BIOLOGIA DO BICUDO DO ALGODOEIRO NO MUNICÍPIO DE ITIQUIRA, MT (*)

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Transcrição:

BIOLOGIA DO BICUDO DO ALGODOEIRO NO MUNICÍPIO DE ITIQUIRA, MT (*) Rosidelma da Silva Felício (União das Escolas Superiores de Rondonópolis / delma.f@terra.com.br), Ana Luiza Xavier Scomparin (União das Escolas Superiores de Rondonópolis), Everton Oliveira (União das Escolas Superiores de Rondonópolis ) RESUMO - O algodoeiro é uma das culturas que mais sofre com ataque de pragas durante todo o ciclo de desenvolvimento. O bicudo do algodoeiro aparece em destaque, pois, os danos causados por ele aparecem na época de maturação da cultura, causando amarelecimento e queda dos botões florais, destruindo as fibras e sementes, além de chegar a destruir grande parte da produção. O presente trabalho teve por objetivo observar os estádios de desenvolvimento do bicudo no município de Itiquira- MT, na fazenda São João. Para biologia do bicudo foram instaladas armadilhas com feromônios no campo para captura de adultos com finalidade de criá-los em gaiolas no laboratório para observação de postura e alimentação. Para longevidade foram colocados bicudos recém-nascidos em casa de vegetação, dentro de gaiolas com pés de algodão florescendo. Pôde-se constatar que do período de ovo até a fase adulta, o ciclo de vida do bicudo é de 28 dias, podendo o inseto chegar a ter até seis gerações por safra. Nesses estudos as primeiras larvas foram encontradas aos 120 dias após a emergência da planta, podendo chegar a ter até três gerações. A longevidade do adulto é de 74 dias. Palavras-chave: algodão, biologia, bicudo. BIOLOGY OF THE COTTON BOLL WEEVIL IN THE MUNICIPAL DISTRICT OF ITIQUIRA, MT ABSTRACT - The cotton plant is one of the cultures that more it suffers with attack of curses during the whole development cycle. The boll weevil of the cotton plant appears in prominence, because, the damages caused by him appear at that time of maturation of the culture, causing yellow color and fall of the floral buttons, destroying the fibers and seeds, besides arriving to destroy great part of the production. The present work had for objective to observe the stadiums of development of the boll weevil in the municipal district of Itiquira-MT, in the farm São João. For biology of the boll weevil traps were installed with feromônios in the field for adults' capture with purpose of creating them in cages in the laboratory for posture observation and feeding. For longevity they were put boll weevil newly born vegetation home, inside of cages with cotton feet blooming. It could be verified that of the egg period to the adult phase, the cycle of life of the boll weevil is of 28 days, being able to the insect to arrive to have up to six generations for harvest. In those studies the first larvas were found to the 120 days after the emergency of the plant, could have up to three generations. The adult's longevity is of 74 days. Key words - cotton, biology, boll weevil INTRODUÇÃO A cadeia produtiva do algodão é uma das principais do Brasil e do mundo, gerando milhares de empregos diretos e indiretos e movimentando apenas na indústria, aproximadamente, US$ 1,5 bilhão por ano (FREIRE e BELTRÃO, 1997). O Estado de Mato Grosso ocupa, atualmente, a primeira posição em área cultivada, produção e produtividade contribuindo com 47,60% da produção nacional, apresentando uma produtividade 43,16% superior à brasileira (RICHETTI e FILHO MELLO, 2001).

