FATORES RELACIONADOS AO ENCURTAMENTO DOS ISQUIOTIBIAIS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO



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Transcrição:

FATORES RELACIONADOS AO ENCURTAMENTO DOS ISQUIOTIBIAIS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO PETTER, Gustavo; DALLA NORA, Daniel; SANTOS, Tarciso Silva dos; BRAZ, Melissa Medeiros; LEMOS, Jadir Camargo Trabalho de Iniciação Científica Universidade Federal de Santa Maria, Curso de Fisioterapia gustavo.petter@hotmail.com RESUMO: Introdução: Devido ao sedentarismo os isquiotibiais tendem a encurtar. Grande parte da população possui essas características, o que justifica a alta incidência de encurtamento, que pode acarretar desvios posturais, afetar a marcha e provocar dores nos membros inferiores. Objetivo: investigar na literatura os fatores relacionados ao encurtamento de isquiotibiais. Metodologia: estudo bibliográfico em livros e bases de dados eletrônicos, onde buscou-se periódicos publicados em língua portuguesa, entre os anos de 2000 a 2012 Resultados: foram selecionados 12 artigos e 3 livros, os quais se relacionavam com o tema abordado. Conclusão: fatores como idade, gênero, condicionamento físico e sedentarismo estão relacionados ao encurtamento dos músculos isquiotibiais, o que pode ocasionar desvios posturais e alterar a funcionalidade do tronco e dos membros inferiores, afetando a marcha e gerando dores. Considerando-se a alta prevalência de encurtamento desse grupo muscular, o fisioterapeuta pode intervir de forma preventiva, utilizando recursos como alongamentos e técnicas miofasciais. Palavras-chave: flexibilidade, encurtamento, isquiotibiais. INTRODUÇÃO O conceito de flexibilidade muitas vezes é confundido com o de elasticidade. Denomina-se elasticidade a propriedade do músculo de alongar-se e retornar ao seu comprimento inicial, enquanto o conceito de flexibilidade é a capacidade do músculo de alongar-se, permitindo que a articulação movimente-se através de sua amplitude de movimento total (AQUINO et al, 2006). A flexibilidade é uma parte importante da aptidão física e está relacionada tanto às atividades físicas quanto às atividades de vida diária, pois possibilita uma maior mobilidade diminuindo o risco de lesões e aumentado a amplitude e qualidade de movimento bem como uma melhora da postura corporal (BADARÓ et al, 2007). Segundo Kisner e Colby (2005) o encurtamento muscular consiste na diminuição do comprimento das fibras musculares ou tendíneas devido à falta de atividade física e/ou permanecer em uma mesma postura por tempo bastante prolongado. Portanto encurtamentos podem levar à diminuição da flexibilidade que aumenta o risco de lesões e dificulta a realização das atividades de vida diária, provoca dor, diminui força muscular, velocidade e coordenação motora. Devido ao sedentarismo, que pode levar à permanência por tempo prolongado na posição sentada, a musculatura isquiotibial tende a encurtar. Grande parte da população possui essas características, o que justifica a alta incidência de

encurtamento em isquiotibiais. Na posição sentada os tendões dos isquiotibiais estão frouxos e se encurtam para corrigir essa frouxidão aumentando a tensão nos isquiotibiais e diminuindo a flexibilidade. A diminuição da flexibilidade desse grupo muscular pode acarretar desvios posturais como a inclinação posterior da pelve que afeta a marcha e provoca dores nos membros inferiores, de natureza articular e muscular e por consequência seu desalinhamento (ALTER, 1999; POLANCHINI et al, 2005). Assim, esse trabalho visa investigar, através de uma revisão bibliográfica, os fatores relacionados ao encurtamento de isquiotibiais. METODOLOGIA Foi realizado um estudo do tipo bibliográfico a partir das bases de dados SCIELO, Google Acadêmico e LILACS. Para a obtenção dos dados utilizou-se da pesquisa avançada com base na associação de descritores como: flexibilidade, encurtamento e isquiotibiais, no período de 2000 a 2012. Adotaram-se como critério de inclusão, periódicos publicados em língua portuguesa que contemplassem a temática proposta. Também foram utilizados livros clássicos da área de Fisioterapia. RESULTADOS E DISCUSSÃO Kisner e Colby (2005) definem encurtamento muscular como uma redução leve do comprimento de uma unidade musculotendínea que permanece saudável, resultando em limitação na mobilidade articular. Os autores destacam ainda que um músculo encurtado pode ser quase completamente alongado, exceto nos limites extremos de sua amplitude, o que comumente ocorre em músculos biarticulares. O encurtamento muscular, além de limitar a mobilidade articular, é considerado fator contribuinte para as lesões musculares, principalmente ao nível dos músculos isquiotibiais (POLACHINI et al, 2005). Segundo Kisner e Colby (2005) a flexibilidade é a capacidade da unidade musculotendínea alongar-se enquanto um segmento corporal ou articulação se move através da amplitude de movimento livre de dor e restrições. A flexibilidade é a capacidade de movimentar uma articulação através da sua amplitude de movimento disponível. Portanto, a flexibilidade é definida como a capacidade do tecido muscular alongar-se, permitindo que a articulação se movimente através de toda a amplitude de movimento sem que ocorra estresse músculo tendíneo.

Porém a flexibilidade pode ser definida como a capacidade de um músculo alongar-se permitindo que o movimento apresente amplitude normal, em uma ou mais articulações (ALTER 1998; AQUINO et al 2006; SANTOS e DOMINGUES, 2008). A flexibilidade depende da extensibilidade dos tecidos moles peri e intraarticulares (músculos, tecido conectivo e pele). Talvez também dependa da resistência dos próprios filamentos de actina e miosina, além das proteínas não contráteis do citoesqueleto, endossarcômero e exossarcômero e ainda dos tecidos conectivos do endomísio, perimísio e epimísio. Sendo assim, é preciso haver mobilidade e elasticidade adequada dos tecidos moles que circundam a articulação, para que não exista dor ou restrições nas amplitudes de movimentos (KISNER e COLBY, 2005; GAMA et al, 2007). A qualidade de vida abrange esferas conceituais, sendo uma delas a esfera física, onde se pode destacar a importância da flexibilidade principalmente quando associada à força muscular nas ações cotidianas. A redução da flexibilidade e/ou da força muscular levam à perda da autonomia nas atividades de vida diária, pois são fundamentais para o bom funcionamento músculo esquelético contribuindo para a preservação dos músculos e articulações saudáveis ao logo da vida (ALTER, 1998; COELHO e ARAÚJO, 2000; CYRINO et al, 2004). Para Badaro et al (2007) a flexibilidade é considerada como um importante componente da aptidão física, relacionada à saúde e ao desempenho atlético. Mesmo ela não sendo a única qualidade física importante na performance, faz-se necessária para a realização de atividades de vida diária com qualidade. Os autores acrescentam ainda que a flexibilidade é muito importante, pois oferece maior mobilidade nas atividades físicas, diminui o risco de lesões e melhora a qualidade dos movimentos. Já a postura pode ser definida como a posição de alinhamento de partes do corpo em um determinado período (LIPPERT, 2008). Kisner e Colby (2005) referem-se à postura como uma posição ou atitude do corpo, ou seja, é o arranjo relativo das partes do corpo numa atividade específica, ou uma maneira característica de sustentar o próprio corpo. Tratando-se do alinhamento das partes do corpo quando se está de pé, sentado ou deitado. Segundo a autora a postura é descrita pelas posições das articulações e dos segmentos do corpo e também em termos de equilíbrio entre os músculos que cruzam as articulações. Portanto problemas nas articulações, nos músculos ou nos tecidos conjuntivos podem levar a posturas desequilibradas que causam desconforto e dor. A flexibilidade quando está diminuída, pode levar a adoção de posturas danosas ao nosso corpo e assim produzirem lesões cumulativas no aparelho locomotor (CONCEIÇÃO e DIAS, 2004).

