PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE SERVIÇO AMBULATORIAL AOS PORTADORES DE OSTOMIAS DE CÁCERES E REGIÃO SUDOESTE DE MATO GROSSO CAMPOS, Franciely Maria Carrijo; ROCHA, Aline Cristina Araujo Alcântara; FRANÇA, Flavia Maria de; DIAS, Erika Patrícia Lacerda; FIGUEIREDO, Fabiana de Freitas. Palavras-chave: Saúde Pública, Enfermagem, Ostomia. Introdução A palavra ostomia deriva de dois termos gregos, os e tomia que significam abertura, trata-se da construção cirúrgica de um orifício artificial para fistulização externa de qualquer víscera oca através do corpo, por inserção de um tubo com ou sem sonda de apoio. (BRECKMAN, 1897). Os ostomizados trazem uma série de cuidados especiais em relação a sua manutenção tais como: higiene frequente para proteger integridade da pele; observações das características reais da ostomia em relação à: cor, forma, tamanho e mucosa; troca dos dispositivos coletores ou bolsas e o esvaziamento do conteúdo intestinal coletado na bolsa, entre outros. (MARAYUMA, 2003). As ostomias são empregadas como alternativas terapêuticas para as mais diversas patologias colo retais ou urinárias como o câncer, diverculite, polipose, adenomatosa familiar, doença de Crohn, entre outras e também nos acidentes ou lesões traumáticas causadas por arma branca (PAB), ou arma de fogo (PAF). (ALCÂNTARA, 2005). De acordo com a ABRASO (Associação Brasileira de Ostomizados) a região Centro-Oeste do país, concentra aproximadamente 2260 portadores de ostomias cadastrados nas associações de ostomizados, sendo em Brasília - DF 550 pessoas, Goiás - GO 950, Mato Grosso - MT 210 e Mato Grosso do Sul- MS 550 ostomizados. Resumo revisado pelo coordenador da ação de extensão. Assistência de Enfermagem aos Portadores de Ostomias no Ambulatório de Ostomia no município de Cáceres. 092/2011. Aline Cristina Araujo Alcântara Rocha 1 Universidade do Estado de Mato Grosso - email: francielycampos1@hotmail.com 2 Universidade do Estado de Mato Grosso email: alinecac@hotmail.com 3 Universidade do Estado de Mato Grosso email: flavia43franca@hotmail.com 4 Universidade do Estado de Mato Grosso email: ericaeducadora@hotmail.com 5 Universidade do Estado de Mato Grosso email: fabianafreitas_89@hotmail.com
Na cidade de Cáceres Mato Grosso o Hospital Regional de Cáceres Dr. Antônio Fontes (HRCAF) é referência no atendimento ao trauma /emergência e para cirurgias gerais dentre outras especialidades. Diante do exposto pretende-se implantar Ambulatório de Ostomias, no intuito de tornar o mesmo, serviço de referência no município de Cáceres-MT e região no atendimento especializado aos ostomizados. É finalidade deste, assistir de formar individualizada e sistematizada o ostomizado e sua família, além de proporcionar aos Acadêmicos do Curso de Enfermagem da UNEMAT vivências na prática do cuidar ao ostomizado. Trata-se um serviço de atenção primária e secundária, com objetivos principais de educar, prevenir complicações, orientar cuidados gerais de higiene e proporcionar atendimento por equipe multidisciplinar que acompanhará e contribuirá para reabilitação, recuperação e promoção da saúde dos mesmos. Justifica-se a necessidade da implantação do ambulatório para o atendimento aos ostomizados, pois de acordo com o Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004 expedito pelo Presidente da República, as pessoas com ostomias estão reconhecidas no Brasil como portadores de deficiência física. Estes adquiriram o direito a todas as ações afirmativas praticadas no país. O mesmo será um serviço especializado que buscará conhecer e compreender o portador na sua temporalidade, mediante a interpretação dos sentimentos expostos, oportunizar a manifestação verbal de suas emoções. Segundo Amorin 2000, o que se observa nos serviços de atendimento, é um distanciamento do ser profissional com o ser doente, ignorando por completo qualquer possibilidade de compreensão da unidade, totalidade e estrutura do ostomizado naquele momento. Nesta linha de pensamento, destaca-se à necessidade de uma atuação mais dinâmica do enfermeiro nas diversas fases do tratamento ao ostomizado. Desta forma decidimos aprofundar nos cuidados e propiciar conhecimentos técnico científico específicos, da mesma forma desempenhar um papel na reintegração social do individuo de forma que se busque o equilíbrio e auto-estima para uma melhor adaptação ao paciente. A enfermagem junto à equipe responsável pelo ambulatório pretende contribuir de forma efetiva e humana, elaborar um plano assistencial individualizado e sistematizado, durante todo o período perioperatório, ou seja, nos períodos pré, trans e pós-operatório.
