Figura 1: Horário de exposição ao Sol (possibilidade de mais de uma resposta pelo entrevistado)



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Transcrição:

A POPULAÇÃO E A EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO SOLAR: UMA ANÁLISE DESCRITIVA Thiago Vital Pais * e Marcelo de Paula Corrêa * RESUMO Este trabalho apresenta uma análise do comportamento da população em relação aos hábitos de exposição ao Sol, tomando como base, para tanto, os habitantes da cidade de Itajubá, MG, localizada na latitude 22 0 24 S e longitude 45 0 30 W. No âmbito da saúde pública, a exposição excessiva à radiação solar pode trazer como conseqüências principais as fotodermatoses, destacando-se entre elas, os carcinomas espinocelular e basocelular, além do melanoma. No Brasil, o problema do câncer de pele é epidêmico, e aumenta a cada ano, sendo esperados aproximadamente 153 mil novos casos da doença em 2006. Além dos fatores genéticos, os grandes responsáveis por esta moléstia parecem ser o descuido e a desinformação de boa parte da população. A referida análise comportamental se fez através de um questionário que aborda aspectos como a cor da pele, o uso de protetores solares, o conhecimento sobre o assunto, entre outros. Como grande parte dos cânceres de pele se faz presente após anos de exposição, a maior parte das entrevistas se deu entre os jovens, conferindo à pesquisa um caráter também educativo, além de, obviamente, analítico. Os resultados revelam um significativo despreparo das pessoas em relação à exposição ao Sol. ABSTRACT Solar radiation overexposure can cause serious diseases like skin cancer or cataracts in human beings. For this reason, evaluations on the sun exposure behavior are very important to building and to organizing educational campaigns for early detection of these diseases or educational programs to teach the lay population about precautions to be taken during tanning or daily exposition. In this sense, this work shows the first results of a preliminary study on Brazilian people sun exposure behavior. Data were collected in the city of Itajubá, Minas Gerais (latitude 22 24 S; longitude 45 30 W) through a form. Questions on the skin color, sun exposure behavior, sunscreens use, subject s knowledge, among others, were done. Results evidence the lack of consciousness of the population in relationship to the simplest methods of sunburn and skin cancer prevention. Palavras-chave: Câncer de pele, saúde pública, radiação solar ultravioleta. INTRODUÇÃO A tão alardeada fama de país tropical, presenteado por belas praias e agraciado pela presença incessante do Sol ao longo de todo o ano, fez do Brasil uma espécie de paraíso natural, seja para os que aqui vivem, seja para os visitantes estrangeiros. Tal fama se enraizou tão profundamente dentre a população que, muitos dos hábitos que seriam condenáveis do ponto de vista médico, se tornaram, paradoxalmente, sinônimos de saúde, de vigor físico e de perfeição estética. Entre estes hábitos, * Instituto de Recursos Naturais Universidade Federal de Itajubá UNIFEI. Endereço: Av. BPS, 1303 CEP 37500-903, Itajubá/MG. Tel: (35) 3629.1449. E-mail: thiagovitaleam@yahoo.com.br; mpcorrea@unifei.edu.br.

