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Transcrição:

fls. 273 DECISÃO Processo Digital nº: 1005180-21.2016.8.26.0292 Classe - Assunto Ação Civil Pública - Fiscalização Requerente: Agência de Notícias de Direitos Animais - ANDA Requerido: Fazenda Coleginho Country Bar e Lanchonete Ltda Me e outros CONCLUSÃO: Aos vinte e dois (22) dias do mês de junho (06) do ano de dois mil e dezesseis (2016), faço estes autos conclusos a MM. Juíza de Direito da Vara da Fazenda Pública de Jacareí, Dra. ROSANGELA DE CASSIA PIRES MONTEIRO. Eu, Esc. Vistos. Cuida-se de Ação Civil Pública ajuizada pela AGÊNCIA DE NOTICIAS DE DIREITOS ANIMAIS - ANDA em face de FAZENDA COLEGINHO COUNTRY BAR, LANCHONETE LTDA-ME, FABRICIO FRANCO BUENO PRODUÇÃO E EVENTOS EPP e PREFEITURA MUNICIPAL DE JACAREÍ, cujo objetivo inicial e final é a não realização pelos réus de quaisquer prova de rodeios, tais como montaria em touros, montaria em cavalos, sela americana, cutiano, bareback, montaria em carneiros, prova dos três tambores, team penning, working penning, ranch sorting, apartação, prova de laço em dupla, bulldog, pega do garrote e quaisquer outras provas com animais por eles anunciadas para o evento denominado "1º Rodeio Fest da Fazenda Coleginho", previsto para acontecer nos próximos dias 24, 25 e 26 de junho, eis que violam o artigo 225 da Constituição Federal, o artigo 32 da Lei Federal 9.605/98, os artigos 10º e 11 da Declaração Universal dos Direitos dos Animais e o artigo 23 da Norma Técnica Especial do Decreto Estadual nº 40.400 de 24 de outubro de 1995. Subsidiariamente, caso este Juízo entenda que o pedido acima não pode ser atendido, que seja concedida a ordem que proíba os requeridos de utilizarem, no citado evento, sedém, cordas americanas, peiteiras, sinos, esporas, sejam pontiagudas ou rombas (não pontiagudas), chicotes, freios, britões, e quaisquer outros subterfúgios capazes de causar sofrimento físico/psíquico aos animais e/ou alterar o comportamento daqueles, de realizar quaisquer modalidades de provas de laço e provas em bezerro, prova de laço em

fls. 274 dupla, buldog, pega do garrote, vaquejadas e quaisquer outras modalidades que consistam em laçar e/ou derrubar animais, visto que tais modalidades proporcionam num risco muito alto de óbito e lesões graves aos animais, de fazer usos de meio que visem estimular a inquietação dos animais, como choques elétricos e/ou mecânicos e espancamento nos bretes e de realizar o chamado rodeio mirim para crianças e adolescentes com a utilização de pôneis, bezerros, novilhos, ovelhas, carneiros, cavalos, míni touros, cabras e outros animais em simulação de montaria ou em práticas sugestivas de laçamento, doma ou subjugação. Com a inicial (fls. 01/33) vieram os documentos de fls. 34/247. Em sua manifestação de fls. 250/260, instruída com os documentos de fls. 261/271 o Ministério Público relata que instaurou o Inquérito Civil nº 1.155/2016 para apurar eventuais danos ao meio ambiente resultante das atividades que serão realizadas na festividade mencionada na inicial (rodeios e shows). Relata sobre as informações colhidas junto a Prefeitura de Jacareí e ao Corpo de Bombeiros. Aduz que o evento não conta com Alvará de Funcionamento e AVC, o que pode ser obtido até a data inicial das festividades; contudo, não haverá tempo hábil para que os organizadores regularizem até a data do evento outros flagrantes desrespeitos à legislação vigente, assim como a total falta de infraestrutura do local e da Municipalidade. Sustenta que rodeios não poderão ser realizado em área urbana, como a localidade indicada para receber o evento; que a Prefeitura Municipal de Jacareí não exigiu o cumprimento, nem se dispos a cumprir o disposto na Lei nº 10.519/2002; não foram realizadas medições sonoras e nem realizado o Estudo de Impacto de Vizinhança EIV, necessário para o caso dos autos; não há infraestrutura da SEMA para controle, fiscalização e apreensões de animais. Conclui que nenhuma das atividades previstas para o local poderão acontecer e propõe o aditamento da inicial para incluir o seguinte pedido de condenação dos requeridos: a) na obrigação de não de fazer consistente em não realizar todos os eventos previstos para a festividade denominada Rodeio Fest, nos dias 24, 25 e 26 de junho p.f. (proibição de shows, praça de alimentação e outras diversões). Pede, liminarmente, que: 1) além do quanto solicitado no alínea "a" da petição inicial, que também seja incluída a proibição de

