HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO VALE DO PARAÍBA



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Transcrição:

HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO VALE DO PARAÍBA Neusa Fernandes Olinio Gomes P. Coelho Organizadores VASSOURAS 2013

História e Geografia do Vale do Paraíba 1

História e Geografia do Vale do Paraíba Organização Neusa Fernandes e Olinio Gomes P. Coelho Diagramação Gustavo Leoni Capa Joacir Esteves Ilustração da capa Mapa de parte das capitanias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo [ca. 176-]. Revisão Sandra Pássaro Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras Presidente: Olinio Gomes P. Coelho Vice-Presidente: Sebastião Deister Primeiro Secretário: Marco Aurélio Martins Santos Segundo Secretário: Jeronimo de Paula da Silva Primeira Tesoureira: Roselene de Cássia Coelho Martins Segunda Tesoureira: Magaly Oberlaender Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Rio de Janeiro CREA-RJ Presidente: Agostinho Guerreiro Prefeitura de Vassouras Prefeito: Renan Vinicius Santos de Oliveira Comissão Executiva do I Congresso Nacional de História e Geografia do Vale do Paraíba Neusa Fernandes, Presidente Elizabeth Soriano Pletsch Jeronimo de Paula da Silva Marco Aurélio Martins Santos Maria Clara Amado Martins Roselene de Cássia Coelho Martins Ficha Catalográfica H673 História e Geografia do Vale do Paraíba / organizado por Neusa Fernandes, Olinio Gomes P. Coelho. Rio de Janeiro: Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras, CREA-RJ, Prefeitura de Vassouras, 2013. 312 p. Inclui bibliografia ISBN: XXX-XX-XXX-XXX-X Artigos apresentados no I Congresso de História e Geografia do Paraíba, realizado no Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras, de 18 a 21 de maio de 2011. 1. Brasil História Congressos. 2. Brasil Geografia História Congresso. I. Fernandes, Neusa. II. Coelho, Olinio Gomes P. CDD 981.53 Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Ana Cristina Monteiro Mesquita - CRB-7 4848 Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião ou a concordância dos organizadores, seno o conteúdo e a veracidade dos mesmos de inteira e exclusiva responsabilidade de seus autores, inclusive quanto aos direitos autorais de terceiros sobre textos e imagens. 2

História e Geografia do Vale do Paraíba Sumário Memória e Patrimônio... 7 Renan Vinicius Santos de Oliveira Prefeito de Vassouras Abertura... 9 Olinio Gomes P. Coelho Presidente do IHGV Um Vale de Tesouros Arquitetônicos e Culturais... 11 Agostinho Guerreiro Presidente do CREA-RJ Quando o Dever se Transforma em Prazer... 13 Flora de Paoli Faria Decana do Centro de Letras e Artes/UFRJ Apresentação... 17 Os Organizadores Parte I Conferências... 19 Conferência Inaugural... 21 Singelos, poesias de um cego...há cem anos em Vassouras...23 Cybelle de Ipanema Conferências... 35 Arqueologia do Vale do Paraíba...37 Ondemar Ferreira Dias Júnior Matrizes Africanas do Território Brasileiro...45 Rafael Sânzio Araujo dos Anjos O Vale do Café no Imaginário da Literatura Brasileira...59 Ivo Barbiéri Parte II Homenagem a Milton Santos... 69 Milton Santos, pensador do aço humano...71 João Henrique dos Santos Meu Mestre Milton Santos...75 Eliane Alves da Silva 3

