ESTUDO DA SECAGEM NA QUANTIFICAÇÃO DE ART APÓS HIDRÓLISE ÁCIDA DO RESÍDUO ÚMIDO DE MALTE DE CEVADA DAS INDÚSTRIAS CERVEJEIRAS

Documentos relacionados
COMPARAÇÃO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE PRÉ-TRATAMENTO PARA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DA BIOMASSA DE JABUTICABA PARA PRODUÇÃO DE ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO

Aluna do curso de Graduação em Engenharia Química da UNIJUÍ, bolsista PIBITI/UNIJUÍ, 3

UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA NA HIDRÓLISE DO BAGAÇO DE JABUTICABA

PRODUÇÃO DE BIOETANOL A PARTIR DA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR

PRODUÇÃO DE ENZIMAS AMILOLÍTICAS POR Aspergillus niger EM FERMENTAÇÃO NO ESTADO SÓLIDO UTILIZANDO BAGAÇO DE MALTE

VIABILIDADE TÉCNICA DA REGENERAÇÃO DE COAGULANTE POR VIA ÁCIDA A PARTIR DO LODO DA ETA DE UMA INDÚSTRIA DE CORANTES

AVALIAÇÃO DA HIDRÓLISE DA PALHA E SABUGO DE MILHO PARA PRODUÇÃO DE ETANOL 2G.

AVALIAÇÃO DO PRÉ-TRATAMENTO ÁCIDO DO SABUGO DE MILHO VISANDO A PRODUÇÃO DE ETANOL 2G

Produção de etanol a partir de resíduos celulósicos. II GERA - Workshop de Gestão de Energia e Resíduos na Agroindústria Sucroalcooleira 13/06/2007

HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DE PAPEL DE ESCRITÓRIO DESCARTADO COM E SEM PRÉ-TRATAMENTO COM ÁCIDO SULFÚRICO DILUÍDO

ESTUDO DO PRÉ-TRATAMENTO QUÍMICO EM FIBRA DA CASCA DE COCO VERDE PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL 2G

CINÉTICA DE SECAGEM DE MASSA ALIMENTÍCIA INTEGRAL. Rebeca de L. Dantas 1, Ana Paula T. Rocha 2, Gilmar Trindade 3, Gabriela dos Santos Silva 4

ESTUDO DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO E FRACIONAMENTO DA LIGNINA PROVENIENTE DE RESÍDUOS LIGNOCELULÓSICOS

INFLUÊNCIA NA VARIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE HIDRÓXIDO DE SÓDIO NA QUALIDADE DE POLPA CELULOSICA DE BAGAÇO DE MALTE

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE BARRAS DE CEREAIS ELABORADAS COM RESÍDUO SÓLIDO DE CERVEJARIA

MOSTURAÇÃO PARA CERVEJA COM MALTE E FARINHA DE ARROZ ASSOCIADOS AO MALTE DE CEVADA 1. INTRODUÇÃO

PRODUÇÃO DE PROTEÍNA UNICELULAR A PARTIR DO BAGAÇO DE MAÇÃ UTILIZANDO FERMENTAÇÃO EM ESTADO SÓLIDO

Aplicações tecnológicas de Celulases no aproveitamento da biomassa

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

PRODUÇÃO DE CELULASE POR PENICILLIUM SP. UTILIZANDO RESÍDUO AGROINDUSTRIAL EM FERMENTAÇÃO EM ESTADO SÓLIDO

SECAGEM DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA CERVEJEIRA EM CICLONE