fls. 275 realização de quaisquer dos eventos previstos para as festividades ora tratadas sob pena de multa diária de R$ 100.000,00 (cem mil reais) a ser exigida de cada um dos requeridos. liminares: É a suma dos pedidos. Passo a analise dos pedidos Inicialmente, admito o ingresso do Ministério Público no feito, como assistente litisconsorcial da autora. Anote-se. Recebo, ainda, a emenda à inicial formulada a fls. 250/260 pelo Ministério Público, passando ela a integrar a petição inicial, devendo, necessariamente, acompanhar a contrafé do mandado de citação. Anote-se. Providencie o cartório, ainda, a correção junto ao SAJ da denominação da ação (classe) e inclusão dos pedidos formulados nas emendas no campo "objeto". Pois bem. São pressupostos para concessão da liminar o fumus boni iuris, quanto às alegações da parte, e o periculum in mora, caso a prestação jurisdicional pretendida não venha no tempo necessário para assegurar o exercício do direito reivindicado. E, no caso em exame, vislumbro a presença dos citados requisitos legais. Pontue-se que a Constituição Federal, conquanto proíba, por meio dos princípios da prevenção e precaução, a prática de maus tratos aos animais (art. 225, VII), não veda, de outro lado, a realização de festas congêneres à contida no objeto da presente ação ( Rodeio Fest ), voltada ao congraçamento de pessoas e demais atividades lúdicas ali realizadas. Por outro lado, é de se reconhecer que não há como ser o rodeio realizado em perímetro urbano, como pretendem os requeridos (A Prefeitura, aparentemente, tem interesse na realização do evento em razão dos rendimentos que ele pode lhe proporcionar, incrementando o comércio local, por exemplo) (vide fls. 49/50).

fls. 276 O art. 23 da Norma Técnica Especial anexa ao Decreto Estadual 40.400/95 é claro que vedar a localização de rodeios e outros em perímetro urbano: Art. 23 - Os haras, os rodeios, os carrosséis-vivos, os hotéis fazenda, as granjas de criação, as pocilgas, e congêneres não poderão localizar-se no perímetro urbano. É certo que o seu parágrafo único traz que os estabelecimentos, se localizados em perímetro urbano, poderão permanecer onde estão a critério da autoridade sanitária: 1º - Os estabelecimentos incluídos neste artigo que, à data de promulgação desta Norma Técnica Especial, já se encontram localizados dentro do perímetro urbano, poderão, a critério da autoridade sanitária competente, permanecer onde se encontram pelo tempo que esta determinar, desde que satisfeitos os requisitos desta Norma, notadamente no que se refere a exalação de odores, propagação de ruídos incômodos e proliferação de roedores e artrópodes nocivos. Ocorre que, no presente caso, não há qualquer elemento nos autos indicando que os interessados na realização do evento contem com a aprovação prévia pela autoridade sanitária competente, no caso, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, para que o rodeio ocorra em zona urbana. Destarte, presente a plausibilidade das alegações da autora ANDA quanto ao seu pedido principal, consistente na proibição de realização de provas de rodeios e atividades congêneres no evento aqui tratado. Presente, também, plausibilidade das alegações do Ministério Público quando pretende, em sede liminar, a proibição de realização de toda e qualquer atividade das citadas festividades - 1º Rodeio Fest da Fazenda Coleginho - (rodeios, shows, praça de alimentação e outras diversões), pois, além de estarem previstas para acontecer em perímetro urbano, não contam com Alvará de Funcionamento e AVCB (que ainda podem