Os isquiotibiais, grupo composto pelos músculos semitendinoso, semimembranoso e bíceps da coxa, formam uma grande massa muscular envolvida diretamente nos movimentos do quadril e joelho. Esse grupo desempenha importante influência na inclinação ântero-posterior da pelve, afetando indiretamente a mecânica da região lombar. Portanto, uma diminuição da flexibilidade desse grupo muscular pode ocasionar em desvios posturais, afetando a funcionalidade das articulações do quadril, coluna lombar e joelho (CARREGARO et al, 2007; SANTOS e DOMINGUES, 2008). Polachini et al (2005) afirmam que pela posição anatômica, o encurtamento muscular dos isquiotibiais pode acarretar alterações posturais de grande importância, como a limitação da flexão do tronco, comprometimento na articulação do quadril, levando-o a uma inclinação posterior (retroversão) e, consequentemente, afeta a marcha podendo gerar dores musculares ou articulares nos membros inferiores A mobilidade de uma articulação depende diretamente das estruturas que a compõe e circunda, como ossos, músculos, ligamentos e pele. Os autores citam que fatores endógenos e exógenos influenciam nos graus de flexibilidade, sendo alguns deles: idade, gênero, condicionamento físico e ainda a temperatura (BADARO et al, 2007). No decorrer da vida a conotação de flexibilidade sofre alterações. Após a infância ela diminui até a puberdade; aumenta durante toda adolescência até atingir um platô, de maneira que na fase adulta ela diminui (ALTER, 1998). Porém Coelho e Araújo (2000) citam que bons níveis de flexibilidade podem ser alcançados mesmo quando a idade for mais avançada. Funções músculo esqueléticas debilitadas, especialmente fraqueza, inflexibilidade e dor, durante o processo de envelhecimento, podem causar incapacidade progressiva, provocando limitação na mobilidade (BUCKWALTER, 1997 apud COELHO e ARAÚJO, 2000). Polachini et al (2005) afirma que fatores genéticos como a diferença anatômica entre a pelve masculina e feminina, sendo a segunda a mais rasa e larga, podem facilitar maiores graus de amplitude de movimento do quadril. Affonso e Navarro (2002) avaliaram os joelhos de 500 indivíduos com idade entre 10 a 20 anos, através da goniometria. Encontraram em suas mensurações maiores amplitudes de extensão em joelhos femininos, indicando maior flexibilidade da musculatura isquiotibial em mulheres do que em homens na faixa etária estudada. O sedentarismo é a falta ou a grande diminuição da atividade física, o que provoca o desuso e a regressão dos sistemas funcionais. A regressão da musculatura esquelética pode estar relacionada à atrofia das fibras musculares e perda de

flexibilidade (SANTOS e DOMINGUES, 2008). A falta de atividade física, aliada ou não com a permanência prolongada na postura sentada, é uma das causas do encurtamento de isquiotibiais, que manifestase com a diminuição de ADM, presença de dor, formigamento e desenvolvimento de contraturas (REIS et al, 2003; KISNER e COLBY 2005; SANTOS e DOMINGUES, 2008). Azevedo e Silva (2010) dão destaque a uma consequência do ingresso na universidade, onde muitos acadêmicos interrompem a prática esportiva ou exercício físico e passam a adotar por tempo prolongado a postura sentada aumentando o risco de ocorrência de encurtamentos de isquiotibiais e de desenvolvimento de posturas viciosas. Estudantes universitários permanecem sentados por tempo prolongado e muitos não praticam exercícios físicos tornando essa população bastante suscetível a encurtamentos dos isquiotibiais, o que pode ocasionar alterações posturais, dores e lesões (AZEVEDO e SILVA, 2010). CONCLUSÃO Fatores como idade, gênero, condicionamento físico e sedentarismo estão relacionados ao encurtamento dos músculos isquiotibiais. Esse encurtamento, por sua vez, pode ocasionar desvios posturais e alterar a funcionalidade do tronco e dos membros inferiores, afetando a marcha e gerando dores. Considerando-se a alta prevalência de encurtamento desse grupo muscular, o fisioterapeuta pode intervir de forma preventiva, utilizando recursos como alongamentos e técnicas miofasciais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFFONSO, A. A. F; NAVARRO, R. D. Avaliação do ângulo poplíteo em joelhos de adolescentes assintomáticos. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 37, n. 10, p. 461-466, 2002. ALTER, M. J. Ciências da Flexibilidade. Porto Alegre: Artmed, 1998. AQUINO, C. F.; GONÇALVES, G. G. P.; FONSECA, S. T.; MANCINI, M. C. Análise da relação entre flexibilidade e rigidez passiva dos isquiotibiais. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 12, n. 4, p. 195-200, 2006.