Redução da viscosidade da polpa de acerola

AULA PRÁTICA Nº / Maio / 2016 Profª Solange Brazaca DETERMINAÇÃO DE CARBOIDRATOS

PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DE SECAGEM DE BAGAÇO DE MAÇÃ PARA A PRODUÇÃO DE FARINHA

ANÁLISE DA DESIDRATAÇÃO DE RESÍDUOS DE PROCESSAMENTO DE MARACUJÁ (Passiflora Edulis) UTILIZANDO AR QUENTE

INTENÇÃO DE COMPRA DE BISCOITOS TIPO COOKIE SABOR CHOCOLATE COM DIFERENTES TEORES DE FARINHA DE UVA

Gabarito exercícios 2, 3 e 4

ESTUDOS PRELIMINARES PARA OBTENÇÃO DE BEBIDA ALCOÓLICA DE UMBÚ SEMELHANTE A VINHO

AVALIAÇÃO DA HIDRÓLISE ÁCIDA DO BAGAÇO DE ABACAXI PARA LIBERAÇÃO DE AÇUCARES FERMENTECÍVEIS

Coprodutos e subprodutos agroindustriais na alimentação de bovinos

PROCEDIMENTOS PARA CÁLCULOS DE TEORES DE METABÓLITOS VEGETAIS BIB0315 METABÓLITOS VEGETAIS ANTONIO SALATINO 22/09/2016

USO DA ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO PARA ANÁLISE EXPLORATÓRIA DE TORTA DE MAMONA DETOXIFICADA

AULA PRÁTICA 4 Série de sólidos

PRÉ-HIDRÓLISE ÁCIDA DE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR E SUA CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA 1 ALAINE PATRÍCIA DA SILVA MORAIS 2 & FERNANDO BROETTO 3

DETERMINAÇÃO DE VIDA DE PRATELEIRA DA FARINHA OBTIDA A PARTIR DAS CASCAS DE ABACAXI (Ananas comosus L. Merril)

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO HIDROLISADO OBTIDO A PARTIR DE PONTA E PALHA DE CANA

RESPIRAÇÃO MICROBIANA NO SOLO CONTENDO TORTA DE MAMONA EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DA UMIDADE. Algodão,

ESTUDO CINÉTICO DE DESIDRATAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO BAGAÇO DE MALTE RESÍDUO DA INDÚSTRIA

BIOSSORÇÃO DE CORANTE CATIÔNICO UTILIZANDO O BAGAÇO DE MALTE

ESTUDO DA CINÉTICA DA HIDRÓLISE ÁCIDA DO ACETATO DE ETILA.

AVALIAÇÃO DO BAGAÇO E BIOMASSA DE GENÓTIPOS DE SORGO SACARINO PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL CELULÓSICO

Efeito do Pré-tratamento corona em matérias lignocelulósicos

ANÁLISE DA DESIDRATAÇÃO DE RESÍDUOS DE PROCESSAMENTO DE MARACUJÁ (Passiflora Edulis) UTILIZANDO INFRAVERMELHO

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FENÓLICOS TOTAIS (FOLIN-CIOCALTEU) - ESPECTROFOTOMETRIA

AVALIAÇÃO DA HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DE Brachiaria brizantha UTILIZANDO COMPLEXO ENZIMÁTICO COMERCIAL

CINÉTICA DA HIDRÓLISE DE BAGAÇO DE CANA EMPREGANDO ENZIMAS PRODUZIDAS POR Myceliophthora thermophila EM CULTIVO SÓLIDO

ESTUDO DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE SEMENTE DE UVA DA VARIEDADE BORDÔ POR PRENSAGEM

HIDRÓLISE DA LACTOSE A PARTIR DA ENZIMA - PROZYN LACTASE

ESTUDO DO PROCESSO DE SECAGEM DO RESÍDUO DE MALTE GERADO NA PRODUÇÃO DE CERVEJA

FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA DO CALDO DA CANA DE AÇÚCAR VAR. CO.290. II. INFLUÊNCIA DA ESTIRPE DE FERMENTO UTILIZADA SÔBRE O RENDIMENTO ALCOÓLICO (*)

Centro de Tecnologia de Alimentos e Bebidas Tecnologia Cervejeira Módulo: Adjuntos cervejeiros

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AMIDO EM ALIMENTOS POR HIDRÓLISE ÁCIDA

INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE SECAGEM POR ATOMIZAÇÃO SOBRE AS PROPRIEDADES DO YACON (Smallanthus sonchifolius) EM PÓ.

Digestão enzimática do amido de milho pela ptialina da saliva

4 Materiais e Métodos

PRODUÇÃO DE BIOETANOL DE PAPEL DE ESCRITÓRIO DESCARTADO POR Spathaspora passalidarum HMD 14.2 UTILIZANDO HIDRÓLISE ÁCIDA E ENZIMÁTICA

Otimização do processo de hidrólise do amido de batata (Solanum tuberosum L.) cultivar ágata, utilizando enzimas amilolíticas

Eixo Temático: Inovação e Sustentabilidade em Diferentes Setores

Avaliação Cinética da Gaseificação com CO 2 do Bagaço de Maçã

MF-431.R-1 - MÉTODO TURBIDIMÉTRICO PARA DETERMINAÇÃO DE SULFATO

BIOSSORÇÃO DO CORANTE TÊXTIL AZUL 5G UTILIZANDO O BAGAÇO DE MALTE

OZONÓLISE NO TRATAMENTO DO BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR PRA PRODUÇÃO DE ETANOL CELULÓSICO POR HIDRÓLISE ENZIMÁTICA

Por que escrever um relatório ou um resumo científico?