Parte III Capítulos... 79 Capítulo I No Rastro da História do Vale do Paraíba... 79 Índios do Vale do Paraíba...81 Jeronimo de Paula da Silva Vassouras: os primórdios da evolução urbana...87 Francisco Salvador Veríssimo A História da Estrada de Mangaratiba, Atual RJ 139... 89 Cláudia Braga Gaspar Cidades Imperiais: Os Processos das Mercês de São Luís do Paraitinga e Bananal...99 Rogéria Moreira de Ipanema A Escravidão Brasileira no século XIX: As Estratégias de Resistência dos Escravos...107 Marcelo Serra Martins A Ferida incurável: zoonose na implantação e expansão da cultura cafeeira Vassouras, 1821-1850... 115 Magno Fonseca Borges Guilherme Pinheiro Fursawa Pedro Eduardo de Mesquita Marinho Depois do escravo, a terra! : O Abolicionismo e a Elite Fluminense no final do Império... 123 Roselene de Cássia Coelho Martins Capítulo 2 O Vale do Paraíba: Problemas e Tranformações... 131 O Médio Paraíba, suas Transformações Econômicas e seus Impactos...133 Flavio Gomes de Almeida e Maurício Silva Santos Os Atlas do IBGE...137 Roberto Schmidt Projeto de Mapeamento de Ecotrilhas do Parque Nacional de Itatiaia, Município de Itatiaia / Município de Resende...145 Eliane Alves da Silva A Problemática da Escassez de Água Face ao COMPERJ...153 Flávio Gomes de Almeida 4

História e Geografia do Vale do Paraíba Regiões de Governo... 161 Maurício Silva Santos Capítulo 3 A Riqueza Imperial do Vale... 171 Abolição e Decadência Fluminense... 173 Alex Nicolaeff O Rei do Café...179 Rosimeiri Fonseca de Mello Capítulo 4 Gênero e Grupos Sociais... 185 Uma Mulher Inatual...187 Neusa Fernandes Parentela, Riqueza e Poder; Três Gerações de Mulheres...199 Miridan B. Britto Falci Narcisa Amália: Uma Trajetória Feminina do Sul Fluminense do Século XIX...209 Gisele Oliveira Ayres Barbosa A Busca de uma Mulher em Vassouras na Ficção do Alentejano Diogo Ribero Flores...215 Celeste Varella Capítulo 5 O Patrimônio Cultural no Vale do Paraíba... 219 Vassouras: Patrimônio Nacional...221 Olinio Gomes P. Coelho Museus-Casas: Relicários Arquitetônicos e Lugares de Memória...229 Fabíola do Valle Zonno Fazenda Nossa Senhora da Piedade de Vera Cruz: Origens, Glória e Decadência na Serra do Tinguá...239 Sebastião Deister Fazenda Três Poços do Café à Universidade...249 Roberto Guião de Souza Lima Observações acerca da Pintura no Solar do Barão de Itambé, em Vassouras...253 Sérgio Guimarães Lima 5

O Significado da Talha na Catedral de Valença e na Matriz de Paty do Alferes...261 Magaly Oberlaender Acervo de Imagens Digitais do Patrimônio Edificado Aplicado na Educação para Preservação do Patrimônio Histórico...269 Luiz Neves A Documentação de Vassouras e do Vale do Paraíba no Acervo da Presidência da Província Século XIX...273 Paulo Knauss Capítulo 6 Educação, Cultura e Lazer... 281 Instrução Pública em Vassouras no Segundo Reinado...283 Gabriela Maria Costa da Silva Brandão, o Popularíssimo e as Companhias Teatrais Mambembes no Vale do Paraíba, no século XIX: Uma Viagem Pitoresca...289 Marco Martins Santos A Crítica como Condição à Preservação da Arte Popular: a Escola de Samba e o Boi-Bumbá...299 Raphael David dos Santos Filho O Correio da Lavoura: Múltiplos Olhares de uma Região: Sociedade, Poder e Cultura. Nova Iguaçu (1917-2000)...307 Ivonete Cristina Campos Lima 6

