17 Workshop de Plantas Medicinais do Mato Grosso do Sul/7º Empório da Agricultura Familiar Teor de fenóis, flavonóides e taninos condensados do extrato bruto metanólico obtido da casca e folhas de Trichilia silvatica. *Jacenir Vieira da Silva 1 (PG), Maria do Carmo Vieira 2 (PQ); Anelise Samara Nazari Formagio 3 (PQ); Carla Roberta Volobuff 4 (PG), Kamilla Felipe 4 (PG), (PG), Jucilene Martins Alves 4 (PG). 1.Mestrando Ciências da Saúde-FCS-UFGD, Dourados MS, 2. Professora FCA- UFGD, 3.PNPD-CAPES,4. Mestranda Biologia geral-bioprospecção FCBA-UFGD. *Email: jacenirsilva@ufgd.edu.br RESUMO O trabalho teve como objetivo avaliar o teor do conteúdo de fenóis, flavonóides e taninos condensados presentes no extrato metanólico obtido das casca e das folhas de Trichilia silvatica. O teor de fenóis foi determinado pelo método de folin-ciocalteu s, flavonóides pela reção com cloreto de alumínio e taninos por reação com vanilina acidificada. O teor de fenóis, flavonóides e taninos das cascas foram de 235,78 mg/g, 42,54 mg/g e 1,72 mg/g, respectivamente. Nas folhas os valores demonstraram-se equivalentes para fenóis (254,901 mg/g) e taninos (2,60 mg/g) e superior para os flavonóides (209,302 mg/g) na análise comparativa entre ambas. Palavras-chave: catiguá, Meliaceae, constituintes químicos, INTRODUÇÃO A família Meliaceae possui cerca de 51 gêneros e 550 espécies, estando entre estas o gênero Trichilia sp. que possui cerca de 70 espécies, distribuídas principalmente na América tropical e África, sendo que 43 espécies ocorrem no Brasil. Dentre elas destaca-se T. emetica que apresenta atividade hepatoprotetor, T. catiguá utilizada como tônico para o tratamento de estresse, fadiga, impotência, déficit de memória, T. prieureana, T. roka e T. connaroides como inseticida pela presença de um limonóide conhecido como Azadiraquitina (CUNHA, 2004; FIGUEREDO, 2010; FREITAS et al. 2014). Trichilia silvatica (C. DC.), é conhecida popularmente como café-do-mato ou catiguá-branco. É endêmica no Brasil e encontra-se na categoria vulnerável de extinção na lista vermelha de plantas (Red List of Thretned Plants) da IUCN (International Union for Conservation of Nature) (PIRES O'BRIEN, 1998 apud FORMAGIO, 2014), estando
2 presente em Dourados estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. No trabalho realizado por Formagio et al (2012) verificou-se a ação anti-inflamatória do óleos essencial obtido a partir das folhas de Trichilia silvatica, fato esse atribuído ao percentual elevado de sesquiterpenos presentes. Dando continuidade ao estudo de T. silvatica, o trabalho teve por objetivo avaliar o teor de fenóis, flavonóides e taninos totais presentes nas flores e casca de Trichilia silvatica coletadas em Dourados-MS. MATERIAL E MÉTODOS Trichilia silvatica foi coletada na fazenda Coqueiro, município de Dourados-MS, uma exsicata encontra-se depositada no herbário da UFGD. O projeto foi desenvolvido no Laboratório de Plantas Medicinais da UFGD-FCA. Secagem do material e obtenção do extrato metanólico. A secagem do material vegetal (folhas e cascas separadamente) foi feita ao ar a temperatura ambiente e em seguida, trituradas em moinho de faca. A extração foi feita com metanol com intervalos de tempo de 48 a 72 horas. Em seguida, foram filtrados e concentrados em rotaevaporador sob pressão reduzida, em temperatura de no máximo 60ºC. O extrato metanólico concentrado foi transferido para um recipiente previamente pesado. Determinação do teor de fenóis totais A concentração de fenólicos totais das amostras foi determinada pelo Método Folin-Ciocalteu s (SINGLENTON E ROSSI, 1965). Para os testes, a cada 100 μl de amostra adicionou-se 1,5 ml de solução aquosa de carbonato de sódio 2%, 0,5 ml de reagente Folin-Ciocalteau (1:10 v/v) e 1 ml de água destilada. Reagiu-se por 30 minutos. A leitura foi realizada no espectrofotômetro em comprimento de onda de 760 nm. O mesmo procedimento foi empregado na análise do branco, sendo substituídos 100 μl de amostra por 100 μlde metanol (DJERIDANE et al., 2006). Para calcular a concentração de fenóis foi preparada uma curva analítica (10,0; 20,0; 25,0; 45,0; 50,0 e 60,0 μg) empregando o ácido gálico como padrão e as respectivas absorbâncias foram lidas. O procedimento experimental realizado com o padrão foi o mesmo utilizado para as
