UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE

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No que se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, bem como às funções essenciais à justiça, julgue os seguintes itens.

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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE A IRRETROATIVIDADE NA APLICAÇÃO DO NOVO REGIME DE PROGRESSÃO EM CRIMES HEDIONDOS: POSICIONAMENTOS DOUTRINÁRIOS E JURISPRUDENCIAIS Por: Ramon Barros Lopes Orientadora Prof. Valesca Rio de Janeiro 2008

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE A IRRETROATIVIDADE NA APLICAÇÃO DO NOVO REGIME DE PROGRESSÃO EM CRIMES HEDIONDOS: POSICIONAMENTOS DOUTRINÁRIOS E JURISPRUDENCIAIS Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Processual Civil. Por: Ramon Barros Lopes.

RESUMO A Lei nº. 11.464, de 29 de março de 2007, traz em seu conteúdo o resgate do princípio constitucional da individualização da pena na execução penal ao estabelecer a possibilidade legal da progressão de regime, mesmo nos crimes tipificados como hediondos. A análise do posicionamento doutrinário e jurisprudencial da nova disciplina legal para a progressão de regime, nesses casos, e a sua aplicabilidade diante dos princípios do direito penal intertemporal são os objetos deste estudo.

METODOLOGIA A metodologia utilizada para a elaboração da presente monografia foi a pesquisa bibliográfica, tendo como fonte para a coleta de dados: a doutrina atual, a legislação, artigos jurídicos, pesquisas na internet entre outros materiais de cunho científico. Como busca de documentos eletrônicos utilizou-se como palavras-chave de chamada: crimes hediondos, regime de progressão, irretroatividade.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO 5 CAPÍTULO I O INÍCIO DA REPRESSÃO AOS CRIMES HEDIONDOS 8 CAPÍTULO II REGIME DE PROGRESSÃO: DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL À LEI 11464/07 14 CAPÍTULO III DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL 21 CONCLUSÃO 25 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 27 ÍNDICE 29

INTRODUÇÃO O presente estudo tem como problemática central abordar o posicionamento doutrinário e jurisprudencial acerca da irretroatividade na aplicação da progressão de regime em crimes hediondos. Entretanto, antes de qualquer estudo doutrinário e jurisprudencial faz-se necessário esclarecer de forma jurídica o que vem a ser o crime hediondo. O crime hediondo, ao contrário do que se possa pensar, não é o crime praticado com extrema violência, com crueldade, e sem nenhum senso de compaixão ou misericórdia por parte de seus autores. Os crimes hediondos são aqueles expressamente previstos na Lei nº 8.072/90, ou seja, são os crimes que o legislador entendeu por merecerem maior reprovação por parte do Estado. A criminologia sociológica entende como crimes hediondos aqueles entendidos como crimes mais graves, mais revoltantes, que causam maior aversão à coletividade. Portanto, o crime hediondo diz respeito ao delito cuja lesividade é acentuadamente expressiva. Um crime de extremo potencial ofensivo, ao qual se denomina crime de gravidade acentuada (Gonçalves, 2001). Para Franco (2000) na visão semântica, hediondo deve ser entendido como ato profundamente repugnante, imundo, horrendo, sórdido, ou seja, um ato indiscutivelmente nojento, segundo os padrões da moral vigente. Segundo Monteiro (1995): O crime hediondo é o crime que causa profunda e consensual repugnância por ofender, de forma acentuadamente grave, valores morais de indiscutível legitimidade, como o sentimento comum de piedade, de fraternidade, de solidariedade e de respeito à dignidade da pessoa humana. Desvelando o conceito de crime hediondo pode-se dizer que existem condutas que se revelam como sendo o oposto dos padrões éticos de comportamento social, onde seus autores são portadores de alto grau de perversidade, de perniciosa ou de grande periculosidade e que,

dessa forma, merecem inevitavelmente o grau máximo de reprovação ética por parte da sociedade e, por conseqüência, do próprio sistema de controle. A Constituição Federal Brasileira de 1988, no seu artigo 5º, XLIII, trouxe para o ordenamento jurídico brasileiro a figura do crime hediondo. A redação do referido artigo mostrou-se clara desde então, no sentido de que: a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem". O objetivo primeiro desse artigo era criar entraves, impedindo a concessão de benefícios aqueles que perpetrassem crimes da espécie ou assemelhados. Cabe aqui também ressaltar o disposto no Código Penal, artigo 13, 2º onde além do executor material da infração, também os partícipes, mesmo que por omissão, ficaram na mira do dispositivo legal. Contudo a lei ordinária não demorou a chegar, sendo sancionada em 1990 a Lei 8.072, que trouxe no seu bojo todas as diretrizes penais e processuais. A referida lei ocasionou profunda mudança no ambiente jurídico criminal, com o endurecimento sensível nos campos penal e processual. Mediante as vedações processuais e penais amalgamadas no texto da carta magna, o legislador infraconstitucional aumentou as penas, criou o regime integral fechado, vedou a liberdade provisória e a negação de qualquer instituto despenalizante durante a execução da pena, ressalvado o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da punição. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF), em fevereiro de 2006, com 6 votos a favor e 5 contra, ao julgar o Habeas Corpus 82.959/SP, valeu-se da inconstitucionalidade do 1º do artigo 2º da Lei n. 8.072/90, alegando que a adoção do regime integral fechado e a impossibilidade de progressão violavam a Constituição Federal. Dessa forma, o STF ocasionou certo desequilíbrio, pois uma vez que os autores de crimes de menor e médio potencial ofensivo tinham direito à progressão após o cumprimento de um sexto da pena aplicada, baseando-se na lei de Execução Penal, no artigo 112, os condenados por crimes hediondos passaram a ter a mesma prerrogativa.