História e Geografia do Vale do Paraíba Memória e Patrimônio Com grande honra presenciamos hoje um momento histórico para nossa região. Vassouras, assim como todos os municípios que integram a região do Vale do Ciclo do Café, é detentora de um patrimônio histórico, material e imaterial, que retrata um período que muito contribuiu para o desenvolvimento econômico e cultural do Brasil. Nosso Patrimônio Material, com os suntuosos palacetes, casarões e fazendas que pertenceram aos barões do café, além de outras construções imponentes de época, destacam a riqueza daquele período e retratam a importância econômica da região para o Brasil, ao passo que representam a arquitetura histórica da região. É fundamental a luta constante pela preservação! Já nosso Patrimônio Imaterial, intangível sim, mas fortemente presente e vivo em cada militante da Cultura, em cada estudante da rede pública de ensino, em cada visitante, enfim, em cada um de nós, expressa nossa maior riqueza e, quando valorizado, eleva à máxima potência o ideal de preservação de nossa história. Da música à dança, da culinária às crenças populares, ou em outras expressões, temos um rico e variado legado, digno de ser estudado e cada vez mais enaltecido. Logo, nossos patrimônios material e imaterial, juntos, mantêm viva nossa maior essência: a Cultura! Este Congresso é um presente para Vassouras. Sendo assim, em nome da população vassourense registro especial agradecimento ao Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras, na pessoa de seu presidente Doutor Olinio Gomes Paschoal Coelho, e a todos que apoiaram a realização, na pessoa do presidente do CREA-RJ Agostinho Guerreiro. A Prefeitura de Vassouras, cuja atribuição é zelar pela preservação da história de nosso Município, se apresenta como parceira do Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras, e registra aqui o agradecimento especial a todos os militantes da Cultura, que lutam pela preservação de nossa memória e contribuem sobremaneira com o nosso desenvolvimento. Que Deus abençoe a todos! Renan Vinicius Santos de Oliveira Prefeito de Vassouras 7

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História e Geografia do Vale do Paraíba Abertura Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras I Congresso Nacional de História e Geografia do Vale do Paraíba Sessão Solene de Abertura Vassouras, 18 de maio de 2011 Excelentíssimo senhor doutor Renan Vinicius Santos de Oliveira, prefeito do Município de Vassouras Excelentíssima senhora doutora Cybelle de Ipanema, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro Excelentíssimo senhor doutor Arciley Pinheiro, Representante do Presidente do CREA-RJ doutor Agostinho Guerreiro Excelentíssima senhora Flora de Paoli Faria, decana do Centro de Letras e Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro Excelentíssimos senhores secretários municipais de Vassouras Senhoras e Senhores Meus Confrades e Confreiras do Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras É com enorme prazer que abrimos este I Congresso de História e Geografia do Vale do Paraíba, realizado em nossa administração, que contou com o inestimável apoio da Prefeitura Municipal de Vassouras, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro CREA-RJ e do Centro de Letras e Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O Estado do Rio de Janeiro realizou, até agora, três congressos envolvendo sua História e Geografia: o primeiro, em 1963, organizado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Petrópolis; o segundo, em 1967, organizado pela Universidade Federal Fluminense; e o terceiro, em 2007, organizado pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro. E, em 2011, quando o Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras completa dez anos de sua fundação, temos a oportunidade de realizar este I Congresso, de âmbito nacional, abrangendo a História e Geografia de todo o Vale do Rio Paraíba do Sul. Com isso, professores e estudiosos destas disciplinas poderão ampliar seus conhecimentos, a partir desta reunião, que envolve, além de historiadores e geógrafos, também arquitetos, engenheiros, sociólogos, antropólogos, economistas, ambientalistas e demais pesquisadores e interessados na atualização dos estudos sobre essa importante região fluminense. 9

