1 Congresso Químico do Brasil João Pessoa PB BATERIAS DE CELULARES: MÁ DISPOSIÇÃO E RISCO AMBIENTAL ALVES, R. C. V. - Licenciada em Química Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental (UEPB) DANTAS, E. R. B. - Graduanda do Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental (UEPB) COSTA, A. F. P. - Graduanda do curso de Licenciatura Química (UEPB) CAMPOS, D. C. Licenciada em Química (UEPB), Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental (UEPB) RESUMO A maioria dos problemas ambientais está intimamente ligada às questões educacionais, sociais e econômicas. As precárias condições de ensino das escolas brasileiras tende a contribuir para o agravamento de tais questões alusivas ao meio ambiente. Consciente desta realidade este trabalho foi desenvolvido com o intento de sensibilizar os alunos do 3º ano da Escola Estadual Ademar Veloso da Silveira, localizado na cidade de Campina Grande às questões ambientais relacionadas à má disposição das baterias de celulares. Na perspectiva da transversalidade, abordou-se o tema Educação Ambiental em sala de aula, com foco na norma 257 do CONAMA, enfatizando como deveria ser a disposição final das baterias de celulares, os danos ambientais que a inadequada disposição pode causar ao meio ambiente e sobretudo, à saúde pública. Ao término desta etapa todos os alunos de 3º ano sentiram a necessidade de auferir o nível de entendimento de parte da população campinense no que diz respeito à disposição final das baterias de celulares, e saber se a população tinha conhecimento da Resolução 257. Na coleta de informações (dados), cada estudante aplicou 20 questionários com perguntas fechadas, a transeuntes do centro da cidade de Campina Grande- PB, aleatoriamente, totalizando assim a aplicação de 600 questionários. Após o levantamento dos dados coletados foi realizada uma mesa redonda para discutir os resultados. Com esse procedimento, os alunos puderam perceber a importância da educação ambiental na disciplina
Química, uma vez que os mesmos constataram que 90% da população que respondeu o questionário não tinha informação sobre os danos ambientais que as baterias de celulares pode causar, desconhecendo totalmente a resolução n 257 do CONAMA. PALAVRAS-CHAVE: química, educação ambiental, resolução nº 257 do CONAMA, baterias de celulares. INTRODUÇÃO A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei 9394-96) define que a educação, é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, e tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art.2). Ao situar o Ensino Médio como etapa final da Educação Básica, define-a como a conclusão de um período de escolarização de caráter geral. Trata-se de reconhecê-lo como parte de uma etapa da escolarização que tem por finalidade o desenvolvimento do indivíduo, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania, fornecendo-lhe os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (art. 22). A idéia central expressa na Lei, e que orienta a transformação, estabelece o ensino médio como a etapa conclusiva da educação básica de toda a população estudantil e não mais somente uma etapa preparatória de outra etapa escolar ou do exercício profissional. Isso desafia a comunidade educacional a pôr em prática propostas que superem as limitações do antigo ensino médio, organizado em termos de duas principais tradições formativas, a pré-universitária e a profissionalizante. Especialmente em sua versão pré-universitária, o ensino médio tem-se caracterizado pela ênfase na estrita divisão disciplinar do aprendizado. Seus objetivos educacionais se expressavam usualmente, em termos de listas de tópicos, dos quais a escola média deveria tratar, a partir da premissa de que o domínio de cada disciplina era requisito necessário e suficiente para o prosseguimento dos estudos. Neste contexto, a Química figura-se como uma disciplina extremamente impalpável, cheia de fórmulas complicas e sem nenhuma utilidade para a vida cotidiana do aluno. Fato este que precisa ser mudado, uma vez que o aprendizado de Química pelos alunos de Ensino Médio implica que eles compreendam as transformações químicas que ocorrem no mundo físico de forma abrangente e integrada e assim possam julgar, com fundamentos, as informações advindas da tradição cultural, da mídia e da própria escola e tomar decisões autonomamente, enquanto indivíduos e cidadãos. Esse aprendizado
deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos químicos em si quanto da construção de um conhecimento científico em estreita relação com as aplicações tecnológicas e suas implicações sociais, políticas, econômicas e ambientais, especialmente. A legislação ambiental brasileira, embora considerada por alguns como uma das mais modernas e completas do mundo, raramente consegue ser cumprida. Realidades que apresentam falta de gerenciamento adequado de resíduos sólidos, aliadas à falta de informação devido a não abordagem da educação ambiental na construção de saberes escolares, evidenciam sobremaneira, a necessidade de aprofundamento nos estudos, numa perspectiva global, para compreender a dinâmica das múltiplas variáveis conflitantes envolvidas nos impactos ambientais antrópicos. Em 1999, o Brasil foi o primeiro país da América do Sul a contar com uma legislação específica para tratar da questão das pilhas e baterias usadas (tanto as portáteis, usadas na telefonia quanto as veiculares). O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) aprovou a resolução CONAMA n.º 257, de 30/06/99 (CONAMA 1999a), que em resumo: Obriga fabricantes e importadores a coletarem e a tratarem adequadamente as pilhas e baterias usadas de sua marca, de qualquer tipo, que contenham em sua composição chumbo, cádmio e mercúrio e seus compostos, sendo os fabricantes e importadores, responsáveis diretos caso esse recolhimento não ocorra, estando sujeitos à lei de crimes ambientais. A fiscalização fica sob a responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA). No mesmo ano, como complementação desta Resolução, foi aprovada a Resolução CONAMA no 263, de 12/11/99 (CONAMA 1999b), incluindo na Resolução anterior as pilhas do tipo miniaturas e botão e estabelecendo os limites que deverão ser atendidos para a fabricação, importação e comercialização dessas pilhas e baterias. Neste contexto a educação ambiental emerge como uma forma eficaz de sensibilizações às causas ambientais relacionadas ao descartes de baterias de celulares. Dessa forma, a principal função da educação ambiental como tema transversal nas aulas de química é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e atuarem na realidade sócio ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global (SOUZA, 2007).
METODOLOGIA A elaboração deste trabalho foi dividida em três etapas, nas quais: 1ª Etapa: Foi ministrado em sala de aula todo o assunto acerca de pilhas de acordo com o conteúdo programático do componente curricular Química, para estudantes do 3º ano da Escola Estadual Ademar Veloso da Silveira, localizado na cidade de Campina Grande-PB. 2ª Etapa: Na perspectiva da transversalidade, abordou-se o tema Educação Ambiental em sala de aula, com foco na norma 257 do CONAMA, enfatizando como deveria ser a disposição final das baterias de celulares, os danos ambientais que a inadequada disposição pode causar, sobretudo, à saúde pública. 3ª Etapa: Esta última etapa foi proposta pelos próprios alunos, que sentiram o desejo de auferir o nível de entendimento de parte da população campinense no que diz respeito à disposição final das pilhas alcalinas, e saber se a população tinha conhecimento da resolução 257 do CONAMA. Na coleta de informações (dados), cada estudante aplicou 20 questionários com perguntas fechadas, aos transeuntes do centro da cidade de Campina Grande-PB, aleatoriamente, totalizando, assim, 600 questionários aplicados. Ao final dessa etapa, os dados coletados foram expostos e discutidos entre professores e alunos. RESULTADOS E DISCURSÕES Segundo o site iparaíba o número de celulares habilitados apenas no mês de novembro de 2009 em todo Brasil foi de 1.716.879, com crescimento de 1,02%. A Paraíba foi o Estado com maior número de celulares, com 1,34%, isso agrava o sério risco ambiental causado pela má disposição de baterias de celulares. Com relação à quantidade de celulares que cada entrevistado possuía, 65% afirmou possuir apenas um celular, 30 % tinham dois celulares e 5% três celulares. Figura 1 - Quantidade de celulares que cada entrevistado possuía Uma aparelho celular. Dois aparelhos celulares. Três aparelhos celulares.
