ORIGEM E ESCALONAMENTO DA PRODUÇÃO DO ABACAXI EM RIO BRANCO/AC

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Transcrição:

ORIGEM E ESCALONAMENTO DA PRODUÇÃO DO ABACAXI EM RIO BRANCO/AC Ueliton Oliveira de Almeida, Romeu de Carvalho Andrade Neto, João Ricardo de Oliveira, Paulo Sérgio Braña Muniz, David Aquino da Costa Doutorando, Universidade Federal do Acre; Pesquisador da Embrapa Acre, Rio Branco, Acre, Brazil, uelitonhonda5@hotmail.com Resumo- O Estado do Acre apresenta condições edafoclimáticas favoráveis à cultura do abacaxi, mas a produção é baixa devido a pouca utilização de tecnologias, como uso de insumos (agrotóxicos, adubação), tratos culturais, espaçamento adequado para cultura, entre outros. O objetivo deste trabalho foi identificar a sazonalidade de abacaxis comercializados em Rio Branco, Acre, além de propor orientações técnicas quanto às épocas de plantio, de indução floral, da colheita planejada e práticas culturais para se escalonar a produção de frutos. O estudo foi desenvolvido a partir de dados e informações obtidas junto à Central de Abastecimento e Comercialização do Acre (CEASA), em Rio Branco no período de janeiro de 21 a dezembro de 214. Neste período foi avaliado o total de abacaxis e o valor comercializado em todos os meses. As informações fornecidas neste estudo quanto às épocas de plantio, época de indução floral, padronização e época da colheita, facilita a tomada de decisão dos produtores quanto ao cultivo da cultura no Estado. 1. INTRODUÇÃO O abacaxi é uma fruteira tropical de elevada importância econômica e social, apresentando grande valor no mercado nacional e internacional. Em que pese ser cultivado praticamente em todos os estados brasileiros e o país ser considerado um dos maiores produtores do mundo, a produtividade é baixa, em torno de 41 t/ha quando comparada com a de outros países, como Indonésia, que possui uma média de124 t/ha, Côte d Ivoire, 65 t/ha, e Costa Rica, 59 t/ha (FAO, 215). Segundo dados do IBGE (214), em 213 o Estado apresentou 519 ha cultivadas, destacando com maiores áreas plantadas os municípios de Capixaba, Porto Acre e Epitaciolândia. A falta da aplicação de práticas culturais adequadas, desconhecimento e não eliminação dos problemas fitossanitários, determinação incorreta do ponto de colheita, comercialização desorganizada, não utilização correta de fitorreguladores para uniformizar o florescimento e/ou escalonar a produção também contribuem para que a produção e a oferta de frutos em Rio Branco se concentrem somente em algumas épocas do ano, o que reflete em baixos preços e, consequentemente, menores lucros aos agricultores.

Como a produção é sazonal (safra), os produtores não têm como honrar contratos de comercialização, o que causa flutuações da oferta e dos preços em certos períodos. Essa situação pode ser amenizada com o escalonamento da produção, isto é, oferta do produto na época em que for desejável de forma que o produtor possa garantir uma renda relativamente estável ao longo do ano, com colheitas programadas para atender mercados locais ou atacadistas. O objetivo do trabalho foi mostrar a sazonalidade do abacaxi comercializado em Rio Branco/AC, bem como propor orientações quanto às épocas de plantio, de indução floral, da colheita planejada e práticas culturais para se escalonar a produção de frutos. 2. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido a partir de dados e informações obtidas junto à Central de Abastecimento e Comercialização do Acre (CEASA), em Rio Branco. Assim, a base de dados para a geração das informações apresentadas no trabalho foi uma série temporal de janeiro de 21 a dezembro de 214. As seguintes variáveis foram analisadas: total do abacaxi comercializado e preços praticados em cada um dos meses dos anos de 21 a 214. Após tabulação e uso de planilha excel, as informações foram organizadas em tabelas e gráficos. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação às origens do abacaxi registrado e comercializado pela Central de Abastecimento e Comercialização de Rio Branco/AC em 214, observa-se na Tabela 1 que a produção se concentra na Regional do Baixo Acre, destacando-se Senador Guiomard (59,8 t) que forneceu 51% do total comercializado no ano (Figura 1). Ressalta-se também outros três municípios como Capixaba (18,3 t), Porto Acre (16,4 t) e Rio Branco (1,9 t). As informações confirmam que a safra no Acre inicia em julho, atingindo o pico em outubro e diminuindo a oferta nos meses subsequentes. Tabela 1. Abacaxi comercializado (Kg) no ano 214 em Rio Branco/AC, conforme a origem do produto. Jan. Fev. Ma Mai Dez Total / Abr. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Origem r. o. Municí ----------------------------------------- Kg ---------------------------------------- pio C. do Sul - - - - - - - - - Acrelândi a Capixaba 6. - - 6. - - - - - - - - - 975 27 435 1.68 3. 2.4 8-1.92 3 2.67 5 1.95 3.75 1.35 9-795 - 18.391 P. de - - - 75 - - - - - - - - 75 Castro Porto 347 - - 24 1.26 1.74 525 3.6 1.95 3.46 2.62 825 16.44