Ao empreender todos os esforços para realizar este congresso, aqui, nesta cidade, com o apoio da prefeitura, do jornal Tribuna do Interior, dos nossos patrocinadores, e especialmente com o envolvimento dos sócios do Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras, tínhamos por objetivos: Promover o intercâmbio entre os diversos institutos históricos e geográficos, centros de documentação, conselhos de cultura e de educação, instituições de ensino superior e demais entidades culturais da região; Comemorar os 10 anos de fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras; Prestar homenagem ao geógrafo Milton Almeida dos Santos, um dos maiores nomes da Geografia no Brasil, pela passagem do 10º aniversário de seu falecimento; Produzir subsídios aos governos do Estado do Rio de Janeiro e das prefeituras municipais de Vassouras e dos municípios do Vale do Paraíba, no sentido de enriquecimento do planejamento administrativo, econômico, estratégico e cultural para a efetivação de ações públicas, frente a projetos sociais, econômicos, culturais e de outras naturezas, que visem a melhoria da qualidade de vida dessas populações; Contribuir para o desenvolvimento social, econômico e cultural dos municípios fluminenses envolvidos e incentivar a criação de outros institutos históricos e geográficos municipais. Para isso, contamos com a significativa participação da Comissão Organizadora do Congresso, presidida pela incansável professora pós-doutora Neusa Fernandes, integrada pelos consócios Elizabeth Soriano Pletsch, Jeronimo de Paula da Silva, Marco Aurélio Martins Santos, Maria Clara Amado Martins e Roselene de Cássia Coelho Martins, todos envolvidos pela chama do ideal que gerou e trouxe à luz este Congresso. O Instituto agradece profundamente a todos os que colaboraram de alguma forma para a realização deste evento. A partir de amanhã, até sábado, mais de 40 mesas farão comunicações sobre aspectos diversos da História do Vale do Paraíba e desde já podemos antecipar o sucesso desta empreitada. Especialmente, agradecemos ao Excelentíssimo Senhor prefeito de Vassouras, doutor Renan Vinicius Santos de Oliveira, pelo apoio ao evento e pela produção de nosso terceiro Informativo, à Excelentíssima senhora decana do Centro de Letras e Artes da UFRJ, doutora Flora de Paoli Faria e ao Excelentíssimo senhor diretor da Escola de Belas Artes, doutor Carlos Gonçalves Terra, pela apresentação que vamos amanhã ter do Grupo Teatral Centro de Teatro dessa Escola, e ao doutor Agostinho Guerreiro, presidente do CREA-RJ pelo patrocínio concedido a este congresso e especialmente pela apresentação do Coral desse Conselho que congrega engenheiros, arquitetos, agrônomos, meteorologistas, geólogos e geógrafos. A todos, o nosso sincero Muito obrigado. Olinio Gomes P. Coelho Presidente do IHGV 10

História e Geografia do Vale do Paraíba Um Vale de Tesouros Arquitetônicos e Culturais As terras do Vale do Paraíba estão localizadas no eixo Rio de Janeiro São Paulo, compreendidas entre os primeiros trechos do Rio Paraíba do Sul e as encostas das Serras do Mar e da Mantiqueira. A história da região está intimamente ligada a ciclos econômicos de caráter agrário, principalmente ao do café, período iniciado no século XIX e que teve seu declínio detonado pela crise na Bolsa de Nova York, em 1929. O Ciclo do Café foi uma época de grande opulência, que modificou a estrutura social e deu prestígio e poder político ao Vale do Paraíba. A riqueza produzida pelos grãos do café propiciou também a construção de um importante acervo histórico e cultural. Monumentos arquitetônicos muito significativos, como fazendas, igrejas, sobrados, estações ferroviárias, e pontes destacam-se pelas boas condições de conservação e preservação. Além dos bens materiais, o Vale guarda, ainda, uma cultura rica em tradições, com usos e costumes antigos das comunidades, constituída de conhecimentos e práticas resultantes de fonte oral, de hábitos ou de recordações reveladoras da sabedoria popular. Assim, as festas religiosas, o variado artesanato e a culinária regional também representam o relevante legado histórico do Vale do Paraíba. Enfim, a modernização das cidades do Vale do Paraíba não representou a morte das tradições. Pelo contrário, a modernidade mistura-se ao passado, fomentando o turismo que quer ver de perto a antiga arquitetura dos tempos do café e, também, desfrutar das belezas naturais da região. Sob esta perspectiva, o CREA-RJ não poderia deixar de apoiar a produção deste documento, elaborado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras, tendo em vista a relevância do seu conteúdo para o aprofundamento dos conhecimentos não só sobre o município, mas para a construção da História de toda a Região. Assim, o Conselho reafirma seu compromisso de apoiar ações que vão além da técnica, que valorizam o fazer humano, suas causas e suas consequências. Agostinho Guerreiro Presidente do CREA-RJ 11

