INCIDÊNCIA DA ESTRONGILOIDIASE EM CÃES DA CIDADE DE SÄO PAULO

Documentos relacionados
Nematódeos. cutânea. - infecção muco-cutânea. Classificação

ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0167

ESTUDO MORFOLÓGICO DE SCHISTOSOMA MANSONI PERTENCENTES A LINHAGENS DE BELO HORIZONTE (MG) E DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP)

O presente estudo tem como finalidade avaliar a eficácia da coleira KILTIX, do laboratório BAYER, no controle do carrapato Rhipicephalus sanguineus.

IMPORTANCIA DO MÉTODO DE BAERMANN NO DIAGNóSTICO DA ESTROGILOIDíASE * 2, 3). 3 - Em geral as coproculturas são. 4 - No método de extração das larvas

REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN: Ano V Número 09 Julho de 2007 Periódicos Semestral VERMINOSE OVINA

CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENCONTRO DE EXEMPLARES ADULTOS DE STRONGYLOIDES STERCORALIS E DE RHABDITIS SP. EM

PREVALÊNCIA DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS EM AMOSTRAS DE FEZES CANINAS ANALISADAS NA REGIÃO DA BAIXADA SANTISTA SP

PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE SÃO JOAQUIM, SC *

PERFIL DA POPULAÇÃO CANINA DOMICILIADA DO LOTEAMENTO JARDIM UNIVERSITÁRIO, MUNICÍPIO DE SÃO CRISTÓVÃO, SERGIPE, BRASIL

Estrongiloidíase. - São 52 espécies pertencentes à família Strongyloididae, mas apenas o S. stercoralis é patogênico para o homem.

INQUÉRITO PARASITOLÓGICO NA CECAP * DISTRITO-SEDE DE BOTUCATU, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL

PREVALENCIA DE ENDOPARASITOS EM CÃES DA REGIÃO D E UBERLÂNDIA, M INAS GERAIS

Ocorrência de parasites intestinais em escolares da Escola Estadual de l. Grau Dom Abel, em Goiânia

OCORRÊNCIA DE HELMINTOS GASTRINTESTINAIS E AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO, EM CÃES DE BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS

PREVALÊNCIA DE PARASITOS INTESTINAIS EM GATOS DOMÉSTICOS JOVENS COM DIARREIA PREVALENCE OF INTESTINAL PARASITES IN YOUNG DOMESTIC CATS WITH DIARRHEA

Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral TRICHURIS VULPIS

Área do Candidato: DIAGNÓSTICO EM PARASITOLOGIA ANIMAL Numero de Inscrição: Nome do Candidato: Assinatura do Candidato:

DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DE ESPÉCIES DE SIPHONAPTERA EM CÃES DAS CIDADES DE BAGÉ E PELOTAS NO RS

IDENTIFICAÇÃO MORFOMÉTRICA DE LARVAS INFECTANTES DE CIATOSTOMÍNEOS (NEMATODA: CYATHOSTOMINAE) DE EQUINOS PSI

PREVENÇÃO DE ENTEROPARASITOS EM CRIANÇAS E MANIPULADORES DE ALIMENTOS NA CRECHE FABIANO LUCENA DA CIDADE DE JOÃO PESSOA-PB.

OCORRÊNCIA DE ANCYLOSTOMA SPP. EM CÃES NA ROTINA DO LABORATÓRIO DE ENFERMIDADES PARASITÁRIAS DOS ANIMAIS DA FMVZ, UNESP, CÂMPUS DE BOTUCATU

Suscetibilidade de populações de Lymnaea columella à infecção por Fasciola hepatica

OS HELMINTOS CONSTITUEM UM GRUPO MUITO NUMEROSO DE ANIMAIS, INCLUINDO ESPÉCIES DE VIDA LIVRE E DE VIDA PARASITÁRIA

12. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

PREVALÊNCIA DE ENDOPARASITOSE EM CÃES DA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE FORMIGA, MINAS GERAIS RESUMO