Conforme Figura 1, 35% dos entrevistados possuem mais de um celular, fato que é muito preocupante se observamos que o uso do celular atualmente serve como um objeto de ostentação. Se antes este aparelho era restrito às classes mais altas, atualmente está inserido nas mais variadas classes da sociedade brasileira. A busca constante por aparelhos menores e mais modernos faz deste recurso um excelente meio de ostentação e competição com os demais. Para cada celular em uso, há pelo menos uma bateria. Em algum momento, tanto o aparelho quanto a bateria serão dispensados pelo usuário, adquirindo caráter descartável. Como a oferta de aparelhos é grande, o número de usuários que encostou em casa o seu primeiro aparelho e até mesmo o seu segundo celular, desta forma o conhecimento da população com relação ao destino final destas baterias se torna imprescindível para a preservação do meio ambiente. Figura 2 Disposição final de celular inutilizado Jogo no lixo Guardo em casa Dou p as crianças brincar Ao analisar a Figura 2, observamos que 70% das pessoas que responderam o questionário jogam as baterias de celulares no lixo, o que contraria a RESOLUÇÃO CONAMA nº 257, no seu artigo 4º, que diz que: As pilhas e baterias recebidas na forma do artigo anterior serão acondicionadas adequadamente e armazenadas de forma segregada, obedecidas às normas ambientais e de saúde pública, bem como as
recomendações definidas pelos fabricantes ou importadores, até o seu repasse a estes últimos. A mesma resolução afirma que pilhas e baterias que atenderem aos limites previstos no art. 6º poderão ser dispostas, juntamente com os resíduos domiciliares, em aterros sanitários licenciados. Os limites previstos no art. 6º são os seguintes: Pilhas e baterias deverão atender aos limites estabelecidos a seguir: I - com até 0,010% em peso de mercúrio, quando forem do tipo zinco-manganês e alcalina-manganês; II - com até 0,015% em peso de cádmio, quando forem dos tipos alcalina-manganês e zinco-manganês; III - com até 0,200% em peso de chumbo, quando forem dos tipos alcalina-manganês e zinco-manganês. IV - com até 25 mg de mercúrio por elemento, quando forem do tipo pilhas miniaturas e botão. Ao constatar-se a má disposição dos aparelhos em desuso e que mesmo que as baterias de celulares comercializadas na cidade de Campina Grande obedecessem aos limites estipulados nesta resolução, as mesmas não poderiam ser dispostas juntamente com os resíduos domiciliares uma vez que nossa cidade não dispõe de aterro sanitário. Este resultado da pesquisa evidenciou além do problema da má disposição final dos aparelhos, outro problema de saúde pública relativo ao lixão municipal. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao término deste trabalho os alunos puderam perceber a importância da educação ambiental nas aulas de químicas, e como a contextualização do ensino formal no cotidiano do aluno e da sociedade é essencial para uma postura racional e comprometida com às causas ambientais e minimização dos riscos e impactos causados pela atividade e cultura antrópica. BIBLIOGRAFIA BRASIL. Resolução n 257/1999. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Dispõe sobre o descarte e o gerenciamento ambientalmente adequado de pilhas e baterias usadas,no que tange à coleta, reutilização reciclagem, tratamento, ou disposição final. Diário Oficial da União, Brasília, 22 jun.1999a.
. Resolução n 263/1999. Conselho Nacional do Meio Ambiente.Dispõe sobre a inclusão na Resolução CONAMA 257/99, das pilhas miniatura e botão, estabelecendo limites do teor de mercúrio por elemento. Diário Oficial da União, Brasília, 12 nov.1999. Ministério da Educação. Lei 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em < www.planalto.gov.br >. Acesso em 10 fev. 2010. SOUZA. J, M, F. Educação Ambiental no Ensino Fundamental: metodologias e dificuldades detectadas em escolas do município no interior da Paraíba. João Pessoa. UFPB. Editora Universitária, 2007. pg.17.