FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DE PONTA GROSSA PR

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1 11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( x ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA FREQUÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DE PONTA GROSSA PR CRUZ, Luiza Stolz 1 BRITO, Priscilla Salles de 2 BERTOCCO, André Rabelo Peixoto 3 CARVALHO JÚNIOR, Rivadavia Pinto de 4 MINÉ, Júlio César 5 RESUMO As parasitoses intestinais constituem um grave problema de saúde pública. No Brasil, as enteroparasitoses são frequentes, especialmente entre crianças e as principais consequências são: diarreia crônica, má absorção, anemia ferropriva, baixa capacidade de concentração e dificuldades no aprendizado. As crianças em idade escolar são as mais atingidas e prejudicadas pelas doenças parasitárias, uma vez que seus hábitos de higiene são, na maioria das vezes, inadequados e sua imunidade ainda não está totalmente eficiente para a eliminação dos parasitos. O presente estudo visou verificar a prevalência de infecções causadas por parasitas intestinais em escolares da cidade de Ponta Grossa, PR, promover o aprendizado, na realização dos exames laboratoriais, assim como, a integração dos acadêmicos ao contexto dos aspectos sanitários e econômicos-sociais da população estudada. Para o trabalho foi realizado o exame parasitológico de fezes de crianças de 2 a 15 anos, na cidade de Ponta Grossa, entre março e novembro de Os exames coproparasitológicos foram executadas por meio de dois métodos de enriquecimento: Faust e Cols., e de Hoffman, Pons e Janer. Após a entrega dos laudos, os acadêmicos realizaram palestras para os escolares abordando informações educativas sobre verminoses e sobre boas práticas de higiene. Os resultados dos exames parasitológicos de fezes apresentaram 25,68% de positividade. Com relação ao grau de parasitismo, 74,04% das amostras positivas apresentaram monoparasitismo, 22,12% biparasitismo e 3,85% poliparasitismo. Os parasitas mais prevalentes foram Giardia lamblia (30,6%) e Entamoeba coli (29.8%) seguido por Trichuris trichiura (13.4%). Implementação de medidas de saneamento básico e programas assistenciais são fundamentais para a redução da prevalência de enteroparasitas, mas este resultado será eficaz somente se houver também mudanças comportamentais e, estas, se adquirem apenas por meio de educação. PALAVRAS CHAVE Enteroparasitoses. Exames coproparasitológicos. Educação infantil. 1 Acadêmica do Curso de Farmácia da UEPG. luizastolz@gmail.com 2 Mestre, Professora do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da UEPG. priscillabrito@gmail.com 3 Acadêmico do Curso de Farmácia. 4 Especialista, Professor do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da UEPG. 5 Doutor, Professor do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da UEPG.

2 11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 2 Introdução As parasitoses intestinais constituem um grave problema de saúde pública, pois acarretam um dos prejuízos à saúde mais comum do globo terrestre, sendo endêmicas em algumas regiões dos países de terceiro mundo. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). No Brasil, as enteroparasitoses são frequentes, especialmente entre crianças e as principais consequências são: diarreia crônica, má absorção, anemia ferropriva, baixa capacidade de concentração e dificuldades no aprendizado (KUNZ et al., 2008). As crianças em idade escolar são as mais atingidas e prejudicadas pelas doenças parasitárias, uma vez que seus hábitos de higiene são, na maioria das vezes, inadequados e sua imunidade ainda não está totalmente eficiente para a eliminação dos parasitos (BARATA, 2000; MORRONE et al., 2004). Infelizmente é nessa faixa etária que as influências exercidas pela parasitose tornam-se mais acentuadas, estabelecendo uma causa importante de morbidade e mortalidade em todo o mundo (FERREIRA et al., 2006). A população de nível socioeconômico mais baixo apresenta uma maior prevalência de doenças intestinais parasitárias, isso devido às precárias condições de saneamento básico, habitação e educação, resultando em altos índices de morbidade (UCHOA, 2001). Diversos autores têm mostrado percentuais importantes de enteroparasitos em ambientes de maior coletividade, principalmente em creches (CARDOSO et al.,1995; FRANCO, 1997). Atualmente, em função da maior urbanização e maior participação feminina no mercado de trabalho, as creches passaram a ser o ambiente mais frequentado pelas crianças, tornando-se locais potenciais de contaminação (GURGEL et al., 2005). Em estudo realizado em um Centro de Educação Infantil do distrito Águas de Jurema, em Iretama-PR, com crianças de 0 a 5 anos, Mamus e colaboradores (2008) revelaram que 43,74% das crianças apresentavam alguma parasitose intestinal, sendo identificada uma maior prevalência de Giardia lamblia (31,25%), Ascaris lumbricoides (6,25%), Ancylostoma (3,12%) e Hymenolepis nana (3,12%). Em Itambé,PR, Komagome e colegas (2007), estabeleceu a ocorrência de parasitoses intestinais em crianças e funcionários de uma creche e verificou um parasitismo de 34,5%, sendo Giardia duodenalis (54,7%) a espécie predominante, principalmente em crianças menores de dois anos. Pittner e colaboradores (2007) realizaram um levantamento parasitológico em creches e escolas da comunidade de Guaratu no município de Guarapuava-PR, em crianças com idades de 0 a 15 anos, revelou que 60,59% apresentavam-se positivas para pelo menos um parasito, sendo os parasitos mais revalentes Giardia intestinalis (50,73%) e Ascaris lumbricoides (15,27%). Um outro estudo, também em Guarapuava, PR, Ferreira e colaboradores (2006), realizado em uma creche da rede pública de ensino localizada na periferia do município de Guarapuava-PR. A amostra era composta por alunos de 4 a 6 anos. A prevalência de parasitoses intestinais encontrada foi de 31,7%, sendo que as espécies de parasitos intestinais mais encontradas foram Ascaris lumbricoides (4,5%), Entamoeba coli (13,6%) e Giardia lamblia (13,6%). Marquez e outros (2002) avaliaram a prevalência de parasitos intestinais de crianças de um bairro de baixa renda de Londrina PR. Das amostras de fezes analisadas, 67% apresentaram resultados positivos. Dentre as crianças parasitadas 47% estavam monoparasitadas, 29% biparasitadas e 24% poliparasitadas. Sendo que o protozoário mais prevalente foi a Endolimax nana (24,2%), um enteroparasito considerado não patogênico. Dos protozoários patogênicos, a Giardia lamblia (22,8%) foi a mais observada seguida da Entamoeba coli (21,4%). O Ascaris lumbricoides (10,6%) foi o helminto mais comumente verificado, seguido pelo Hymenolepis nana (7,5%) e Trichuris trichiura (5,6%). A educação continuada e a participação da população, principalmente as mais carentes, contribuem para a diminuição da prevalência das enteroparasitoses, mas para que isso ocorra, é preciso que se tenha completo conhecimento da realidade em que a população esta vivendo (BARRETO, 2005). Objetivos O presente estudo visou verificar a prevalência de infecções causadas por parasitas intestinais em escolares da cidade de Ponta Grossa, PR, promover o aprendizado, na realização dos exames laboratoriais, assim como, a integração dos acadêmicos ao contexto dos aspectos sanitários