Acre 5 7 5 Rio 1.44 - - - 219 1.1 3.22 1.36 3. 578-49 1.986 Branco 9 1 5 5 S.Guiom 8.8 1.5 22.2 18. - - - - - - 39-59.89 ard S.Paulo/ 1.8 - - 8 - - - - - - - - 1.88 SP 4.81 2.4 2.91 5.95 4.8 7.89 13.7 14.7 32.6 21.7 4.26 115.65 Total 8 9 8 3 4 6 88 15 42 39 5 9 Fonte: CEASA/AC. Figura 1: Percentagem de participação dos municípios do Acre e São Paulo na quantidade de abacaxi comercializado na Ceasa de Rio Branco/AC em 214. Não se pode confundir dados de comercialização com a produção dos municípios, considerando que os abacaxicultores comercializam na porteira, para atravessadores ou comerciantes, grande parte do que produzem. Essa parcela não é computada ou sequer registrada por entidades credenciadas como a Central de Abastecimento. O mesmo ocorre com frutos que são importados de outros Estados como Rondônia, Mato Grosso e até de São Paulo, pois, a maior parte entra no Acre e vai diretamente para comercialização sem passar pela Ceasa para registro. Apesar de ser incipiente a política de governo voltada ao fortalecimento da fruticultura tropical na região, verifica-se que nos últimos anos vem ocorrendo um esforço pessoal dos agricultores familiares no desenvolvimento da abacaxicultura no Estado. Aliado a isto, constata-se também que os pequenos agricultores ainda carecem de uma organização social sólida, que possibilite negociar em pé de igualdade com as instâncias de governo e da iniciativa privada. No contexto do processo de comercialização

da produção, ainda é evidente a exploração e a dependência desses atores sociais pelos atravessadores na cadeia produtiva do abacaxi. 3.1 ESCALONAMENTO DA PRODUÇÃO No Acre, quase nenhum produtor de abacaxi consegue colher e ofertar frutos o ano todo, e aos que conseguem certamente obtém lucros com a produção. O escalonamento da produção além de se apresentar como alternativa para resolver a falta do produto ao longo do ano, vai beneficiar diretamente os produtores com a auferição de mais renda vinda das propriedades. A seguir são descritos os fatores mais relevantes quando se pretende produzir abacaxi na entressafra no Acre. 1. Uso de irrigação. No Acre, mesmo com chuvas abundantes e bem distribuídas ao longo do ano, nos meses de maio a setembro a quantidade de água da chuva não atende as exigências mínimas da cultura, sendo a irrigação indispensável, principalmente para se obter frutos na entressafra ou em períodos que atingem melhores preços de comercialização, como de janeiro a setembro. 2. Plantio em diferentes épocas. Nos termos do Zoneamento Agrícola para a cultura de abacaxi no Acre, em cultivos de sequeiro e condições de baixo risco climático, o período de plantio recomendado para a cultura inicia em 1º de novembro e vai até a 31 de janeiro. Quando há irrigação o plantio pode ser feito em qualquer época do ano, devendo-se tomar o cuidado para propor um bom sistema de drenagem em épocas de alta precipitações. 3. Adubação. O planejamento adequado da adubação pode antecipar o ciclo da cultura, significando retorno mais rápido do capital investido pelo produtor. Plantas bem nutridas podem chegar ao porte e vigor adequado para o tratamento de indução floral mais jovens, o que abrevia a colheita e a comercialização dos frutos. Nesse aspecto, a adubação também é tida como uma das estratégias para se escalonar a produção. 4. Indução ou inibição do florescimento. Quando se deseja garantir frutos o ano inteiro, o uso de reguladores vegetais nos cultivos torna-se obrigatório, tanto para induzir quanto para retardar o florescimento natural das plantas. Com essa tecnologia, o abacaxicultor obtém produção mais homogênea, além de permitir planejar com segurança as épocas de colheita. Várias substâncias podem ser usadas para induzir a floração do abacaxi. As mais comuns são o carbureto de cálcio e produtos à base de etefon.