Esse expressivo aumento verificado nas últimas safras, ocorreu graças às condições de clima, solo, topografia e escala de produção favoráveis ao desenvolvimento da cultura, aliadas ao uso correto de tecnologias. Com a expansão da área cultivada, ocorre também o aparecimento de pragas e doenças, levando o Estado a necessitar de estudos para estabelecimento de um manejo adequado da cultura desde plantio até a colheita, compatível com a estrutura produtiva proposta pela região. Dentre as pragas que atacam a cultura do algodoeiro, a ordem Coleóptera tem grande importância, não só pelo número de insetos, mas pelos prejuízos causados por eles. Dentro desta ordem, o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis) aparece em destaque, pois, os danos provocados por ele aparecem na época de maturação da cultura, nos botões florais que amarelecem e caem destruindo as fibras e sementes, chegando a ter uma queda na produção. O bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis) é considerado uma importantíssima praga da cultura em face do seu alto poder reprodutivo, representado pela elevada capacidade de postura e reduzido ciclo biológico, o que permite realizar grande número de gerações no decorrer do ciclo cultural do algodoeiro. Pode-se considerar, ainda, a grande capacidade de adaptação da praga, o que possibilita sua sobrevivência em condições adversas de clima e de alimentação na entressafra, seja pelo consumo de pólen das flores de diferentes espécies vegetais, ou então, pelo estágio de diapausa que parte da população pode suportar. Outro fator relevante diz respeito as formas jovens que apresentam total proteção, pois a praga, do ovo até a emergência do adulto, se mantém no interior do botão floral ou da maçã, dificultando a obtenção de um controle químico satisfatório. O manejo deste inseto já vem sendo estudado em alguns Estados como Goiás, porém a maioria dos dados sobre a biologia do inseto refere-se a estudos conduzidos em áreas temperadas da América do Norte, sendo assim, é muito importante um estudo da biologia no Estado de Mato Grosso, onde a praga já está introduzida. O presente trabalho teve por objetivo observar os estádios de desenvolvimento do bicudo no município de Itiquira-MT. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi realizado na fazenda São João, localizada na Rodovia Br 163, Km 16, município de Itiquira, no período de 13/12/03 à 13/12/04. Os talhões monitorados foram o 04 e 07, totalizando uma área de 163,381ha, no qual foram semeado a variedade ACALA 90, no dia 13/12/03. As observações foram feitas semanalmente a partir do aparecimento dos primeiros botões florais. Cinqüenta botões florais que apresentavam características de ataque foram coletados da planta e do solo, e em seguida levados ao laboratório para posterior dissecação e detecção da presença de ovos ou larvas de bicudo. As larvas e ovos encontrados em maçãs vindas do campo eram colocados em novas maçãs e anotados o dia e estágio larval. Diariamente eram avaliados as larvas e os ovos. A cada dois dias estes eram trocados de maçãs, e assim se procedeu até que se obtivesse os adultos, podendo então estimar a duração de cada estágio de desenvolvimento do inseto em dieta natural. Para observação da longevidade do adulto, foram mantidos em casa de vegetação no Campus da UNIR, plantas de algodão engaioladas por armação de madeira telada para evitar a entrada e saída de insetos. Dentro destas, foram colocadas gaiolas pequenas de voal com 15 cm de comprimento e 7cm de largura nas maçãs com 6 insetos, sendo 4 fêmeas e 2 machos recém-emergidos, para assim conseguir obter a oviposição e a longevidade. A cada dois dias as maçãs eram retiradas e os insetos

acondicionados em outras maçãs. As maçãs coletadas eram levadas ao laboratório para avaliação da oviposição e criação das larvas. RESULTADOS E DISCUSSÃO As condições no laboratório, onde foram conduzidos os estudos sobre a biologia, são muito diferentes das condições de campo e mesmo tentando aproximar-se ao máximo da realidade, acreditase que os resultados obtidos devam diferir daqueles obtidos em condições naturais, ou seja, no campo. Sobre essa observação, estudos relatam que em condições naturais os botões florais permanecem nas plantas por 6 ou 7 dias após terem sido picados e, durante esse tempo, crescem e retêm umidade por longo período (CUSHMAN, 1911 apud GABRIEL e TARCINI, 1986). Desse modo, no trabalho desenvolvido, quando se retiravam os botões florais atacados das plantas e os levavam para o laboratório, eles começavam a perder umidade, o que limitou a alimentação para o desenvolvimento da larva, resultando em bicudos pequenos e mal formados. Durante o desenvolvimento do trabalho foram observados vários hábitos do inseto, entre eles a preferência de botões florais para alimentação e oviposição. As larvas encontradas tanto em botões como em maçãs são ápodas, recurvada, com cabeça diferenciada e quitinizada, com coloração brancoleitosa e estavam em câmaras construídas por elas ao se alimentarem de fibras e sementes. As fêmeas ovipositaram em média dois ovos por dia externamente. Pode-se supor que esse fato de oviposição externa pode ter acontecido devido às condições estarem favoráveis sem riscos para o inseto, uma vez que a temperatura estava entre 21º C e 22ºC, e não havia presença de inimigos naturais. Observou-se que nos ovos ovipositados fora das maçãs ocorreu uma pequena transformação em sua forma, não conseguindo desenvolver-se. Quando colocado dentro de uma maçã desenvolveuse perfeitamente chegando até a fase adulta. Segundo Cross (1973), as fêmeas não procedem a postura em botões florais que tenham sido perfuradas anteriormente, entretanto no campo foram encontradas maçãs com mais de uma larva e botões florais com apenas uma em seu interior. As larvas que foram transferidas para maçãs novas eram observadas a cada dois dias e registrado o ínstar em que se encontravam. À medida que eram colocadas em maçãs novas, elas se alimentavam, fazendo câmaras e quando atingiram o terceiro ínstar, paravam de se alimentar e de crescer, tornando-se pupa do tipo livre. Para Marin (1981), o ciclo de vida do bicudo é regido por dois fatores principais, representados pela facilidade ou não de obter alimentação e por fatores ambientais ou climáticos. Como se pode observar na Tabela 1, os resultados do estudo da primeira geração apresentaram uma média de 28 dias para o ciclo total, estudando-se 50 indivíduos. A temperatura média registrada foi de 21º a 22º C, com UR de 70 a 75% e fotofase de 12 horas. Ocorreram várias perdas devido ao ataque de fungos, bactérias e lagartas, aonde as maçãs já vinham do campo infestadas.

