- 1 - TRABALHO SOBRE EUTANÁSIA Matéria: Direito Civil Professor: Drº Aluno: Sérgio Moreira dos Santos, RA: 304395781. º do Curso de Direito, período noturno. UNIBAN Data: 20/02/2003.
- 2 - EUTANÁSIA Eutanásia é um tema bem atual e controvertido, contudo neste trabalho vou analisá-lo sobre os aspectos de sua definição e da questão morte, de sua situação no ordenamento jurídico brasileiro e das religiões, para daí então concluí-lo. A sua definição está compreendida como qualquer ato cometido ou omitido com o propósito de causar ou acelerar a morte de um ser humano após o seu nascimento, com o propósito de pôr fim ao sofrimento de alguém. A Declaração do Vaticano sobre a Eutanásia diz: Entende-se que a eutanásia é um ato ou uma omissão, que por si mesmo ou por intenção, causa a morte, para que assim todo o sofrimento seja eliminado. No tocante a morte, relaciona-se como a chamada morte cerebral. A Carta aos Profissionais da Saúde, do Vaticano (1995, n. 129) define o momento exato da morte que, antes de tudo, uma definição biomédica da morte: Uma pessoa está morta quando sofreu uma perda irreversível de toda capacidade de integrar e de coordenar as funções físicas e mentais do corpo. Essa exata definição deixa pouca dúvida que uma pessoa que tendo sofrido morte cerebral tenha pouca ou nenhuma esperança de recuperação.¹ No que diz respeito a situação da eutanásia no ordenamento jurídico brasileiro temos que "Nunca é lícito matar o outro: ainda que ele o quisesse, mesmo se ele o pedisse (...) nem é lícito sequer quando o doente já não estivesse em condições de sobreviver", conforme dizia Santo Agostinho in Epistula 204,5: CSEL 57,320. Mais além, o atual Código Penal Brasileiro, com propriedade, não especifica o crime da eutanásia. O médico que mata seu doente alegando "compaixão" (!) comete crime de homicídio simples, tipificado no artigo 121, com pena de 6 a 20 anos de reclusão. O que ocorreu no Anteprojeto do Código Penal elaborado pela Comissão de "Alto Nível" nomeada pelo Ministro Íris Rezende foi exatamente o contrário. Distinguiu-se a eutanásia de um homicídio simples, não para aumentar, mas para diminuir sua pena. E a diminuição foi grande: reclusão de três a seis anos. O máximo para a pena da eutanásia (6 anos) passa a ser exatamente o mínimo para a pena do homicídio simples! A redação do parágrafo que se refere à eutanásia leva o leitor a ter uma grande simpatia pelo criminoso, quase absolvendo-o do crime. Leiamos: Art. 121 3º - Se o autor do crime agiu por compaixão, a pedido da vítima, imputável e maior, para abreviar-lhe sofrimento físico insuportável, em razão de doença grave: Pena - Reclusão de três a seis anos. O artigo ainda usa a palavra "crime" referindo-se à eutanásia, mas suaviza-a de várias formas. O criminoso não é tão culpado, pois agiu por
- 3 - "compaixão". Além disso foi o doente quem pediu que ele o matasse. A intenção foi "boa": abreviar um sofrimento físico insuportável. E há ainda uma boa "razão": a gravidade da doença. Vê-se como a nova redação prepara psicologicamente o país para a legalização da eutanásia, em perfeita harmonia com a legalização do aborto eugênico, colocado no inciso III do artigo 128, e para gáudio dos adeptos do nazismo. O parágrafo 4º do artigo 121 do Anteprojeto traz um caso de exclusão de ilicitude: "Não constitui crime deixar de manter a vida de alguém por meio artificial, se previamente atestada por dois médicos, a morte como iminente e inevitável, e desde que haja consentimento do paciente, ou na sua impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou irmão." "Quando a morte se anuncia iminente e inevitável, pode-se em consciência 'renunciar a tratamentos que dariam somente um prolongamento precário e penoso da vida, sem contudo interromper os cuidados normais devidos ao doente em casos semelhantes'. (...) A renúncia a meios extraordinários ou desproporcionados não equivale ao suicídio ou à eutanásia; exprime, antes, a aceitação da condição humana defronte à morte" (SS. João Paulo II, Encíclica Evangelium Vitae, n.