pode-se citar a exposição duradoura e desprotegida ao Sol, bem como a busca por corpos bronzeados, que fazem do Brasil um país com elevada incidência de câncer de pele. Tal fato trás como conseqüência, além da deterioração da qualidade de vida de uma grande quantidade de indivíduos, enormes despesas aos cofres públicos quando do tratamento dos enfermos. Segundo SAMPAIO & RIVITTI (2001), denomina-se como fotodermatose um quadro cutâneo causado pela luz solar. As fotodermatoses compreendem dois grupos distintos: as fotodermatoses por irritação primária e as fotodermatoses por sensibilização. Enquadradas no primeiro grupo encontram-se as neoplasias malignas: carcinomas basocelular e espinocelular, além do melanoma maligno, cada uma destas mazelas habitualmente denominada como câncer de pele. Vale ressaltar que outros males advêm da exposição à radiação solar, como, por exemplo, a catarata. A preocupação com o tema se alicerça em dados sobre a ocorrência de cânceres cutâneos no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer INCA, em 2005 o número de casos de câncer de pele no Brasil foi de aproximadamente 119 mil, e a expectativa é de que este valor aumente razoavelmente em 2006, atingindo valores próximos de 153 mil casos (INCA, 2005). Como já é de domínio médico e científico o conhecimento de que boa parte da ocorrência dos cânceres de pele se deve à exposição prolongada e descuidada ao Sol, o mérito deste trabalho se faz presente na medida em que o mesmo busca apontar e interpretar possíveis equívocos quando desta exposição. Ainda que o estudo se restrinja, por enquanto, a uma única cidade brasileira (no caso, o município mineiro de Itajubá), sabe-se que o mesmo tem caráter mais amplo, já que depende dos hábitos regionais e não meramente a questões espaciais. Neste primeiro momento, a análise comportamental se fez majoritariamente entre jovens, reforçando a idéia de que a ocorrência das mais graves fotodermatoses se dá após anos de exposição, e, assim sendo, a proteção ou a exposição adequada desde cedo se faz fundamental. Adicionalmente a isto, confere-se ao trabalho ao menos a possibilidade de certo caráter educacional, na medida em que busca sugestionar mudanças na maneira usual de encarar a exposição à radiação solar ultravioleta. METODOLOGIA A aplicação do questionário, que pode ser visualizado através da internet (http://www.solar.unifei.br/pesquisa_uv.html), para as análises aqui apresentadas, foi realizada entre os meses de abril e junho de 2006, na maior escola pública de Itajubá (Escola Estadual Major João Pereira), na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), em cursos pré-vestibulares, em repartições públicas e em domicílios. A análise dos resultados foi baseada no método estatístico de amostragem aleatória simples, tolerando-se um erro máximo de 4% e considerando-se um índice de confiança de 95%. Deste

modo, estimando-se uma população de 90.000 habitantes para o ano de 2006, o número de entrevistas necessárias foi de 761 (57% do sexo feminino e 43% do sexo masculino). RESULTADOS E DISCUSSÃO Nesta seção é apresentada apenas parte dos dados encontrados com a aplicação do questionário, bem como uma breve interpretação dos mesmos. A grande maioria dos entrevistados (96%) apresentou-se com idade entre 5 e 25 anos, ou seja, a aplicação dos questionários se concentrou, como já dito, entre os jovens, sendo que apenas 2% dos entrevistados possuíam mais de 35 anos. Com relação à cor da pele, observou-se uma grande maioria (95%) de brancos e morenos, o que vale dizer, sobre outro prisma, uma grande maioria de indivíduos com probabilidade não desprezível de serem acometidos por câncer de pele; o que reforça a necessidade de uma exposição ao sol que não incorra em perigos à saúde. Mulatos e negros representaram 5% do universo estudado. Em relação ao comportamento dos entrevistados quando da exposição ao sol, a figura 1 mostra o horário habitual de exposição à radiação solar da população estudada: Figura 1: Horário de exposição ao Sol (possibilidade de mais de uma resposta pelo entrevistado) É nítido que grande parte dos entrevistados se expõe ao Sol em horário tido como o mais prejudicial pelos especialistas, ou seja, entre 10 e 15 horas. Vale lembrar também que muitos dos entrevistados assinalaram mais de uma resposta, o que vale dizer que estes se expõem ao Sol em mais de um intervalo considerado, o que aumenta os riscos de fotodermatoses. Contudo, grande

