RELATÓRIO VER-SUS IMPERATRIZ

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Transcrição:

RELATÓRIO VER-SUS IMPERATRIZ 2016.2 Dia 12/09/2016 Às 08h00min já nos encontrávamos no Centro de Ciências Sociais, Saúde e Tecnologia (CCSST), da Universidade Federal do Maranhão - Campus de Imperatriz, aguardando o início da vivência com o ônibus já estacionado preparado para o translado até o local inicial de imersão, ocorreu um atraso devido alguns viventes que ainda estavam a caminho do lugar marcado, logo em seguida com todos vendados dentro do ônibus, a vivência começou com algumas perguntas para nos situar sobre as situações a serem debatidas dentro da primeira experiência que teríamos, com perguntas que buscavam saber o que sabíamos sobre populações invisíveis, e a situação do saneamento básico em nossa cidade de origem. Após alguns viventes terem respondido as perguntas, chegamos ao local para qual estávamos sendo levados, ainda vendados fomos conduzidos para fora do ônibus e quando todos estavam posicionados foi solicitado que tirássemos as vendas logo os viventes foram impactados pelo local no qual estavam, a primeira vivência era em um lixão, depois de instruções de como se portar no local com relação às perguntas que poderiam ser feitas com o intuito de evitar qualquer constrangimento ou desconforto, fomos divididos em grupos para realizar a vivência e separados para sermos acompanhados pelos facilitadores Com foco nas pessoas que estavam trabalhando no lixão tínhamos o objetivo de realizar perguntas em torno da saúde pública naquele local e como eles eram acompanhados pela gestão pública, pelo relato e respostas pôde se notar que os moradores e trabalhadores daquele local eram uma população invisível enquanto sujeitos de direitos que não possuíam acesso a saneamento básico e qualquer questão de promoção de saúde ou políticas públicas, haviam pessoas que manejavam o lixo sem nenhum equipamento de proteção, a queima do lixo provocava uma fumaça que incomodava bastante ao se respirar e o único equipamento da gestão pública que chegava até o local eram os caminhões de lixo que despejavam os dejetos no local. Voltamos para o ônibus para sermos transportados até o local que serviu de alojamento e para as discussões no Campus Avançado Bom Jesus, já alojados, no período da tarde tivemos uma dinâmica de interação na qual ficávamos sentados de frente para uma pessoa que não conhecíamos para conversar e descobrir coisas entre nós através de algumas perguntas, era a dinâmica da teia, na qual alguém jogava um rolo de barbante para descobrir o

que a dupla que pegasse o barbante tinha conversado e o quanto esta havia se conhecido naquela dinâmica, facilitando a interação e conexão entre todos os viventes e a oportunidade de descoberta em torno dos participantes. No período da noite houve outra dinâmica pra estimular a integração entre os viventes e explanações para apresentar a dinâmica do alojamento e como funcionariam alguns detalhes próprios da vivência, além dos valores do que representa ser um militante do SUS, encerrando assim o primeiro dia. Dia 13/09/2016 Após alvorada e o café da manhã, iniciamos o segundo dia com a reprodução de um filme que tratava sobre a reforma sanitarista e a evolução da questão da saúde pública e gratuita no Brasil, desde sua origem até a implantação e efetivação do Sistema Único de Saúde enquanto direito e com enfoque na 8ª Conferência Nacional da Saúde. Durante a tarde com a realização de uma roda de conversa sobre desigualdades sociais houve enfoque na discussão em torno do que presenciamos na vivência do lixão para se entender com propriedade o que seriam as populações invisíveis das quais pretendíamos tratar e entender durante a construção da nossa vivência, após muita discussão consegui apreender em torno da questão do saneamento social que serve enquanto política utilizada para tornar essas pessoas cada vez mais invisíveis e sob a perspectiva de terem seus direitos negados diante das questões sociais e desigualdades as quais elas estão condicionadas no contexto neoliberal que produz exclusões societárias baseadas em condições sociais e econômicas. Partindo para a próxima atividade houve a construção dos crachás no qual cada participante deveria imprimir por meio de desenhos sua subjetividade para que fosse identificado para além do seu nome e valorizando o protagonismo dos viventes na construção de uma vivência com a personalidade de cada um e se auto-afirmando através de seus crachás durante a apresentação individual de cada produção. Antes do anoitecer fomos para mais uma vivência externa desta vez nos arredores da universidade, para além dos muros há duas comunidades que foram visitadas, uma delas o Residencial Dom Afonso Felipe Gregory que foi construído enquanto um projeto do Minha Casa, Minha Vida para abrigar pessoas em situação de vulnerabilidade social e para moradores ribeirinhos que enfrentavam problemas durante as cheias do Rio Tocantins, segundos relatos no início não havia abastecimento de água na comunidade e ainda continua

irregular como percebido durante o período da vivência no qual a comunidade ia buscar água no Campus Avançado, com o abastecimento irregular da água e a dificuldade de acesso ao Sistema Único de Saúde pela comunidade ser desatendida por uma equipe de Estratégia Saúde da Família e por estar distante de uma Unidade Básica de Saúde, o que acaba incorrendo em transtornos de promoção da saúde na comunidade que conta com um grande contingente de famílias em situação de vulnerabilidade social. Em seguida nos direcionamos para uma ocupação em um terreno que ainda está sob processo de regularização fundiária e, portanto ainda vive sob regime de ausência de assistência da gestão pública, em casas de taipa e sem abastecimento de água ou qualquer tipo de saneamento básico, a comunidade está em situação de desamparo enquanto resiste na luta pela regularização da área na qual ocupam e produzem o que suscita a questão do direito ao território enquanto fundamental e básico para combate das iniqüidades no processo saúdedoença garantindo a promoção da saúde dessas populações. Voltando para as discussões em plenária chegamos ao momento de tratarmos sobre os Determinantes Sociais da Saúde que fundamentam a discussão em torno dos paradigmas socioeconômicos aos quais as populações invisíveis estão condicionadas para que se percebam potenciais políticas públicas que possam ser formuladas em busca de dirimir os problemas que estas pessoas vivem, enquanto usuários do Sistema Único de Saúde há importância em notar que estes são sujeitos de direito e não tão somente enquanto paciente, o que pode contribuir para a humanização do SUS e a relação dos profissionais da saúde com estes usuários. Finalizada a discussão, tivemos a dinâmica do corredor com percepção sensorial da troca de carinhos e afetos em busca de perceber a transmissão da humanização através de cada tipo de afeto escolhido para compartilhar por cada pessoa dentro do corredor. Dia 14/09/2016 Durante a manhã deste dia, havia sido programada uma roda de conversa às 08h00min com a temática A evolução da Saúde Pública, mas devido o atraso de alguns viventes, acabou por adiar o horário no qual se iniciaria a roda de conversa, a facilitadora Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira conduziu de maneira brilhante o que a roda de conversa estava se propondo a trazer enquanto reflexão que foram os impactos sócio-históricos na constituição desta evolução da Saúde Pública no Brasil desde sua origem e sua efetivação enquanto direito até os impactos do projeto neoliberal na conjuntura atual, por análise pôde se apreender que

há sérios riscos imediatos com a instalação de um projeto de sucateamento e desmonte da saúde pública produzido para convencer a aceitação da privatização da saúde e projetos de terceirização que acabam por negligenciar os preceitos constitucionais do Sistema Único de Saúde. Com início às 14h00min houve uma discussão em torno do que foi tratado pela manhã e por atividade cada Núcleo de Base teve que produzir uma camisa que buscasse transmitir informação em torno dos Determinantes Sociais da Saúde que foram distribuídos para cada um, o NB1 do qual fazia parte ficou responsável por produzir uma camisa sobre o DSS Alimentação, o direito à segurança alimentar está intimamente ligado com o direito à saúde, pois uma pessoa com alimentação adequada e saudável está livre da fome e da má-nutrição que podem produzir desequilíbrio no desenvolvimento humano e social, quantidades insuficientes de alimentos e uma dieta inadequada produzem epidemias e mortes por fome, gerando violação de direitos, as ações de alimentação e nutrição são fundamentais na integralidade de assistência à saúde. Já no momento de debate sobre Combate às Opressões LGBT e feminismo houve uma dinâmica que propiciou ao que seria debatido, com todos os viventes vendados e a sala iluminada apenas com luzes de velas, algumas frases que reproduziam machismo, sexismo e LGBTfobia foram proferidas enquanto cada vivente sem enxergar ao outro batiam palmas caso já houvessem dito tais frases, após isto enquanto convidado para facilitar o espaço realizei uma performance artística carregada de impacto emocional, relatando as opressões e preconceitos aos quais as pessoas LGBT passam diariamente propiciando a abertura de relatos por parte de outras pessoas em torno das opressões que elas sofrem, abrindo o debate para compreensão do quanto a homofobia, lesbofobia, bifobia, transfobia estão presentes em nossos cotidianos e o quanto as mulheres são atingidas pelo sexismo e machismo culturalmente enraizado em nossa sociedade, afetando a saúde psicológica e física das pessoas. Dia 15/09/2016 Após uma noite de discussão significativa para tornar as pessoas inquietas em torno das opressões que envolvem gênero e diversidade sexual, na manhã do dia 15 fomos realizar visitas separados por GVs, neste espaço fiquei em um grupo que visitou o HEMOMAR de Imperatriz na qual tivemos a oportunidade conhecer o funcionamento e obter informações de