º 65; os grifos são meus). Com relação a eutanásia no plano religioso temos que as 03 (três) grandes religiões do mundo (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) condenam categoricamente a morte de uma pessoa, que por iniciativa própria, quer por provocação alheia; conforme consta no 5º (quinto) mandamento previsto na Bíblia e seguido por Judeus, Cristãos e Islânicos. Considerando como, na questão religiosa, o Islamismo é o direcionador de quase tudo na vida do islão, passo a visão do tema na religião Islâmica, como segue. Segundo a legislação islâmica, todos os direitos humanos provêm de Deus. Não são presente de uma pessoa a outra e nem propriedade de qualquer criatura que algumas vezes os distribui e outras vezes os retém (injustamente). Direitos humanos são revelados no Corão em versos claros e decisivos. São confirmados por garantias religiosas e morais, independentemente da punição legal que deve ser imposta aos possíveis infratores e abusadores. Tanto o Corão como a Suna apresentam uma série de direitos que Deus concedeu às pessoas na sociedade. A Shari'a (tradição jurídica muçulmana, código penal islâmico), cujas fontes principais são o Corão e a Suna, é praticamente mil anos mais antiga do que o atual conceito sobre direitos humanos. Ética médica islâmica apresenta, resumidamente, o que diz o Código Islâmico de Ética Médica, um importante documento elaborado
- 4 - pela Organização Islâmica de Ciências Médicas e aprovado na 1ª Conferência Internacional de Medicina Islâmica, realizada no Kuwait em 1981 (13). Ao traçar o perfil do médico islâmico, este jura "proteger a vida humana em todos os estágios e sob quaisquer circunstâncias, fazendo o máximo para libertá-la da morte, doença, dor e ansiedade". No elenco das características do médico, é dito que ele deve saber que a "vida é de Deus (...) dada somente por Ele (...) e que a morte é a conclusão de uma vida e o começo de outra. Ainda no Código Islâmico de Ética Médica, sobre o valor da vida humana e eutanásia: "A vida humana é sagrada (...) e não deve ser tirada voluntariamente, exceto nas indicações específicas de jurisprudência islâmica, as quais estão fora do domínio da profissão médica. O médico não tirará a vida, mesmo quando movido pela compaixão. O médico, na defesa da vida, é aconselhado a perceber os limites, e não transgredi-los. Se é cientificamente certo que a vida não pode ser restaurada, então é uma futilidade manter o paciente em estado vegetativo utilizando-se de medidas heróicas de animação ou preservá-lo por congelamento ou outros métodos artificiais. O médico tem como objetivo manter o processo da vida e não o processo do morrer. Em qualquer caso, ele não tomará nenhuma medida para abreviar a vida do paciente. Declarar uma pessoa morta é uma responsabilidade grave que em última instância é do médico. Ele apreciará a gravidade do seu diagnóstico e o transmitirá com toda a honestidade, e somente quando estiver certo disto. Ele pode dirimir qualquer dúvida buscando conselho e utilizando-se dos modernos instrumentos científicos. Em relação ao paciente incurável, o médico fará o melhor para cuidar da vida, prestará bons cuidados, apoio moral e procurará livrar o paciente da dor e aflição (11). Resumindo a posição islâmica em relação à eutanásia: a concepção da vida humana como sagrada, aliada a "limitação drástica da autonomia da ação humana", proíbem a eutanásia, bem como o suicídio. O médico é um soldado da vida. Os médicos não devem tomar medidas positivas para abreviar a vida do paciente. Se a vida não pode ser restaurada é inútil manter uma pessoa em estado vegetativo utilizando-se de medidas heróicas. Diante de todo o exposto concluo ser contrário a eutanásia pelas justificativas contidas em diversos parágrafos acima e ainda que pelo que a morte é contrária a natureza do Homem, a vida quer a vida e não a morte, a morte deve ser conseqüência natural do curso que a natureza impõe a todo ser vivo e não deve o homem, por iniciativa própria ou alheia abreviar esse curso.
- 5 - Bibliográfica: - Santo Agostinho in Epistula 204,5: CSEL 57,320; - Código Penal Brasileiro - critério da morte cerebral; Condenação de procedimento usado em transplantes tem apoio de 19 países, JOSÉ MITCHELL - Jornal do Brasil - 12/12/2000 - livro OS FATOS DA VIDA, de Brian Clowes, PhD - Tradução da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, Capitulo V) - Internet (http://www.mj.gov.br E-mail:codigopenal@mj.gov.br). Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz; 1º de abril de 1998;