Classe Nematoda. Ascaridíase

PREVENÇÃO DE ENTEROPARASITOS EM CRIANÇAS E MANIPULADORES DE ALIMENTOS EM CRECHES DA CIDADE DE JOÃO PESSOA - PB - PROBEX 2012

Discente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Acre, Rio Branco, Acre, Brasil

PREVALÊNCIA DE ANTICORPOS ANTI-TOXOPLASMA EM SOROS DE CÃES DO M UNICÍPIO DE SÃO PAULO

Controle estratégico de nematódeos de bovinos de corte no Brasil, avançamos nos últimos 25 anos? Prof. Fernando de Almeida Borges UFMS

Aula 13 Análise de Variância (ANOVA)

PREVALÊNCIA DE PARASITISMO EM CÃES DOMICILIADOS NUM BAIRRO DE SANTA MARIA - RS

Palavras-chave: canino, carrapatos, parasitoses. Keywords: canine, ticks, parasitic diseases.

FREQUÊNCIA DE NEOPLASIA EM CÃES NA CIDADE DO RECIFE NO ANO DE 2008.

Aspectos epidemiológicos das parasitoses intestinais

FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DE PONTA GROSSA PR

Presença de Spirocerca lupi (Rudolphi, 1809) em Canino Relato de Caso

Clarisse Alvim Portilho et all

DETERM INAÇÃO DO TEO R N O RM AL DE COLES TEROL TO T A L NO SÔRO SANGUÍNEO DE CAVA LOS P. S. I. DE CORRIDA

Relações Parasitas e Hospedeiros. Aula 03 Profº Ricardo Dalla Zanna

Proteja o seu animal de estimação da cabeça à cauda. Pergunte ao seu veterinário sobre opções de controlo mensal das pulgas por via oral.

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

OCORRÊNCIA DE INFECÇÃO POR DICTYOCAULUS VIVIPARUS EM BEZERROS NO MUNICÍPIO DE BOTUCATU, SP.

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITAS EM HORTALIÇAS NA CIDADE DE SANTOS SP BRASIL

ESTUDO DE 15 CASOS DE DIOCTOPHYMA RENALE NA REGIÃO DE PELOTAS-RS STUDY OF 15 CASES IN DIOCTOPHYMA RENALE PELOTAS-RS REGION

Fauna helmíntica de cães e gatos provenientes de alguns municípios do Estado de São Paulo

OCORRÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM ALUNOS DE DUAS ESCOLAS NO DISTRITO DE ITAIACOCA EM PONTA GROSSA - PARANÁ

ANÁLISE COMPARATIVA DA SENSIBILIDADE DA TÉCNICA DE WILLIS, NO DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO DA ANCILOSTOMÍASE

CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR OVOS DE ANCYLOSTOMA SPP. EM PRAÇAS PÚBLICAS, NA CIDADE DE SANTA MARIA, RS, BRASIL1

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

PREVALÊNCIA DA Fasciola hepatica EM CINCO MUNICÍPIOS DO EXTREMO SUL CATARINENSE

artigo original RESUMO DESCRITORES: Helmintos. Ancylostoma. Cães errantes. Zoonose. Saúde pública. INTRODUÇÃO

FREQUÊNCIA DE FILARÍDEOS SANGUÍNEOS EM CÃES DO ESTADO DE SERGIPE, NORDESTE DO BRASIL

Resumo. Abstract. Discente do Curso de Doutorado em Ciência Animal, DMVP, UEL, Londrina, PR. 3

ÍNDICE DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR OVOS DOS PRINCIPAIS NEMATÓIDES DE CANINOS NAS PRAÇAS PÚBLICAS DA CIDADE DE URUGUAIANA RS, BRASIL.

PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA MEDICINA VETERINÁRIA

I Número Porcentagem

PERFIL DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS ENCONTRADOS EM EQUINOS DE ESPORTE DE DUAS CABANHAS DE CAVALOS CRIOULOS

FAUNA PARASITÁRIA DE Pimelodus ornatus (MANDI PRATA) DO IGARAPÉ TRINCHEIRA MIRANTE DA SERRA RONDONIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS

Ocorrência de parasitos com potencial zoonótico em áreas de feiras públicas da cidade de Manaus, AM

PESQUISA DE ENDOPARASITAS EM CÃES DE COMPANHIA NA REGIÃO DE ÁGUAS CLARAS-DF

CUIDADO Carrapatos pulgas e mosquitos Bravos!