AZEVEDO, D. G.; SILVA, M. R. Prevalência de encurtamento dos músculos isquiotibiais em universitários. Revista Inspirar: Movimento & Saúde, v. 2, n. 4, p. 95-103, 2010. BADARO, A. F. V.; SILVA, A. H.; BECHE, D. Flexibilidade versus alongamento esclarecendo as diferenças. Saúde, Santa Maria, v. 33, n. 1, p. 32-36, 2007. CARREGARO, R. L.; SILVA, L. C. C. B.; GIL COURY, H. J. C. Comparação entre dois testes clínicos para avaliar a flexibilidade dos músculos posteriores da coxa. Revista brasileira de fisioterapia, São Carlos, v. 11, n. 2, p. 139-145, 2007. COELHO, C. W.; ARAÚJO, C. G. S. Relação entre aumento da flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de programa de exercício supervisionado. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, v. 2, n. 1, p. 31-41, 2000. CONCEIÇÃO, A. O.; DIAS, G. A. Alongamento muscular: Uma versão atualizada. Lato & Sensu, Belém, v. 5, n. 1, p. 136-141, 2004. CYRINO, E. S.; OLIVEIRA, A. R.; LEITE, J. C.; PORTO, D. B.; DIAS, R. M. R.; SEGANTIN, A. Q.; MATTANÓ, R. S.; SANTOS, V. A. Comportamento da flexibilidade após 10 semanas de treinamento com pesos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 10, n. 4, p. 233-237, 2004. GAMA, Z. A. S.; MEDEIROS, C. A. S.; DANTAS, A. V. R.; SOUZA, T. O. Influência da frequência de alongamento utilizando facilitação neuromuscular proprioceptiva na flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 13, n. 1, p. 33-38, 2007. KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos fundamentos e técnicas. São Paulo: Manole, 2005. LIPPERT, L. S. Cinesiologia clínica e anatomia. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2008. POLACHINI, L. O.; FUSAZAKI, L.; TAMOSO, M.; TELLINI, G. G.; Masiero, D. Estudo comparativo entre três métodos de avaliação do encurtamento de musculatura

posterior de coxa. Revista brasileira de Fisioterapia, v. 9, n. 2, p. 187-193, 2005. REIS, P. F.; MORO, A. R. P.; CONTIJO, L. A. A importância da manutenção de bons níveis de flexibilidade nos trabalhadores que executam suas atividades laborais sentados. Revista Produção online. Dois Vizinhos, SC. v. 3, n. 3, 2003. Disponível em: <http://producaoonline.org.br /index.php/rpo/article/view/563/613>. Acesso em: 03 ago. 2012. SANTOS, C. F.; DOMINGUES, C. A. Avaliação pré e pós-mobilização neural para ganho de ADM em flexão do quadril por meio do alongamento dos isquiotibiais. Conscientiae Saúde, v. 7, n. 4, p. 487-496, 2008.