AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO COTIDIANO DA SALA DE AULA E O BOM PROFESSOR 1

Documentos relacionados
FORMAÇÃO E A IDENTIDADE DOCENTE: PERSPECTIVAS PARA UMA PRÁXIS REFLEXIVA 1

FORMAÇÃO INICIAL NOS CURSOS DE LICENCIATURA E PEDAGOGIA: QUAL O SEU IMPACTO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE UM BOM PROFESSOR?

Relembrando a aula

CRIATIVIDADE E PRODUÇÃO TEXTUAL: PRÁTICAS DE INCENTIVO À LEITURA

Prática docente em discussão: o bom professor na percepção dos acadêmicos de Letras da UEG- Inhumas

Integrada de Química. Prof. Dr. Carlos Eduardo Bonancêa

PESQUISA EM SALA DE AULA E FORMAÇÃO DOCENTE

O PAPEL DAS INTERAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

O SABER PEDAGÓGICO E A INTERDISCIPLINARIDADE COMO PRÁTICA DE ENSINO APRENDIZAGEM 1

ESTÁGIO E FORMAÇÃO DOCENTE: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO FUTURO PROFESSOR

FUNDAMENTOS DA SUPERVISÃO ESCOLAR

A CONTEXTUALIZAÇÃO COMO AGENTE FACILITADOR NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

PORTFÓLIO - DO CONCEITO À PRÁTICA UNIVERSITÁRIA: UMA VIVÊNCIA CONSTRUTIVA

Introdução. Referencial teórico

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

Práticas linguísticas, currículo escolar e ensino de língua: um estudo inicial.

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

Aula 1 O processo educativo: a Escola, a Educação e a Didática. Profª. M.e Cláudia Benedetti

INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS IFG

SABERES E COMPETÊNCIAS NECESSÁRIOS À DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E A EXPERIÊNCIA DO PIBID EM UMA IES COMUNITÁRIA: CAMINHOS PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UMA CONCEPÇÃO DE TRABALHO DOCENTE

O CUBO E O GEOGEBRA: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL DURANTE A FORMAÇÃO INICIAL NO MUNICÍPIO DE BRASILÉIA

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

USO DO AUDIO-IMAGEM COMO FERRAMENTA DIDÁTICO PEDAGÓGICA EM ATIVIDADES EM SALA DE AULA.

No entanto, não podemos esquecer que estes são espaços pedagógicos, onde o processo de ensino e aprendizagem é desenvolvido de uma forma mais lúdica,

A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAS: DISCIPLINA PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MENTAIS

FORMAÇÃO Professores de Física.

O JOGO COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

FORMAÇÃO DE PROFESSOR: A CONSTRUÇÃO DO SABER DOCENTE¹

O PROFESSOR SUPERVISOR DO PIBID: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÁTICA E CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DE NOVOS DOCENTES

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA NO CURSO DE PEDAGOGIA: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL

O Valor da Educação. Ana Carolina Rocha Eliézer dos Santos Josiane Feitosa

EDUCAÇÃO INFANTIL E A SEXUALIDADE: O OLHAR DO PROFESSOR

Aula 1 O processo educativo: a Escola, a Educação e a Didática. Profª. M.e Cláudia Benedetti

Palavras-chave: Formação docente, Concepção didática, Licenciatura

OS JOVENS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM BUSCA DA SUPERAÇÃO NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO

COMO SER UM PROFESSOR AUTÔNOMO? DA TEORIA À PRÁTICA, REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE ALEMÃO COMO LE

Entrevista com Pedagogo responsável pelo conteúdo dos exercícios on-line do site

FORMAÇÃO E SABERES DOCENTES NA INTERFACE DA MATEMATICA

ENSINO MÉDIO INTEGRADO: Princípios, conceitos e relações com a pedagogia de multiletramentos

ENTRE ESCOLA, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E SOCIEDADE, organizados na seguinte sequência: LIVRO 1 DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO NA RELAÇÃO COM A ESCOLA