Tabela 1. Duração em dias, das fases do ciclo evolutivo de A. grandis criado em condições de laboratório. Rondonópolis, MT, (temp.: 21º e 22º C) Fases do ciclo evolutivo (Dias) Determinação realizada Ovo 1º ínstar 2º ínstar 3º ínstar Pupa Ciclo total Nº observado 50 50 50 50 50 ---------- Duração média 4 5 5 8 6 28 Duração mínima 3 4 4 6 3 20 Duração máxima 5 5 8 14 8 40 Cross (1973), estudando o ciclo do bicudo verificou que quando eles eram criados com botão floral o ciclo foi de 11 dias, enquanto que, criado com maçãs, foi de 31 dias. Fazendo-se uma comparação com os seus resultados, podemos observar que, em nossos estudos esses dados se repetem, uma vez que a criação foi toda feita à base de maçãs, devido a dificuldade de se conseguir manter o botão floral em condições ideais para alimentação e oviposição, ao qual a ser retirado da planta perdia muita umidade. O desenvolvimento larval ou pupal é bastante vulnerável a dessecação dos botões ou maçãs após a abscisão da planta, principalmente aqueles de menor tamanho e que a dessecação dos botões antes da emergência é a maior causa de mortalidade da fase imatura do bicudo (CURRY et al, 1982 apud SANTOS e MENEGUIM, 1996). Comparando o ciclo biológico do bicudo de 28 dias com o ciclo fisiológico do algodão de 180 dias, podemos observar que se a praga aparecer na fase inicial da cultura, onde, aos 40 dias após a emergência aparecem os primeiros botões florais, poderá ter até 5 gerações. Porém neste estudo a praga começou a aparecer aos 21 dias, provavelmente atraído pelo feromônio das armadilhas instaladas para captura de adultos. O aparecimento de larvas iniciou-se com 120 dias após a emergência, podendo a praga apresentar até 3 gerações. O estudo da longevidade dos adultos revelou uma média de 74 dias (Tab. 2) quando os insetos foram alimentados com maçãs do algodoeiro. Nesse estudo foram colocados 64 bicudos fêmeas e machos nas gaiolas feitas com voal. Segundo Fye (1969), a longevidade no campo é menor do que a obtida com os bicudos criados em laboratório e quanto a esse aspecto pode-se acrescentar que no laboratório os insetos permanecem confinados com boa disponibilidade de alimento, protegidos das intempéries e dos possíveis inimigos naturais. Tabela 2. Longevidade em dias de adultos do bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis), mantidos em casa de vegetação com dieta natural. Rondonópolis, MT. Determinação realizada (Dias) Nº de adultos Longevidade média Longevidade mínima Longevidade máxima observados 64 74 56 86

CONCLUSÕES Nas condições em que se conduziram os trabalhos, conclui-se que: 1. O ciclo de vida do bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis) é de 28 dias com dietas realizada a base de maçãs, sendo a longevidade do adulto de 74 dias; 2. Os resultados da biologia obtidos foram: a) ovo-1 instar: 4 dias; b) 1 instar-2 instar: 5 dias; c) 2 instar-3 instar: 5 dias; d) 3 instar-pupa: 8 dias; e) pupa-adulto: 6 dias. (*) Trabalho financiado pela Fundo de Apoio a Pesquisa do Algodão - FACUAL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CROSS, W. H. Biology, control, and eradication of the boll weevil. Ann. Rev. Entomol., v. 18, p. 17-46, 1973. FREIRE, E. C.; BELTRÃO, N. E. M. Custos de produção e rentabilidade do algodão no Brasil safra 1996/97. Campina Grande: Embrapa Algodão. 1997. 6 p. (Comunicado Técnico, 69). FYE, R. E. Longevity and fecundity of the boll weevil complex in Arizona. J. Econ.Entomol., v. 62, p. 1408-1412, 1969. GABRIEL, D.; TARCINI, R. S. Estudo da biologia do Anthonomus grandis Boheman, 1843 (Coleóptera; curculionidae) no laboratório. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 10, 1986, Rio de Janeiro. Resumos... Rio de Janeiro: 97 p. 1986. MARIN, C. H. El picudo Del Algodonero. Treinta anos de existência em Colômbia. Bol. Tec. Inst. Colombiano Agropecu., v. 81, p. 1-19, 1981. RICHETTI, A.; FILHO, M. G. A. Aspectos socioeconômicos do algodoeiro. In: EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE. Algodão: Tecnologia de Produção. Dourados: Embrapa agropecuária Oeste, 2001. p. 13-34. SANTOS, W.J.; MENEGUIM, A.M. Biologia, comportamento e dinâmica populacional do bicudo do algodoeiro, Anthonomus grandis Boh. In: ACTAS DEL SEMINÁRIO INTERNACIONAL, 1996, Buenos Aires: IAC CFC IASCAV, 1996. p. 100-107.