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História e Geografia do Vale do Paraíba Quando o Dever se Transforma em Prazer Flora de Paoli Faria* Em uma belíssima tarde/noite de maio de 2011, na qualidade de Decana do Centro de Letras e Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro participei dos trabalhos de abertura do I Congresso Nacional de História e Geografia do Vale do Paraíba. O evento foi realizado no período de 18 a 21 de maio de 2011, na cidade de Vassouras, coração fluminense desse vale fértil. Organizado sob a égide do IHGV- Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras, entidade considerada por muitos como uma das mais ativas do país, principalmente pelo trabalho desenvolvido na recuperação e divulgação da importante arquitetura das fazendas de café que marcaram a história da região. O IHGV conta em seu quadro de associados com nomes de destaque da UFRJ. Na impossibilidade de citar todos, me atenho especificamente aos docentes que colaboraram efetivamente na organização do Congresso. Nesse caso, reportamo-nos a Olinio Gomes P. Coelho, Professor Titular de nossa Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, que embora aposentado, continua sendo um dos motores principais de eventos e atividades correlacionadas com sua extensa área de conhecimento, que objetiva, principalmente, a preservação de nossos bens culturais. Recordo também a Professora Doutora Maria Clara Amado Martins, destacada docente da FAU/UFRJ, responsável pela Coordenação das atividades de extensão do Centro de Letras e Artes e do Professor Jerônimo de Paula da Silva, agora aposentado, e que durante mais de trinta anos exerceu as mais distintas funções na nossa Faculdade de Arquitetura, responsáveis ainda pelo convite encaminhado a mim e à decana substituta do Centro de Letras e Artes, a arquiteta Cristina Grafanassi Tranjan, que atua na Escola de Belas Artes. Nesse momento, é oportuno lembrar que o Centro de Letras e Artes é constituído pelas Faculdades de Letras e Arquitetura e Urbanismo e pelas Escolas de Belas Artes e Música, perfazendo uma importante área de conhecimento no seio da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dessa forma, a própria constituição de nosso Centro e a leitura e o conhecimento dos objetivos do evento confirmam sua abrangência para os pesquisadores das áreas envolvidas, além de aguçar a minha curiosidade de estudiosa das Letras Italianas, por conhecer melhor as histórias e os espaços da terra dos Barões do Café, que nesse ano de 2011, festejavam os dez anos de fundação de seu Instituto Histórico e Geográfico, além do décimo aniversário de falecimento do Geógrafo Milton de Almeida Santos. É indispensável dizer do orgulho e emoção que nos acomete em momentos como esses, quando vemos brilhar a prata da casa, transformando nosso dever de representar uma Instituição Pública de Ensino, no caso, a UFRJ em prazer de seguir e acompanhar os vários trabalhos que recuperam a formação do povo e a ocupação do solo brasileiro, dando vida a uma cidade encruzilhada por onde passaram e continuam a passar distintas estradas que contribuem para a interiorização do saber e a preservação da cultura. * Decana do Centro de Letras e Artes da UFRJ. Professora Titular do Setor de Letras Italianas do Departamento de Letras Neolatinas da UFJ. 13