3 amostras. Com estes dados foi feita a regressão linear e obtida a equação da reta, a qual teve seus dados empregados no cálculo das amostras reais. Todos os testes foram realizados em triplicata. Determinação do teor de flavonóides Para o teste de flavonóides, a cada 500 μl das amostras adicionaram-se 1,50 ml de álcool etílico 95%, 0,10 ml de cloreto de alumínio 10% (AlCl3.6H2O), 0,10 ml de acetato de sódio (NaC2H3O2.3H2O) (1 mol L-1) e 2,80 ml de água destilada. Deixou-se reagir à temperatura ambiente por 40 minutos. Realizou-se a leitura no espectrofotômetro em comprimento de onda de 415 nm. O mesmo procedimento foi empregado na análise do branco (LIN e TANG, 2007). Para calcular a concentração de flavonóides foi preparada uma curva analítica (2,5; 5,0; 10,0; 15,0; 30,0; 40,0; 50,0; 60,0; 70,0 e 100,0 μg) empregando a quercetina como padrão e as respectivas absorbâncias foram lidas. Com estes dados foi feita a regressão linear e a equação da reta foi obtida. Todos os testes foram realizados em triplicata. Determinação do teor Taninos Condensados (TC) As concentrações de TC foram determinadas por uma versão modificada do método desenvolvido por Broadhurst e Jones (1978), adaptado por Agostini-Costa et al. (1999). Foram pesados 100 mg da amostra e solubilizado em 10 ml de metanol HPLC, em seguida 1 ml desta solução foi misturado a 5 ml de reagente de vanilina em tubos de ensaio com tampas de rosca. Em seguida os tubos de ensaio foram mantidos em banhomaria por 20 min. A leitura foi realizada em triplicata em espectrofotômetro em 510 nm. A catequina foi utilizada como padrão, nas concentrações de 2,5 a 40 μl. Os resultados foram expressos em mg/g de extrato RESULTADOS E DISCUSSÃO A determinação dos fenóis totais (FT) pelo método Folin Ciocalteu foi realizada através da elaboração da curva padrão do ácido gálico em várias concentrações, flavonóides pela curva padrão da quercetina e taninos condensados (TC) pela curva padrão de catequina em várias concentrações (Figura 1) e o teor de fenóis totais,
4 flavonoides e taninos condensados presentes na folha e casca de Trichilia silvatica está expresso na tabela 1. Nos extratos analisados observou-se variação dos teores constituintes analisados, com destaque para o extrato metanólico obtido das folha que apresentou maior quantidade de fenóis totais (254,90 mg/g), de flavonoides (209,30) e de taninos condensados (2,60mg/g). Ambos extratos apresentaram inferior teor de taninos condensados na comparação com fenóis e flavonóides. Conclui-se então, que o extrato obtido das folhas e cascas podem ser promissores em futuros estudos fitoquímicos e biológicos. Figura1. Curva de calibração para teor de Flavonóides (A), Fenóis (B) e Taninos (C). (A) (B) (C)
5 Tabela1. Comparação dos extratos brutos metanólico da folha e casca de Trichilia silvatica. Constituintes Folha (mg/g) Casca (mg/g) Fenóis 254,90 235,78 Flavonóides 209,30 42,54 Taninos 2,60 1,72 REFERÊNCIAS BROADHURST, R. B.; JONES, W. T. Analysis of condensed tannins using acidified vanillin. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 29, n.9, p. 788-794, 1978. CUNHA, U. SILVA da. Busca de substâncias de Trichilia pallida e Trichilia pallens (Meliaceae) com atividade sobre a traça-do-tomateiro Tuta absoluta (Meyrick) (Lep.:Gelechiidae). 2004. 126 folhas. Tese de doutorado em Ciências área- Entomologia. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo. 2004. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11146/tde- 05052005171354/ptbr.php, acesso em 18 de maio de 2014. DJERIDANE, A., YOUSFI, M., NADJEMI, B., BOUTASSOUNA, D., STOCKER, P., VIDAL, N. Antioxidant activity of some algerian medicinal plants extracts containing phenolic compounds. Food Chemistry, v. 97, p.654-660, 2006. FIGUEREDO, Elaine Rodrigues. Estudo fitoquimico e avaliação biológica dos extratos de Trichilia casarettii e Trichilia silvatica (meliaceae). 2010. 167 folhas. Tese Doutorado em Produção Vegetal. Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 2010. Disponível em:
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