3 11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 3 e econômicos-sociais da população estudada. O estudo visa também disponibilizar aos escolares acesso a um exame simples e de grande valia para o diagnóstico. Metodologia Para o trabalho foi realizado o exame parasitológico de fezes de crianças de 2 a 15 anos, na cidade de Ponta Grossa, entre março e novembro de Primeiramente realizou-se uma reunião com pais e/ou responsáveis e professores para apresentação do projeto, procedimentos a serem efetuados, assinatura de termo autorizando a participação do escolar na pesquisa, distribuição gratuita de frasco coletor de fezes e orientação sobre a coleta e identificação da amostra de fezes. Os exames coproparasitológicos foram realizados pelos acadêmicos de Farmácia que cursavam a disciplina de Parasitologia Clínica no ano de 2011, sob a supervisão da professora. As análises foram realizadas com uma única amostra por criança, executadas por meio de dois métodos de enriquecimento: Faust e Cols., e de Hoffman, Pons e Janer. O Método de Faust e Cols. têm como objetivo detectar ovos leves de helmintos e cistos de protozoários e é fundamentado na centrifugoflutuação. O Método de Hoffman, Pons e Janer tem como objetivo detectar ovos pesados de helmintos e eventualmente larvas. (PESSOA; MARTINS, 1982; AMATO NETO; CORRÊA, 1991; REY, 1991). Em ambas as técnicas foram examinadas duas lâminas em microscópio óptico de luz nos aumentos de 100x e 400x. Todas as normas de segurança foram rigorosamente seguidas, de modo a garantir a segurança e qualidades da presente pesquisa. Os laudos com os resultados dos exames foram encaminhados com a aquiescência da escola, para os responsáveis pelos alunos e com a orientação de encaminhamento para tratamento médico dos casos positivos patogênicos. Após a entrega dos laudos, os acadêmicos realizaram palestras para os escolares abordando informações educativas sobre verminoses e sobre boas práticas de higiene. Resultados No período de março a novembro de 2011 realizou-se o exame parasitológico de fezes de 405 crianças de duas escolas e cinco Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) na cidade de Ponta Grossa, PR. A faixa etária foi de 2 a 15 anos e 229 (56,5%) eram meninas e 176 (43,5%) eram meninos. Os resultados dos exames parasitológicos de fezes apresentaram 25,68% de positividade. Com relação ao grau de parasitismo, 74,04% das amostras positivas apresentaram monoparasitismo, 22,12% biparasitismo e 3,85% poliparasitismo. O maior número de parasitas diferentes encontrados na mesma amostra foi de quatro (Giardia lamblia, Entamoeba coli, Trichuris trichiura e Ascaris lumbricoides) Dos parasitas encontrados nas amostras fecais 73,2% eram protozoários e 26.8% helmintos, que estão relacionados na figura 1. Os parasitas mais prevalentes foram Giardia lamblia (30,6%) e Entamoeba coli (29.8%) seguido por Trichuris trichiura (13.4%). Outros parasitas que também foram encontrados nas amostras fecais foram: Ascaris lumbricoides (11.2%), Endolimax nana (10.5%), Enterobius vermicularis (2.2%), Iodamoeba butschlii (1.5%) e Entamoeba histolytica/díspar (0.8%). Os parasitas encontrados estão relacionados na tabela 1.