Sendo assim, os autores de crimes hediondos não seriam obrigados a cumprir dois terços da pena em clausura, de outra forma, um crime hediondo ou equiparado passou a ter o mesmo peso, dado a execução da pena, dos demais crimes de potencial ofensivo inferior. O cerne da questão é que uma parcela dos Juízes das Execuções Penais não aderiu ao posicionamento do STF, uma vez que se equiparou um furtador a um estuprador ou homicida, um mero agressor a um latrocida. Outra parcela concordou com a decisão do STF, concedendo a progressão do fechado para o semi-aberto, tão logo cumprido aquele ínfimo percentual de pena. De qualquer forma, a desproporcionalidade ocasionada acabou tendo fim com a edição da Lei 11.464/07. A Lei 11.464 de 2007 estabeleceu a possibilidade legal de progressão de regime para crimes considerados hediondos. Com isso, o 1º do artigo 2º da Lei 8.072/1990, "Lei dos Crimes Hediondos", veio a restabelecer o sistema progressivo de cumprimento de pena nos crimes considerados como sendo hediondos ao instruir que a pena seja cumprida inicialmente em regime fechado, outrossim, a redação original estabelecia que a sanção penal fosse cumprida integralmente em regime fechado. É válido ressaltar que a nova lei, contudo, determina parâmetros objetivos diferenciados para a progressão de regime nessa categoria de crimes. O ordenamento execucional penal atual apresenta três requisitos objetivos diferenciados para a progressão de regime, sejam eles: o cumprimento de 1/6 da pena para apenados por crimes não rotulados como hediondos; 2/5 para condenados por crimes hediondos, desde que primários; e, por fim, 3/5 para condenados por crimes hediondos, quando reincidentes. Dessa forma, esclarecidas as questões conceituais e de progressão de regime para crimes considerados hediondos, propõe-se neste estudo refletir sobre a também, questão controversa, em relação à retroatividade ou não das novas frações de cumprimento de pena estabelecidas como requisito objetivo para a progressão de regime em crimes hediondos. Portanto, buscar-se-á estabelecer o posicionamento doutrinário e jurisprudencial no que se refere ao direito dos condenados por crimes cometidos antes da entrada em vigor da nova lei a avançar para regime prisional menos severo após o cumprimento de 1/6 de pena, como prevê a regra geral da Lei de Execução Penal, ou de 2/5 ou 3/5, conforme regula a nova redação da Lei de Crimes Hediondos.

CAPÍTULO I O INÍCIO DA REPRESSÃO AOS CRIMES HEDIONDOS Acredita-se ser necessário apresentar um breve histórico acerca do surgimento da repressão aos crimes hediondos, uma vez que, para se justificar um determinado posicionamento futuro, seja ele doutrinário ou jurisprudencial, faz-se mister conhecer o histórico que originou a criação de uma determinada lei, ou seja, os estímulos que levaram a promulgação da lei 8.072/90. 1.1 Um breve histórico Em 1988, mediante a promulgação da Constituição Federal a repressão aos crimes hediondos ganhou ênfase, determinando que: A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. Além do disposto na referida Carta Magna, tiveram início no Congresso Nacional, inúmeros projetos de lei, que tinham por objetivo regulamentar a temática, uma vez que o disposto acima abriu precedentes para uma lei complementar que abordasse o assunto. Para melhor elucidação, conforme coloca Mirabete (2000) em 1989, foram os projetos de lei de números:...2.105, que propunha o agravamento das penas para aos crimes de roubo, seqüestro e estupro seguido de morte, excluindo dos réus qualquer tipo de direito na fase de execução de pena; 2.154, que previa regras mais rigorosas para o tráfico ilícito de entorpecentes, inclusive com prisão preventiva obrigatória; 2.529, que previa aplicação em dobro às penas cominadas e estabelecia que os crimes hediondos seriam o estupro, seqüestro, genocídio, violências

praticadas contra menores impúberes, delitos executados com evidente perversidade e assalto com homicídio ou periclitação de vida dos passageiros de quaisquer veículos de transporte coletivo. Ainda neste mesmo ano, elaborado pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, foi proposto o projeto 3.754, que colocava em destaque a guerra contra o crime propondo sentido à expressão constitucional "crimes hediondos" através da elucidação de determinados estereótipos de criminosos que receberam este rótulo, além de, definir conceitualmente a referida expressão como sendo todo o delito que se pratique com violência à pessoa, provocando intensa repulsa social e cujo reconhecimento decorra de decisão motivada de juiz competente de acordo com a gravidade do fato ou pela maneira execução. Outro projeto de número 3.875, também em 1989 objetivava fixar penas superiores a vinte anos de reclusão, a diversos crimes referidos na legislação penal, e etiquetados como hediondos pelo mesmo, além dos que provocassem intensa repulsa, seguido do de número 4.272, que de acordo com Mirabete (2000) visava incluir nos artigos 159, que trata da extorsão mediante seqüestro e no artigo 213, sobre estupro, parágrafos quinto e único, respectivamente, os quais afirmavam serem estes crimes hediondos. Continuando o resgate histórico, em 1990, o projeto de número 5.270, propunha o aumento das penas para os crimes de extorsão mediante seqüestro, baseado na justificativa que este crime estava se tornando uma indústria lucrativa às custas das famílias das vítimas, além do pânico causado na sociedade. Em seguida, a este, através do projeto número 5.281 foi proposto para o crime de extorsão mediante seqüestro seja qual fosse sua duração, proibidos o livramento condicional, a prisão semi-aberta e a prisão-albergue, mesmo nos estágios finais da execução. Neste mesmo ano, foi apresentado o projeto 5.355, que propunha que o procedimento criminal para os crimes de extorsão mediante seqüestro passasse a utilizar o mesmo procedimento criminal da lei antitóxicos, e ainda, o artigo segundo dispunha que desde o inquérito policial não haveria a possibilidade de qualquer dilação de prazo para a conclusão, além do mesmo ser acompanhado pelo Ministério Público. Por fim, no seu terceiro artigo, propunha que em caso de bando ou quadrilha, o componente que, voluntariamente, a denunciasse, desde que houvesse o desmantelamento desta, teria sua pena reduzida de um a dois terços. Com caráter de lei complementar, de número 8.072, pautada no projeto substitutivo número 5.405, elaborado pelo Deputado Roberto Jefferson, em 25 de junho de 1990, foi