Metodologia Para elaborar este trabalho utilizou-se de relato de experiências. É uma investigação que assume um caráter particularista, isto é, debruça-se sobre uma situação específica, que procura descobrir o que há nela de mais essencial e característico (GIL, 2006). Assim o trabalho aborda os relatos de experiências das bolsistas e coordenadora do Projeto de Extensão intitulado Assistência de Enfermagem aos Portadores de Ostomias no Ambulatório de Ostomia no município de Cáceres para a implantação de um ambulatório para atendimento aos ostomizados de Cáceres e região sudoeste de MT. Para iniciar os trabalhos foram realizados levantamentos sobre o referido assunto, em fontes de textos bibliográficos procurados nas bases de dados Scielo, Bireme, periódicos da Capes, revistas eletrônicas, artigos científicos dentre outros, com palavras chaves ostomias, ostomizados, saúde pública, estomaterapeuta. Os conhecimentos adquiridos ajudaram a identificar, agrupar e sistematizar informações existentes sobre o assunto. Resultados e discussão Até o momento realizou-se a revisão de literatura para descrever o referido projeto, bem como, visita em loco para conhecer a assistência de enfermagem ao ostomizado no pós-cirurgico internado no HRCAF. Na revisão de literatura identificou-se que em geral o portador de ostomia sofre perda do controle, sobre suas capacidades e as mudanças impostas em seu estilo de vida que acarretam um comprometimento na manutenção de suas atividades pessoais, interpessoais e sociais. A vida deste necessita de adaptações, pois com a perda do controle de parte de seu corpo que funcionava autonomamente, vivencia sentimentos diversos e, muitas vezes assustadores diante desta nova situação, podendo provocar-lhe raiva e depressão (BARBUTTI, 2008). Diante dos resultados iniciais, os membros do projeto estão organizando os trabalhos que desenvolverão no referido ambulatório. Os trabalhos envolvem capacitação permanente da equipe responsável pelo atendimento, palestras de orientações aos portadores de ostomias e sua família, elaboração de manuais de orientações, consultas de Enfermagem, cadastramento, rodas de conversa para troca de experiência e criação de banco de dados.
Conclusões Com a revisão de literatura e os resultados iniciais conclui-se que é fundamental a implantação do serviço ambulatorial ao ostomizado, os colaboradores evidenciaram que ocorrem modificações significativas no modo de vida a exigirem a busca de diferentes estratégias de enfrentamento das dificuldades, as principais foram repressão, negação, substituição, normalização e encobertamento, entre outras. Desse modo, essa adaptação significa ajustar toda uma vida em um novo contexto, onde algumas coisas importantes têm, muitas vezes, que serem abandonadas, substituídas ou reduzidas. (SILVA & SHIMIZU, 2006). Fica implícito que a assistência à pessoa ostomizada continua requerendo esforços dos profissionais, dos serviços de saúde para a melhoria da qualidade dessa assistência. É necessário o desenvolvimento do trabalho em equipe, pois o processo de reabilitação é muito complexo e exige a participação de uma equipe multidisciplinar a fim de construir um planejamento de assistência discutido e compartilhado por todos. Identificou-se que também é preciso ampliar o foco de atuação dos profissionais de saúde, principalmente os da equipe de enfermagem, de maneira a ir além do corpo biológico do indivíduo e incluir a compreensão das referências adotadas pelas pessoas envolvidas no processo. (MARUYAMA, 2004). Com tudo as atividades da proposta de implantação do ambulatório visa contribuir para garantia da qualidade de vida aos ostomizados e de sua família, bem como, minimizar os estigmas existentes na sociedade diante do portador de ostomia. Do levantamento das publicações sobre a educação em saúde do adulto ostomizado, pode-se concluir que o grande desafio dos enfermeiros é melhorar a qualidade da assistência através da implementação de instrumentos para proporcionar ao cliente um cuidado mais humanizado.
Referências Bibliográficas ABRASO. Disponível em http://www.abraso.org.br/estatistica_ostomizados.htm. Acesso em 06 de janeiro de 2012. ALCÂNTARA, Aline Cristina Araujo. Perfil dos portadores de ostomias atendidos no laboratório de ostomias do HUJMno período de 1997 a 2004/ Aline Cristina Araujo Alcântara; Orientadora: Sonia Ayako Tao Maruyama, Cuiabá, 2005. AMORIM EF. Estoma e câncer: desafio do enfrentamento. In: Santos VLCG, Cesaretti IUR. Assistência em estomaterapia: cuidando do ostomizado. São Paulo (SP): Atheneu; 2000. p. 355-66. BARBUTTI. R. C. S; SILVA, M de C. P. da; ABREU, M. A. L. de; Ostomia, uma difícil adaptação. Rev. SBPH v.11 n.2 Rio de Janeiro, 2008. BRECKMAN B. Enfermería del estoma. Madrid: Interamericana, McGraw Hill, 1987. GIL, Antônio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006. MARUYAMA, S. A. T. A experiência da colostomia por câncer como ruptura biográfica na visão dos portadores, familiares e profissionais de saúde: um estudo etnográfico. [tese] Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 2004. SILVA, Ana Lúcia da; SHIMIZU, Helena Eri. O significado da mudança no modo de vida da pessoa com estomia intestinal definitiva. Rev Latino-am Enfermagem 2006 julho-agosto; 14(4):483-90.