado várias vezes, sendo os papéis usados uma importante fonte de matérias-primas. Com isso a reciclagem é considerada uma solução viável a ser adotada, já que, promove benefícios ambientais e financeiros. Alguns desses benefícios é a redução da quantidade de resíduos destinados aos aterros e, consequentemente, aumento da vida útil dos mesmos, geração de emprego e renda, diminuição da poluição do ar e das águas, economia de matéria-prima (petróleo) equivalente à quantidade reciclada (KIPPER, 2005). No entanto, é importante salientar que a reciclagem é apenas uma dentre as várias estratégias de prevenção de resíduos, apesar de ser um processo de reaproveitamento de resíduos, através de sua reinserção no ciclo produtivo, trazendo inúmeros benefícios para a sociedade e para meio ambiente (KIPPER, 2005). A certificação do Selo Verde é um instrumento que certifica produtos compostos por matéria-prima reciclada advinda de resíduos sólidos para gozo de benefícios e incentivos fiscais concedidos a contribuintes no estado do Ceará (SEMACE, 2016). A concessão para aquisição do Selo Verde para indústrias de transformação e de Reciclagem no Estado do Ceará, está fundamentada pela Legislação estadual, Decreto Nº 31854/2015 e sua respectiva Instrução Normativa Conjunta SEFAZ/SEMA/SEMACE Nº 01/2016 e pelas Normas Técnicas ISO 14020 e 14021. Além dos incentivos fiscais, a aquisição do Selo Verde proporcionará benefícios a médio e longo prazo, como valoração ambiental do produto final, o incentivo ao consumo sustentável e melhoria na eficiência da produção desses produtos, utilizando o conteúdo reciclado. No entanto, é importante salientar que a reciclagem de materiais é apenas uma dentre as várias estratégias de prevenção de resíduos. A escolha de uma determinada estratégia dependerá das circunstâncias e, ao fazer essa escolha, é essencial considerar os diferentes impactos ambientais. Deve ser dada a devida atenção ao fato de que a percentagem de material utilizado não implica necessariamente, em um impacto ambiental menor (ABNT ISO 14021, 2013). Durante a década de 1990, na busca de instrumentos capazes de diferenciar no mercado produtos que respeitem o meio ambiente, proliferaram iniciativas de rotulagem e selos verdes concedidos com base em normas nacionais. Para evitar que tais ferramentas funcionassem como barreiras técnicas ao livre comércio, a padronização internacional de práticas de gerenciamento ambiental tornou-se prioritária. O cenário deu origem a norma ISO 14000. O processo gerou um conjunto subsequente de normas, dentre as quais a série ISO 14020, que descreve os princípios gerais e regulamenta o desenvolvimento e uso de rótulos e declarações ambientais. A rotulagem ambiental, no estado do Ceará, denominada de Selo Verde, utilizando como base para elaboração de laudos técnicos as normas da ABNT ISO 14020 e 14021, que abordam a rotulagem ambiental tipo II, mais especificamente, o item 7.8. que define conteúdo reciclado e estabelece diretrizes para avaliar e verificar, as declarações ambientais de indústrias que utilizam material reciclado em seus produtos finais. No programa de rotulagem tipo II outorga-se um selo ambiental a produtos que satisfazem um conjunto de critérios. Dessa forma, o selo indica produtos que são determinados preferíveis do ponto de vista ambiental. No Brasil, a tendência é a utilização cada vez mais ampla das autodeclarações ambientais, buscando oferecer informações precisas, relevantes e de fácil entendimento para o consumidor, seja ele o consumidor ou mesmo na relação business to business. A conscientização do consumidor impulsiona-o a adquirir produtos que sejam considerados verde/limpos, ambientalmente corretos, ou seja, produtos que além de apresentarem boa qualidade, possua uma linha de produção que não gera comprometimento ambiental. Esses aspectos vêm incentivando as indústrias a procurar sistemas eficazes que provoquem a redução de seus impactos ambientais, com custo de mercado compatível. O Selo Verde que o estado do Ceará concede é para os produtos das indústrias de transformação e de reciclagem que estiverem de acordo com os procedimentos em vigor. Apresentando laudo técnico e ou declaração ambiental, comprovando o percentual de conteúdo

reciclado ou material reciclado de acordo com o padrão determinado pela lei. Essas empresas terão benefícios e incentivos fiscais concedidos pelo estado. O Laudo Técnico para obtenção do Selo Verde fornece informações sobre os produtos plásticos produzidos por uma indústria de reciclagem, percentual de material reciclado, com seu respectivo texto explicativo, comprovando os resultados encontrados de acordo como a Norma 14021-Rotulagem Ambiental. Esses resultados terão validade durante toda a vida útil do produto, com as novas avaliações de confirmação, previstas a cada 24 meses. 2. MATERIAIS E MÉTODOS O método de avaliação é fundamentado nas Normas ABNT ISO 14020 e 14021, realiza-se um checklist durante as visitas baseado na Norma ABNT ISO 14001. Para e execução do laudo técnico realizam-se três etapas: Visita técnica, Ensaio laboratorial e quantificação por gravimetria. 2.1 Visita Técnica A visita técnica é dividida em quatro fases. a) observação do processo de fabricação: De início acompanha-se o processo de fabricação dos produtos, desde a preparação do material utilizado, mistura do material reciclado ao pigmento e outros constituintes até a retirada do produto final. b) pesagem do material: O material reciclado deve ser pesado no mínimo três vezes para se obter um peso médio de material que é utilizado no processo. Como também são avaliados o percentual de composto natural e o pigmento utilizado na composição de cada produto. c) coleta das amostras: coleta-se as amostras de cada produto para análise. d) documentação: verifica-se a documentação de compra do material reciclado (nota fiscal), assim como disposto na Norma ABNT ISO 14021, no subitem 7.8.4.2. 2.2 Ensaio Laboratorial Para detecção de material reciclado nas amostras realiza-se ensaio de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC). Cerca de 5 mg de cada amostra, pesada em cadinho de alumínio é analisada a uma taxa de aquecimento de 10ºC/min em atmosfera de Nitrogênio. Analisa-se o ponto de fusão e a entalpia de fusão e comparados com os padrões. 2.3 Quantificação por Gravimetria O Cálculo gravimetrico é realizado de acordo com o item 7.8.4.1 da Norma ABNT ISO 14021: X(%)= A/P x 100 1 Onde X é o conteúdo reciclado, expresso como uma percentagem; A é a massa de material reciclado;

P é a massa do produto; Os valores das massas são obtidos durante a visita técnica e complementadas pela. Indústria. Além da massa do material reciclado utilizado, também deve ser contabilizada a perda de material durante o processo, no entanto essa quantificação. 2.4 Legislação e Normas da ABNT Pertinentes I. Lei Nacional Nº 12305 de 2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos: (...) Art. 7º São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (...) III estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; (...) VI - incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; XIV incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético; XV estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável. II. Lei Estadual Nº 15086 de 28 de dezembro de 2011 cria o selo verde para certificar produtos compostos de materiais reciclados e da outras providências; III. Decreto Nº 31854 de 14 de dezembro de 2015 regulamenta a Lei nº 15086/2011: Art. 1 º O Selo Verde, criado pela Lei nº 15086/1, que certifica produtos compostos por matéria-prima reciclada (...) para gozo de benefício e incentivos fiscais concedidos aos contribuintes do Estado do Ceará, será disciplinado por este decreto. IV. Instrução Normativa Conjunta SEFAZ/SEMA/SEMACE Nº 01/2016 de 11 de março de 2016 Dispõe sobre os procedimentos da certificação do selo verde e a concessão de incentivos e benefícios fiscais a ele condicionados. V. Norma Técnica ABNT ISO 14020 Rótulos e declarações ambientais Princípios gerais - Estabelece princípios orientadores para o desenvolvimento e uso de rótulos e declarações ambientais. VI. Norma Técnica ABNT ISO 14021 Rótulos e declarações ambientais Auto declarações ambientais (Rotulagem do tipo II) - Especifica os requisitos para auto declarações ambientais, incluído textos, símbolos e gráficos, no que se refere aos produtos. Descreve uma metodologia de avaliação e verificação geral para auto declarações ambientais.