promulgada a lei ordinária. O referido projeto teve por base o projeto 3.754/89, além dos projetos até aqui elencados, os quais foram todos, a este, apensados. Franco (1994), sobre todo esse contexto histórico, desde a Constituição de 1988, até a lei de crimes hediondos em 1990, coloca que: O que teria conduzido o legislador constituinte a formular o nº XLIII do art. 5º da CF? O que estaria por detrás do posicionamento adotado? Nos últimos anos, a criminalidade violenta aumentou do ponto de vista estatístico: o dano econômico cresceu sobremaneira, atingindo seguimentos sociais que até então estavam livres de ataques criminosos; atos de terrorismo político e mesmo de terrorismo gratuito abalaram diversos países do mundo; o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins assumiu gigantismo incomum; a tortura passou a ser encarada como uma postura correta dos órgãos formais de controle social. A partir desse quadro, os meios de comunicação de massa começaram a atuar por interesses políticos subalternos, de forma a exagerar a situação real, formando uma idéia de que seria mister, para desenvolvê-la, uma luta sem quartel contra determinada forma de criminalidade ou determinados tipos de delinqüentes, mesmo que tal luta viesse a significar a perda das tradicionais garantias do próprio Direito Penal e do Direito Processual Penal". Na mesma forma, Bemfica (1998), relata: Estavam ainda causando impacto no povo os seqüestros de pessoas bem situadas na vida econômica, social e política, e a mídia passou a sacudir a opinião pública, que encontrou ressonância no Poder Legislativo, que aprovou o projeto de lei do senado, através de votos de lideranças, sem qualquer discussão, logo sem legitimidade e representabilidade.... É importante ressaltar que estas posições se coadunam se forem analisadas as razões do anteprojeto 3.754 de 1989. Para Gonçalves (2001):

A criminalidade, principalmente, a violenta, tinha o seu momento histórico de intenso crescimento, aproveitando-se de uma legislação penal excessivamente liberal. Surgiram duas novas damas do direito criminal brasileiro: justiça morosa e legislação liberal, criando a certeza da impunidade. Sendo assim, grande parte dos doutrinadores, acreditam que a lei de crimes hediondos se deu como forma de resposta do direito penal brasileiro à onda sucessiva de seqüestros de pessoas influentes que vinham assolando a sociedade já naquela época, cujo objetivo era diminuir a onda de crimes desta natureza o que infelizmente não se concretizou e, ao que se pode notar, tomou tamanho muito maior e mais ofensivo à sociedade. 1.2 Tipificações dos Crimes Hediondos A lei 8.072/90, em sua redação original, classificava quais eram os crimes considerados hediondos no artigo primeiro, que possuía apenas o caput, onde eram elencados todos os referidos delitos: "Art. 1º São considerados hediondos os crimes de latrocínio (art. 157, 3º, in fine), extorsão qualificada pela morte, (art. 158, 2º), extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput e seus 1º, 2º e 3º), estupro (art. 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único), atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único), epidemia com resultado morte (art. 267, 1º), envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal, qualificado pela morte (art. 270, combinado com o art. 285), todos do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940), e de genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956), tentados ou consumados. Em acordo com a lei maior, ou seja, a carta magna, a redação original da referida lei, determinou, em seu artigo segundo, que alem dos crimes hediondos, os crimes de prática de

tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e o terrorismo, se equiparam aos crimes hediondos nas hipóteses citadas dentre os incisos e parágrafos do mesmo artigo. Em 1994, entrou em vigor a lei 8.930, que veio a revogar o acima artigo primeiro, mencionado, substituindo-o, incluindo o homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente e homicídio qualificado e, por outro lado, excluiu o envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal, qualificado pela morte. Dessa forma, de acordo com Bemfica (1998): o elenco dos crimes hediondos, passou a ser formado por sete incisos, representados por crimes previstos no Código Penal, que incluíam dentre os hediondos, os delitos tipificados como homicídio, latrocínio, extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada, estupro, atentado violento ao pudor, epidemia com resultado morte. Além disto, a mesma lei incluiu o parágrafo único, que se referiu ao genocídio, crime tipificado em lei esparsa. Em 1998 entrou em vigor a lei 9.695, que alterou o artigo 273 do Código Penal, tratando de adulteração de produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais. A referida lei, em seu artigo primeiro, inseriu os itens VII A e VII B, ao artigo 1º da Lei de Crimes Hediondos, sendo que o primeiro inciso mencionado, foi revogado, e o segundo, inseriu a falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais dentre o rol dos crimes hediondos. Desta forma, para Franco (2000), os crimes classificados como hediondos são os seguintes: "I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, 2º, I, II, III, IV e V); II - latrocínio (art. 157, 3º, in fine); III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, 2º); IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e lº, 2º e 3º);

V - estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); VI - atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); VII - epidemia com resultado morte (art. 267, 1º). VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e 1º, 1º-A e 1º-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos artigos 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956, tentado ou consumado." Sendo assim, a título de se finalizar, o presente capítulo, que teve em seu bojo o objetivo de apresentar um breve histórico acerca do início à repressão aos crimes hediondos, há que se observar a aplicação incondicional do princípio de que "não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal", e o princípio que versa que "a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu", ambos garantidos pela Carta. Frente a estes princípios, deve-se considerar que a Lei de Crimes Hediondos, em sua aplicação, só é possível com a observância das datas e dos tipos acima mencionados, na medida em que sua aplicação a delitos ocorridos antes da vigência da referida lei, ou de suas alterações, viola o principio da legalidade. Por outro lado, o tipo penal excluído após o início da vigência deste, beneficiou os crimes anteriores, amparados pelo princípio de que a lei só retroagirá para beneficiar o réu.

CAPÍTULO II REGIME DE PROGRESSÃO: DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL À LEI 11464/07 Atualmente, é notório que a Lei de Crimes Hediondos representa uma grande alteração da forma com que o Estado passou a tratar determinados crimes considerados pelos legisladores, como de maior gravidade social. Porém, isso não aconteceu de imediato, foi necessário um processo de amadurecimento por parte do legislador que, por sua vez, culminou em duas leis: primeiro a lei 8.072/90 e mais tarde a lei 11.464/07. E neste diapasão muitas questões foram levadas a discussão e uma delas refere-se a progressão de regime, disciplinada na lei de Execução penal (LEP). A Jurisprudência e a doutrina apontam as divergências reinantes sobre a natureza da execução penal. Para alguns, a execução criminal tem incontestável caráter de processo judicial contraditório. Isto posto, não se pode negar a complexidade da execução penal, que se ocorre, nos planos jurisdicional e administrativo. Dessa atividade compreendem dois Poderes Estaduais: o Judiciário e o Executivo, intermediados, juntamente pelos órgãos jurisdicionais e pelos estabelecimentos penais. Nesse sentido pode-se dizer que a execução penal possui natureza jurídica mista, complexa e eclética, uma vez que certas normas da execução pertencem ao direito processual, como por exemplo, a solução de incidentes, e outras que controlam a execução propriamente dita pertencem ao direito administrativo. Tem-se que a execução penal é de natureza jurisdicional, não obstante a intensa atividade administrativa que a envolve. Embora envolvida intensamente no plano administrativo, não se desnatura, até porque todo e qualquer incidente ocorrido na execução pode ser submetido à apreciação judicial, por imperativo constitucional, o que acarreta dizer, aliás, que o rol do artigo 66 da Lei de Execução Penal é meramente exemplificativo. Não obstante, as decisões que determinam, efetivamente, o destino da execução, são jurisdicionais. 2.1 A questão da Progressão de Regime A progressividade no sistema penitenciário brasileiro tem seu fundamento legal no Código Penal, artigo 33, 2º, respaldado pela Lei n. 7.210/84 Lei de Execuções Penais.

Como salienta Leal, indiscutivelmente o sistema de execução da pena privativa de liberdade em forma progressiva tem evitado que os horrores do penitenciarismo se tornem maiores, permitindo que o condenado possa avançar do regime fechado para o semi-aberto e deste ao aberto (LEAL, 1996). Assim, para o autor: O direito à progressão constitui, sem dúvida, um forte estímulo para que o condenado se adapte e se comporte de acordo com a disciplina prisional. Entretanto, é preciso reconhecer que o direito à progressão tem contribuído para evitar um número ainda maior de rebeliões, motins, fugas e suas tentativas, de maldades e perversidades, de psicoses e atos de violência os mais insensatos, cruéis e horrendos, que marcam o cotidiano do sistema penitenciário brasileiro. Com efeito, a Lei n. 8.072, de 25.07.1990, dispõe sobre os crimes hediondos elencados na Constituição Federal, artigo 5º, XLIII. No 1º do artigo 2º, o diploma legal salienta que será a pena cumprida em regime integralmente fechado por crime nele previsto. Nesse contexto, para Leal o legislador ignorou o princípio da individualização da pena, previsto no CP, artigo 59 e consagrado na CF, artigo 5º, XLVI, segundo o qual "cada condenado receberá a reprimenda certa e determinada para prevenção e repressão do seu crime, cujo processo executório ficará também sujeito às regras do princípio individualizador", a fim de que a expectativa de ressocialização, uma das funções da pena privativa de liberdade, não fique completamente frustrada. Nessa perspectiva, Franco (1994) ensina que: ( ) mais importante do que a sentença em si é o seu cumprimento na prática, porque é na execução que a pena cominada pelo legislador, em abstrato, ajustada pelo juiz ao caso particular, encontra o seu momento de maior concreção. É aí que o processo individualizador chega à sua derradeira fase: adere, de modo definitivo, à pessoa do condenado. Excluir, portanto, o sistema progressivo é impedir o princípio constitucional da individualização das penas. Lei ordinária que estabeleça regime prisional único, sem