fls. 277 obter) e nem com Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV. Anota-se que a propria Municipalidade informa que a empresa promotora do evento não providenciou o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança), o que o coloca (o evento) em situação irregular, sem possibilidade de regularização até o dia marcado para acontecer. Tal exigência é indispensável, pois, a Lei de Uso e Ocupação do Solo nº 5.867/2014 e o Plano Diretor do Município de Jacareí repete os princípios inseridos no Estatuto da Cidade para ordenamento e controle do uso do solo de modo a evitar a edificação ou uso excessivo ou inadequado em relação à infraestrutura urbana, bem como a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como polos geradores de tráfego, sem a previsão da infraestrutura correspondente (artigo 2º, VI, c e d, do Estatuto da Cidade e a Lei Municipal 5.867/2014). Registre-se, quanto a presença do periculum in mora que, nesta fase processual há de se resguardar os interesses difusos e coletivos regionais em detrimento de eventuais prejuízos financeiros a serem suportados pelos requeridos e que as festividades estão previstas para acontecer nos próximos dias 24, 25 e 26 de junho p.f. Por fim, deve-se ressaltar que apenas se está conferindo a correta aplicação das normas atinentes ao caso, não havendo que se falar em ingerência do Poder Judiciário. Portanto, as medidas requeridas são urgentes e imprescindíveis para a garantia dos direitos difusos e preservação do meio ambiente aqui tratados. Dessa forma, defiro a liminar para determinar aos requeridos que: a) se abstenham de realizar quaisquer prova de rodeios, tais como montaria em touros, montaria em cavalos, sela americana, cutiano, bareback, montaria em carneiros, prova dos três tambores, team penning, working penning, ranch sorting, apartação, prova de

fls. 278 laço em dupla, bulldog, pega do garrote e quaisquer outras provas com animais, anunciadas para o evento denominado "1º Rodeio Fest da Fazenda Coleginho", previsto para acontecer nos próximos dias 24, 25 e 26 de junho p.f. (fls. 49), sob pena de multa diária individual de R$ 100.000,00 (cem mil), apos a intimação desta liminar; b) se abstenham de realizar qualquer outro tipo de atividade no evento denominado "1º Rodeio Fest da Fazenda Coleginho", previsto para acontecer nos próximos dias 24, 25 e 26 de junho p.f. (fls. 49) (como shows, praça de alimentação e outras diversões); sob pena de multa diária individual de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), por evento contrário a esta ordem. Oficie-se a Policial Civil e Militar para fiscalização do cumprimento da liminar. Desnecessário dispor, outrossim, acerca do dever da Municipalidade de acompanhar a evolução dos fatos, com a necessária fiscalização, pois isto decorre do próprio exercício do poder de polícia, do qual não pode se furtar. O cumprimento da decisão liminar também poderá ser fiscalizado, tanto pelos órgãos e agentes públicos acima oficiados, como também por entidades de proteção aos animais que assim o desejarem, dentre as quais, inclusive, a autora. Citem-se os requeridos dos termos da ação (inicial e emenda) e para, querendo, contestarem o feito no prazo legal; bem como intimem-se-os para observância da liminar. Sem prejuízo, providencie a autora a juntada aos autos do comprovante de registro de seu estatuto, comprovando sua legitimidade processual no prazo de dez (10) dias, sob pena de prosseguimento do feito somente com o Ministério Público no polo ativo. Intimem-se. Ciência ao MP.

fls. 279 Jacareí, 21 de junho de 2.016. ROSANGELA DE CASSIA PIRES MONTEIRO Juíza de Direito DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA