Autor: SINDICATO DOS PROFISSIONAIS DA ENFERMANGEM NO ESTADO DO TOCANTINS SEET

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Ana Luísa Castanho
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1 Estado do Tocantins Tribunal de Justiça 2ª Vara da Fazenda e Reg. Públicos de Palmas Processo n.º: Classe da Ação: Procedimento Comum Autor: SINDICATO DOS PROFISSIONAIS DA ENFERMANGEM NO ESTADO DO TOCANTINS SEET Requerido: ESTADO DO TOCANTINS Assunto(s): Jornada de Trabalho, Servidor Público Civil, DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO DECISÃO Da leitura da peça inicial verifica-se que o sindicato autor se insurge contra a Nota Técnica 02/2019/SES/GABSEC diante de uma majoração ocorrida na jornada de trabalho dos profissionais de enfermagem contratados de forma temporária. Sustenta a parte autora que o respectivo ato administrativo aumentou indevidamente para 40 horas semanais a carga horária dos citados profissionais, em desobediência ao estabelecido na Lei Estadual nº 2670/2012, que disciplina a carga horária semanal de 30 horas. Pois bem. De fato, a Lei Estadual nº 2670/2012, em seu art. 23, 1º, IV, alíneas d, l e m, estabelece a jornada de trabalho aos

2 enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, a jornada de trabalho de 30 horas semanais. In verbis: Art. 23. A jornada de trabalho do profissional da saúde é de quarenta horas semanais. 1º. A regra deste artigo não se aplica: I - ao Cirurgião-Dentista, cuja jornada é de vinte ou quarenta horas semanais, com vencimentos pagos proporcionalmente à carga de trabalho; II - ao Fisioterapeuta e ao Terapeuta Ocupacional, cuja jornada é de até trinta horas semanais, com vencimentos pagos proporcionalmente à carga de trabalho; III - ao Técnico em Radiologia, cuja jornada é de vinte e quatro horas semanais; IV - aos seguintes profissionais da saúde lotados exclusivamente nas unidades hospitalares sob gestão estadual, no Laboratório Central - LACEN e em hemocentro, cuja jornada é de trinta horas semanais: a) Assistente Social; b) Biólogo em Saúde; c) Biomédico; d) Enfermeiro; e) Farmacêutico;

3 f) Farmacêutico-Bioquímico; g) Fonoaudiólogo; h) Nutricionista; i) Psicólogo; j) Técnico em Laboratório; k) Auxiliar em Laboratório; l) Técnico em Enfermagem; m) Auxiliar de Enfermagem. *V - ao Médico, cuja jornada é de vinte até sessenta horas semanais, com vencimentos pagos proporcionalmente à carga de trabalho. 2º Cumpre ao Secretário de Estado da Saúde disciplinar o regime da jornada de trabalho dos profissionais da saúde. Nota-se, entretanto que o Estado do Tocantins, por meio do combatido ato administrativo, isto é, a Nota Técnica 02/2019/SES/GABSEC, sustentou a majoração da carga horária dos servidores contratados de forma temporária na Lei nº 1978/2008 a qual disciplina o Contrato Temporário. Não obstante, pelo que se infere da Lei nº 1978/2008, nota-se que apesar de a mesma ser omissa acerca da jornada de trabalho de servidores contratados de forma temporária, é expressa

4 no sentido de que O regime jurídico dos contratos temporários sujeita-se às normas de direito público, aplicando-se, ao pessoal contratado, além das cláusulas estabelecidas no respectivo contrato, as disposições do Estatuto dos Servidores Públicos Civis que não sejam exclusivas de servidores titulares de cargos de provimento efetivo ou que não contrariem o caráter temporário e transitório da contratação (art. 2º, 1º). Da simples leitura da referida norma legal é possível verificar, ainda que em sede de cognição sumária, ser cabível a carga horária de 40 horas semanais desde que prevista no contrato firmado entre Administração Pública Estadual e profissional da saúde contratado temporariamente. Caso contrário, ou seja, o contrato firmado com os temporários não prevendo a carga horária de 40 horas semanais, entendo ser razoável a aplicação quanto a estes profissionais, apenas de forma subsidiária, das disposições legais previstas na Lei Estadual nº 2670/2012. Subsidiária em virtude de a referida Lei ter sido publicada para disciplinar o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração PCCR de servidores públicos efetivos do quadro da saúde tocantinense, exclusividade esta que, de acordo com o próprio art. 2º, 1º, da Lei nº 1978/2008, em tese não se aplica ao profissional contatado de forma temporária. Em outra senda, verifico que o sindicato autor aduz, também, que tanto os servidores efetivos quanto os temporários encontramse exercendo 36 e 48 horas semanais respectivamente, em desrespeito às disposições contidas na Lei Estadual nº 2670/2012, inclusive, às disposições da Nota Técnica 02/2019/SES/GABSEC.

5 Em que pese tais alegações não estarem instruídas com documentação suficiente para sustentar as afirmações alegadas na peça inicial, de qualquer sorte, o pedido liminar se restringiu a determinar que o requerido cumpra as disposições previstas na Lei Estadual nº 2670/2012, em especial àquelas que disciplinam sobre a carga horária de 30 horas semanais, sendo, portanto, desnecessária a comprovação efetiva do descumprimento legal, vez que o Poder Público encontra-se vinculado, de qualquer maneira, à legalidade estrita. Presente, portanto, a probabilidade parcial do direito da parte autora no que tange ao descumprimento do princípio da legalidade por parte do ente demandado, não pode um ato administrativo, no caso uma Nota Técnica, contrariar texto expresso de lei. No que tange ao perigo de dano, entendo estar o mesmo caracterizado, diante dos prejuízos aos servidores efetivos e contratados que se encontram em labor no serviço público em dissonância ao contido na Legislação Estadual e, possivelmente, sem a devida contraprestação financeira nos casos de excesso. Posto isto, DEFIRO PARCIALMENTE a tutela de urgência almejada para determinar ao Estado do Tocantins que: a) cumpra o disposto no art. 23 da Lei estadual nº 2670/2012, concernente a limitação da carga horária dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem lotados exclusivamente nas unidades hospitalares sob gestão estadual, no laboratório central - LACEN e em Hemocentro, em 30 horas semanais,

6 suspendendo a escala de trabalho que ultrapasse a referida carga horária; b) aplique de forma SUBSIDIÁRIA a carga horária de 30 horas semanais prevista no art. 23 da Lei Estadual nº 2670/2012, aos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem contratados de forma temporária para exercerem funções de forma exclusiva nas unidades hospitalares sob gestão estadual, no laboratório central - LACEN e em Hemocentro, salvo se o contrato de trabalho firmado não disciplinar carga horária distinta. c) suspenda a escala de trabalho dos representados pelo sindicato autor que ultrapasse as 30 horas semanais, na hipótese de omissão de cláusula referente à carga horária no contrato de trabalho; d) suspenda a escala de trabalho dos representados pelo sindicato autor que ultrapasse as 40 horas semanais, na hipótese de tal carga horária estar prevista em contrato de trabalho. Notifique-se o Secretário Estadual de Saúde para que no prazo de 48 horas cumpra a presente decisão, pena de multa de R$ ,00 (dez mil reais) até o limite de 50 (cinqüenta) dias multa. Cite-se a parte requerida para apresentar resposta no prazo legal, sob pena dos efeitos processuais pertinentes.

7 Em havendo contestação, intime-se o autor para apresentar réplica no prazo legal. Sirva-se de cópia da presente decisão como mandado. Intime-se. Cumpra-se. Palmas, data certificada pelo sistema. EDIMAR DE PAULA Juiz de Direito Respondendo pela 2ª VFFRP

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