possibilidade de nenhuma progressão, atenta contra a Constituição Federal. Segundo Monteiro, esta lei traz no seu corpo normas de Direito Processual Penal e até de execução de pena. Quis inovar em matéria penal, mas introduziu regras outras que, na pressa de sua edição, afetaram todo um sistema criminal existente no ordenamento jurídico (MONTEIRO, 1999) Nesse sentido, a Lei n. 7.210/84 que disciplina os regimes seria considerada, em virtude do CP, artigo 40, de Direito de Execução Penal ou de Direito Penitenciário, informada por princípios diversos daqueles do Direito Penal substantivo. A natureza jurídica é diversa, pois as normas contidas na lei não criam ou alteram tipos penais, nem mesmo modificam as reprimendas impostas na sentença, não se podendo assim aplicar de forma igual, por exemplo, os princípios da ultratividade da norma penal (MONTEIRO, 1999). Dessa forma, as regras dos regimes estão sujeitas ao princípio geral da aplicação da lei (tempus regit actum). Como conseqüência, a aplicação deste dispositivo mais severo aos crimes hediondos e demais crimes é imediata, mesmo para aqueles que tenham sido cometidos anteriormente à vigência desta lei (MONTEIRO, 1999). Contudo, a lei não pode contrariar a coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI), alterando a sentença condenatória do juiz que no processo de conhecimento concedeu cumprimento de pena em regime semi-aberto ou aberto, ou do juiz de execução que concedeu a progressão para o condenado que fazia jus a regime menos rigoroso (LEAL, 1996). No mesmo sentido, entende Leal afirmando que o princípio da legalidade (CF, artigo 5º, II e XXXIX) deve ser concebido como uma garantia individual, não somente diante da lei que defina novo crime e respectiva pena, mas também como garantia de que a execução penal ocorra segundo a lei do momento do delito, salvo se a mudança legal no processo executório da pena favorecer ao condenado (LEAL, 1996). Com efeito, as normas que tratam do regime prisional estão originalmente previstas no Código Penal (artigo 33 a 37), dispostas de forma programática. A diferença entre o cumprimento da pena em regime fechado, em regime semi-aberto e aberto não é questão de natureza meramente formal, restrita ao campo processual ou do direito de execução, mas sim de natureza material, que atinge fundo o direito de liberdade individual (CF, artigo 5º, caput) (LEAL, 1996). Dessa maneira, se uma norma material é derrogada, mesmo pelo princípio da especialidade, por outra norma, esta última necessariamente deve ser de direito material,

sujeita, portanto, à proibição da retroatividade temporal, se prejudicar o réu, nos termos da CF, artigo 5º, XL, e do CP, artigo 2º, parágrafo único. 2.2 Da execução da pena enquanto fase de sua individualização O inciso XLVI, artigo 5º, da CF, não concede o direito à progressão de regime, e sim direito à individualização da pena, o que, na legislação infraconstitucional, se faz a partir da progressão, solução que se tem mostrado mais eficaz para a ressocialização do delinqüente. O legislador não pode individualizar a pena, vedando a progressão, somente o juiz poderia. Isso é evidente, em tese, porque tal decisão também entraria em conflito com o princípio da humanidade das penas (AZEVEDO, 1999). Desta feita, conclui-se, inclusive, que existem evidentes antinomias no ordenamento, não podendo uma norma prescrever que a execução penal tem por objetivo (...) proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado, artigo 1º da Lei n. 7210/84, e outra estabelecer regime integralmente fechado, artigo 2º, 1º, da Lei n. 8072/90, segregando indivíduos que, inevitavelmente, voltarão ao fluxo social, por via legal ou ilegal. Ressalte-se que, de tal maneira, norteia a aplicação da lei penal o princípio da ressocialização da pena, ratificado pelos avanços criminológicos que demonstram, efetivamente, que a pena privativa de liberdade não melhora, e sim piora, estigmatizando, observando que, quanto menor o tempo possível de mantimento de delinqüentes enclausurados, menor probabilidade haverá de uma resposta insatisfatória no retorno à sociedade, que se formou corrente jurisprudencial no sentido da prevalência da ressocialização do delinqüente sobre o dispositivo inconstitucional (SZINICK, 1991). Gomes, com clareza e objetividade costumeiras, assim descreve esse fenômeno: concluiu-se que a pena de prisão não é capaz de ressocializar o delinqüente, como, pior, é altamente dessocializadora: esta é... a conclusão das ciências sociais, particularmente da Penologia e da Criminologia. A idéia de tratamento, sobretudo em regime fechado, entrou, em conseqüência, em crise (GOMES, 1999). O legislador abusou de seu poder, atuou como constituinte, estabeleceu uma individualização à parte, porque sequer é individualização. A medida baseada na ideologia do

Direito Penal Simbólico está ancorada em generalização da pena, em caráter evidentemente oposto à individualização que CF prevê. Mirabete (2000) pondera acerca da execução da pena: como já se tem decidido, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a execução da pena, além de se constituir numa atividade administrativa, adquire status de garantia constitucional, como se depreende do artigo 5º, XXXIX, XLVI, XLVII, XLVIII e XLIX, tornando-se o sentenciado sujeito de relação processual, detentor de obrigações, deveres e ônus, e, também, titular de direitos, faculdades e poderes. A pena está na sua execução, diz BETTIOL (1976): De nada serve estabelecer, em teoria, critérios de individualização da pena, ver consagrados nas sentenças dos juizes penais esses critérios se, depois, tudo que fora normativamente estabelecido e jurisdicionalmente determinado, não é, através da execução da pena, observado. Disso tudo se deduz o fato de que a individualização da pena, com o benefício do regime prisional progressivo, insere-se no tronco comum do processo individualizador que se inicia com a atuação do legislador, passa pela ação do juiz e se finda, ao atingir o nível máximo de concreção, na execução penal (BETTIOL, 1976). Embora relativamente óbvia, a questão é de suma relevância, uma vez que um dos argumentos principais do Supremo Tribunal Federal, ao declarar constitucional o dispositivo legal, é de que a fixação do quantum da pena já é suficiente para sua individualização (BETTIOL, 1976). Ora, na medida em que o critério de individualização não pode ser restringido, uma vez que é direito fundamental do condenado, é impossível ao legislador suprimir tal fase, fazendo uma exacerbação do seu poder.

2.3 Da Progressão de Regime na Lei 11.464/07 A Lei de Crimes Hediondos, 8.072/90 no seu artigo 1º traz em seus sete incisos e em um único parágrafo nove tipos penais, independente de sua consumação, que se faz premente saber: homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado; latrocínio; extorsão qualificada pela morte; extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada; estupro; atentado violento ao pudor; epidemia com resultado morte; falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e genocídio (BEMFICA, 1998). Ressalte-se que são considerados hediondos por equiparação a tortura, o terrorismo e o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Somente o terrorismo não foi disciplinado no Brasil. Com a entrada em vigor da Lei 11.464/07, publicada em 29 de março de 2007, o artigo 2º da Lei 8.072/90 da Lei dos Crimes Hediondos tem nova redação. A Lei 11.464/2007 estabeleceu a possibilidade legal de progressão de regime para crimes considerados hediondos. Com a entrada em vigor do novo diploma legal, o 1º do artigo 2º da Lei 8.072/1990 da Lei dos Crimes Hediondos (LCH), passou a expressamente restabelecer o sistema progressivo de cumprimento de pena nos crimes rotulados como hediondos ao estatuir que a pena seja cumprida "inicialmente em regime fechado". A redação original estabelecia que a sanção penal fosse cumprida "integralmente em regime fechado" (GONÇALVES, 2001). Contudo, a nova lei, contudo, determina parâmetros objetivos diferenciados para a progressão de regime nessa categoria de crimes. A atual redação do 2º do artigo 2º da LCH impõe o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena para que apenados primários tenham direito à progressão. Para condenados reincidentes a exigência legal é de cumprimento de 3/5 (três quintos) da sanção penal para que se possa obter o direito de ingresso em regime prisional menos grave (GONÇALVES, 2001). Como é de conhecimento, a regra geral para a progressão de regime é disciplina pelo artigo 112 da Lei 7.210/1984, Lei de Execução Penal (LEP), o qual estabelece como requisito objetivo para a concessão do benefício o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena. O ordenamento execucional penal atual, portanto, apresenta três requisitos objetivos distintos para a progressão de regime: cumprimento de 1/6 da pena para apenados por crimes não rotulados como hediondos; 2/5 para condenados por crimes hediondos, desde que primários;

e, por fim, 3/5 para condenados por crimes hediondos, quando reincidentes (MONTEIRO, 1999). Nesse aspecto criou-se uma questão bastante controversa a respeito da retroatividade ou não das novas frações de cumprimento de pena estabelecidas como requisito objetivo para a progressão de regime em crimes hediondos. Portanto, ficou a seguinte questão em debate entre doutrinadores e jurisprudências, teriam direito, os condenados por crimes cometidos antes da entrada em vigor da nova lei, em 29 de março de 2007, a avançar para regime prisional menos severo após o cumprimento de 1/6 de pena, como prevê a regra geral da LEP, ou de 2/5 ou 3/5, consoante estatui a nova redação da Lei de Crimes Hediondos?

CAPÍTULO III DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL Há entendimentos doutrinários e jurisprudenciais divergentes quanto à retroatividade ou irretroatividade dos novos requisitos objetivos para progressão de regime em crimes hediondos, disciplinados pela redação conferida ao 2º do artigo 2º da LEP pela Lei 11.464. 3.1 Divergência Doutrinaria De um lado existe uma corrente doutrinária que interpreta, em se forem confrontadas com o texto legal anterior, o qual expressamente vedava a progressão de regime para condenados pela prática de crimes hediondos, as novas regras são mais benéficas para o apenado. Dessa forma, segundo Gonçalves (2001): Progredir de regime após o cumprimento de 2/5 ou 3/5 da sanção penal seria mais benéfico do que a absoluta vedação legal a tal benefício. Logo, os novos requisitos objetivos estatuídos pela Lei 11.464 retroagiriam e, portanto, seus efeitos se irradiariam para os crimes praticados antes de sua entrada em vigor. Já para Zaffaroni (1999) pertencente a outra corrente doutrinária: Na medida em que a vedação absoluta e apriorística ao direito de progredir de regime era inconstitucional, o 1º da LEP, em sua redação original, era inválido e ineficaz, embora vigente. Por conseqüência, a progressão de regime em crimes hediondos já era admitida, mormente após o julgamento pelo STF do paradigmático HC 82.9593, relatado pelo Ministro Marco Aurélio, em que se reconheceu a inconstitucionalidade da vedação legal à progressão de regime, haja vista a patente contraposição com o princípio constitucional da individualização da pena.

Diante desse posicionamento, mesmo aos condenados por crimes hediondos era admitida a progressão de regime após o cumprimento de 1/6 da pena, conforme a regra geral da LEP. Portanto, esta corrente admite que os novos patamares mínimos de cumprimento de pena exigidos para o direito de progredir de regime prisional são mais severos que os verificados anteriormente, se comparados com o sistema execucional penal, e não apenas se observando a literalidade do texto legal. Logo, não poderiam retroagir, sob pena de afronta ao princípio da irretroatividade da lei penal mais severa, consagrado pelo artigo 5º, XL, da Constituição da República Federativa do Brasil (ZAFFARONI, 1999). No concernente aos novos patamares estipulados como condição objetiva para progressão de regime prisional, entretanto, entende-se tratar de verdadeira novatio legis in pejus, uma vez que, nesse aspecto a norma penal é mais severa que a precedente. E, assim sendo, por se tratar de uma norma penal menos benéfica ao agente, fala-se então da sua irretroatividade. Então, no caso da vedação à progressão de regime, nos termos da Lei 8.072, ainda que se tratasse de norma vigente, já não seria válida, haja vista sua inconstitucionalidade, reconhecida pelo STF no julgamento do HC 82.959. Antes dessa decisão, porém, muitos juízes já admitiam a possibilidade de progressão de regime em crimes hediondos, dada a inconstitucionalidade do 1º do artigo 2º da LCH (GONÇALVES, 2001). De fato pode-se ponderar, por esses aspectos acima elencados, que vigência e validade são categorias absolutamente distintas em um Estado Democrático e Constitucional de Direito. Pelo fato, de se viger que confere validade absoluta e incontestável à norma. Porquanto, esta para ser válida, deve apresentar consonância e respeito aos princípios e disposições constitucionais. Assim, ainda que vigente, a disposição legal de proibição de progressão de regime em crimes hediondos já era inválida, pois já era tido como inconstitucional (FRANCO, 2000). Daí partiu-se, portanto, a divergência doutrinária em relação à irretroatividade ou não da Lei 11.464 no que se refere aos novos patamares mínimos fixados como requisito objetivo para progressão de regime em crimes hediondos. 3.2 Posicionamento jurisprudencial A Lei 11.464, conforme já foi dito, entrou em vigor em 29 de março de 2007, sendo portanto de cunho recente as primeiras manifestações judiciais acerca da aplicação no tempo

do conteúdo da nova lei no que tange aos novos requisitos objetivos para a progressão de regime em crimes hediondos. Por isso, baseando-se em uma análise ainda incipiente, que a jurisprudência tende a se firmar no sentido da irretroatividade dos dispositivos relativos aos novos patamares mínimos de cumprimento de pena estabelecidos pelo diploma legal em estudo neste trabalho, como se demonstrará nos posicionamentos utilizados para exemplo, a seguir. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul considerou que a aplicação do requisito temporal estabelecido pela Lei 11.464 afrontaria o princípio da retroatividade da lei penal mais benigna, haja vista a patente inconstitucionalidade de lei penal mais severa retroagir. Execução penal. Progressão de regime. Crimes hediondos. Requisito temporal. Lei nº 11.464/07 "Em que pese a Lei 11.464/07, tenha fixado o percentual de 2/5 para a progressão de regime, no que tange aos crimes hediondos e equiparados, preservou o princípio da retroatividade da lei penal, que só ocorrerá em favor do réu art. 5º, inciso XL da CF. Assim, tratando-se de lei mais gravosa, resta mantido o prazo comum do artigo 112 da Lei de Execução Penal, ou seja, 1/6 (TJRS - 3ª C. - Agr. Exec. 70019978907). O Tribunal de Justiça do Paraná, da mesma forma, decidiu no sentido de que a Lei 11.464, em relação aos critérios autorizadores da progressão de regime, é mais severa para o apenado, sendo, portanto, irretroativa. Execução penal. Progressão de regime. Irretroatividade da lei mais severa. "Até a publicação da Lei 11.464 de 29 de março de 2007 o único critério legal existente para a concessão da progressão, declarada a inconstitucionalidade do 1º do artigo 2 da Lei 8.072/90 pelo STF era o de 1/6, expresso no artigo 112 da LEP. Com a Nova Lei, o prazo passa a ser de 2/5, para os crimes hediondos e equiparados, mas vedada a retroatividade em desfavor do réu, artigo 5º, inciso XL, da CF/88, só retroage em seu favor nos termos da disposição do parágrafo único do artigo 2º do Código Penal". (TJPR - 5ª C. - Agr. Exec. 372.312-0).

O mesmo posicionamento tem sido adotado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, o qual considera as disposições atinentes à progressão de regime mais severas na Lei 11.464 que se comparadas ao sistema execucional penal anterior. Execução penal - Crime hediondo, assemelhado ou equiparado - Incidência das frações previstas na lei n. 11.464/2007 aos casos pretéritos - Impossibilidade - Irretroatividade absoluta da lex gravior - Vedação incidente sobre normas penais de caráter material - Aplicação restrita aos crimes cometidos a partir da publicação do novo diploma legal - Prevalência da regra contida no art. 112 da lei de execução penal - Ordem concedida (TJSC HC 2007.018808-2). Ainda que de maneira superficial, de acordo com LEAL (2006) cabe a possibilidade de conjugação de leis, aplicando-se os dispositivos mais benéficos de cada uma delas, de modo a, favorecer o agente. Na doutrina penal, essa é a corrente majoritária.não se trata de criar uma terceira lei, como acenam alguns outros autores de posicionamento divergente, mas, sim, de aplicar dispositivos legais anteriormente aprovados pelo próprio legislador. Dessa forma, em relação aos crimes cometidos antes de 29 de março de 2007, não há qualquer objeção em aplicar o novo 1º do artigo 2º da Lei nº. 8.072/90, ou seja, da possibilidade legal de progressão de regime, combinado com o artigo 112 da LEP, ou seja, 1/6 de cumprimento da pena como critério objetivo para a progressão de regime. Em se concluindo, é aos crimes cometidos a partir de 29 de março de 2007 que deve ser aplicado o novo 1º do art. 2º da Lei nº. 8.072/90, possibilidade legal de progressão de regime, em conjunto com o novo 2º do artigo 2º da mesma lei, que dispõe sobre os novos parâmetros de cumprimento da pena como critério objetivo para a progressão de regime.