como eram direcionadas as doações e como se dava o pedido de demandas e análises dos materiais coletados. Na parte da tarde assistimos a um vídeo que retratava sobre o processo de privatização e o projeto neoliberal de sucateamento e desmonte da saúde pública e gratuita no Brasil e logo após uma roda de conversa sobre a relação saúde pública x saúde privada, como colocado no documentário o processo de venda de equipamentos públicos, ressaltando o quanto estes discursos de privatização tendem a responsabilizar o setor público enquanto responsável por péssima gestão destes equipamentos para as necessidades sociais, colocando estes serviços em uma perspectiva de que se fossem pagos seriam melhores, quando se compreende que gambiarras privatistas deste tipo tendem a onerar a população em torno da transformação de equipamentos públicos em propriedades privadas geridas por empresas que não tendem a pensar na promoção e prevenção da saúde ou bem estar social. Visando o lucro, a relação de custos ia ficar sob responsabilidade dos usuários do serviço privatizado e os benefícios para as empresas que gerem este serviço, colocando uma barreira que condicionaria as pessoas que não possam pagar a não ter acesso ao serviço devido aos altos gastos que não poderiam arcar, a reconstrução dos serviços públicos no Brasil não está condicionada à privatização ou terceirizações. A noite houve a socialização das vivências realizadas pela manhã com a troca dos pontos positivos, negativos e sugestões trazidas por cada NB a partir das análises da vivência de cada integrante do Núcleo de Base, finalizado o intercâmbio de informações entre os NBs, se iniciou a discussão em torno do Combate às Opressões étnico-racias e com as religiões de matriz africana e afro-brasileira, a incidência do racismo no Brasil tende a se ocultar em discursos que não parecem afetar as pessoas que o sofrem, mas isso não significa que ele não exista, como relatado em nosso debate o racismo está presente em todas as situações nas quais convivemos com estereótipos que tendem a desvalorizar as características negras em uma sociedade, na qual convivemos com as pessoas mas tendemos a produzir um enquadramento estético e social nas relações sociais delas, o que gera a exclusão social e a invisibilidade das diferenças étnico-racias em um país diverso e com um sistema que oprime a pessoa negra de formas históricas, culturais, sociais, econômicas e religiosa. As pessoas negras estão condicionadas a viverem sob a égide da desigualdade instituída socialmente pela maneira como ocorreu o processo sócio-histórico que produziu a formação do Brasil, sempre de forma a criminalizar e marginalizar os negros, mas se

baseando em uma falsa sensação de democracia racial que não indica em momento algum que a pessoa negra tenha os mesmos direitos que qualquer outra pessoa, quando estas ainda vivem em uma sociedade que vela seu preconceito gerando um ciclo que não combate esta sociedade racista, transformando o racismo em algo que contribui para a estratificação social com efeitos que geram a desigualdade social para a pessoa negra no Brasil. Dia 16/09/2016 Iniciando a vivência deste dia fomos direcionados em GVs para as vivências, fui designado para a vivência na Unidade Básica de Saúde da Vila Cafeteira na qual entrevistamos um enfermeiro responsável pelos atendimentos de demandas das áreas não assistidas pela UBS, o profissional nos auxiliou na visita ao equipamento apresentando a estrutura e como se dava o trabalho da equipe que atua na Unidade, de acordo com a visita pôde se notar a importância da atuação da gestão pública para funcionamento das UBS e o quanto é necessário focar na Estratégia Saúde da Família e no Núcleo de Apoio à Saúde da Família enquanto políticas públicas que tendem a apresentar resultados significativos na promoção da saúde e em casos de prevenção, outro fato de suma importância nesta vivência na UBS foi para compreensão do papel da equipe multidisciplinar nos equipamentos públicos e gratuitos de saúde que com a interação dos profissionais conseguem propiciar a percepção em torno das necessidades dos usuários enquanto sujeito de direitos do Sistema Único de Saúde, em uma relação que vá além de colocar a pessoa somente enquanto paciente. Pela tarde tivemos orientações prévias sobre as vivências nos Centros de Atenção Psicossocial de Imperatriz, após as orientações fomos divididos em três grupos de vivências, nos quais tínhamos visitas nos CAPS Adulto, Álcool e Drogas e Infanto-Juvenil, o GV do qual fiz parte foi direcionado ao CAPS Álcool e Drogas no qual não pudemos realizar a vivência, pois estava sendo dedetizado e por conta disto a equipe profissional havia sido dispensada e o prédio inacessível devido aos produtos aplicados para dedetização, fomos então ao CAPS Adulto que ficava próximo, juntos ao outro GV tivemos permissão para a vivência naquele espaço e mais tarde houve a oportunidade de socializar e debater sobre a vivência, tivemos um momento de conversa com profissionais e pudemos visualizar a estrutura durante a permanência no local, e o que se percebe é a necessidade de investimento intenso na atenção à saúde mental, procurando a reabilitação destes pacientes e o empoderamento destes enquanto sujeito de direitos pensando em políticas públicas e

estratégias que busquem enfoque na ressocialização das pessoas que demandam atenção na área da saúde mental. Depois de uma vivência impactante e que me gerou intensa reflexão, pela noite tivemos a oportunidade de assistir um documentário que tratava sobre saúde mental e o modelo manicomial no Brasil, os CAPS visam substituir os métodos que eram utilizados para tratar doenças psiquiátricas, buscando a humanização deste tratamento e a implementação das equipes multidisciplinares se constituindo como fundamental ao acesso à rede de serviços na atenção à saúde mental. Dia 17/09/2016 Seguindo nas discussões em torno da área de saúde mental, tivemos a oportunidade ímpar de ter como facilitadora Tâmara Sousa que conseguiu associar em suas falas e transmitir a importância dos movimentos sociais na luta antimanicomial e o quanto conduziu o processo de transformação da saúde mental no Brasil, denunciando abusos aos quais os usuários da saúde mental eram submetidos em situação de violação de seus direitos, resultantes do modelo manicomial, uma luta constante para instalação de serviços que tenham participação democrática e luta para respeito cultural às pessoas portadoras de transtornos mentais, mais uma vez se pôde apreender a questão do sanitarismo social e isolamento de pessoas portadoras de transtornos mentais condicionando elas a situação de pessoas invisíveis, tornando este momento enquanto único para compreensão da importância de despatologizar as pessoas e deixar de enquadrar elas somente enquanto pacientes, mas visualizar a humanização e observar enquanto usuário e como tal notando-o na qualidade de sujeito de direito do SUS. Na tarde tivemos outra oportunidade privilegiada de poder vivenciar em um terreiro de umbanda, questionando o quanto os estereótipos em torno da cultura afro-brasileira produzem o afastamento e preconceitos com as religiões de matriz africana/afro-brasileira. Diante desta vivência tivemos viventes que romperam paradigmas constituídos por construções sociais que afastam e demonizam os espaços nos quais ocorre a manifestação dos rituais, impondo distância da sociedade e criminalizando estas religiões por suas matrizes distanciadas dos padrões eurocêntricos institucionalizados socialmente e até mesmo juridicamente em nosso país. Utilizar do conhecimento adquirido com a antropologia é perceber o quanto não há superioridade sociocultural, pois os saberes tradicionais podem auxiliar no tratamento de

pacientes e precisam da atenção humanizada aos problemas de saúde precisam dessa interação com os saberes populares aliados ao saber científico, sem que este saber científico se imponha sobre os saberes de comunidades tradicionais, apostando na contribuição do tratamento para a melhora do quadro de saúde da pessoa na perspectiva das tradições religiosas de matriz africana, é importante ressaltar também como a intolerância religiosa afeta a saúde pois a partir da análise destas religiões e dos espaços espirituais há a compreensão das pessoas a partir de suas subjetividades que vão além das singularidades e pensamentos universais, saindo do âmbito do imediatismo advindo das construções sociais das ideologias dominantes. Pela noite houve o momento do TRANS VER-SUS, um espaço que proporcionou um momento de desconstrução em torno dos papéis binários de gêneros instituídos na sociedade, com participação e construção de todas as pessoas presentes se tornou um ambiente propício para muita diversão e demonstração de disposição de como o espaço do VER-SUS foi de suma importância para visibilidade e rompimento naquele espaço com a vivência diária dos padrões de gênero. a vivência. Dia 18/09/2016 No último dia podemos debater sobre o papel social dos acadêmicos e por fim avaliar