Sem dúvida, histórica e geograficamente Vassouras simboliza de forma magistral os intrincados caminhos que conduzem à formação da multiforme identidade brasileira, nesse caso, espelhada de forma clara nos diversos temas que constituem o objeto de estudos do evento, que partindo do exame da aristocracia vassourense, passa pela escravidão e suas marcas sociais, favorecendo assim o exame das etnias que constituem o Vale do Paraíba. É esse olhar ampliado da história e do próprio espaço que transcende o físico até alcançar o espaço único da memória que nos leva a identificar a cidade de Vassouras como uma verdadeira encruzilhada de estradas, capaz de abrir até hoje novos caminhos, conforme nos assegura a sua própria história. E é exatamente através da memória que nos aproximamos desse Congresso de história e geografia através da lembrança de colegas da UFRJ que deixaram seus nomes inscritos nos caminhos do saber trilhados em Vassouras, me refiro ao saudoso colega Afonso Carlos Marques dos Santos, Titular de História da UFRJ, que muitas vezes esteve nessa cidade para dar cursos, e que nos ensina em seu livro A Invenção do Brasil que é necessário estar atento para as delicadas relações de arquitetura urbana, da política e da história, para que essas relações não se transformem em barbárie, quando um interesse se sobrepõem ao outro (como aconteceu, por exemplo, com a abertura do túnel Dois Irmãos no Rio de Janeiro) quando o governador carioca Chagas Freitas resolve rasgar ao meio o conjunto habitacional do Parque Proletário da Gávea, projetado por Afonso Eduardo Reidy, para proteger o terreno ocupado pela PUC e pelo condomínio de luxo- Jardim Pernambuco, situação em que o poder político, da primeira e o poder econômico, do segundo se sobrepõe ao valor arquitetônico e histórico do prédio projetado por Reidy. Na esteira dos docentes da UFRJ que contribuíram de forma efetiva para a revitalização da vida acadêmica da cidade de Vassouras, me permito lembrar as colegas Telenia Hill e Dalma Braune Portugal do Nascimento. Essas professoras foram companhia frequente do cearense Severino Sombra de Albuquerque, em suas andanças pelos meandros acadêmicos do Rio de Janeiro, em busca de pessoal qualificado para atuar na hoje Universidade Severino Sombra. A presença em Vassouras dessas professoras e suas lições de Teoria Literária nos trazem à mente o livro do escritor português Miguel Sousa Tavares Rio das Flores hoje mais um dos municípios fluminenses, que nos conta a saga da família Ribera Flores num espaço temporal que vai de 1915 até 1945, passando pelo Alentejo, pela Espanha e finalmente pelo Brasil ao retratar exatamente o Vale do Paraíba. Seguir pelas trilhas da literatura e da memória nos conduz obrigatoriamente à figura vanguardista de Eufrásia Teixeira Leite, seu romance com Joaquim Nabuco e os mistérios que envolvem a vida dessa grande benemérita de Vassouras e de sua mágica Chácara da Hera. É ainda nessa trilha que queremos seguir ao recordar o belíssimo artigo de Inácio de Loyola Brandão, intitulado Tarde de tango entre montanhas, publicado no Jornal Estado de São Paulo de 27 de outubro de 2010, quando ele nos narra uma fantástica visita à Fazenda Cachoeira Grande de propriedade de Nubia Caffareli e que no passado serviu de cenário para Eufrásia Teixeira Leite oferecer para a Princesa Isabel e seu marido Conde D Eu, uma 14

História e Geografia do Vale do Paraíba ceia, cujo requinte e iguarias detiveram os convivas à mesa por mais de cinco horas. É nesse ambiente de luxo e refinamento que o escritor conhece a tia de Nubia, Magadalena Manso Vieira, refinada dama da sociedade, que segundo informações obtidas por Loyola junto a uma amiga comum, foi um dos grandes amores de Juscelino Kubitschek: A atmosfera da tarde que caía, a garoa (ou chuvisco), a luz esmaecida da sala, o retrato sobre a lareira, me levaram ao filme Rebeca, Mulher Inesquecível, de Hitchcock. A visita terminou, as imagens daquela tarde me acompanharam, quando voltei a São Paulo liguei para Heleninha, sólida amizade que me resta do tempo de colégio. Contei o episódio, ela ficou arrepiada. Encontrou Dalena? Onde está? Que mundo pequeno, que coisa bonita. Foi a minha vez de espantar. Dalena? E Heleninha: Um dia, acompanhei papai e tio Hélio a uma festa e fui apresentada a JK. Conversava com o presidente, quando ele olhou sobre meus ombros, abriu um sorriso, esqueceu tudo, com quem falava, o que dizia, e correu para Magdalena que acabara de entrar: Dalena, Dalena! Assim ouvi, assim ele a tratava. Aquele encontro nunca me saiu da memória. Ela sempre foi mulher deslumbrante. E continua deslumbrante, disse eu. Dalena, Magdalena, Madá me pareceu feliz, sem idade, embalada por memórias aquecedoras. Vassouras. Eufrásia, Dalena, o retrato sobre a lareira, o cheiro do café coado, do pão de queijo saído do forno, o perfume de Núbia, a garoa umedecendo a atmosfera. Onde estou, em que ano, em que lugar? Os tangos ainda ecoam nas montanhas que foram cobertas por cafeeiros. O clima de sonho e nostalgia que marcam a crônica de Loyola Brandão em certos momentos parece invadir toda a cidade, nos transportando para um tempo que existe apenas na nossa imaginação, porém os testemunhos arquitetônicos, espalhados por toda a parte, mostram-se tão vivos que fica impossível não se deixar levar por essa enxurrada de lembranças, que trazem consigo o desejado gosto do prazer. 15

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História e Geografia do Vale do Paraíba Apresentação O Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras, com o apoio do Conselho Regional de Arquitetura-RJ, apresenta este volume intitulado História e Geografia do Vale do Paraíba, composto das comunicações apresentadas no 1º Congresso Nacional de História e Geografia do Vale do Paraíba, realizado de 18 a 21 de maio, no Parque Hotel Santa Amália, em Vassouras. Os objetivos do Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras centram-se em pesquisar, estudar e difundir a História e a Geografia do Município de Vassouras e do Vale do Paraíba Fluminense; defender e promover o patrimônio natural e cultural do Município e da Região, além de buscar o domínio das informações relativas à região do Vale do Paraíba Fluminense, através da geração e permanente atualização de um banco de dados. Considerando as principais preocupações do IHGV e a obrigatoriedade de sua presença nas discussões que envolvem questões étnicas, democracia, igualdade de direitos sociais e civis e de oportunidades para os cidadãos, o acesso à terra, à educação, à saúde e à cultura, resolveu o Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras promover o 1º Congresso Nacional de História e Geografia do Vale do Paraíba. A presente publicação permite acesso aos diversos temas desenvolvidos e discutidos pelos comunicadores que, nesse congresso, estiveram reunidos a fim de apontar soluções para os múltiplos problemas que cercam o Vale do Paraíba. A organização deste livro, em três partes, I, II e III, contendo seis capítulos, seguiu as temáticas apresentadas no 1º Congresso Nacional de História e Geografia do Vale do Paraíba. A Parte I, denominada Conferências, englobou três: a conferência de abertura, intitulada Singelos, poesias de um cego...há cem anos em Vassouras, pronunciada pela professora doutora Cybelle de Ipanema, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro e secretária do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; a conferência feita pelo professor doutor Ondemar Ferreira Dias Júnior, denominada A Arqueologia no Vale do Paraíba; e a conferência O Vale do Café no Imaginário da Literatura Brasileira, proferida pelo professor doutor Ivo Barbiéri. A Parte II, intitulada Homenagem a Milton Santos, abriu o 1º Congresso Nacional de História e Geografia do Vale do Paraíba, lembrando os dez anos do desaparecimento do geógrafo. Abordando sua carreira profissional como homem de ciência e professor, a Mesa tratou da visão política e social de Milton Santos e discutiu a importância das suas ideias para a construção e a compreensão da nação brasileira. A Parte III é composta dos seguintes Capítulos: No Rastro da História do Vale do Paraíba é o tema do primeiro capítulo que englobou o reconhecimento da primitiva região, seus primeiros habitantes, o surgimento das principais estradas e cidades, bem como seu processo civilizatório. 17

O segundo capítulo preocupa-se com a Geografia do Vale do Paraíba, abordando os atlas brasileiros, os mapeamentos e em especial o Rio Paraíba do Sul. O café é o temário do terceiro capítulo que fez um panorama da história da cultura cafeeira no Vale do Paraíba, refletindo sobre o auge e analisando as causas da decadência da plantation que determinou a história de várias cidades da região. O quarto capítulo apresenta histórias de mulheres e diferenças de gênero na evolução e na formação da comunidade do Vale do Paraíba. O capítulo quinto trata do patrimônio cultural, das políticas de preservação do acervo dos bens tombados, ressaltando os monumentos das cidades de Vassouras, Paty do Alferes e Miguel Pereira. Uma análise comparativa dos instrumentos fundamentais para a preservação da documentação da história do Vale do Paraíba, em âmbitos federal estadual, municipal e regional é o objetivo do sexto capítulo. Para finalizar a Parte III, é o capítulo sexto dedicado à cultura, educação e lazer, contemplando o teatro, as instituições educacionais e as festas populares, no Brasil imperial e nas principais cidades do Vale do Paraíba. Os Organizadores 18

História e Geografia do Vale do Paraíba Parte I Conferências 19

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História e Geografia do Vale do Paraíba Conferência Inaugural 21

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História e Geografia do Vale do Paraíba Singelos, poesias de um cego...há cem anos em Vassouras Cybelle de Ipanema* Prepara-se, o Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras, para em quatro dias trazer aos estudiosos, realidades da cidade e de seu entorno, no âmbito de território fluminense marcado pela presença do rio Paraíba do Sul e de uma pujante cultura do segundo Reinado, o café. Honra-nos apresentar a fala de Abertura, em nome do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, aliás sob cuja égide nasceu este Instituto, aos influxos do I Colóquio dos Institutos Históricos Municipais do Estado do Rio de Janeiro, no ano 2000, realizado na capital do Estado com a participação múltipla de entidades de história e memória, por seus operadores e guardiãs. Honra que agradecemos ao Instituto anfitrião, nas pessoas de seu presidente, dr. Olinio Gomes Coelho, e da dra. Neusa Fernandes, mentora, sócia benemérita e ex-presidente, símbolos representativos da entidade que, com o presente Congresso de História e Geografia, alarga o conhecimento da região. É valiosíssima a documentação do Vale do Paraíba, sobretudo pelo papel desempenhado na economia do Brasil Imperial e por ser o Vale, elo de ligação entre as duas, a partir de certo tempo, maiores cidades do país, Rio de Janeiro e São Paulo. O Vale fluminense comporta 23 municípios. Dos 92 do Estado, correspondem a 25% ou 4ª parte. Recordemos algumas iniciativas visando ao seu estudo, de interesse local ou amplo, nacional. Em 1978, o IV Simpósio de História do Vale do Paraíba, do Instituto de Estudos Valeparaibanos-IEV, realizado nesta cidade de Vassouras. Posteriormente, o XI Simpósio, de nossa coordenação, em 1992, na cidade de Paraíba do Sul, ligada muito diretamente a Tiradentes, pois no ano do bicentenário de sua execução. Ainda do IEV, com centralização na Sociedade Ipanema de Educação e Cultura. Depois de um largo interregno não se efetivava desde 1967, planejamos, pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, o III Congresso Fluminense de História e Geografia, cuja coordenação solicitamos à professora Neusa Fernandes, com equipe, integrada pelo professor Olinio Gomes Coelho, membros do IHGRJ, ela, vice-presidente. Do Congresso, resultou a edição do livro História e Geografia Fluminense, da organização de ambos, com numerosos trabalhos sobre o Vale. Felicitações, pois, ao atual I Congresso Nacional de História e Geografia do Vale do Paraíba, do Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras, na certeza de novas e ricas contribuições! * Livre docente e doutora em Comunicação pela ECO/UFRJ, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro IHG-RJ, primeira secretária do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro IHGB e Sócia do Instituto Histórico e Geográfico de Vassouras. 23