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

ESTUDO DO PRÉ-TRATAMENTO ÁCIDO DA PALHA DE MILHO PARA OBTENÇÃO DE ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO

PRODUTOS LNF PARA PRODUÇÃO DE ETANOL E ÁLCOOL POTÁVEL A PARTIR DE CEREAIS ENZIMAS PARA HIDRÓLISE DE AMIDO (ÁLCOOL POTÁVEL)

PRODUÇÃO DE XILANASE POR PENICILLIUM SP. UTILIZANDO RESÍDUO AGROINDUSTRIAL EM FERMENTAÇÃO EM ESTADO SÓLIDO

Aspectos da conversão de biomassas vegetais em Etanol 2G. Prof. Dr. Bruno Chaboli Gambarato

Recuperação Final Química A 2ª Série Professor Diego Estudar: Caderno 5 páginas ; Caderno 6 páginas ; e, Caderno 7 páginas

Aluna do curso de Graduação em Engenharia Química da UNIJUÍ, bolsista iniciação cientifica PIBIC/UNIJUÍ,

HIDRÓLISE E FERMENTAÇÃO DE ARUNDO DONAX L. PRÉ-TRATADO PARA PRODUÇÃO DE ETANOL 2G.

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA UFJF QUI102 Metodologia Analítica

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA OBTENÇÃO DE HIDROXIAPATITA PARA FINS BIOMÉDICOS

EFEITO DE DIFERENTES FORMAS DE PREPARO DO INÓCULO E DE CONCENTRAÇÕES DOS NUTRIENTES NA PRODUÇÃO DE ETANOL POR Saccharomyces cerevisiae UFPEDA 1238

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

USO INTEGRAL DA BIOMASSA DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO

INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE CULTIVO NA FERMENTAÇÃO DE XILOSE POR DUAS LINHAGENS DE LEVEDURAS

II-090 UTILIZAÇÃO DE PÓ DE CASCA DE COCO COMO BIOADSORVENTE PARA REMOÇÃO DOS CORANTES VERMELHO CONGO E AZUL DIRETO DE EFLUENTES

ESTUDO DA DEGRADAÇÃO DE RESÍDUOS DO CULTIVO DE MILHO PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO

Utilização de planejamento experimental no pré-tratamento oxidativo em meio alcalino do bagaço de cana-de-açúcar

Cadernos UniFOA. Artigo Original. Wagner Martins Florentino 1. Original Paper. Bruno José Silva de Jesus 1. Gabriella da Silva Lopes 1

AVALIAÇÃO DO TEMPO DE FERMENTAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE ENZIMAS EMPREGANDO RESÍDUOS AGROINDUSTRAIS

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE NANOWHISKERS DE CELULOSE A PARTIR DAS FIBRAS DE ARARUTA (Maranta Arundinacea)

INFLUÊNCIA DO ph NA PRECIPITAÇÃO DA LIGNINA OBTIDA POR POLPAÇÃO SODA DO BAGAÇO DE MALTE

AULA PRÁTICA N 15: DETERMINAÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO NA ÁGUA OXIGENADA Volumetria de oxirredução permanganimetria volumetria direta

MF-420.R-3 - MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE AMÔNIA (MÉTODO DO INDOFENOL).

AULA PRÁTICA Nº / Março / 2016 Profª Solange Brazaca DETERMINAÇÃO DE TANINOS

Avaliação da atividade enzimática de malte de trigo

Luxo do lixo. Dafne Angela Camargo*, Bruna Escaramboni, Pedro de Oliva Neto

MONITORIZAÇÃO DA DEGRADAÇÃO DO GLICOGÉNIO

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BARRAS DE CEREAIS COM PASSAS DE MIRTILO (Vaccinium ashei Reade) COM E SEM DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA

PRODUÇÃO DE ÁLCOOL A PARTIR DO BAGAÇO: O PROCESSO DHR DEDINI HIDRÓLISE RÁPIDA

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO NA CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO DA VITAMINA C DO SUCO DE ACEROLA CLARIFICADO E CONCENTRADO DURANTE A ARMAZENAGEM.

OTIMIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS PARA A PRODUÇÃO DE ENZIMAS EMPREGANDO RESÍDUOS AGROINDUSTRAIS UTILIZANDO A TÉCNICA DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PRÉ-TRATAMENTO E HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DO RESÍDUO DO PROCESSAMENTO DE GRAVIOLA VISANDO A OBTENÇÃO DE ETANOL 2G

ENSAIOS PRELIMINARES PARA ELABORAÇÃO DE VINAGRE TIPO BALSÂMICO DE CAQUI (Diospyros kaki L)

Transcrição:

ESTUDO DA SECAGEM NA QUANTIFICAÇÃO DE ART APÓS HIDRÓLISE ÁCIDA DO RESÍDUO ÚMIDO DE MALTE DE CEVADA DAS INDÚSTRIAS CERVEJEIRAS R. S. FONTOURA 1, M. M. P. FERREIRA 1, F. F. FREITAS 1, C. A. G. SUAREZ 1 e I. D.C. MONTANO 1 1 Universidade Federal de Goiás, Instituto de Química, Departamento de Engenharia Química E-mail para contato: rodrigosilva@ufg.br RESUMO Ensaios de hidrólise ácida do resíduo úmido de malte de cevada (RUMC) de cervejarias foram feitos com o ácido sulfúrico diluído na concentração de 100 mg de ácido por grama de sólido seco, mantendo-se a relação de matéria seca e solução ácida de 1:10 (g/g), com tempo de reação de 17 minutos em autoclave a 121 ºC. Esse processo foi feito com o bagaço em diferentes condições, como in natura, lavado e seco a 60, 80 e 105 ºC em estufa com circulação forçada de ar a fim de encontrar uma possível influência da secagem na obtenção dos açúcares redutores totais (ART) a partir do hidrolisado. Baseado em análises estatísticas, as melhores condições para a quantificação dos ART pela hidrólise ácida do RUMC foi obtida a partir do bagaço in natura em que a concentração de ART foi de 1,39 mg/ml. A menor concentração de glicose foi obtida na condição do bagaço lavado, cujo valor de ART foi de 1,20 mg/ml. Para os bagaços secos houve uma variação da concentração de ART de 1,33 a 1,24 mg/ml para as condições de 60 e 105 ºC respectivamente. 1. INTRODUÇÃO O desenvolvimento tecnológico relacionado com o crescimento da população mundial gerou o aumento do consumo dos recursos globais, trazendo a tona questões da disponibilidade de material e sustentabilidade ambiental (FARUKA et al., 2012; NETO et al., 2013). Resíduos agroindustriais como bagaços, cascas e sementes, representam cerca de 50% das frutas processadas em estado natural. Esses materiais não têm recebido tanta importância comercial e normalmente são eliminados em aterros municipais (OBEROI et al., 2010). As vantagens do uso do bagaço são inúmeras, como: recebe o processamento nas indústrias; está disponível em grandes quantidades; tem custo mínimo ou zero durante todo ano (OLIVÉRIO e HILST, 2005; MUSSATO et al., 2008). O grande problema de muitos desses resíduos se deve a grande umidade em que estes são

disponibilizados pelas indústrias. O resíduo úmido de malte de cevada (RUMC) é constituído basicamente de água, malte de cevada, gritz de arroz e coadjuvantes tecnológicos. Durante o preparo do mosto cervejeiro, este material e separado na etapa de filtação/peneiramento e é disponibilizado com aproximadamente 80% de umidade o que leva a uma rápida degradação e a uma vida útil, em condições ambientes, de aproximadamente 7 (sete) dias (SANTOS e RIBEIRO, 2005). Uma alternativa para aumentar o tempo de vida útil do RUMC conservando suas propriedades, é realizar a desidratação e/ou secagem desta matéria-prima. Segundo Sousa et al. (2006) o processo de secagem é importante, pois visa preparar o produto para a armazenagem, entretanto, se mal conduzida, poderá prejudicar a qualidade comercial do produto por causar a degradação de componentes. Este trabalho tem como objetivo principal estudar a influência da secagem em diferentes condições na hidrólise com ácido diluído a fim de diagnosticar em qual condição o hidrolisado do RUMC apresenta melhor resultado, ou seja, maior concentração de açúcares redutores totais (ART). 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Preparo do Bagaço de Malte de Cevada O bagaço úmido de malte de cevada foi fornecido pela Indústria e Comércio de Bebidas Imperial SA, localizada na cidade de Trindade, Goiás. O RUMC foi obtido durante a etapa de preparo do mosto cervejeiro, composto basicamente de malte claro de cevada, água e cereais não maltados (gritz de quirera de arroz). Este material é disponibilizado pela empresa com alto teor de umidade (aproximadamente 80% em base seca), o que limita seu tempo de consumo em até uma semana (SANTOS e RIBEIRO, 2005). Para evitar a degradação deste, parte do RUMC in natura foi homogeneizado e separado em porções de aproximadamente 400 gramas e armazenado em freezer a temperatura de -18ºC. A outra parte foi dividida em três e cada uma delas foi seca em temperaturas diferentes: 60, 80 e 105ºC em estufa de secagem modelo 400-5ND da marca Nova Ética, até umidade de 5% b.s. Parte das amostras secas foram trituradas e parte foram utilizadas nos experimentos sem sofrerem modificação na sua granulometria. Em cada hidrólise, além dos bagaços in natura (descongelado) e secos a 60, 80 e 105ºC, parte do in natura foi lavado, totalizando cinco condições do material para o bagaço triturado e cinco para o não triturado. Em cada experimento, foram realizadas a determinação da umidade através de infravermelho para que o volume de água da solução ácida fosse corrigido. O fluxograma dos experimentos está representado na Figura 1. 2.2. Preparo da hidrólise Os RUMC nas cinco condições já citadas no item anterior foram submetidos a um processo de hidrólise com ácido sulfúrico em erlenmeyers de 125 ml, sob condições previamente otimizadas por

Mussato e Roberto (2005). Foram utilizados 100 mg de H 2 SO 4 (95% p/p) por grama de matéria seca (MS) mantendo-se a relação entre MS : solução ácida de 1:10 (g/g). A hidrólise foi conduzida à temperatura de 121ºC por 17 minutos em autoclave modelo AB12 da marca Phoenix. Foi adotado para estes experimentos cinco gramas de bagaço seco. Os frascos erlenmeyers foram fechados com folha de alumínio antes de serem autoclavados. Ao final da reação as vidrarias contendo o produto da reação foram resfriadas a temperatura ambiente, sendo que o hidrolisado hemicelulósico do RUMC foi separado do resíduo sólido contendo celulose e lignina por filtração em papel de filtro qualitativo sob filtração utilizando a bomba a vácuo modelo ECO-740 da marca BMC. Todas as amostras foram neutralizadas com solução de hidróxido de sódio (NaOH) a 20 molar. Figura 1 Fluxograma da metodologia do procedimento da hidrólise ácida. 2.3. Quantificação dos açúcares redutores totais (ART) O método do ácido dinitro-3,5-salicílico (DNS) descrito por Miller (1959) foi utilizado para a quantificação dos ARTs. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A Tabela 1 apresenta as respostas de quantidade de açúcares redutores totais para a hidrólise ácida do RUMC não triturado.

Tabela 1 Respostas das quantidades de açúcares redutores totais para a hidrólise ácida nas condições fixadas para o RUMC não triturado Condição do Bagaço Concentração ART(mg/mL) Diluído 24 vezes Absorbância (nm) In Nat 1,39 0,339 Lavado 1,20 0,289 Seco 60 1,33 0,323 Seco 80 1,28 0,310 Seco 105 1,24 0,298 A partir dos resultados obtidos, constatou-se que para a hidrólise ácida do RUMC, as maiores concentrações de ARTs foi obtida para a condição do bagaço in natura, ou seja, da maneira com que este é disponibilizado pela indústria, e a pior condição, para o bagaço lavado. Isso pode ser explicado pelo fato de que o caldo que é retirado junto ao bagaço ser rico em açúcares resultado do processo de quebra do amido por enzimas durante o preparo do mosto. Alguns desses açúcares são total ou parcialmente fermentescíveis outros não (MADRID, A., et. al., 1996). Quando se lava o RUMC grande parte desses açúcares que vem junto ao caldo do mosto de cerveja são arrastados e por isso não são contabilizados, fazendo com que a concentração dos ARTs para a condição do bagaço lavado seja menor do que os demais. A Tabela 2 apresenta as respostas de quantidade de açúcares redutores totais para a hidrólise ácida do RUMC triturado. Tabela 2 Respostas das quantidades de açúcares redutores totais para a hidrólise ácida nas condições fixadas para o RUMC triturado Condição do Bagaço Concent. ART(mg/mL) Diluido 24 vezes Absorbância (nm) In Nat 1,28 0,309 Lavado 1,08 0,255 Seco 60 1,23 0,295 Seco 80 1,16 0,277 Seco 105 1,12 0,268 O estudo da hidrólise do RUMC triturado não apresentou resultados satisfatórios. Entretanto, observa-se pela Tabela 2, que a quantidade de ART fornecida por esse planejamento é muito baixa, quando comparada com o outro estudado. Por isso, entende-se que essa metodologia não é