Em relação aos produtos comerciais à base de etefon, o mais comumente utilizado nos cultivos, que também é aplicado na roseta central ou olho da planta, ou pode ser pulverizado, na proporção de 5 ml da solução por planta. 5. Plantio em talhões. Outra técnica que os abacaxicultores também podem fazer uso visando escalonar a produção e ofertar frutos na entressafra é a padronização das mudas por tamanho e a realização do plantio em talhões estratificados. Por fim, visando melhor orientar os produtores, é apresentado a seguir quadro que resume informações que devem ser observadas por quem pretende escalonar a produção de abacaxi, como: épocas indicadas para os plantios, idade da planta e os respectivos meses para se proceder a indução floral, bem como as épocas esperadas para colheitas. Quadro 1: Épocas de plantio, idade da planta para o tratamento de indução floral, mês da indução e da colheita planejada. Época de Idade da planta Colheitas planejadas (5/6 meses Mês da Indução plantio para Indução após a Indução) 1 meses Novembro Abril/Maio 11 meses Dezembro Maio/junho Janeiro 12 meses Janeiro Junho/julho 13 meses Fevereiro Julho/agosto Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Julho Agosto 1 meses Dezembro Maio/junho 11 meses Janeiro Junho/julho 12 meses Fevereiro Julho/agosto 13 meses Março Agosto/setembro 1 meses Janeiro Junho/julho 11 meses Fevereiro Julho/agosto 12 meses Março Agosto/setembro 13 meses Abril Setembro/outubro 1 meses Fevereiro Julho/agosto 11 meses Março Agosto/setembro 12 meses Abril Setembro/outubro 13 meses Maio Outubro/novembro 1 meses Março Agosto/setembro 11 meses Abril Setembro/outubro 12 meses Maio Outubro/novembro 13 meses Junho Novembro/Dezembro 1 meses Abril Setembro/outubro 11 meses Maio Outubro/novembro 12 meses Junho Novembro/Dezembro 13 meses Julho Dezembro/janeiro 1 meses Maio Outubro/novembro 11 meses Junho Novembro/Dezembro 12 meses Julho Dezembro/janeiro 13 meses Agosto Janeiro/fevereiro 1 meses junho Novembro/Dezembro 11 meses julho Dezembro/janeiro 12 meses agosto Janeiro/fevereiro 13 meses setembro Fevereiro/março 1 meses Julho Dezembro/janeiro 11 meses Agosto Janeiro/fevereiro 12 meses Setembro Fevereiro/março

Setembro Outubro Novembro Dezembro 13 meses Outubro Março/abril 1 meses Agosto Janeiro/fevereiro 11 meses Setembro Fevereiro/março 12 meses Outubro Março/abril 13 meses Novembro Abril/maio 1 meses Agosto Janeiro/fevereiro 11 meses Setembro Fevereiro/março 12 meses Outubro Março/abril 13 meses Novembro Abril/maio 1 meses Setembro Fevereiro/março 11 meses Outubro Março/abril 12 meses Novembro Abril/maio 13 meses Dezembro Maio/junho 1 meses Outubro Março 11 meses Novembro Abril 12 meses Dezembro Maio 13 meses Janeiro Junho 4. CONCLUSÃO As informações fornecidas neste estudo quanto às épocas de plantio, época de indução floral, padronização e época da colheita, facilitam na tomada de decisão dos produtores quanto ao cultivo da cultura no Estado Acre. REFERÊNCIAS ANDRADE NETO, R.C; NEGREIROS, J. R.; ARAÚJO NETO, S. E.; CAVALCANTE, M. J. B.; ALECIO, M. R.; SANTOS, R. S. Gargalos Tecnológicos da Fruticultura no Acre. Documentos, nº 123, Série Embrapa, dezembro, 211, 36p. ANDRADE NETO, R.C; NEGREIROS, J. R.; ARAÚJO NETO, S. E.; CAVALCANTE, M. J. B.; ALECIO, M. R.; SANTOS, R. S. Diagnóstico da potencialidade da fruticultura no Acre. Documentos, nº 125, Série Embrapa, dezembro, 211a, 52p. ANTUNES, A. M.; ONO, E. O.; SAMPAIO, A. C. Efeito do paclobutrazol no controle da diferenciação floral natural do abacaxizeiro cv. Smooth Cayenne. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 3, n. 2, p. 29-295, jun. 28. BENGOZI, F. J.; SAMPAIO A. C.; GUTIERREZ, A. D. de S.; RODRIGUES, V. M.; PALLAMIN, M. L. Análise do mercado do abacaxi comercializado na CEAGESP - São Paulo. Revista Brasileira de Fruticultura. Jaboticabal, v. 29, n. 3, p. 494-499, dez. 27. SOUZA, J. da. S.; SOUZA, L. F. da. S. Aspectos econômicos. In: REINDHARDT, D. H., SOUZA, L. F. da. S.; CABRAL, J. R. S. (Org.). Abacaxi. Produção: aspectos técnicos. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura; Brasília, DF: EMBRAPA Comunicação para Transferência de Tecnologia, 2. p. 1. (Frutas do Brasil, 7). SOUZA, O. P. de; TEODORO, R. E. F.; MELO, B. de; TORRES, J. L. R. Qualidade do fruto e produtividade do abacaxizeiro em diferentes densidades de plantio e lâminas de irrigação. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 44, n. 5, p. 471-477, maio. 29.