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO

Educação, tecnologia, aprendizagem exaltação à negação: a busca da relevância

ITINERÁRIOS DE PESQUISA: POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO E PRÁXIS EDUCACIONAIS

AS VOZES DOS ALUNOS E SUAS DEFINIÇÕES DE UM BOM PROFESSOR 1. Raylane Oliveira Silva (Autora) Licenciada em Pedagogia

A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO DOS PROFESSORES DE TRÊS ESCOLAS MUNICIPAIS DE IMPERATRIZ-MA 1

A experiência do Projeto de Iniciação a Docência na Escola Vilma Brito Sarmento: as implicações na formação do professor supervisor

Contrato didático e (in)disciplina. Professora: Dra. Eduarda Maria Schneider

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO EIXO NORTEADOR NO ENSINO DE BIOLOGIA.

O campo de investigação

O PROFESSOR-GESTOR E OS DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE. Palavras-chave: Professor-gestor, desafios, docência.

O que já sabemos sobre a BNCC?

Espaços educativos no século XXI - Representações midiáticas de professores Por Talita Moretto

O DESINTERESSE DOS ALUNOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA

PLANO GESTÃO Números de alunos da escola e sua distribuição por turno, ano e turma.

EDUCAÇÃO NO CAMPO: A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO PERFIL DO ALUNO COM ALTO RENDIMENTO ESCOLAR Janaína Da Silva Rosa

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO DOCENTE NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NO CAMPUS AMAJARI - IFRR: PERCEPÇÕES, DESAFIOS E PERSPECTIVAS

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA PAISAGEM NO ENSINO DA GEOGRAFIA

FATORES QUE INTERFEREM NA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DOS ALUNOS DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO DO IFCE - CAMPUS IGUATU NA DISCIPLINA DE QUÍMICA

APROXIMANDO UNIVERSIDADE E EDUCAÇÃO BÁSICA PELA PESQUISA NO MESTRADO

PENSAMENTOS DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS SOBRE SABERES DOCENTES: DEFINIÇÕES, COMPREENSÕES E PRODUÇÕES.

O ENSINO DA GEOGRAFIA DA PARAÍBA E A ABORDAGEM DO LUGAR E DA ANÁLISE REGIONAL NO ESTUDO DA GEOGRAFIA DO ESTADO NO ENSINO BÁSICO.

APRENDER E ENSINAR: O ESTÁGIO DE DOCÊNCIA NA GRADUAÇÃO Leise Cristina Bianchini Claudiane Aparecida Erram Elaine Vieira Pinheiro

O PAPEL DO PROFESSOR DE ESCOLA PUBLICA NO ENSINO DA LÍNGUA ESPANHOLA

REGULAMENTO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DOS CURSOS DE LICENCIATURA DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIAS DO AMAZONAS IFAM

ENSINO DE HISTÓRIA: UM ESTUDO DESCRITIVO DA LEITURA E DA INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

Aula. Ensino e Aprendizagem: os dois lados da formação docente. Profª. Ms. Cláudia Benedetti

Palavras-chave: Formação e Profissionalização docente; Estado da arte; ANPEd

A IMPORTÂNCIA DA FAMILIA NA ESCOLA. DIOGO MARIANO HILDEFONSO¹ COLORADO DO OESTE RO BRASIL

Gilmara Teixeira Costa Professora da Educação Básica- Barra de São Miguel/PB )

A RELAÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS/BIOLOGIA COM A PRÁTICA DOCENTE

A FORMAÇÃO LEITORA DE LICENCIANDOS EM PEDAGOGIA: O PAPEL DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO NESSE PROCESSO

AVALIAÇÃO: CONCEPÇÕES DE EDUCADORES E EDUCANDOS EM UMA ESCOLA ESTADUAL NO MUNICÍPIO DE PARINTINS AM 1

I FÓRUM DE LICENCIATURAS DA UESPI REFLEXÕES SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA ESCOLA. Profª Dra. Emanoela Moreira Maciel