CONCLUSÃO O Direito Penal é um ramo jurídico ainda em construção e evolução. O sistema penal tal como é conhecido hoje teve suas origens fundadas no Iluminismo, com base no pensamento humanista de Beccaria, Montesquieu e outros. Entretanto, muitos dos princípios e das idéias concebidas no século XVIII, ainda não se consolidaram no direito brasileiro, sendo assim, faz-se necessário efetivar vários princípios decorrentes do respeito ao valor maior da dignidade da pessoa humana, marco elementar do Estado Democrático e Constitucional de Direito. Nesse sentido, conclui-se de primeiro neste estudo que a Lei de Crimes Hediondos (LCH) representou um retrocesso na evolução das idéias penais, uma vez que, ao mesmo tempo em que resultou em um pacto com o Direito Penal da severidade e da intolerância, significou um distanciamento inaceitável dos valores democráticos decorrentes da dignidade da pessoa humana como valor jurídico intrínseco a um modelo de Direito Penal mais humano, como disposto na Constituição brasileira de 1988. Por segundo, pode-se concluir também que a LCH foi concebida por ocasião, próprias de um Direito Penal de emergência. Conforme, colocou sabiamente Gonçalves (2001): No auge de momentos de exacerbada emoção e comoção o legislador apresenta para a saciedade da Sociedade, reformas ou pacotes legislativos de efeitos muito mais midiáticos que efetivos. Na verdade acabou-se por estabelecer um círculo perverso, onde a população acaba por ter a impressão de mais segurança através de uma lei mais repressiva, em contrapartida recrudesce-se a lei com a supressão de direitos e garantias importantes do indivíduo. O cidadão se torna órfão de seus direitos mais fundamentais diante do ilusório sentimento de segurança proporcionado pela via legislativa simplória em detrimento de uma legislação e de políticas públicas calcadas em sérias, efetivas e conscientes opções de políticacriminal. Sendo assim, conclui-se que a Lei nº. 11.464/07 veio resgatar, em parte, muitas das supressões de direitos impostas pela Lei nº. 8.072/90, em sua redação original. Restabeleceuse a garantia da liberdade provisória nas situações em que ela for possível, assegurando-se, com isso, o respeito ao princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição brasileira de 1988 como direito fundamental da pessoa humana, bem como na Convenção Interamericana de Direitos Humanos.

Asseverou-se da mesma forma o direito à progressão de regime, mesmo em se tratando de crime considerado hediondo, num resgate do princípio da individualização da pena, expressão do preceito maior da dignidade da pessoa humana. Ainda que, tardiamente, por terem passados quase dezessete anos de sua entrada em vigor, o legislador brasileiro resgatou valores constitucionais fundamentais. Acredita-se que o falta ainda, ao aplicador do Direito interpretar as novas disposições legais em referência, de modo a assegurar à pessoa humana as suas máximas garantias, como se requer do Estado Democrático e Constitucional de Direito. Pode-se arriscar a dizer que impedir a progressão de regime nos crimes hediondos talvez não seja a melhor resposta que a sociedade possa dar a esses delitos. O juiz da execução penal será sempre a pessoa mais bem capacitada para um sereno julgamento se há, dentro de um prévio critério legal, mérito para ser concedida ou não uma progressão. Mas é preciso relativizar mais, e mais, sobre a presente temática, pois na verdade pode-se ainda refletir se a permissão de progressão de regime com o cumprimento de apenas um sexto da pena é razoável, ou não? Ou, ainda se a adoção da medida pelo Supremo Tribunal Federal estará provocando mais desequilíbrio ao já confuso sistema penal brasileiro? Frente ao exposto, só se tem certeza de que o Brasil carece de uma Política Criminal séria e congruente com as necessidades da sociedade civil, incluindo aí também, o respeito efetivo aos direitos dos sentenciados. As leis penais brasileiras são aprovadas mais por casuísmo do que por técnica. Em um momento são sancionadas leis criminais que beneficiam todos os sentenciados, outrora são aprovadas leis que impedem todos os sentenciados de receberem determinado benefício, como se os crimes, execução das penas e a reprovabilidade fossem idênticos. A progressão de regime não deveria ser uniformemente impedida nos crimes hediondos por uma lei federal, mas, após aprovação pelo Congresso Nacional, decidida por um magistrado com um período de cumprimento mínimo de um terço da sanção imposta na sentença, sob pena de retirar o pouco de credibilidade que o sistema criminal ainda oferece à população. Tanto a manutenção da impossibilidade total da progressão, bem como a da progressão de regime para os crimes hediondos com apenas o cumprimento de um sexto da pena são medidas que nos parecem prejudiciais para a sociedade civil. Há de se ter proporcionalidade nesse caso para ambos os lados, os sentenciados e a sociedade civil, e não apenas para uma das partes envolvidas.

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ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 1 RESUMO 2 METODOLOGIA 3 SUMÁRIO 4 INTRODUÇÃO 5 CAPÍTULO I O INÍCIO DA REPRESSÃO AOS CRIMES HEDIONDOS 8 1.1 Um breve histórico 8 1.2 Tipificações dos Crimes Hediondos 11 CAPÍTULO II REGIME DE PROGRESSÃO: DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL 14 À LEI 11464/07 2.1 A questão da Progressão de Regime 14 2.2 Da execução da pena enquanto fase de sua individualização 17 2.3 Da Progressão de Regime na Lei 11.464/07 19 CAPÍTULO III DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA E JURISPRUDENCIAL 21 3.1 Divergência Doutrinaria 21 3.2 Posicionamento jurisprudencial 22 CONCLUSÃO 25 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 27 ÍNDICE 29

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