parte das respostas remete à possibilidade de nenhuma ou quase nenhuma exposição, fato que, se tomado como verdadeiro, descarta a necessidade de maiores cuidados quando da exposição. A figura 2 contempla a freqüência com que os entrevistados utilizam protetor solar. Tais resultados indicam o uso equivocado dos protetores, que é a de utilizar proteção somente em situações esporádicas, acreditando-se que nestas, e somente nestas situações, a radiação solar se faz perigosa. Isso mostra que a maior parte da população não tem o hábito de se precaver das exposições do dia-a-dia. Observa-se que 43% dos entrevistados utilizam loções somente quando vão à praia, piscina ou clubes em geral, outros 12% usam somente durante o verão e outros 10% quando vão tomar banho de sol. Somente 15% dos entrevistados utilizam loção em qualquer época do ano, ou seja, apenas estes seguem a recomendação da maioria dos especialistas. Mais grave ainda é notar que 19% dos entrevistados assinalaram nunca utilizar loções protetoras, estando sempre de forma desprotegida expostos ao Sol. Figura 2: Época/ocasião em que se utilizam loções protetoras A próxima interrogativa faz menção ao número ou ao Fator de Proteção Solar (FPS) utilizado pelos entrevistados, sendo os resultados encontrados na figura 3. Pelos números encontrados depreende-se que grande parte dos entrevistados (71%) utiliza um FPS maior ou igual a 15, estando dentro da recomendação dos profissionais da saúde. Vale uma ressalva, todavia, que se faz importante ao se atentar que 19% dos entrevistados não fazem uso de proteção, o que vale dizer que praticamente 1/5 dos entrevistados se expõem ao Sol de forma absolutamente desprotegida, reiterando o resultado encontrado na figura 2.

Figura 3: Fator de Proteção Solar utilizado Os resultados já apresentados revelam despreparo da população estudada quanto à proteção ao sol e são reforçados pelos números relativos à forma como se utiliza o protetor solar (figura 4). Figura 4: Forma de utilização do protetor solar (possibilidade de mais de uma resposta pelo entrevistado) A figura 4 reforça a idéia de que a grande maioria das pessoas faz uso dos protetores solares apenas de forma esporádica, havendo, no entanto, os que se protegem de forma eficaz - ao menos no que concerne ao uso correto - recorrendo ao protetor cerca de 30 minutos antes da exposição. Outros resultados confirmam que a exposição ao Sol esta longe de ser realizada de forma ideal, como, por exemplo, ao se perguntar aos entrevistados sobre os motivos creditados a não utilização dos protetores solares. A maior parte das respostas foi surpreendentemente relacionada ao

fator preguiça. Notou-se, também, que os altos preços dos protetores também são justificados como motivos pela não utilização destes produtos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Estes são resultados preliminares de um estudo mais amplo que também está sendo realizado nas cidades de São Paulo (SP), Presidente Prudente (SP), e Itabuna (BA). Os dados até aqui coletados sugerem inúmeros equívocos quando da exposição ao Sol, bem como uma significativa falta de informação sobre o assunto. Os estudos que se iniciarão nas outras cidades poderão, como acreditam os autores, confirmar esta tendência. De todo modo, políticas de esclarecimento à sociedade sobre os perigos da radiação solar ultravioleta e sobre como se prevenir ou se proteger da mesma parecem, ao que tudo indica, imprescindíveis para a sociedade e os serviços de saúde pública. AGRADECIMENTOS À FAPEMIG (Fundação de Amparo de Minas Gerais). Aos sempre presentes Agrício, Ana Lúcia e Tatiana. Em especial à Osmarina. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Sampaio S.A.P, Rivitti E.A.(2001). Dermatologia, 2 a edição. São Paulo: Artes Médicas. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. [acesso em: 2006 Jul 12]. Disponível em http://www.inca.gov.br. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Estimativa de câncer 2006 [acesso em: 2006 Jul 12]. Disponível em http://www.inca.gov.br/estimativa/2006/. 4. Corrêa M.P. A divulgação do índice ultravioleta como prevenção ao excesso de exposição ao Sol: uma contribuição da meteorologia para o desenvolvimento de políticas públicas para a saúde no país. Anais do XIII Congresso de Meteorologia, Fortaleza CE, 2004. 5. Brasil. Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. [acesso em: 2006 Jul 12]. Disponível em http://www.cptec.inpe.br/. 6. Brasil. Sociedade Brasileira de Dermatologia. [acesso em: 2006 Jul 13]. Disponível em http://www.sbd.org.br. 7. Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. [acesso em: 2006 Jul 15]. Disponível em http://www.ibge.gov.br