Prevalência de enteroparasitoses em crianças de um bairro de baixa renda de Londrina Paraná

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA ANTI-HELMÍNTICA EM REBANHO OVINO DO ALTO URUGUAI CATARINENSE

OCORRÊNCIA DE FILAREMIA EM ANIMAIS NECROPSIADOS RELATO DE CASO OCCURRENCE OF FILAREMIA IN NECROPSIATED ANIMALS CASE REPORT

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA CÓDIGO DISCIPLINA REQUISITOS BIO 405 PARASITOLOGIA HUMANA --

HIMENOLEPÍASE RA:

Fundo SCVZ das Desertas - SCVZ Desertas Fund

Amazon Science, v. 1, n. 1, p. 8-17, Enteroparasitos encontrados em cães e gatos atendidos em duas clínicas veterinárias na cidade de Manaus, AM

COMPARAÇÃO ENTRE TÉCNICAS COPROPARASITOLÓGICAS NO DIAGNÓSTICO DE OVOS DE HELMINTOS E OOCISTOS DE PROTOZOÁRIOS EM CÃES

Ciências Biológicas Bacharel

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

P R E V A L Ê N C IA DE EN T ER O PARASITAS NA POPULAÇÃO U RBAN A DE SAO TOMÉ - RN. Carlos Alberto Moreira C am pos* e Cláudio Moreira C am p o s**

PARASITISMO GASTRINTESTINAL EM BURRAS DE RAÇA MIRANDESA COUÇO

Ocorrência de parasitos com potencial zoonótico em áreas de feiras públicas da cidade de Manaus, AM

DEPARTAMENTO DK ZOOLOGIA MÉDICA E PARASITOI.OG1A. D iretor: Prof. Zcferin o Vaz

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS MÉTODOS DE STOLL E KATO QUANTITATIVO. Ogvalda Devay*

PREVALÊNCIA DE PROTOZOÁRIOS INTESTINAIS EM ESCO- LARES DOS SUBÚRBIOS DE PLATAFORMA E PERIPERI, SALVADOR - BAHIA * ** JOÃO A.

Toxocara canis Toxocara cati

RELAÇÃO ENTRE A FAIXA ETÁRIA DE TUTORES DE CÃES E GATOS E A PERCEPÇÃO DE ZOONOSES, EM BELÉM, PARÁ

Ancilostomíase e. Larva migrans 02/09/2016. Parasitose de veiculada por penetração ativa. Características gerais da doença

FILO NEMATELMINTOS. Nematelmintos - Os vermes em forma de fio

OCORRÊNCIA DE CASOS DE ANCYLOSTOMA CANINUM E TOXOCARA CANIS NO HOSPITAL VETERINÁRIO ESCOLA (HEV) ( ) MAPUTO MOÇAMBIQUE

Ocorrência de protozoários e helmintos em amostras de fezes de cães e gatos da cidade de São Paulo

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA PARASITOLOGIA

MUELLERIUS CAPILLARIS EM OVINOS: OCORRËNCIA E IDENTIFICAÇÃO DE ADULTOS 1

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR PARASITAS POTÊNCIAIS CAUSADORES DE ZOONOSES EM ESPAÇOS PÚBLICOS DE LAZER EM APUCARANA, PARANÁ, BRASIL

(83)

INFECÇÕES POR PARASITOS GASTRINTESTINAIS EM CÃES DOMICILIADOS E SUAS IMPLICAÇÕES NA TRANSMISSÃO ZOONÓTICA RESUMO

Apostila de Parasitologia Humana Parte II Helmintos

Indicadores de ocorrência de doenças em populações

ENTEROPARASITOS EM CÃES DOS MUNICÍPIOS DE CANOINHAS E TRÊS BARRAS, SC 1 Daniela Pedrassani 2