interessante para este estudo. 4. CONCLUSÃO O estudo da hidrólise do RUMC com ácido sulfúrico diluído a partir de diferentes condições do bagaço nos permitiu identificar que existem diferenças significativas nos resultados obtidos dos valores das concentrações dos ARTs, ultrapassando a casa dos 22%. Obteve-se maiores valores de ART para o bagaço in natura não triturado e o pior para o bagaço triturado lavado dentre as duas metodologias estudadas. Para a determinação dos ARTs, utilizar o bagaço in natura não triturado se mostrou mais vantajoso, visto que foi o que proporcionou as maiores quantidades de ART. 5. REFERÊNCIAS COSTA, A. D.; MATTOS, E. S.; LIMA, C. A. R.; VIEIRA, A.A.; MATTOS, M. A.; FERREIRA, R. A. D.; SARINHO, V. C.; RAMALHO, H. F. Composição química e energia digestível do bagaço de malte em suínos machos nas fases de crescimento e terminação. Anais: XVI Jornada de Iniciação Científica da UFRRJ, Seropédica, RJ, 2006. FARUKA, O., BLEDZKIA, A. K., FINKB, HANS-PETER, SAIND, M. Biocomposites reinforced with natural fibers: 2000 2010, Progress in Polymer Science, v. 37, 2012. MADRID, A., et. al. Manual de Indústrias de alimentos. 1.ed. São Paulo : Varela, 1996. 599p. MILLER, G. L. Use of Dinitrosalicylic Acid Reagent for Determination of Reducing Sugar. Analytical Chemistry, 31(3):426-428, 1959. MUSSATTO, S.I.; DRAGONE, G.; ROBERTO, I.C. Kinetic Behavior of Candida guilloermondii Yeast during Xylitol Production from Brewer s Spent Grain Hemicellulosic Hydrolysate. Biotechnology Progress, v.21, p. 1352-1356, 2005. MUSSATO, S. I.; DRAGONE, G.; TEIXEIRA, J. A.; ROBERTO, I. C. Total reuse of brewer s spent grain in chemical and biotechnological processes for the production of added-value compounds. Bioenergy: Challenges and Opportunities International Conference and Exhibition on Bioenergy Universidade do Minho, Guimarães, Portugal, April 6th 9th, 2008. NETO, A. R. S., ARAUJO, M. A. M., SOUZA, F. V. D., MATTOSO, L. H. C., MARCONCINI J. M.. Characterization and comparative evaluation of thermal, structural, chemical, mechanical and morphological properties of six pineapple leaf fiber varieties for use in composites, Industrial Crops and Products, Vol. 43, 2013.

OBEROI, H. S., VADLANI, P. V., MADL, R. L., SAIDA, L., ABEYKON, J.P. Ethanol production from orange peels: Two-stage hydrolysis and fermentation studies used optimized parameters though experimental desing. Journal Agricultural and Food Chemist, 58(6), 3422-3429, 2010. OLIVÉRIO, J. L.; HILST, A. G. P. DHR - Dedini Hidrólise Rápida Revolutionary process for producing alcohol from sugar cane bagasse. XXV International Society of Sugar Cane Technologists Congress, Guatemala, 2005. SANTOS, M. S. dos; RIBEIRO, F. de M. Cervejas e Refrigerantes. São Paulo: CETESB, 2005. SOUSA, M. de B.; PEDROZA, J.P.; BELTRÃO, N.E. de M.; SEVERINO, L.S.; DANTAS, F.P. Cinética de secagem do farelo de mamona. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, v.8, n.2, p.139-146, 2006.