Contribuições do Pibid na construção dos conhecimentos específicos na formação inicial de professores de Ciências

O ENSINO DA MATEMÁTICA EM SALA DE AULA: UM ESTUDO DIDÁTICO-REFLEXIVO COM UMA TURMA DO 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

O PIBID DIVERSIDADE NA ESCOLA DO CAMPO: O CASO DAS ATIVIDADES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS VOLTADAS PARA A OBMEP

ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DO LICENCIADO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS

GÊNERO TEXTUAL GUIA DE VIAGEM: CAMINHOS E POSSIBILIDADES

Palavras-chave: Educação Estatística; Cotidiano; Interpretação de Gráficos; Ensino Médio.

REPRESENTAÇÕES EM RELAÇÃO À FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOCENTE: ALGUMAS REFLEXÕES DOS ALUNOS DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

A CONCEPÇÃO DE ENSINO ELABORADA PELOS ESTUDANTES DAS LICENCIATURAS

Professor ou Professor Pesquisador

Education and Cinema. Valeska Fortes de Oliveira * Fernanda Cielo **

1. VIVÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO DA CIRANDA INFANTIL SEMENTE DA ESPERANÇA

HISTÓRIA DE VIDA, FORMAÇÃO E IDENTIDADE DOCENTE: BUSCANDO A REALIZAÇÃO DE UM SONHO

O OLHAR DO PROFESSOR DA EJA: METODOLOGIA COM CARÁTER INVESTIGATIVO EM SALA DE AULA

OFICINA: Aprendizagem no Ensino Superior. FORMADORAS: Profa. Blaise K. C. Duarte Profa. Lourdes Furlanetto Profa. Luciane Nesello

O ESTÁGIO DOCENTE NA POS-GRADUAÇÃO ESPAÇO OU LUGAR DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO?

I Simpósio Nacional de Ciência e Meio Ambiente Progresso, Consumo e Natureza Desafios ao Homem

Palavras-chave: Práticas Educativas; matemática; informática; softwares.

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO RELIGIOSO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA DOCENTE

Uma Nova Descoberta: Estágio Supervisionado

INSTITUTO DE PESQUISA ENSINO E ESTUDOS DAS CULTURAS AMAZÔNICAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO ACRIANA EUCLIDES DA CUNHA

RELAÇÃO FAMILIA E ESCOLA: CONSTRUÍNDO A GESTÃO DEMOCRÁTICA PARTICIPATIVA

ESPÍNDOLA, Ana Lucia O papel do professor na formação de leitores nos primeiros anos de escolarização 1 Introdução Neste trabalho tratamos do papel

Palavras-chave: formação continuada; prática docente; metodologia de ensino.

FACED PARA LICENCIANDOS. Eixo Temático: A docência na escola e na formação de professores

PERCEPÇÕES E VIVÊNCIA DE DOIS GRADUANDOS EM ENFERMAGEM E BIOLOGIA NO CONTEXTO DO ENSINO BÁSICO

Transcrição:

AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO COTIDIANO DA SALA DE AULA E O BOM PROFESSOR 1 Raylane Oliveira Silva (Autora) Licenciada em Pedagogia Irlanda do Socorro de Oliveira Miléo (Orientadora) Doutora em Educação Universidade Federal do Pará RESUMO Este estudo busca mostrar um pouco sobre as relações professor-aluno e aluno-professor, que aparecem nas salas de aulas e contribuem positivamente ou de maneira negativa nas execuções de práticas pedagógicas planejadas e desenvolvidas pelos docentes. O objetivo geral é analisar os fazeres pedagógicos dos professores, por meio de uma pesquisa bibliográfica, identificando assim suas implicações no processo de ensino e aprendizagem que podem incidir na definição do bom professor. PALAVRAS CHAVES: Prática pedagógica. Relação professor-aluno. Bom professor. INTRODUÇÃO Atualmente, os docentes desenvolvem suas ações didáticas e pedagógicas de modo a oportunizar situações de aprendizagens significativas, com a expectativa de formar alunos e alunas que interajam criticamente no meio social. Porém, não se trata de um simples fazer educativo assistemático, mas demanda formações e comprometimento, os quais nem sempre, são reconhecidos pelos governantes e pela própria sociedade. As práticas pedagógicas dos docentes são influenciadas por diversos fatores e entre estes podemos destacar a relação professor aluno como algo essencial para o sucesso ou fracasso do processo de ensino e aprendizagem. O interesse em estudar esse tema surgiu a partir da disciplina Didática e formação docente, ministrada durante minha formação em pedagogia, na qual tivemos a oportunidade de ler o livro O bom professor e sua prática, da autora Maria Isabel da Cunha (1988). A partir do questionamento levantado no decorrer da disciplina em relação às práticas pedagógicas utilizadas pelos docentes e como os educandos reagem com as mesmas, percebi que os fazeres e estratégias 1 Este estudo é um recorte do trabalho de conclusão do curso de licenciatura em Pedagogia, realizado na Universidade Federal do Pará, campus Altamira.

que os professores adotam, influenciam o processo de ensino e aprendizagem, uma vez que elas são capazes tanto de despertar nos estudantes um interesse em aprender algo, como também podem desestimular a aprendizagem. 1.1 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E OS MEANDROS NAS RELAÇÕES PROFESSOR- ALUNO E ALUNO-PROFESSOR Sabemos que a relação professor-aluno é essencial no processor educativo nas escolas, está relação é capaz tanto de motivar os alunos quanto favorecer uma desmotivação nos mesmos em aprender e até mesmo em ir à escola. Todo o processo educativo desenvolvido na escola vai estar mediado por esta relação. Tardif (2002, p. 130) ao tratar sobre algumas questões do trabalho docente e o ensino, afirma que: Um componente emocional manifesta-se inevitavelmente, quando se trata de seres humanos. Quando se ensina, certos alunos parecem simpáticos, outros não. Com certos grupos, tudo caminha perfeitamente bem; com outros, tudo fica bloqueado. Uma boa parte do trabalho docente é de cunho afetivo, emocional. Baseia-se em emoções, em afetos, na capacidade não somente de pensar nos alunos, mas igualmente de perceber e de sentir suas emoções, seus temores, suas alegrias seus próprios bloqueios afetivos. Desta maneira percebemos a importância do desenvolvimento de boas relações entre professores e alunos em sala de aula, e na escola de maneira geral, pois estas também podem ser um dos fatores que estão ligados ao sucesso ou fracasso escolar. Para estudarmos estas relações, precisamos compreender os professores e os alunos como seres históricos e culturais, pois todos os seres humanos tem suas ações influenciadas pelo meio em que vivem. É importante fazermos estas discussões entre o contexto social do professor e do aluno, para que possamos estudar as relações que são desenvolvidas em sala de aula e como essas relações interferem no trabalho docente e de que maneira colaboram na aprendizagem. Cunha (1988), em sua tese de doutorado, discutindo sobre a prática pedagógica do Bom Professor, nos destaca que: A vida cotidiana é a objetivação dos valores e conhecimentos do sujeito dentro de uma circunstância. É através dela que se faz concreta a prática pedagógica, no caso do professor. É tentar descobrir como ele vive e percebe as regras do jogo escolar, que ideias vivencia na sua prática e verbaliza no seu discurso e que relação estabelece com os alunos em que vive (CUNHA, 1988, p. 35). No dia a dia o professor utiliza muitas práticas em suas aulas, e estas práticas não são isoladas, não são de acordo apenas com sua subjetividade, mas sim influenciadas pelo contexto

social. Cunha (1988, p. 6) diz que Estudar, pois, o professor como ser contextualizado nos parece da maior importância. É o reconhecimento do seu papel e o conhecimento de sua realidade que poderão favorecer a intervenção no seu desempenho. A autora destaca a importância de estudar o contexto social onde este docente está inserido, e isto é sem dúvida um fator que muito interfere no trabalho docente, pois os professores criam suas possibilidades e limites de acordo com o meio em que o mesmo está atuando. Assim como o docente, o aluno também é um ser contextualizado, que também possui seus saberes e suas experiências. Cunha (1988, p. 14) afirma que O aluno é considerado como alguém situado historicamente. Traz um saber que lhe é próprio, que precisa ser valorizado, mas também reelaborado dentro da cultura acumulada para que, conscientemente, possa operar mudanças na realidade. Desta maneira, a autora nos ajuda a compreender como o meio social vai influenciar na construção de algumas características do professor, que interferem em seu modo de agir, ou em suas práticas pedagógicas, e vão assim construindo a sua identidade. Existem muitas relações que intermediam o processo de educação na escola, porém geralmente vemos artigos, livros, entre outros documentos, que destacam apenas sobre a importância da relação professor/aluno, destacando essa relação como essencial para que a aprendizagem ocorra pela compreensão, isto é fato, mas existem também outras relações que muitas vezes não são citadas, e que colaborem de maneira significativa no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, que são as relações dos alunos com os próprios alunos e dos professores com os demais professores da escola. Admitimos que há uma escassez de materiais que retratam a importância dessas outras relações que aparecem no espaço escolar. 1.2 AS BOAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, O BOM PROFESSOR E O SUCESSO ESCOLAR Discutirmos as boas práticas pedagógicas remete a questões complexas, pois não existe uma definição universal, fixa, do que seja uma boa prática pedagógica, ou um bom professor. Portanto, todas as vezes que citarmos a palavra bom, está virá entre aspas, pois não temos uma verdade absoluta em relação a este conceito, e mesmo sabendo destas impossibilidades, tentaremos trazer algumas considerações na tentativa de nos aproximarmos de uma compreensão do bom professor, destas boas práticas pedagógicas que trazem o sucesso escolar.

Ao analisarmos o que significa a palavra bom, recorremos ao dicionário, Houaiss, onde a palavra Bom significa: Que tem o necessário para; que cumpre as exigências de: um bom carro; um bom trabalhador; um bom cidadão (HOUAISS, S/D). Assim percebemos, que para esta definição, o que é bom cumpri as exigências, no caso da profissão docente, temos que procurar artifícios para que se possa cumprir as exigências de maneira a fazer com que o processo ensino e aprendizado aconteça em uma relação de compreensão, como afirma Veiga (1996, p. 160): O ensino não pode ser considerado apenas como instrumento para o desenvolvimento do processo de transmissão do conhecimento produzido. A tarefa central do ensino para a compreensão no contexto de uma nova organização pedagógica é proporcionar oportunidades didáticas para que a aprendizagem ocorra por compreensão. Percebemos que a aprendizagem é um elemento central do trabalho docente, assim os professores, para serem considerados bons, precisam buscar meios para que os alunos possam de fato, compreender o que está sendo exposto, assim, as aulas devem ser voltadas para a compreensão, não apensas repassando conteúdos, mas sim fazerem os alunos compreenderem. Para Cunha (1988), definir o bom não é tão simples, pois este conceito é muito variável, e muda de sujeito para sujeito e também de acordo com cada época que vivemos. Assim a autora nos afirma que: As instituições de ensino de qualquer um dos graus não tem projeto próprio, explícito, que delineie o padrão ideal. Assim, quando se fala de BOM PROFESSOR, as caractericas e/ ou atributos que compoem a ideia de bom são frutos do julgamento individual do avaliador. É claro que a questão valorativa é dimensionada socialmente. O aluno faz a sua construção própria de bom professor mas, sem duvida, esta construção está localizada num contexto histórico- social. Nela, mesmo de forma difusa ou pouco conciente, estão retratados os papeis que a sociedade projeta para o BOM PROFESSOR. Por isso ele não é fixo, mas se modifica conforme as necessidades de seres humanos situados no tempo e no espaço (CUNHA, 1988, p. 63-64). Desta forma compreendemos o conceito de bom professor como uma incógnita, na qual estamos querendo sempre descobrir o seu real significado mas, dificilmente iremos chegar a um conceito único, como diz a autora, pois a sociedade muda, o tempo passo, e o que desejamos e o que definimos como bom hoje, amanhã pode não ser mais, assim podemos nos aproximarmos um pouco de um senso comum, mas raramente esse conceito será definido universalmente, devido suas diversas contradições, e devido as mudanças pelo qual passa constantemente nossa sociedade.

Percebemos que definir o bom professor é praticamente impossível, mas em cada pensamento, em cada ser humano, seja ele pai, mãe, alunos, professor, existe um conceito definido, e geralmente este conceito vem relacionado com os resultados ligados ao sucesso escolar. Ou seja, a figura do bom professor é quase sempre ligada a aquele profissional que consegue fazer seus alunos tirarem boas notas, seja nas avaliações internas da escola ou nas avaliações externas. No dia a dia costumamos afirmar e ver pessoas afirmando que o professor é responsável pelo sucesso escolar, geralmente vemos pessoas jogando a responsabilidade do sucesso ou fracasso escolar nos professores, esquecendo assim das dificuldades que estes enfrentam, das reais condições de trabalho que estes vivenciam, e também tiram a culpa das famílias na sua responsabilidade pelo sucesso escolar, sendo que esta última é tão importante quanto o apoio do professor. A família se configura como uma das peças principais aonde se busca o desenvolvimento de uma aprendizagem com qualidade, não basta apenas a escola/professor fazer seu papel, mas é necessário que a família dê continuidade à está tarefa. Não existe nessa relação, escola/professores/família uma classificação de mais importante, ambos são essenciais para que haja uma continuidade do processo educativo. Segundo as autoras Polonia e Dessen (2005) discutindo sobre a relação da família-escola, nos afirmam que: Quando a família e a escola mantêm boas relações, as condições para um melhor aprendizado e desenvolvimento da criança podem ser maximizadas. [...] A escola deve reconhecer a importância da colaboração dos pais na história e no projeto escolar dos alunos e auxiliar as famílias a exercerem o seu papel na educação, na evolução e no sucesso profissional dos filhos e, concomitantemente, na transformação da sociedade (POLONIA e DESSEN, 2005, p. 304). Assim percebemos a importância dessas duas instituições (família e escola) trabalharem em conjunto, pois isto favorecerá uma formação com mais qualidade e que venha a formar cidadãos responsáveis por uma sociedade melhor. CONCLUSÃO Ao falarmos de práticas pedagógicas, já estamos falando da relação professor-aluno, pois estes são inseparáveis. Estas relações são capazes de produzir um sentido ao processo educativo, assim percebemos a necessidade de discutirmos sobre esta temática de forma mais profunda, precisamos que as instituições formadoras de professores possam fazer essas discussões de uma maneira mais intensa, pois estas são essenciais para o sucesso ou fracasso escolar.

Diante disso, percebemos que as práticas pedagógicas dos professores sofrem diversas interferências do meio externo, e que estas são mais fortes que a subjetividade docente. Assim notamos que é necessário todo um conjunto de mudanças em relação a valorização docente, ou melhor, basta apenas colocar em ação o que dizem os documentos que regulamentam está profissão, pois sabemos que um profissional valorizado se sente motivado a desenvolver um bom trabalho e assim se aproximar da definição de um bom professor. REFERÊNCIAS CUNHA, M. I. O bom professor e a sua prática. Campinas, SP: Papirus, 1988. DESSEN, M. A; POLONIA, A. Da C. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v17n36/v17n36a03>. Acesso em: 29 fev. 2016. HOUAISS, A. Dicionário da Língua Portuguesa. Versão online. Disponível em: <http://www.dicio.com.br>. Acessado em: 20 dez. 2015. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. VEIGA, I. P. A. Ensino e avaliação: uma relação intrínseca à organização do trabalho pedagógico. In: VEIGA, I. P. A. (Org.). Didática: o ensino e suas relações. Campinas, SP: Papirus, 1996.