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A certificação do Selo verde estimula as empresas de reciclagem, e valoriza iniciativas sustentáveis. Atualmente várias empresas já estão adquirindo a Sua certificação, visto que são vários os benefícios recebidos, como: desconto de 10% no icms, Valoração ambiental e Valorização do produto. Outro fator importante são os benefícios gerados para o Estado, além do: Incentivo ao consumo consciente, Adequação a Política Nacional do meio Ambiente (PNRS), e valorização da reciclagem. O percentual de material reciclado das empresas varia de 90 a 100%. A certificação do Selo verde é por produto, ou seja, a empresa escolhe o material que receberá o selo. Para adquirir o Selo Verde deverá ser apresentado um laudo técnico e ou declaração ambiental, comprovando o percentual de conteúdo reciclado ou material reciclado de acordo com o padrão determinado pela lei. 5. CONCLUSÃO A iniciativa do governo do Estado Ceará é inovadora em relação às demais certificações existentes no país, pois está regulamentada por uma instrução normativa conjunta com dois órgãos essenciais para execução de atividades sustentáveis nas indústrias de transformação e reciclagem, SEMACE e a SEFAZ. Além disso, a elaboração da lei, do decreto e da instrução normativa contou com apoio de equipe técnica especializada, como professores da área de meio ambiente, profissionais da área de tecnologia e inovação. Os laudos estarem sendo realizados pela Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Estado do Ceará é importante, por ser um órgão de confiança na área de inovação e análises ambientais. Agradecimentos financeiro. Os autores agradecem a SEMACE, SEFAZ e NUTEC, FUNCAP, pelo apoio técnico e

REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001: Sistema de Gestão Ambiental. Rio de Janeiro, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14020: Rótulos e declarações ambientais Princípios gerais. Rio de Janeiro, 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISSO 14021: rótulos e declarações ambientais Autodeclarações ambientais (Rotulagem do tipo II). Rio de Janeiro, 2013. BIO, 2002, Programa Bio Consciência Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento Integrado, 2ª edição. BRASIL. Lei n. 12305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n o 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Lex: Diário Oficial da União, Brasília, p. 2, publicada 3 de agosto de 2010. Legislação Federal e marginália. CANDIAN, L. M., 2007. Estudo Do Polietileno De Alta Densidade Reciclado Para Uso Em Elementos Estruturais, Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. CEARÁ. Decreto n. 31854, de 14 de dezembro de 2015. Regulamenta a Lei nº 15086, de 28 de dezembro de 2011, que cria o selo verde para certificar produtos compostos de materiais reciclados, e dá outras providências. Lex: Diário Oficial Estadual, Ceará, em 16 de dez de 2015. CEARÁ. Lei n. 15086, de 28 de dezembro de 2015. Cria o selo verde para certificar produtos compostos de materiais reciclados, e dá outras providências. Lex: Diário Oficial Estadual, Ceará, em 30 de dez de 2011. CEARÁ. SEFAZ/SEMA/SEMACE. Dispõe sobre os procedimentos da certificação do selo verde e a concessão de incentivos e benefícios fiscais a ele condicionados. Instrução Normativa n. 01, de março de 2016. Lex: Diário Oficial Estadual, Ceará, mar./abr., em 11 de março de 2016. COMLURB, 2008 - Companhia Municipal de Limpeza Urbana, disponível em http://www.rio.rj.gov.br/comlurb, acesso em 27/09/08. CRAWFORD, R. J. (1987). Plastics engineering. 2nd Edition. Belfast: Pergamon Press. ESPÍNDOLA, L.C., 2004. Reciclagem de plásticos pós-consumo misturados não reaproveitados pelos centros de triagem de Porto Alegre, Dissertação de Mestrado, UFRGS, 2004 KIPPER, L. M., 2005. Ações estratégicas sistêmicas para a rede sustentável de reciclagem de plásticos ; Tese de Doutorado do programa de pós-graduação em engenharia de produção da Universidade Federal de Santa Catarina SC.

PARENTE, R. A. (2006). Elementos Estruturais de Plástico Reciclado. Dissertação (Mestrado) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2006. PRINGLE, B; BARKER, M. (2000). Starting a waste plastics recycling business. Disponível em: <http://www1.sac.ac.uk/info/external/publications/wasterecycling/>. Acesso em 15 Dez 2004. SEMACE, Análise documental (check list). Certificação de selo verde. Emitido em Abril de 2016.