PREVALÊNCIA DE ENDOPARASITAS EM CÃES (Canis lupus familiaris) ERRANTES DO MUNICÍPIO DE CAMPO LARGO, PARANÁ

Relações Parasitas e Hospedeiros. Aula 01 Profº Ricardo Dalla Zanna

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC FACULDADE DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO FECOM

PARASITISMO EM CANÍDEOS DO CONCELHO DE ÓBIDOS

Efeito do Tratamento Anti-helmíntico no Periparto em Novilhas Primíparas

Transcrição:

D E PA R T A M E N T O D E Z O O L O G IA M E D IC A E P A R A S IT O L O G IA Diretor: Prof. Dr. Zeferino Vaz INCIDÊNCIA DA ESTRONGILOIDIASE EM CÃES DA CIDADE DE SÄO PAULO (THE INCIDE OF STRONGYLOIDIASE IN THE DOGS OF CITY OF SÃO PAULO) E d s o n B. F. dk M e l l o In stru to r M il t o n S. d e C a m p o s Prof. Assistente Docente G a b r ie l G. M a l g ê Prof. Assistente Docente A incidência da estrongiloidiase em nosso meio é bastante frequente e afeta não somente o homem como também algumas espécies de animais domésticos e aves. F ülleborn, 1914 (7), assinalou em cães do Extremo Oriente, espécie de Strongyloides, idêntica àquela encontrada no homem. Na opinião de B ru m pt, 1949 (3) êsse parasita seria espécie distinta do Strongyloides stercoralis denominando-o de Strongyloides canis, Brumpt, 1923. C h a n d i.e r, 1925 (5) contestou a opinião de Brumpt considerando o parasita em questão, não como espécie nova mas sim, como uma variedade de Strongyloides stercoralis. Entre nós, Pereira e V az, 1930 (12) assinalaram a presença do Strongyloides papilosus em cabras, responsabilizando-o pela pneumonia epizoótica que devastou cabras nacionais e estrangeiras em São Paulo. G onçalves, 1961 (8) assinalou a presença de Strongyloide stercoralis em cão jovem na cidade de Pôrto Alegre. Êsse mesmo autor (9) em 1962, verificou a presença do Strongyloide papilosus em ovinos no Rio Grande do Sul. Costa e col., 1962 (6) em levantamento parasitológico realizado em Belo Horizonte assinalaram a presença do Strongyloide stercoralis em 2% dos cães necropsiados.

852 Rev. Fae. Med. Vet. S. Paulo Vol. 7, fase. 4. 196S B atista Jr. e col., 1962 (1), cm Belo Horizonte, demonstraram a presença do Strongyloidc stercoralis em cães distribuídos por grupos etários e pelo sexo. B ec k e col., 1966 (2), verificaram a ocorrência do Strongyloides sp. em terneiros de Tambo, em Santa Maria (RGS). Santsago e col,. 1966 (13) verificaram que 0, 4 dos cães do município de Santa Maria (RGS) eram infestados por Strongyloides stercomlis. Dado o encontro freqüente de larvas de Strongyloides, nos exames parasitológicos de cães e de exemplares adultos nas necrópsias por nós efetuadas, resolvemos fazer o levantamento da incidência dessa parasitose em cães de São Paulo, utilizando para tanto, alem das técnicas usuais de laboratório, o nôvo método de pesquisa para pequenos helmintos intestinais, descrito por M ello e Ca m pos (10). MATERIAL E MÉTODOS Cinqüenta (50) cães foram utilizados na presente pesquisa, todos provenientes do Depósito Municipal da Cidade de São Paulo, sem raça definida, machos e fêmeas, de idade variando entre 6 meses a 12 anos, mantidos em canis individuais. Durante 5 dias sucessivos foram feitos exames de fezes de cada animal, empregando-se os seguintes métodos: Willis, sedimento em éter, Hoffmann e Baermann. Os cães eram depois sacrificados por choque elétrico e em seguida necropsiados. De seus intestinos eram retirados os Strongyloides existentes, utilizando-se as técnicas do raspado da mucosa e a de M e llo e Campos (10). RESULTADOS A tabela I mostra os resultados obtidos pelos diferentes métodos empregados para detectar a presença do Strongyloides nos cães da pesquisa. DISCUSSÃO Pela inspecção da Tabela I, verifica-se que dos 50 cães utilizados na pesquisa, 31 ou sejam 62*7 foram positivos para Strongyloides. Dos métodos empregados para detectar a presença dêsse parasita no animal vive, o de Baermann acusou 93,5% dos casos positivos, o sedimento pelo éter 19,3%, o de Iloffmann 6,4% e o de