4 11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 4 Fig. 1: Parasitas encontrados nas amostras fecais de escolares da região de Ponta Grossa-PR em 2011 Tabela 1 Prevalência de parasitas em escolares Parasitas n o de casos Prevalência (%) Giardia lamblia Entamoeba coli Trichuris trichiura Ascaris lumbricoides Endolimax nana Enterobius vermicularis Iodamoeba butschlii Entamoeba histolytica/díspar Fonte: Projeto de Extensão - Enteroparasitoses em crianças da região de Ponta Grossa-PR, Conclusões Frente aos resultados observados, a taxa de positividade de parasitoses intestinais, quando comparado com outros estudos, apresentou-se baixa, porém não elimina a necessidade de adoção de medidas de controle e erradicação de transmissão. Os principais parasitos encontrados foram Giardia lamblia e Entamoeba. coli. O encontro de Giardia lamblia, um protozoário patogênico, reforça a importância do estudo desta parasitose na população infantil e é indicativo de condições socioeconômicas, higiênicas e culturais inadequadas. A presença de protozoários intestinais comensais, como Entamoeba coli, apesar de não constituir agravo à saúde, é importante, pois indica contaminação por via fecal-oral. Salienta-se a necessidade de acompanhamento das condições de saúde dos escolares e implementação de medidas que visem orientar e conscientizar a população sobre a transmissão das parasitoses intestinais. A educação é comprovadamente uma medida profilática efetiva e tem sido citada em diversas literaturas. Implementação de medidas de saneamento básico e programas assistenciais são fundamentais para a redução da prevalência de enteroparasitas, mas este resultado será eficaz somente se houver também mudanças comportamentais e, estas, se adquirem apenas

5 11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 5 por meio de educação. Portanto, a prática de mudança de hábitos é condição necessária para elevar a qualidade de vida dessas pessoas. Referencias BARATA, R. B. Cem anos de endemias e epidemias. Ciência & Saúde Coletiva, v. 5, n. 2, p , BARRETO, J. G. Detecção da incidência de enteroparasitos nas crianças carentes da cidade de Guaçuí ES. Revista Brasileira de Análises Clínicas, Rio de Janeiro, v. 38, p , CARDOSO, G. D. S.; SANTANA, A. D. C. D.; AGUIAR, C. P. D. Prevalência e aspectos epidemiológicos da giardíase em creches no Município de Aracujo, SE, Brasil, Rev. Soc. bras. Med. Trop. v. 28, n. 1, p , FERREIRA, H.; LALA, E. R. P.; MONTEIRO, M. C.; et al. Estudo Epidemiológico Localizado da Freqüência e Fatores de Risco Para Enteroparasitoses e sua Correlação com o Estado Nutricional de Crianças em Idade Pré-escolar. Rev. UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta Grossa, v. 12, n. 4, p , dez FRANCO, R. M. B. Infecções parasitárias em creche: estudo em uma área urbana, com ênfase em Cryptosporidium parvum e Giardia duodenalis. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 30, n. 5, p , GURGEL, R. Q. et al. Creche: ambiente expositor ou protetor nas infestações por parasitas intestinais em Aracaju, SE. Rev Soc Bras Med Trop, v. 38, n. 3, p , KOMAGOME, S. H. et al. Fatores de risco para infecção parasitária intestinal em crianças e funcionários de creche. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 6, p , 2007 KUNZ, J. M. O. et al. Parasitas intestinais em crianças de escola municipal de Florianópolis, SC Educação ambiental e em saúde, Biotemas v. 21, n. 4, p , ISSN MAMUS, C. N. C.; MOITINHO, A. C. C.; GRUBE, C. C.; et al. Enteroparasitoses em um Centro Educacional Infantil do Muncípio de Iretama/Pr. SaBios: Revista Saúde e Biol., Campo Mourão, v. 3, n. 1, p jan./jun MARQUEZ, A. S.; HASENACK, B. S.; TRAPP, E. H.; et al. Prevalência de enteroparasitoses em crianças de um bairro de baixa renda de Londrina Paraná. Ver. Ciências Biológicas e Saúde, Londrina, n. 4, p , MORRONE, F. B. et al. Study of enteroparasites infection frequency and chemotherapeutic agents used in pediatric patients in a community living in Porto Alegre, RS, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 46, n. 2, p , ISSN MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Plano Nacional de Vigilância e Controle de Enteroparasitoses, PITTNER, E.; MORAES, I. F.; SANCHES, H. F.; et al. Enteroparasitoses em Crianças de uma Comunidade Escolar na Cidade de Guarapuava, PR. Revista Salus, Guarapuava, v. 1, n. 1, p , jan./jun UCHÔA, C. et al. Parasitoses intestinais: prevalência em creches comunitárias da cidade de Niterói, Rio de Janeiro-Brasil; Intestinal parasitism: prevalence in day-care centers of Niteroi city, Rio de Janeiro-Brazil. Rev. Inst. Adolfo Lutz, v. 60, n. 2, p , 2001.