Rev. Fae. Med. Vet. S. Paulo Vol. 7, fase. 4, 1968 853 TABELA I Estudo comparativo dos diferentes métodos utilizados na pe.-qulsa de Strongyloldes sp. do côo n - macho; f fêmea; M.C. = Mello e Campos; + = positivo: = negativo: P.R. Pós-Rasp.; Rasp. = Raspado de mucosa de intestino.

854 Rev. Fac. Mod. Vet. S. Paulo Vol. 7, fasc. 4, 1968 W illis demonstrou uma vez mais, ser inadequado para êsse tipo de pesquisa, embora M oraes, 1947-1948 (11) tenha relatado casos positivos utilizando êsso método. Nos exames post mortem a técnica de M ello e Campos detectou 20 cães positivos (64,5'r) e a técnica do raspado da mucosa, recomendada até então, 4 cães positivos (12,9% ). Um cão foi positivo pelo encontro de um verme adulto no exame do raspado da mucosa intestinal após a utilização da técnica de M ello e C am pos. Nos levantamentos epidemiológicos desta parasitose é indispensável o método de Baermann por ser indiscutivelmente a melhor técnica para o encontro de larvas de parasitas. Já o método Mello e Campos mostrou-se de grando eficiência para a coleta de Strongyloides adultos, o que por certo virá favorecer o estudo morfofisiológico dêsse paarsita. A conjugação dêsses dois métodos veio demonstrar que a incidência da estrongyloidiase em cães da cidade de São Paulo é alta, 64,5'(, enquanto que, a infestação per capita é baixa, variando de 1 a 35, em média 6,4 exemplares. Sandground, 1928 (14), estudando a susceptibilidade, a resistência e a imunidade adquirida nos cães e gatos quando sujeitos a infestação pelo Strongyloides steiroralis, conclui que tanto o cão quanto o gato, em tôdas as idades, podem infestar-se com êsse parasita. É de opinião também, que os animais que tiveram essa parasitose tornam-se refratários à reinfestação e que essa imunidade em cães se perde após 6 meses. Essa observação talvez explique o fato de termos encontrado em nossos exames, pequeno número de parasitas adultos, por animal necropsiado, em média 6,4 exemplares. A questão relativa à unicidade de espécies de Strongyloides infestando naturalmente o homem, o cão, o gato e outras espécies de animais, ainda é controvertida. Assim sendo, a alta incidência dessa parasitose (64,5'V), em cães da cidade de São Paulo, acrescida da possibilidade dêsses animais se infestarem com o Strongyloides de origem humana, assim como também, pela capacidade dos cães manterem-se por longo tempo parasitados (Campos e col., 1967) (4), leva-nos a concluir, ser o cão possível fator importante na epidemiologia da estrongiloidose humana em nosso meio, não só como reservatório mas, também, como dissiminador dêsse parasita.

Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 7, fase. 4, 1968 855 SUMÁRIO Os A.A. pesquisam a incidência de estrongiloidiase em 50 cães de rua, da cidade de São Paulo, empregando as seguintes técnicas: a) exames de fezes pelos métodos Willis, sedimento pelo éter, Hoffmann e Baermann, com os seguintes resultados para os cães positivos: Baermann 93,5%, sedimento pelo éter 19,3%, Hoffmann 6,4'f e o Willis 0% ; b) exame post, mortem pelos métodos de raspado de mucosa e o de Mello e Campos. O primeiro detectou 12,9' < e o segundo 64,5% de cães positivos. Os A.A. sugerem, assim, o emprego da técnica de Mello e Campos nos levantamentos zooepidemiológico a qual permite também a obtenção dos vermes vivos, facilitando dêsse modo seu estudo morfo-fisiológico e são de opinião ser o cão possível fator importante na epidemiologia da estrongiloidose humana em nosso meio, não só por ser reservatório como, também, por ser disseminador dessa parasitose. SUMMARY The authors studied the Strongyloidiasis incidence in 50 mongrel dogs, all from the city of São Paulo, Brazil: a) fecal examinations were performed by the following techniques: Willis, Baermann, Hoffmann and ether-sedimentation, with the following percentual results: Baermann 93,5%; Ether sedimentation 19,3%; Hoffmann 6,4'/ ; Willis 0,0%. b) post-mortem examinations were made both by counting in scrapings of the mucosa and by counting the ones not extracted by the scraping: these were collected by means of the Mello and Campos technique (in press). RKFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BATISTA JUNIOR, J. A.; COSTA, H. M. A.; FREITAS, M. G. 1962 Endo e ectoparasitos de canis familiaris em Belo Horizonte. II: Distribuição de helmintos em cães por grupos etários e sexos. Arch. Esc. Vet.. Belo Horizonte, //,:113-126. 2. BECK, A. A. II. & SANTIAGO, M. 1966 Ocorrência de helmintos em torneiros de Tambo em Santa Maria (RGS). (Nota prévia). Rev. Fac. Farm. Bioq. Santa Maria, 12(4) :99-100. 3. BRUMPT, E. 1949 - Précis de Parasitologio.6emc ed. Masson Et Cie, Paris. 4. CAMPOS, R.; WAREMAN, F.; OLIVEIRA, H. L.; MATTOS, L. C.; COHEN, S.; PASCOALOTTI, W. I.; PASCHOALOTTI. M. A. 1967 Infestação experimental do cão por S. Stercoralis por via oral. Rev. Paul. Med., 70(6) :303.

856 R pv. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 7. fase. 4, 1968 5. CHANDLER. A. 1925 The species of Stongyloides (Nematodal. Parasitology, 17:426-432. 6. COSTA. H. M. A.; BATISTA JUNIOR. J. A.; FREITAS, M. G. 1962 Endo e ectoparasitos de Canis familiaris cm Belo Horizonte. Parte I. Prevalência e intensidade de infestação. Arch. Esc. Vet., Belo Horizonte, 7//:103-112. 7. FÜLLKBORN, F. 1914 Untersuchungen ueher den Infektionsweg bei Strongyloide und Akylostomum und die Biologie dieser Parasiten. Arch. Schipps -u Trope» hyg., 5:16-80. 8. GONÇALVES, P. C. 1961 Da presença de Strongyloides strercoralis. (Bavay. 1876t, nôvo parasito do cão do Rio Grande do Sul. Rev. Fac. Agron. Vet.. R. G. Sul, ',<3) :193-197. 9. GONÇALVES, P. C. 1962 Strongyloides papulosus (Weld. 1856» em ovinos no Rio Grande do Sul. Rev. Fac. Agron. Vet., R. G. Sul, 5: 89-94. 10. MELLO. E. B. F. & CAMPOS. M. S. - 1968 Nova técnica de coleta de helmintos parasitas intestinais. Rev. Fac. Med. Vet.. S. Paulo, 7(4): 849-850. 11. MORAES, R. G. 1947-48 Contribuição para o estudo do S. stercoralis e da estrongiloidose no Brasil. Rev. Ser. Esp. Pub!.. 7<1i :505-624. 12. PEREIRA, C. & VAZ, Z. 1930 Origem helmintica do uma epizootia de cabras. Rev. Biol. Hyg., 2(2) : 137-141. 13. SANTIAGO, M. & BECK, A. A. H. 1966 Sôbre a incidência de Strongyloides stercoralis em cães e gatos no municipio de Santa Maria RGS. Rev. Fac. Farm. Bioq., Santa Maria 12(4) -.101-102. 14. SANDGROUND, J. H. 1928 Some studies on susceptibility, resistence, and acquire imunity to infection with Strongyloides stercoralis (nematoda) in dogs and cats. Anver. J. Hyg.. R:507-538.